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História Okay - Matar ou morrer


Escrita por: GSilva

Notas do Autor


Hello ^-^

Voltei ao mundo das fanfics com o retorno de OKAY, que inicia agora a sua segunda parte. Espero que gostem <3

Capítulo 7 - Matar ou morrer


CAPÍTULO 6 - MATAR OU MORRER

Yian recuou imediatamente, quando viu que a arma estava apontada na direção do sequestrador. Minhas mãos seguravam a arma como se ela fosse um pedaço de ouro, mais preciosa do que qualquer coisa do mundo, pois, aquele momento poderia ser a hora da minha libertação. O sequestrador, por sua vez, não pareceu muito espantado; apenas ergueu uma das sobrancelhas e dirigiu seus olhos para mim.

— Garoto, você não quer fazer isso. — Ele persuadiu. Ao invés de ouvir as palavras dele ou pensar duas vezes, engoli em seco e retribuí o olhar.

— Você não tem ideia de quanto eu quero fazer isso. — Respondi, segurando a arma com mais força.

— Oliver, não faça isso. — Yian interveio, com a voz apavorada. — Você não sabe o que está fazendo.

— Eu tenho a máxima certeza do que estou fazendo. — Rebati. — Estou abrindo a porta para fora desse lugar horroroso, longe desse maníaco.

Esperei pela resposta de Yian, mas ela não veio. Ao contrário, o sequestrador parecia mais tentado a responder.

— Não, só está cavando a própria cova. — Disse ele. — Você realmente não tem ideia de onde está.

O homem apoiou-se na cama para se levantar e de repente ficou em pé. Minhas mãos não hesitaram em segurar a arma, mas não consegui puxar o gatilho. Por algum motivo, simplesmente não consegui.

— Não tem escapatória. — Disse ele. — Você acha que provavelmente acabará quando eu estiver morto, mas está errado.

— Pode não acabar, mas acho que a sua morte é um belo início. — Rebati, levantando o cano da escopeta na direção da cabeça dele. Respirei fundo.

— Não acabará. Você está mais do que enganado. — Ele continuou. — Se lembra de quando foi tirar aquelas fotografias? Se lembra das pessoas naquela sala? Elas eram pessoas importantes, mais importantes do que eu ou você.

— Oliver, escute o que ele está dizendo. Você não pode matá-lo. Não é assim que sairemos daqui. — Yian suplicou. Durante um milésimo, mirei minha arma para ele, fazendo-o recuar temerosamente.

— Vocês não sairão, nunca. — O sequestrador interrompeu. — Não entendem? Não acabará com a minha morte. Depois de mim, virá outro, e depois outro e depois outro. Somos descartáveis, assim como vocês. Então...

Ele se aproximou perigosamente de mim e eu encostei a ponta do cano da arma no peitoral dele. Era só mover meu dedo indicador por alguns milímetros e... Tudo acabaria.

— Então me dê essa arma, garoto. Ou puxe o gatilho. — Ele sugeriu, abrindo os braços.

Havia algo no olhar dele. Não era a aceitação da morte, era algo mais crucial, mais certo, como se ele soubesse que eu nunca conseguiria puxar o gatilho. Até mesmo eu duvidava de mim, mas precisava acreditar que tudo acabaria. Contudo, quando olhei nos olhos dele, não pude imaginar a vida esvaindo de seu corpo, do sangue, das entranhas grudadas no colchão, na carne morta...

De repente, minhas mãos fraquejaram e esse mínimo momento foi o suficiente para ele. A arma foi puxava com uma força descomunal da minha mão, fazendo-me avançar para frente.

— Muito bem. — Disse ele. — Muito bem.

Fiquei meio que em choque depois disso. Todos os sons eram baixos demais, todas as imagens eram escuras demais. Senti algo surgindo dentro de mim, como um sentimento que nunca havia tido. Era o alívio. Alívio por não ter tirado uma vida. Alívio por não ter puxado o gatilho.

Eu mal conseguia respirar e definitivamente não levantei meu olhar para encará-lo. Fiquei parado, procurando por oxigênio, enquanto o quarto imergia num silêncio mortal.

— Sabe, você é o meu preferido, Oliver. — Disse o sequestrador, com um tom terno na voz. Ele se virou para mim, mas eu não levantei meu olhar para encará-lo. — De todos os garotos que eu já trouxe até aqui, você foi o único que ousou me desafiar. E eu gosto disso, dessa atitude. Falta muito disso no seu amiguinho aqui e nos outros lá embaixo. Mas...

Ele se aproximou novamente. Senti a presença dele bem perto do meu rosto, mas não precisei levantar a cabeça espontaneamente. Com a mão que não segurava a arma, ele puxou meus cabelos para cima. Dor irradiou por todo meu couro cabeludo e pela pele do meu rosto. Franzi as sobrancelhas, olhando fixamente para os olhos escuros dele.

— Mas atitude não é a única coisa que vai te manter vivo aqui dentro. — Disse ele. — Vai precisar de muito mais do que isso.

Por um milésimo, olhei para o lado, para Yian. Ele estava olhando para mim com os olhos arregalados e provavelmente estava pensando o mesmo que eu. Será que ele me mataria? Será que ele puxaria o gatilho na minha direção? Ou o alvo dele tinha mudado para Yian? E o que ele queria dizer com “vai precisar de muito mais do que isso”?

Eu quis estender minha mão para Yian, na esperança de que pudesse tocar meus dedos com os seus, mas uma dor incrivelmente horrível surgiu no meu tórax. Apenas percebi que tinha sido atingido pelo punhal da arma quando olhei para baixo, perdendo o ar. A dor foi imensa, fazendo-me curvar para frente. Coloquei minhas mãos sobre minha barriga, mas não adiantou em nada na proteção, pois ele desferiu outro golpe na região do meu peitoral. Perdi o ar e minhas pernas vacilaram. Caí com um baque surdo no chão, sentindo dor em cada célula do meu corpo, sentindo que o oxigênio estava a quilômetros de distância.

Naquele momento, a única coisa que conseguia pensar era que provavelmente morreria ali, longe dos meus amigos, sem reencontrar meus familiares pela última vez. Quis gritar para Yian guardar minhas últimas lembranças, mas não consegui. Minha garganta estava presa. Era matar ou morrer, e eu hesitei no gatilho.

— Não o mate! — Yian gritou, vendo o meu sofrimento.

O sequestrador deu uma trégua apenas para olhar para o garoto. Senti que algo estava ocorrendo ali, talvez uma raiva sendo recolocada em outro lugar.

— Por quê? — O sequestrador perguntou. — Você gosta dele, não gosta? Gosta do Oliver Bem Dotado, do corpinho dele... Ou é algo mais romântico? Está apaixonado por ele?

Nesse momento, por alguma força sobrenatural, consegui virar meu rosto para encarar Yian. Consegui olhá-lo por uma fração de segundo, mas já foi o suficiente. Eu o vi engolir em seco, e também vi uma espécie de tristeza sob o olhar dele. Pensei que Yian me lembrava de alguém, alguma pessoa. Sem precisar pensar muito, descobri que ele me lembrava do meu vizinho. Ele me lembrava de Andrew.

— Não, mas... — O garoto respondeu. — Mas não o mate.

O sequestrador gargalhou, largando a arma no chão. O som da escopeta caindo no chão foi a única coisa que me despertou da escuridão da dor.

— Eu não vou matá-lo, seu garoto estúpido. Vocês vão ter bastante tempo para aproveitarem. — O sequestrador disse. — Eu só queria ensinar uma lição para ele. Além de atitude, é necessária a força para sobreviver aqui.

Firmei ambas as mãos no chão e olhei para o homem parado na minha frente, bom as botas quase tocando o meu rosto.

— Eu sou forte. — Respondi.

— Será? — Perguntou ele. — Pois bem, Yian, leve-o daqui.

O garoto hesitou por um instante, parecendo não entender o que o sequestrador havia dito.

— Vamos! — O homem gritou.

Fiquei perplexo. Ele realmente tinha largado a arma, realmente tinha deixado de me espancar. Fiquei pensando em como tinha sorte (e força), enquanto os braços de Yian me erguiam do chão e ambos saíamos do quarto.

 

O alçapão para o porão ainda estava aberto quando chegamos à extremidade do corredor. Yian me segurava como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo, embora eu tenha tentado me desvencilhar do toque dele algumas vezes. Enquanto parávamos perto da escada que descia ao porão, ele me apertou com mais força.

— Por que fez aquilo? — Ele perguntou. Engoli em seco, lutando para achar as palavras certas.

— Porque eu precisava.

— Você quase nos matou. — Yian protestou. — Não precisava tentar fazer algo tão perigoso.

Toquei a parede ao meu lado para suportar o meu peso enquanto me afastava dele. Não posso dizer que a sensação de ser confrontado por ele era muito desconfortável, pois aquele garoto parecia ser o único que se importava comigo dentro daquela casa.

— Eu precisava fazer. Qual seria a outra opção? — Respondi, com a voz rouca. Falar ainda doía nas minhas cordas vocais, mas mantive-me forte.

— Você poderia ter feito o que ele pediu. — Yian respondeu. — afinal, não seria tão ruim, seria?

Olhei para ele por um longo segundo. As luzes do corredor estavam todas apagadas e eu só conseguia ver um mero contorno do rosto dele. Consegui ver a curva de seu maxilar, a profundidade dos olhos, os fios de cabelo. E havia um tom diferente na voz dele, como se estivesse perguntando algo, mas não quisesse dizer o quê.

— Tipo, eu não sou nenhum desperdício, sou? — Yian perguntou novamente. Por incrível que pareça, eu sorri.

— Não. Não é. Eu só... Eu só não estava preparado para nada disso.

— Nenhum de nós estava. — Ele interrompeu. — Também fomos sequestrados, assim como você. E eu aprendi há muito tempo que preciso acatar as ordens dele, ou, caso contrário...

— Você pode ser agredido como eu fui.

— Isso mesmo.

Repentinamente, o tom brincalhão e divertido na voz dele foi desaparecendo, como se tudo estivesse se transformando numa imensidão cinza e única. Eu senti uma espécie de vazio na voz dele.

— Posso te fazer uma pergunta? — Perguntei. Ele levantou os olhos para mim.

— Claro.

— Por quais coisas você já passou para poder estar aqui? — Perguntei por fim.

Ele não desviou o olhar e nem pigarreou, não engoliu em seco e também não pareceu ficar ansioso. Ao contrário disso, ele deu um sorrisinho.

— Muitas, muitas coisas. — Ele respondeu.

 

Yian foi na frente, desviando o olhar rapidamente, como se quisesse desesperadamente esconder algo de mim. Eu não imaginava o quê. Quero dizer, ambos estávamos presos naquela casa, submetidos aos mesmos tratamentos abusivos... Por que ele gostaria de esconder algo de mim?

Não perguntei mais nada e o segui. Minha cabeça ainda latejava e eu ainda estava ligeiramente tonto, então tive de me apoiar no corrimão da escada para poder descer até a base do porão. Lá embaixo, o breu era quase intransponível, com algumas luzes que escapavam entre as ripas do assoalho. Quando cheguei ao chão, notei a presença de Yian e mais um garoto na minha frente.

— Mas que merda aconteceu lá em cima? — Kaio perguntou, elevando a voz uma oitava acima.

— Nada. — Respondi bruscamente. Yian pigarreou e subitamente pareceu ficar irritado por alguma razão.

— O Oliver deu uma de salva-vidas. — Ele disse, cochichando.

— Eu pude ouvir os gritos daqui. O que ele fez? — Kaio perguntou novamente.

— Eu mirei uma arma pro sequestrador e quase explodi os miolos dele. — Respondi sem nenhuma hesitação.

Senti que o clima no porão caiu depois disso, como se todos estivessem irritados ou algo parecido. Eu simplesmente não achava justo, não achava justificável a raiva deles pela minha tentativa de salvação. Pelo menos eu tentei alguma coisa, além de ficar parado, esperando por uma súbita morte.

— Você fez o que?! — Kaio perguntou primeiro. Ouvi ruídos no fundo do local e imediatamente percebei que Alan, o garoto que nunca havia dito alguma palavra para mim, estava se aproximando.

— Eu acabei de responder. — Eu disse.

— É verdade. Ele fez isso. — Yian respondeu, com um tom um tanto quanto cômico na voz. Não sei por que, mas imaginei um sorrisinho nos lábios dele. — Teve um momento que eu achei que ele atiraria até em mim.

— Mas por que você faria uma coisa dessas? Ficou louco?! — Kaio interveio.

— Não. A outra opção era ser morto ou ter que transar com o Yian. — Interrompi. — E uma dessas coisas eu não estava disposto a fazer, nem um pouco.

— Não perguntar o que você queria ou não queria fazer, porque não me diz respeito, mas você poderia ter condenado todos aqui à morte! — Kaio respondeu grosseiramente. — Eu sabia que não devia ter deixado Yian te convencer a fazer o que quiser.

— Kaio, se acalme. — Yian respondeu, com a voz branda. Senti novamente a tensão entre os dois, como se houvesse algo ali que estava escondido sob a superfície da relação.

— Me acalmar? Como vou me acalmar sabendo que esse garoto pode nos matar? — Kaio explodiu. — Ele é uma bomba-relógio. Percebi isso logo no primeiro momento, quando ele resolveu brigar com o Mestre. Eu não aceito as escolhas dele.

— Eu não pedi por aceitação. — Respondi, elevando a voz. — Me desculpe, mas pelo menos eu tentei alguma coisa.

— Você quase nos matou! Tudo por causa da sua arrogância!

Kaio elevou a voz tão alto que eu fiquei com medo de ser punido pelo sequestrador, mas, por algum motivo, o homem não parecia estar ouvindo.

— As suas escolhas não competem somente a você, elas refletem em todos nós! — Kaio continuou. — Se você decide atirar nele, todos nós seremos mortos. Entendeu?

Ouvi novamente um ruído no fundo da sala e de repente um rosto se aproximou de um feixe de luz. Era um rosto quase desconhecido para mim, que eu havia visto apenas em relances. Sua voz era ainda mais desconhecida:

— Ele está certo, Oliver. — Alan disse.

— Mas... — Comentei. — Mas eu tentei nos salvar.

— Nós sabemos disso, Oli, mas você precisa entender que não temos salvação. Estamos perdidos. — Yian respondeu, com a voz calma.

— Então, o que será agora? — Kaio perguntou. — Você vai deixar que eu tome as próximas decisões ou quer agir sozinho novamente?

Havia um tom de afronta na voz dele, como se quisesse evidenciar todas as consequências da minha desobediência. Afinal, ele estava certo. A minha decisão de quase matar o sequestrador não rendeu em nada além de minutos de silêncio. Eu fui espancado por causa daquilo. Ninguém conseguiria adivinhar o que teria acontecido comigo se eu tivesse puxado o gatilho...

— Tudo bem. — Respondi, cansativamente, pensando que provavelmente me arrependeria. — Ok. Eu deixo você tomar as próximas decisões.

Kaio pareceu satisfeito com a resposta, pois sua voz soou muito mais dócil do que o usual:

— Ótimo. — Disse ele. — Porque um novo garoto pode chegar a qualquer momento e um de nós morrerá.


Notas Finais


O próximo capítulo sairá no próximo domingo :3


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