História Olá, Happy. - Sábado, 1 de Abril de 2017.

Olá, Happy. 

Eu nem sei como começar isso. Parece que foi ontem que Mavis me deu a ideia de fazer você… Droga, isso está clichê demais.

Na verdade Happy, isso é uma despedida. 

Não é que eu não goste de escrever em você nem nada do tipo, mas é que você cumpriu seu objetivo. Você se lembra qual era? Você devia me ajudar com meu problemas e, bom, ajudou. 

Eu realmente não sei o que escrever em você, na verdade, eu estou quase chorando aqui. Sinto como se tivesse perdendo o Happy mais uma vez, eu sinto tanta falta dele. Eu vou sentir tanta falta de você. Você foi uma das melhores coisas que me aconteceram nesses últimos dois anos. Eu devia agradecer ao Laxus por isso, se ele não tivesse me batido aquele dia, se ele não tivesse me provocado até eu perder a paciência e revidar então Mavis nunca iria me dizer para fazer um diário. Se eu o visse agora poderia até dizer um “Obrigado Laxus, de verdade, muito obrigado por ter passado os últimos dois anos me empurrando, socando, xingando e todo o resto que termine com ‘ando’. Sério mesmo cara, eu te odeio, mas muito obrigado!”. 

Acho que também preciso agradecer Levy, tudo que aconteceu com ela e o fato de ela ter praticamente me traumatizado depois daquela tentativa de suicídio me fizeram pensar muito sobre o que acontecia comigo e sobre como eu poderia acabar como ela se continuasse a me afastar das pessoas. Isso é algo que provavelmente ninguém notou (ou se notou ninguém falou comigo sobre), mas eu não tinha feito planos para o futuro porque pensava que eu não teria um, sabe? Antes de todo esse episódio com Levy eu nem mesmo conseguia imaginar o que eu comeria na janta, sempre que eu tentava pensar sobre o futuro minha mente ficava vazia, como se fosse algo impossível para mim. Não me entenda mal, não é que eu pensava em me matar é só que eu não me importava realmente com o que acontecia comigo, a maior prova disso é que agora eu tenho anemia (consequências de quando eu morava sozinho e me importava mais com a alimentação do Happy do que com a minha). Agora eu me preocupo com esse tipo de coisa, eu ainda não decidi o que quero fazer, mas sempre que eu tento pensar no futuro Lucy está lá, assim como minha família e meus amigos. Eu não sou do tipo que sonha alto, mas eu fico muito feliz por ao menos sonhar com o dia de amanhã, em que todos ainda estão comigo. 

Aliás, eu acho que quero voltar ao meu antigo apartamento. Gosto de morar com Zeref e Mavis, mas agora eles tem August (é o nome que escolheram para meu sobrinho, aparentemente deram esse nome porque se conheceram em Agosto) e eu não posso continuar dando trabalho para eles. Quando eu contei a eles sobre isso os dois praticamente surtaram, Mavis até mesmo chorou, ela disse que nós três (Zeref, August e eu) éramos tudo que ela tinha e que não podia perder nenhum de nós, então eu meio que disse que iria repensar sobre isso. E embora eu realmente adore morar com eles, eu sinto falta de morar sozinho, de chegar em casa tarde da noite e capotar na cama sem ao menos trocar de roupa, de ter pelos de gato por todo lugar e não ter a mínima idéia do que fazer para me livrar deles, de misturar roupa branca e colorida quando for lavar ou até mesmo de comer comida instantânea no Domingo à tarde enquanto assisto à um programa de comédia ruim na TV. Esse tipo de coisa monótona só tem graça se você mora sozinho, mas eu não tenho mais o Happy para encher minha casa de pelos, nem mesmo um emprego que possa pagar meu aluguel ou comprar comida instantânea. É claro que eu poderia arranjar outro gato, mas… ele não seria o Happy e é claro que eu poderia arranjar um emprego, mas se eu quiser fazer uma faculdade vou precisar de mais do que só um, é por isso que estou repensando seriamente. Porque sei que nada vai ser como antes.

Eu disse que isso é uma despedida, mas até agora nem comecei a falar sobre você direito. A verdade é que eu não tenho ideia do que falar, quer dizer, você fez tanto por mim que não importa se eu escrever um livro apenas te agradecendo ainda vai me parecer pouco e não estou exagerando Happy, assim é como eu realmente me sinto. Me apeguei tanto a você que simplesmente não consigo me ver te guardando em uma prateleira empoeirada para te esquecer por lá até que um belo dia no futuro eu resolva relembrar sobre como foi meu ensino médio e pegá-lo para ler. Eu não posso simplesmente fazer isso! Foi graças a você que eu consegui sobreviver aos últimos meses, teriam sido tão sufocantes se eu não te tivesse que acho que poderia morrer asfixiado. Você me ouviu, você guardou meus segredos e os segredos dos meus amigos, eu disse coisas a você que eu nunca consegui dizer a ninguém e isso foi tão libertador. 

É por isso que tenho quase certeza de que isso não vai ser realmente uma despedida. Nunca foi um adeus para começo de conversa. Provavelmente seja apenas um até logo, daqueles que são um pouco longos demais, mas que uma hora ou outra acabam acontecendo. E eu vou voltar, não agora, não tão rápido, mas em algum momento eu irei precisar de você e eu nunca vou te esquecer, até porque você é bem mais do que um diário. 

Você é o Happy; meu gato, meu diário e meu melhor amigo. 

N.D.