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História Old Hope - 37 - Frank


Escrita por: mryiero

Notas do Autor


Oi pessoinhas do meu coração <3
Voltei, mais uma vez, com atualização desse momento tenso. Perdão a demora, agora estou terminando o tcc e fiquei doentinha, então as coisas foram corridas e intensas nessa semana. Mas estou aqui me redimindo, colocando muito amorzinho nesse capítulo de hoje e, PRINCIPALMENTE, esperança, como vocês vão perceber!
Não vou me estender muito, mas acho que a visão que cs tem do Donald vai mudar drasticamente daqui pra frente, mas, ainda com muita calma e atenção, não vou fazer o cara ser bonzinho do dia pra noite, porque não condiz com a realidade não. Esperem mais algumas coisinhas acontecendo nos dois próximos capítulos. É SÉRIO, SE PREPAREM FORTEMENTE. <3
NÃO VOU ME ESTENDER MUITO, COMO SEMPRE.
SÓ LIDEM COM MUITO AMORZINHO DAQUI PRA FRENTE, VIU? <3

Boa leitura, brighters/surrenders/hopers/pokémons ♥

Capítulo 38 - 37 - Frank


Frank - Parte Dois

 

 

 

Donald estava entregando os pontos... Lentamente, eu diria. Um passo mínimo em direção a algo que ele parecia ter entendido ser necessário. Não só para si, mas, principalmente para Gerard... E como eu enxerguei aquilo tudo? Bem, digamos que aquele olhar era muito parecido com o qual o meu marido parecia prestes a se entregar, após alguma grande besteira feita. Aquele era um olhar de culpa, mas também cheio de dor... E, ali, eu senti imediata e arrebatada pena de Donald.

 Por toda sua trajetória até ali, os problemas em que se meteu, os que procurou por livre e espontânea vontade de sofrer e se martirizar por dramas que já deveriam estar enterrados. Pena por saber que ainda doía tanta coisa naquele homem, que pouco poderia ser feito, a não ser esperar, escutá-lo e tentar acreditar que aquilo poderia ser realidade dali a algum tempo. Eu sempre fui de acreditar em pessoas, nas mais difíceis e problemáticas possíveis, e minha atenção voltada para Donald era a prova de que todos os traumas do mundo poderiam estar agarrados em mim, mas eu ainda pregaria esperança de alguma forma.

 

- As pessoas não mudam da noite para o dia, eu sei bem disso... Mas eu quero tentar acreditar no que diz. – fui sincero, por mais que meu tom de voz fosse cauteloso, acuado por um homem que já havia me batido antes e por tão pouco. E Gerard respondeu com um xingar baixo, contrariando minhas palavras, então as direcionei a ele, com toda a calma que minha lentidão me permitia. – Eu disse pra você que deveria dar uma chance pra ele, é seu pai... Eu sei o quanto é difícil... Mesmo que pareça que possa ser alguma enganação.

 

- Não é. Eu sei que posso gerar eterna desconfiança, não aceito muita coisa, mas não quero ter que aturar mais drama, quero entender também. – Donald pareceu honesto, realmente honesto, de uma forma que nunca havia registrado na vida, até então. O homem que sempre julgava o filho, o culpava por seus próprios erros e me arrastava para tudo aquilo, parecia pequeno, em uma base de descontrole e medo anormais. – Não tenho mais idade pra isso e quero saber se meu filho está realmente bem, sem precisar invadir hospitais e quartos sem aviso, sem precisar atingir pessoas pra isso. – e sabia que estava falando de mim, do episódio anterior, quando Gerard praticamente enlouqueceu por me ver ferido por sua causa.

 

- Você pode ligar pra clínica, como sempre faz. Ou pedir pra alguém me espionar, você sempre dá seu jeito. – Gerard argumentou, não furiosamente, mas com uma mágoa característica em sua voz baixa, mais contida. Vi seus dedos ajeitando-se sobre a cama, enroscando-os ao lençol que o cobria, ainda imóvel. Incomodava-me vê-lo assim, imóvel e cuidadoso, mas ao menos era certeza de que estava cuidando mais de si mesmo do que simplesmente agir pelo impulso de suas emoções. Como eu havia feito ao ir até ali.

 

- Eu sei muito bem que você e Mikey são as únicas coisas que eu tenho, isso está pesando cada vez mais na minha vida. Saber que você está aí, nessa cama, tão jovem, me faz pensar nesse tipo de coisa. – Donald encarava o filho, as mãos inquietas logo sendo guardadas nos bolsos frontais de sua calça, antes de continuar. E eu podia ver emoção, certeza em querer colocar aquilo para fora... Era uma cena que talvez eu nunca mais fosse esquecer, tamanha a intensidade com que a desejei desde que eu e Gerard tivemos que enfrentar a ira daquele homem. – Sua mãe estaria uma fera com tudo isso... – “Não ouse falar dela.”, Gerard grunhiu e eu me ajeitei instintivamente no sofá, pronto para intervir, caso algo meu marido resolvesse ignorar seu estado de saúde. – Falo, pois é por ela que estou aqui... Donna me fez pensar, me colocou no lugar mesmo quando não está mais aqui. – Pela primeira vez, a voz de Donald tremulou e o vi engolir o seco, respirar fundo e retesar sua expressão ainda mais, sabendo que o filho obviamente não iria responder aquilo da melhor forma. Então eu vi que não era Gerard quem mais se via abalado pela falta da mãe, mas era Donald... Aquele homem havia perdido a única pessoa que acreditava nele, que o amava de verdade... E ainda pensava, guardava aquele carinho consigo de alguma forma. Eu vi os olhos de Donald brilharem por reles segundos, mas o suficiente para que eu não esquecesse daquilo.

 

- Você não pode vir com esse papo, não agora. – “Gerard, escute o seu pai, eu acho que...”, o interrompi rapidamente com minha voz um pouco mais firme, vendo Gerard erguer a mão em minha direção, delicadamente pedindo para que eu parasse de falar. E, como eu o interrompi antes, ele “deu o troco”, mais sério do que nunca. – Frank, ele bateu em você à troco de nada! Por um drama que não deveria existir mais, que passou... Que nós dois não temos culpa alguma. Eu não consigo acreditar em alguém que teve coragem de bater em você... Você é a pessoa mais doce que eu conheço! – A vontade de me colocar de pé e encher Gerard de beijos foi grande, enorme mesmo, mas eu apenas sorri, mesmo tendo quase certeza de que ele não podia ver aquele sorriso.

 

- Eu sofri por anos... Você também teria sofrido se o tivesse perdido. – Donald me indicou com a cabeça e um silêncio sepulcral se instaurou a partir dali, ao que eu me enchia de memórias de quando não estávamos juntos e Gerard provavelmente fazia o mesmo, pois não retrucou. Aquele ponto fazia sentido? Sim, mas ainda não justificava ser um completo babaca, como Donald havia sido conosco. – Ainda sinto muita coisa, vejo problemas que não queria ver e que me afetam. E vai continuar assim, até que não sinta mais... Até que eu consiga encarar as coisas com um novo olhar. E é isso que eu estou tentando. Não por mim, mas pelo o que Donna gostaria que eu fizesse, pelo o que ela me ensinou durante anos e, aparentemente, eu não quis dar ouvidos e me deixei levar pela teimosia.

 

- Ela diria que você tem que encara a si mesmo e prosseguir por conta própria, ver toda a merda em que se afundou e quase nos levou junto. – algo em Gerard era mais do que amargurado, era saudoso, ainda que falasse palavrões, provavelmente lembrando-se do jeito da mãe, de como Donna talvez fosse o único ser humano capaz de assegurar que Donald não fizesse merda alguma. – Eu sei que talvez toda essa merda seja fruto da falta que sente dela, pois eu quase tomei o mesmo rumo... Mas não posso simplesmente acreditar que tenha se tornado humilde repentinamente, depois de tantos anos me tratando da pior forma possível. Eu quase desisti de uma vida inteira de sorrisos por não acreditar em mim, por ter essa insegurança plantada em um Gerard que era só uma criança inocente. – Gerard estava emocionado, a voz quase embargada, em um tom sutil, mas que era bem reconhecido por mim. E, enquanto eu voltava a me mexer, desviando o olhar de um Donald baleado por seu discurso simples e cheio de memória, para minhas mãos sobre minhas coxas, escutei o homem mais velho responde-lo mais calmo do que um dia já o presenciei.

 

- Sei de tudo isso, também faço ideia de que o passado não pode ser apagado em uma fração de segundos e algumas desculpas. O que eu fiz, já está feito. Mas o que eu estou propondo agora não é uma mudança drástica, é só... – Donald fez uma pausa, o farfalhar de suas roupas denunciando que havia começado a gesticular, mais nervoso do que antes, mais domado por uma boa vontade que era quase inacreditável. Se não fosse pela dor com que falava... Ele sentia aquilo. Era real. – Eu me senti sozinho, quando vi que era incapaz de saber se você havia sobrevivido a essa maldita cirurgia ou não. – “Você quer ter controle de tudo, Donald... É por isso que está aqui, quer uma margem para...”, Gerard iria começar a contrapor-se, mas o pai falou mais alto, mais sério, mais maduro do que havia sido ao me acertar com seu punho fechado. – Não. Eu já... Já me conformei que é ele quem vai cuidar de você agora... E você dele. É o que está reservado para a sua vida e eu tentei intervir da pior forma possível, talvez por raiva, talvez por inveja... Mas agora eu vejo. Eu entendo como as coisas funcionavam.

 

 Então eu olhei Donald e recebi seu olhar acuado, o olhar de alguém que havia finalmente enxergado nosso amor e se sentia extremamente culpado em tentar depreciá-lo da pior maneira possível. Havia demorado certo tempo, havia sido necessário drama e mais drama, como sempre, mas estava ali. O peso da verdade caindo sobre os ombros daquele homem... A realização de que seu filho estava feliz. E mesmo que eu não precisasse mais pedir permissão, eu soube que Donald aprovava. Aliás, me aprovava.

 Não era um passo enorme, veja só. Faltava muita coisa, mas aquela em específico, me fez acalmar a tensão que percorria todo meu corpo. Não que eu fosse sorrir e ser agradável com Donald, não que eu fosse cair naquela de primeira, mas eu precisava ser generoso, era o que minha mãe havia me ensinado. E aquela era a oportunidade que eu o daria.

 

- Sabe que precisa de muito mais pra fazer com que a gente acredite nisso... – comecei, sendo honesto, recebendo um “Eu sei bem disso... E sua... Mãe... Sua mãe está de prova, ela me encorajou um pouco” como resposta. Vê-lo fechar a cara ao falar de minha mãe era um tanto quanto dolorido e quase resultava em um Frank que começaria a soar mais grosseiro, porém decidi relevar e continuar meu discurso. – Só quero que entenda que não estamos mais no seu tempo... E que você pode ser você mesmo de verdade, o mundo não acabou. E não é certo descontar suas ações nele. – Indiquei Gerard com a cabeça e Donald o fitou, agora intensamente, conforme eu continuava a falar, muito provável em uma retrospectiva mental de tudo o que havia feito para o próprio filho. – Você é um Way, o seu coração não pode ser tão obscuro assim. Eu conheço dois de vocês... E eles são as duas pessoas mais corajosas e bondosas que eu conheço. – Eu me levantei cuidadosamente, não para avançar, não para agir impulsivamente, mas sim para ver Gerard... E quando o encontrei sorrindo, ainda que cuidando de meus movimentos ao dar algumas passadas em direção a sua cama, em uma lentidão que parecia sem fim, não havia como não sorrir de volta.

 

- O mundo me quebrou, garoto... Não é bem assim. – Donald respirava pesadamente, os braços cruzados e pequenos passos o fazendo ficar parado bem mais próximo da cama, quase encostando-se contra esta. “Sim, mas isso não quer dizer que tem que quebra-lo de volta”, apoiei uma de minhas mãos sobre o colchão desta, não precisando de mais do que cinco segundos para sentir os dedos gélidos de Gerard trilharem um caminho infalível até os meus. E eu precisei me concentrar muito nas palavras de Donald, que agora encarava nossas mãos unidas os dedos bem entrelaçados, ao sentir aquele arrepio forte e tão característico de poder tocar Gerard, ainda que delicadamente. – Eu estou tentando... Não é muito fácil.

 

- Quando fizer algo por nós dois, talvez eu comece a acreditar. – Gerard, sempre tão cabeça dura, cortou aquele momento quase sentimental e extremamente raro entre Donald e eu, porém não me irritei. Fazia um pouco de sentido, meu marido demoraria a aceitar o pedido de desculpas, ele tinha muito mais bagagem emocional ligada a Donald do que eu, era até injusto julgá-lo por sua desconfiança e teimosia. – Não queremos dinheiro, não queremos palavras bonitas... Eu falo de gestos. – Então, ao fitar meu marido de soslaio, seu rosto ainda bonito, por mais que extremamente apático e derrotado por horas de preocupação ao meu respeito, entendi que ele tinha um plano. – Quero que proteja o Frank... Nós precisamos disso agora, mais do que promessas. – “Gerard?!”, minha reação imediata foi exclamar, sentindo um pouco de energia esvair-se do meu corpo ali, certa adrenalina e receio do que aquilo queria dizer. Os olhos verdes e cansados de Gerard pousaram sobre mim, carregados de tudo o que estávamos passando... Seu medo falava mais alto e ao me ver melhor, agora de perto, notando minha fraqueza em apertar seus dedos e minha insistência em ficar ali de pé, ao invés de repousar como antes, percebi o motivo daquele discurso. – Se proteger o meu marido, eu vou começar a acreditar que esteja mudando e que não vai esmurrar o rosto dele novamente por uma explosão estúpida de raiva. Temos problemas no momento e visivelmente não estamos aptos a lidar com isso, ao menos por enquanto. – Então, aquela era a forma indireta de Gerard pedir ajuda a respeito de Adam. Era uma boa jogada? Era... Mas eu ainda odiava ter que dar trabalho para os outros, principalmente para Donald.

 

- Gerard, eu não preciso que me proteja... Eu estou bem. – Além da fraqueza, do ar enjoado que ainda me tomava e da incerteza do que o uso recente de drogas iria me causar, eu estava bem. “Falo de Adam... E você sabe que precisamos disso, sabe muito bem...”, Gerard sussurrou, em uma conversa que não queria que abrangesse Donald, mas que era inevitável. Pois eu o respondi alto, a pouca força me fazendo voltar o corpo em sua direção por completo, dando as costas para o seu pai. – Não! Deixe isso com a polícia! Nós temos que parar de envolver mais gente nisso... Não é certo, olha só o ponto em que esse cara chegou!

 

- É sobre o cara que o atacou, certo? – Donald se meteu e, gradativamente, voltei-me em sua direção, não muito curioso, afinal, minha mãe e ele haviam de alguma forma conversado sem se matar, então se sabia que eu havia sido quase morto por um psicopata, era por Linda ter dado com a língua entre os dentes. “Sim, Adam tem a tendência de querer fazer mal a Frank, vocês tem muito em comum, por sinal...” Gerard e sua ironia não eram uma soma muito boa, ainda mais em uma situação como aquelas, então puxei delicadamente seus dedos, em repreensão aquilo, recebendo seu pior olhar teimoso... O do tipo que me fazia apertar suas bochechas e que me fez quase morrer para controlar aquilo desesperadamente. – Não, eu nunca o mataria. Falo realmente sério... Posso ter meus lapsos, meus momentos ruins, mas eu ainda tenho meus neurônios no lugar.

 

- Então você tem uma oportunidade provar isso agora. – Gerard foi ainda mais firme do que antes e, se pudesse, eu tenho certeza de que se levantaria para olhar Donald diretamente, nos olhos. Porém, o fiz por ele, sentindo o tremular de meus dedos ser notável a ele, que prontamente os afagou, enquanto eu me questionava internamente sobre aquela situação. Fazia sentido, mas ao mesmo tempo era arriscado, era loucura demais... E eu ainda era incapaz de confiar em Donald completamente para aquilo. Poderia ter esperança, dar uma chance, mas quando se tratava de Adam, eu tinha medo. Um medo que havia crescido, assim que acordei naquela cama de hospital, com a certeza de que eu tinha sorte em estar vivo.

 

- O que exatamente quer que eu faça? – pela primeira vez, eu vi um Donald sem muita emoção. Não que fosse algo ruim, era bom vê-lo sem raiva ou aquela angústia recente, mas me lembrei por completo do Gerard que conheci, o que lidava com negócios desde novo, que sabia muito bem administrar as coisas. Para Donald, aquilo poderia ser mais um negócio. E aquilo imediatamente me preocupou.

 

- Adam precisa ficar o mais longe possível de nós dois... Especificamente de Frank. Ele é um louco, insiste que temos um relacionamento, é realmente um doente... Estava em uma clínica específica, conseguiu fugir, se enfiou nesse hospital e tentou matar o meu marido. – e eu ainda me arrepiava quando Gerard me chamava daquela forma, com tanta afirmação e determinação, por mais que eu me perdesse em imagens de Adam me atacando, raivoso... O rosto parcialmente desfigurado, trazendo para minha vida um filme de terror completo. Não do tipo que eu gostava e era viciado, mas real. Aquilo ali não era ficção e eu havia entendido o quão perigoso era, ao realizar que havia chegado aquele quarto sem sofrer um arranhão. – Ele ainda está solto por aí... Aliás, por aqui. Eu não sei como está o clima dessa situação toda, nem Frank... Estamos presos em quartos, nos recuperando, enquanto nossos amigos estão tendo que lidar com isso. Polícia, investigadores... Pessoas vasculhando por todo o hospital há mais de vinte e quatro horas. E ninguém o achou. – Gerard fulminava Donald com seus olhos tão parecidos com aqueles que o encaravam da mesma forma. E eu tinha certeza de que pensavam na mesma coisa, quando Donald afirmou com a cabeça, como se pedisse apenas para o filho concluir o que queria. Eu temia que Gerard pedisse uma execução em praça pública, algo bem dramático, quando sua mão ainda me afagando carinhosamente me trouxe uma tranquilidade parcial. – O quero longe... Eu sei que tem contatos pra isso, conhece pessoas... Mande-o para outro país, se possível, mas eu quero ter certeza de que, quando eu sair desse hospital, eu não vou ter mais problema algum. Afinal, você vai estar se redimindo e o louco que quer matar Frankie vai estar longe e ocupado o suficiente para não tentar mais nada.

 

 Foi ali que eu entendi.

 Gerard não estava pedindo dinheiro, pedindo a morte de alguém ou algum tipo de vingança por eu ter quase sumido do mundo de vez. Gerard estava pedindo a nossa paz, implorando para que o pai nos ajudasse a seguir em frente, sem qualquer mal que pudesse nos afligir. E eu sorri delicadamente, o olhar recaindo sobre ele, de soslaio, ao concordar... Eu não precisava falar absolutamente nada, só deixei que ele visse, que entendesse que eu estava “okay” com aquilo.

 Aquilo era maior do que mandar o pai, cheio da grana e capaz de loucuras, matar o homem que estava disposto a acabar com a minha vida. Era se certificar de que nós dois tivéssemos uma vida pacífica pela frente, pois nós dois não aguentávamos mais. Se Gerard ou eu estivéssemos passando por tudo aquilo sozinhos, eu sequer saberia no que ia resultar... Mas eu o tinha, ele tinha o Frank sorridente dele, e juntos éramos as nossas próprias âncoras. E era o bastante para ter certeza de que, se Donald nos ajudasse, sairíamos daquela para o que finalmente merecíamos: apenas tranquilidade e o nosso bom e velho amor.

 

- O que está me pedindo é basicamente coloca-lo em um manicômio, com a certeza de que ele nunca mais volte? – Donald tirou a dúvida, talvez temendo que Gerard pedisse mais do que aquilo, enquanto o filho apenas assentiu com a cabeça firmemente, único movimento mais evidente que poderia fazer, além de agarrar-se à minha mão. – Acho que posso fazer isso. – Donald poderia ponderar, mas eu vi a mesma determinação do meu marido em suas palavras e em sua expressão, em como ajeitou os óculos com uma das mãos e pareceu colocar a cabeça para funcionar, provavelmente já trilhando planos para aquilo.

 

- Bob deve estar por aí, tratando os assuntos com a polícia, se isso pode adiantar alguma coisa. Quero que, assim que o peguem, medidas sejam tomadas. Ele precisa responder e pagar pelo o que fez com Frank. – a voz de Gerard era o tom de alguém que havia quase perdido o que mais amava e era o que eu via em seu olhar, ainda que estivesse inapto a fazer mais do que aquilo.

 

 Ainda que seu pai estivesse ali, ainda que eu não pudesse ser muito drástico em meus movimentos, eu me inclinei... Sim, esforcei-me um pouco mais, poderia cair desmaiado do meu marido recém-operado, mas toquei seus lábios nos meus, docemente, em um selar que ele precisava mais do que eu. Pois Gerard transbordava de ansiedade e temor, ele era alguém que necessitava saber que o marido estava ali, bem diante dele, e que ficaria bem. E olhar para como ele sorriu, quando me afastei e tentei manter a compostura, fez com que eu corasse e sorrisse ainda mais, agisse como um Frank adolescente com seu primeiro namorado.

 Aquele mesmo Frank abafou o sorriso com um pressionar de meus lábios, ao ver que Donald nos encarava com seriedade, não mais nojo. Ele não iria gritar ou interromper. Na verdade, ele digeria aquilo, encarava as mãos unidas, as alianças, os sorrisos, a forma com que Gerard sequer parecia alguém que estava se livrando de um câncer, pois brilhava e sorria como nunca... E eu muito menos parecia alguém que havia tido uma overdose e ficado desacordado por horas. Nós dois ficávamos vivos um ao lado do outro.

 E ver aquilo, realizar aquela verdade que gritava em cada gesto, cada palavra, tudo sincronizado e tão natural de nossa parte, fez Donald suavizar minimamente o olhar, assim como suas palavras.

 

- É um bom momento pra... Enfim. Vou vê-los novamente e, dessa vez, eu estou avisando previamente. – e eu me segurei para não rir, pois aquilo possuía um traço de bom humor vindo de um cara que era amargurado toda a vida. Donald voltou a ajeitar os óculos, a camisa, portar-se mais seriamente do que a espontaneidade de suas palavras, ao continuar. – Vou resolver isso tudo o mais breve possível, pretendo honrar com o que disse... Eu não vim aqui a toa, eu não vim pra mais drama ou decepcioná-lo ainda mais, Gerard. Eu vim para tentar fazer por onde... E é essa a minha oportunidade, não é? – Meu marido assentiu com a cabeça, o sorriso sumindo e dando lugar para uma expressão pensativa, provavelmente registrando o que estava acontecendo ali, enquanto o pai se ajeitava para sair do quarto. Porém, sem deixar de amansar um pouquinho mais o coração do filho. – Considere feito. Frank já está seguro.

 

 Pela primeira vez, desde que o vi, que lidei com tanta coisa a seu respeito e sofri na pele por uma injustiça sem fim, Donald estava certo. Eu estava seguro. E, ironicamente, apesar de todos os pesares que vivemos ao longo daqueles anos, era tudo graças à ele.

 Donald estava nos salvando e nem ao menos fazia noção disso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


TÓPICOS FINAIS RAPIDINHOS.

- Sim, a gente vai ter algumas coisinhas acontecendo ainda sobre o Adam, cs já sabem, mas não vou adiantar muita coisa, afinal, a gente precisa de MUITO pra assegurar que tudo vai estar bem entre eles ainda. Mas juro que tutu vai se resolver nos próximos capítulos da melhor forma possível. Sem coisas irreais, etc, porque cs sabem que gosto de deixar essa história a mais pura possível.
- Amo a ideia que o Gerard teve pra tentar ajudar o Donald a conseguir conquistar a confiança deles em definitivo, porque é importante demais e é questão de "vida ou morte" pra eles. Aqui, o Donald vai ter um papel importante, saibam disso.
- Enfim, gente, não vou falar muito, pois fortes emoções estão vindo sim senhoras e senhores. Segurem as marimbas, os dois próximos são de sair gritando pela rua em desespero sim.
- Ah, eu fiz um tumblr/diário virtual (sei lá) pra colocar reflexões e coisinhas aleatórias sobre a minha vida, conversar e ajudar pessoas, o endereço é esse aqui: http://wordsaremy-weapons.tumblr.com/
Espero que vocês gostem <3

- Amo vocês, manas <3


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