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História Old Hope - 43 - Gerard


Escrita por: mryiero

Notas do Autor


*PAUSA DRAMÁTICA, ANTES DE DAR OIZINHO*
VOU RESPONDER AOS COMENTÁRIOS ASSIM QUE TERMINAR DE POSTAR, FIQUEM NA PAZ
*FIM DA PAUSA DRAMÁTICA ANTES DE DAR OIZINHO*

OIZINHO, ME PERDOEM A DEMORA.
Desde já, estou pedindo desculpas pela demora do próximo capítulo. As próximas duas semanas vão ser agitadas pra mim, pois euzinha vou terminar a faculdade e apresentar meu TCC na semana que vem, porém, antes, vou pra Comic Con em SP, dar aquele famoso rolézinho e ver os amigos (cs tão convidadas), então vai ser bem complicadinho postar Old Hope, Sold My Soul e Blank Space.
Sendo assim, é provável que as fics fiquem de molho pelos próximos 15 dias, mas nada muito grave. Assim que euzinha tiver tempo, corro pra cá e posto tudo.
AINDA MAIS QUE OLD HOPE TÁ ACABANDO E SÓ TEM COISA AMOR NOS PRÓXIMOS SEIS CAPÍTULOS.

O capítulo de hoje pinga purpurina e solta fogos de artifício de tão viado, então sei que vocês vão gostar. Daqui pra frente, como eu já disse, serão capítulos de finalização de tudo, de moldar a vidinha linda deles, etc. Então, fiquem na paz, não pensem mais em Adam em dramão, agora é só "amô".


Boa leitura, brighters/surrenders/hopers/pokémons. ♥

Capítulo 44 - 43 - Gerard


Gerard - Parte Um

 

 

 

- Frank, você não precisa me fiscalizar a cada passo que eu dou. Eu estou bem... Só preciso ir um pouco devagar. – comecei, assim que adentramos o elevador do meu prédio, após Bert e Mikey já terem subido com nossas mochilas e coisas emaranhadas nos braços, sem sequer nos esperar.

 

 Não discuti nem nada, apenas tentava ser paciente com um Frank controlador demais e que me irritava. Meu marido agia como se eu fosse quebrar a cada movimento brusco e eu até tinha achado adorável aquela atitude, até entrarmos no carro de Mikey e todo o drama se estender até chegarmos ao nosso prédio. Era muito provável que eu tomasse a mesma atitude, se estivesse na posição dele, mas eu queria ter um pouco mais de autonomia... Queria poder me sentir menos frágil e não receber olhares dos outros, como se esperassem que eu desmaiasse a cada passo que dava. E era exatamente o que Frank estava fazendo.

 Vi sua expressão acuada por meu comentário, um tanto quanto sentido por gostar de ser cuidadoso comigo. E eu sorri, o olhando pelo reflexo do espelho do elevador, enquanto ele acionava o botão do décimo terceiro andar, naquela familiaridade que me trazia um aconchego sem fim. Por mais que eu estivesse nitidamente mudado... Mais pálido, ainda um tanto magro e assustadoramente desprovido de meus cabelos. A touca escondia a ausência deles, parecia apenas que eu tinha os cabelos curtos demais, mas eu sabia que não havia nada ali e ainda era um pequeno peso em mim.

 Poderia ter feito um pouco mais de drama sobre aquilo, mas precisava ser feito e já havia sido, não havia como colar meu cabelo de volta e eu aceitei a situação como uma “purificação” ou algo do gênero. Deixar tudo para trás, me livrar de todo o mal naquele hospital, preocupar-me somente com as páginas novas da minha vida que eu deveria preencher. Todas elas com Frank, claro... O meu chorão e tão sensível marido, que, naquele minuto, parecia fazer um pouquinho de drama, ao evitar me olhar. Frank odiava ser negligenciado quando queria me mimar e eu precisava fazer algo a respeito, caso não quisesse sentir a fúria daquele pequeno tão dramático.

 

- Me dê a mão, anda... Eu deixo você me guiar até a porta do nosso apartamento. – Nosso, pois eu não sabia exatamente se iríamos para o dele ou o meu... E, que seja, os dois nos pertenciam em conjunto e, com Frank ao meu lado, qualquer lugar era a minha casa. – E eu vou deixar você me mimar bastante também... Agora tire essa cara de uva passa do rosto. –Pronto. Frank gargalhou, como sempre morria de rir das minhas piadas mais idiotas do mundo, voltando-se em minha direção e enroscando nossas mãos em uma rapidez tão típica dele. Apertei nossos dedos e não o repreendi quando, como aquele gatinho carente e inquieto que era, Frank se aproximou de mim e me beijou a curva do pescoço, mandando uma carga alta de energia por todo o meu corpo... Alta o bastante para que eu precisasse descer meu olhar para a minha calça e checasse se tudo estava calmo ou não. Eu precisava mesmo de certa atenção.

 

- Minha cara de uva passa é adorável, ovo de codorna. – e mesmo que a falta do cabelo fosse um drama interno de minha parte, eu não deixei de sorrir, sendo puxado por Frank, que se afastou de mim como um relâmpago e passou a caminhar delicadamente para fora do elevador. Se aquela coisa não tivesse sensor de movimento, eu tinha certeza de que nós dois seríamos esmagados pela porta, tamanha a sua lentidão.

 

- Vou precisar comprar shampoo pra essa merda crescer o mais rápido possível, jamais vou superar esse apelido maldito. – “Você é um viadinho adorável.”, Frank afirmou e eu não tive outra escolha, a não ser sorrir. Ele ainda me puxava, ainda que andássemos quase lado a lado, por aquele corredor mais do que conhecido. Tantas memórias, tantos dramas, mas, naquela tarde de sábado em questão, eu havia chegado à conclusão de que nunca fiquei tão feliz em ver aquelas paredes frias brancas e a porta amadeirada do meu apartamento entreaberta, à minha espera. –Eu espero que aqueles dois não estejam destruindo o meu loft... Você me disse que eles limparam tudo ontem? Eu achei que você fosse me amar, quando saíssemos do hospital, não que fosse me punir com meu apartamento destruído de novo... – Aquela memória era um pouco dolorosa, mas Frank levou tudo em um ótimo humor... Tão radiante, que eu já deveria ter desconfiado de que havia aprontado alguma coisa de verdade.

 

- Nah, Bob e Ray ajudaram, Mikey ainda não pode fazer muito esforço... Só temos que contar com a sorte de Bert não ter quebrado um dos seus bonequinhos. – “Não são bonequinhos, são figures”, o corrigi, mesmo sabendo que ele havia dito aquilo para implicar comigo. Frank e eu adentramos nosso apartamento ao mesmo tempo e, antes que eu fosse capaz de responder qualquer coisa, eu fui tomado por uma enxurrada grande de informações de uma só vez. Okay, nem tanto.

 

- Seja bem vindo de volta, Gerard! – as vozes ecoaram e me fizeram tomar um pequeno susto, até ver aqueles rostos tão conhecidos. Mikey, Alicia (que segurava Daisy nos braços), Sam (com a dinossaura amarrotada em suas mãozinhas pequenas), Ray (seu filho e esposa também estavam ali), Bob (e a namorada inclusa), Bert & Quinn (McCracken gostava de chama-los dessa forma agora) e os pais de Frank estavam todos amontoados próximos a entrada do meu loft, em uma espécie de recepção surpresa. E, ao fitar Frank ao meu lado, eu obtive a resposta clara de que a ideia havia sido dele.

 

 Frank me soltou e, sabendo que eu não tinha muita escolha, permiti que meus amigos e parentes me abraçassem cada um por vez. Mikey foi um pouco mais bruto do que o ideal ao me esmagar com seus braços magrelos; Alicia grudou em mim com Daisy quase puxando minha touca, acompanhada de uma Sam um pouco mais histérica do que o habitual; Bert as arrastou dali e me abraçou juntamente a Quinn, reclamando do quanto eu já estava ficando gordo; os Iero vieram em seguida, abraçando-me com o mesmo cuidado que o filho tinha comigo; em seguida, Ray, Damien e Crystal abraçaram-me em conjunto, parabenizando por ter superado aquela maldita doença e, por fim, Bob e sua tímida namorada me cumprimentaram, engatando uma rápida conversa sobre como meu apartamento era bem localizado, até uma convidada em especial surgir do nada, tomando por completo a minha atenção.

 Sparkie saltou em uma de minhas pernas e, antes que eu me abaixasse, um Frank desesperado surgiu, a pegando nos braços e a prontamente entregando para mim. Agarrei-me àquela pequena quase ser humana, sentindo suas lambidas por meu rosto, me fazendo gargalhar e tentar contê-la, em vão... Sparkie era ainda mais agitada e festiva do que Frank, completamente inquieta em meus braços. E não havia nada que eu pudesse fazer para pará-la, nem mesmo quando a tomei com as minhas mãos e tentei afastá-la de mim.

 

- Ei, Sparkie... Calma, eu já estou de volta... Não precisa se desesperar assim! – voltei a abraça-la, enquanto Sam tomava a liberdade de deixar Georgia de lado para puxar Sparkie dos meus braços, antes que Frank o fizesse. E nós dois observamos a cachorra subitamente entrar em pânico com os beijos que recebia da menina, que parecia satisfeita com o resultado em conseguir aquietá-la.

 

- Eu sabia que você iria aprontar comigo, eu sabia... – disse, ao mesmo tempo em que Frank já havia sutilmente se pendurado em meu pescoço, tomando um pouco de minha atenção. Nossos “convidados” se dispersaram pela casa, precisamente até a cozinha, onde Ray e Crystal serviam alguns doces e salgados comprados, aparentemente, por Bert e Quinn, para os nossos amigos. “Você merecia uma recepção especial...”, Frank ronronou em resposta, beijando meu maxilar, ao que eu me sentia perfeitamente bem em poder ter naquele corpo colado ao meu, minhas mãos guiando-se até seu quadril, conforme eu sussurrava, achando que apenas meu marido pudesse me escutar. – Tudo bem... Mas eles vão embora logo, não é? – E eu tinha certeza de que Frank iria me beijar ali mesmo, quando outra voz fez com que ele fizesse um grunhido completamente dramático ecoar por toda a sala, sem qualquer discrição.

 

- Sinceramente, eu salvo a vida de vocês, trago as tralhas do hospital e faço sanduíches com o Quinn pra trazer pra cá e vocês já querem nos expulsar daqui? –McCracken precisava dramatizar um pouco, apoiando as mãos no meu ombro e no de Frank, quase nos separando. Meu marido não me soltou, muito menos eu, ambos encarando Bert, prendendo nitidamente as risadas, logo quando continuou a falar, ainda mais afetado do que nunca. –Achei que eu fosse parte da família... Vocês magoaram o meu coração.

 

- Deixa de teatro, Bertie... – Quinn, o salvador de Bert exagerando por pouca coisa, surgiu, puxando-o pela mão, o que fazia seu noivo imediatamente se enroscar em seu corpo. Eu entendia bem aquilo, pois Frank fazia o mesmo comigo, bem na frente de todo mundo. – Gerard precisa de descanso... E não precisa se preocupar, vamos ficar por pouco tempo.

 

- Se quiser, eu e Frank expulsamos todo mundo... É só pedir. – Linda surgiu em meu campo de visão, sentada ao lado do pai do meu marido, ambos já servidos de uma espécie de bolo de chocolate. – Só me deixe terminar de comer um pouco, esse bolo está maravilhoso... – “Obrigado, Sra. Iero.”, Quinn a agradeceu, quando a mãe de Frank lhe direcionou a palavra e ainda era anestesiante ver todos ali interagindo entre si... Nós éramos mesmo uma estranha e adorável família.

 

- Vocês já partiram o bolo? – Frank parecia levemente irritado, ao afastar-se de mim, a mão enroscada em um dos meus braços, até os dedos desconectarem-se de mim, ao caminhar em direção à cozinha. –Eu disse que a gente tinha que esperar o Gerard se acomodar! – Okay, Frank talvez estivesse perto de fazer um pequeno escândalo por causa de um bolo, quando Sam surgiu, com dois pratos de bolo em mãos, enquanto este estava sobre o balcão da cozinha, quase já na metade. Era nítido que haviam comido o bolo há certo tempo e Frank estava mesmo preparado para reclamar, quando a pequena garota o interrompeu, acuada.

 

- A culpa foi minha, tio Frankie... Eu estava com fome e pedi pro tio Bert um pedaço, então nós começamos a comer, enquanto vocês subiam pra cá. – era impossível ficar chateado com Sam e seus olhos esverdeados escondidos pelos óculos, Sparkie correndo atrás dela, saltitando e menos irritada do que antes... E Frank esmaeceu sua expressão irritada ainda mais, quando a garota continuou. – Tio Gerard vai ficar chateado?

 

- Nem um pouco, Sam... –a respondi, me adiantando e, dessa vez, domando Frank, como Quinn havia feito com Bert. O segurei por uma das mãos e, tomando cuidado para não ser repentino demais, o trouxe para que sentássemos no sofá em frente ao qual seus pais, Mikey, Alicia e Daisy estavam abarrotados, se entupindo de doces e batatas. “Olha, pode ficar com esse...” Sam surgiu, postando-se diante de mim, enquanto Sparkie já desistia de sua atenção, pulando imediatamente no colo de Frank. – Obrigada, querida... – agradeci, tomando um dos pratos que me oferecia, exibindo o meu melhor sorriso “seja simpático com crianças, antes que seu marido exploda ao seu lado”, mesmo que Frank já parecesse mais calmo com sua cachorra em seus braços.

 

- Mikey! Minha sobrinha, por favor! – Frank ordenou, um pouco alto demais e, antes que Mikey se levantasse e tirasse Daisy de seu colo, ao resmungar um “Minha filha não é brinquedo...”, Bert o fez, segurando Daisy como o macaco segurava Simba em Rei Leão. E, enquanto eu ria, com a boca ocupada, Frank respondeu-me a uma pergunta, antes mesmo que eu a fizesse em minha mente, ao que pegava nossa sobrinha em seus braços, após Sparkie acomodar-se sobre o meu colo, dando espaço para a criança. – Pode se encher desse bolo, amorzinho... Quinn fez uma receita livre de gorduras e apropriada para a sua dieta.

 

- Eu ainda acho que tem gosto de nada. – Bert criticar o noivo não era uma boa escolha e, por isso, foi obrigado a seguir um irritado Quinn até a cozinha, para que fizessem as pazes. Enquanto eu encarava o bolo diante de meu prato, examinando-o, antes de tomar mais uma garfada... E estava tudo bem, até Bert realmente me lembrar que este tinha um gosto um tanto quanto peculiar. Odiava aquela dieta, mas eu não podia reclamar... Era tudo o que eu poderia comer nos próximos meses.

 

- Tudo bem, acho que posso me acostumar. – sentenciei, continuando a comer o bolo, observando ora Sparkie, quase salivando e implorando por um pedaço, ora Daisy e Frank, que parecia divertir-se com a sobrinha e as palavras novas que havia aprendido a falar.

 

 O loft se enchia de vozes e gargalhadas, me silenciando e me fechando gradativamente. Não que eu estivesse querendo ficar sozinho de uma vez, mas eu estava registrando a sensação de estar de volta ao meu mundo, enquanto a minha família se reunia ali em meio a conversas paralelas, ora interrompidas por risadas, ora por latidos de Sparkie ou por Bert e algum drama muito bobo. Eu precisava daquele momento em silêncio, me desconectando de tudo o que ocorria ao meu redor, por mais que a voz alegre de Frank me tomasse atenção por algumas vezes. Tudo estava caminhando para o normal... E eu nunca me senti tão sortudo por cada coisa que andava acontecendo em minha vida.

 Cada centímetro da minha casa parecia em ordem. Ao menos naquela área em questão, a não ser a cozinha... Bert não havia quebrado minhas figures, o chão parecia bem encerado, assim como os demais móveis estavam livres de poeira e parecia apenas que eu e Frank havíamos passado alguns dias fora de casa, não meses. Meu olhar vagou em direção às escadas, já ansiando por minha confortável cama, enquanto Frank tirava o prato já sem bolo algum da minha mão, ao que Daisy não mais estava em seu colo e circulava pela sala, andando desajeitadamente e sendo amparada por Sam, sempre quando quase caía. Tudo o que eu queria era minha cama, meu marido e apenas a voz doce de Frank sussurrada para mim, mas... Eu não iria fazer uma desfeita.

 Então, eu sorri, quando Damien e Daisy passaram por mim, brincando com a dinossaura de Sam, que cuidava dos dois como uma adulta, tão mergulhado em meus pensamentos, que não liguei para Bert e Mikey discutindo por alguma besteira qualquer ou para os pais de Frank pedindo por mais bolo para o filho, que se levantou dali para servi-los. Algo em mim estava duvidando um pouco da normalidade de toda a situação, mas a voz e a risada de Frank me diziam o oposto, que não havia uma dúvida sequer... Que eu estava me tornando livre, pouco a pouco... Prestes a caminhar para uma vida, para tudo o que eu havia pausado anteriormente.

 Era real. Eu ia viver de verdade.

 

- Terra chamando Gerard... – dessa vez, Frank me despertou, todo sorridente e com uma das pernas sobre meu colo, novamente sentado ao meu lado. Chequei seu pai em uma conversa com Quinn e Alicia sobre culinária, enquanto Linda cuidava das três inquietas crianças que corriam brincando pela sala, antes de voltar meu olhar para Frank, quase se emaranhando em cima de mim, muito próximo de sentar em meu colo. – Você quer comer mais alguma coisa? Tem salgadinhos de soja e torta de legumes... – “Você fala como se isso tudo fosse um festival de pizzas repletas de queijo e calabresa...”, resmunguei, levando uma das mãos para sua coxa, puxando-o um pouco mais, agora tendo as duas pernas de Frank sobre as minhas, ao que ele já tomava liberdade de ajeitar a touca em minha cabeça, conforme ria de minhas palavras. – Estou tentando te animar, gordinho... Pense em um prato cheio de... – “Não, nem vem mencionar qualquer comida que eu goste...”, resmunguei, descendo o rosto para beijar o topo de sua cabeça, quase afundando o rosto em seus cabelos e me inebriando com seu cheiro tão característico de morangos, enquanto Frank não me dava uma resposta melhor. Aliás, a única resposta que sua mente criativa poderia me dar. – Nem eu?

 

- Frankie! – a exclamação soou baixa, enquanto minha mão apertava sua coxa discretamente, por saber exatamente que tipo de pensamento meu nada discreto marido tinha em mente. Ele estava quase se sentando em cima de mim, gemendo um “O que, poxa?!” tão falsamente inocente, que só piorava a minha situação. Eu tinha minhas necessidades e elas triplicavam quando Frank se insinuava... Mais ainda quando fazia aquilo em público, a mão que não estava repousada em minha nuca indo sobre a que estava em sua coxa, forçando-me a apertá-lo ainda mais. – Frankie! – Repeti, agora um pouco mais alto, olhando rapidamente ao nosso redor e agradecendo por nossos amigos não prestarem muito atenção em nós dois. –Eu estou, você sabe... – “Sim... Eu sei...”, Frank voltou a provocar, agora tocando meu maxilar com os lábios... E eu estava prestes a responde-lo, quando a voz de Ray ecoou por todo o cômodo, talvez um pouco escandaloso para o seu habitual.

 

- Gerard! Frank! Venham aqui, por favor! –ergui meu olhar, encontrando Ray debruçado sobre o balcão da cozinha, com Bert ao seu lado... Era muito provável que McCracken já soubesse da notícia, pelo enorme sorriso que carregava e a conversa animada que logo engatou com Ray, enquanto eu esperava que Frank saísse de cima de mim, para levantarmos dali.

 

- Deu sorte, mocinho... Vamos deixar isso pra mais tarde. –Frank se levantou em um salto, estendendo sua mão para mim e eu prontamente atei nossos dedos, permitindo que me puxasse um tanto, me ajudando a ficar de pé. De mãos dadas, nós dois seguimos até o outro cômodo, sob olhares curiosos de seus pais e, principalmente, de Mikey, que também esboçava um semblante cúmplice. Como eu esperava, era sobre Dean.

 

- Sei que não é um assunto apropriado, que hoje não é dia pra esse tipo de coisa, mas recebi um e-mail da assistente social ontem à noite... – Ray começou, em um tom baixo e cúmplice, conforme eu e Frank nos encostávamos na bancada da cozinha e ele e Bert se aproximavam, a conversa se tornando ainda mais baixa do que antes. “O que exatamente foi dito?”, perguntei, deixando Frank vir para minha frente, apenas para que eu pudesse abraça-lo por trás, minhas mãos repousando na altura de seu quadril, enquanto ele tomava o maior cuidado do mundo para não me pressionar muito. – Ela pretende fazer uma visita semana que vem, podemos agendar o dia quando desejarem... Sarah se prontificou a vir para cá, pelo estado de saúde de Gerard e pra ver a casa de vocês. – ao que escutava Ray falar, encarava Bob, sua namorada e a esposa de Ray do outro lado da sala, vendo que meu ex-sócio nos observava, tentando desvendar o que tramávamos. E, ainda em silêncio, abri meu sorriso amarelo, assim que Ray continuou a dos dar suas instruções. – Eu sei que vocês vão se mudar, mas é rotineiro... Ela provavelmente vai querer visita-los na outra casa, mas, primeiro, vocês precisam ser apresentados... Não se preocupem, eu devo vir nessa visita também, mas não poderei ficar muito.

 

- Certo... Nós podemos fazer isso. – disse, com convicção, sentindo as mãos de Frank sobre as minhas, apertando-as em concordância. Era fácil, nós dois havíamos vencido muita coisa, uma simples entrevista com uma assistente social seria tranquilo. – E depois...? – “Não sei ao certo, o tempo do processo independe de mim, mas da avaliação de tudo...”, Ray era sincero em falar, cruzando os braços, enquanto Frank ainda interrompia, ao que um Bert surpreendentemente quieto apenas assimilava as coisas, como eu.

 

- Você acha que até o meu aniversário...? – teríamos mais quatro meses pela frente, de acordo com Frank, mas Ray fez questão de sussurrar em um breve desespero um “Não! Talvez bem antes... Nós adiantamos bem o processo!”, enquanto Frank e eu imediatamente direcionamos nossos olhar para Bert. Não precisávamos falar muito, a mesma ideia iluminou nossa mente, ao que nos demos conta de que, se McCracken já tinha conhecimento do assunto, era necessário que fizéssemos algo. –Eu acho que...

 

- Você quer contar, não é? – sussurrei a frase, descendo um pouco meu rosto, roçando-o na lateral do de Frank, para que ele pudesse ouvir, embora nossos amigos prestassem atenção fixamente em nossa discreta conversa. “Eu não sei, são a nossa família, mas... Eu tenho medo...”, Frank tinha realmente um receio nítido em sua voz e eu respirei pesadamente, fechando meus olhos e entendendo que era complicado sair contando aquela notícia assim, mas... Era como Frank havia falado. Era nossa família... E eu confiava em todos eles. – Se Bert já sabe, nós precisamos falar... Ele é pior do que você com segredos.

 

- Vocês é que são horríveis pra esconder as coisas... Mikey deu com a língua entre os dentes, mais cedo. Mas eu estou aqui, firme e forte, me segurando pra não gritar pra todo mundo que vocês vão ser pais. –Bert sorria, o seu sorriso maníaco iluminando toda a cozinha, enquanto Frank ria baixinho, se encolhendo em meus braços. O apertei um tanto, contra a sua vontade, enquanto Bert se colocava bem diante de nós dois, obrigando Ray a dar alguns passos para trás, já acostumado com a falta de noção de espaço do nosso pequeno amigo. – Eu estou feliz por vocês... Não fazem ideia do quanto eu estou. É o tipo de coisa que eu sempre visualizei que iria acontecer... Você e Gerard foram feitos pra isso. Pra ter uma família, sabe?

 

- Sim, nós já... Já sentimos isso, temos certeza. – o respondi, sentindo meu rosto todo corar, ao que apoiava o queixo sobre o topo da cabeça de Frank e voltava a olhar a sala, através do espaço aberto entre esta e a cozinha. Bob não mais nos olhava, mas sorria e até gargalhava junto dos outros, em meio a algo divertido que Daisy e Sam haviam feito com Damien... A sala se enchia de felicidade, de algo acolhedor e único... Que eu não podia negar. Era aquela a oportunidade. – Nós vamos contar agora mesmo... Sem esconder mais nada, sem nos preocupar... Vai dar tudo certo.

 

 Ray e Bert nos olhavam com suas típicas expressões de “Vocês é quem sabem”, enquanto Frank girava em meus braços, até que ficasse de frente para mim. Sob a luz fraca da cozinha, em meio a toda a familiaridade do local, eu o vi determinado... Frank não sorria, mas também não parecia extremamente sério, ao apoiar-se em meus ombros, para se inclinar e me roubar um beijo. E, ao sussurrar um “Vamos lá” preciso e direto, eu não demorei a voltar a segurá-lo pela mão e fazer o trajeto até a sala. Dessa vez com Bert e Ray caminhando logo atrás de nós dois, resmungando entre si,até pararmos bem entre os dois sofás, sob a luz natural que adentrava as janelas enormes do meu loft.

 Como se soubessem que iríamos falar algo importante, o silêncio se instaurou na sala, até mesmo Sam, Daisy e Damien se aquietaram, sentando-se no chão, ao que Frank praticamente tremia com a mão grudada à minha. Era importante, era falar aquilo em voz alta e nos certificar de que estava acontecendo... Dentro de alguns meses, nós teríamos nosso menino, nós definitivamente estaríamos construindo algo só nosso.

 

- Você fala. – eu sentenciei, não como se fosse alguma espécie de torturador que queria ver Frank ter um ataque, mas por simplesmente o meu menino merecer. Havia sido ele, tudo fruto dele e com aquele empurrãozinho de Mikey e Ray, mas era tudo por Frank... Por seu engajamento, por me ajudar e, principalmente, me dar a oportunidade de ter uma família só nossa. “Não, eu não...”, Frank grunhiu, um pouco mais dramático do que deveria, empurrando-me sutilmente pela mão, para que eu tomasse a dianteira de tudo. – Você... Eu devo a minha vida a você, Frankie... – olhei seus olhos amendoados com intensidade, ao que escutava seus pais resmungarem algo sobre não entenderem o que estava ocorrendo e Mikey parecer um velho reclamão que queria que falássemos tudo de uma vez. Assim como Bert.

 

- Vocês fazem muito drama, se vocês não falarem... –eu nunca reclamaria de McCracken me interromper, não naquele momento, pois eu sabia exatamente o seu intuito. Implicar com Frank e quase se impor em contar uma das coisas que mais o deixava animado naqueles dias, era o suficiente para fazer com que meu pequeno e brilhante marido falasse. E quando digo brilhante, era por Frank realmente ter se acendido na frente de todos ali, ao falar com uma simplicidade, um sorriso tímido e a expressão de alguém que havia esperado toda a sua vida por aquele momento.

 

- Eu e Gerard estamos praticamente adotando um bebê... Ele se chama Dean, nós o conhecemos enquanto Gerard estava no hospital, aconteceram algumas coisas que influenciaram para que pudéssemos entrar em contato com uma assistente social e, enfim... É muito provável que ele se una a nós em breve. –Frank não perderia a mania de falar rapidamente, uma das mãos gesticulando, enquanto a outra ainda massacrava a minha em um aperto nervoso, nem mesmo quando precisava falar algo sério. E, assim que suspirou audivelmente, me olhou com urgência, em uma pergunta muda sobre se havia ido bem ou não.

 

 Respondi Frank com um sorriso orgulhoso, antes de me inclinar para beijar-lhe a têmpora, a vontade de agarrá-lo junto a mim só crescendo, mas sendo impedido, de imediato, por seus pais, que haviam sido os primeiros a avançarem em nossa direção, nos dando um daqueles abraços Iero super apertados. A reação dos outros foi semelhante, por mais que tenha sido mais contida... Porém, havia nos arrancado lágrimas e sorrisos, ao que éramos perguntados a respeito de tudo. E foi assim que Frank permitiu que eu não calasse a boca pelas duas horas que se seguiram.

 Sobre querer ficar sozinho com Frank? Bom, eu ainda queria, mas falar sobre nossos planos no futuro, o que estava se solidificando a cada dia, era ainda mais importante e reconfortante para mim, principalmente quando eu recebia tanto apoio e carinho. Para alguém que achava que não passaria dos trinta anos, aquilo era uma conquista e tanto... E Frank não me tirou aquilo, muito menos me apressou ou expulsou nossa família, ele se sentou novamente ao meu lado e me acompanhou em sorrisos e comentários engraçados, conforme eu contava como ele havia me apresentado Dean e como, desde aquele dia, estávamos tentando esconder toda a felicidade que sentíamos por aquele medo inquestionável. Os pais de Frank não surtaram por aquela omissão e compreenderam, aliás... Não só compreenderam, como oferecem ajuda, repetidas vezes agradeceram por toda aquela felicidade e, claro, me fizeram chorar na frente de todo mundo.

 Eu era muito sensível aos Iero, era inevitável.

 O fim da tarde se seguiu em meio a conversas sobre crianças, sempre voltando a Dean de alguma forma, e pontos mais familiares, já que Frank acabou dando com a língua entre os dentes e revelando que tínhamos planos de nos mudar dali assim que o anúncio sobre a adoção saísse. Alicia e Bert se uniram para tentar nos convencer do contrário, mas era inevitável... Nós dois queríamos construir um lar descente para os nossos filhos, em uma casa grande, ainda próxima da cidade, mas que nos afastasse de todo mundo. E não havia alma naquele mundo que pudesse nos convencer do contrário.

 Mikey tentou utilizar a filha para que nos convencêssemos também, mas Bob e Ray foram os melhores amigos do mundo ao nos defender e dizer que precisávamos de paz. E por mais que eu já sentisse aquele sentimento percorrendo meu ser, em meio a uma sala cheia de conhecidos barulhentos, conversas paralelas, crianças e a pequena cachorra saltitante, eu sabia exatamente que só me bastava uma pequena pessoa barulhenta e sorridente para que eu encontrasse a minha calmaria.

 Não demorou muito para que nos víssemos sozinhos naquela sala, ainda desorganizada por nossas visitas, com a pequena Sparkie se direcionando para o quarto no andar inferior, como se soubesse que deveria nos deixar sozinhos. E não, Frank e eu não fodemos por todo o apartamento como dois coelhos... Nós dois simplesmente nos aconchegamos no chão, diante da vista que tínhamos da cidade e ali ficamos, entre risadas, beijos demorados, planos sobre o nosso futuro menino que estava prestes a chegar e um observar silencioso daquela vista, enquanto me lembrava de cada memória que estava agregada a ela.

 

 

Continua... 

 

 


Notas Finais


FAZENDO
AQUELE
MERCHAN
ESPECIAL
SENSASHOW

TEM FIC NOVA NA ÁREA SIM.
E, bom, ela vai ser a sucessora de Old Hope e é BEM DIFERENTE DE TUDO ISSO AQUI.
Então, eu to pedindo com muito amorzinho, que vocês deem uma chance e se joguem um pouco nessa história. Depois de Old Hope, eu só vou me focar nela e possivelmente em outra que está por vir, então, quem gosta de ler o que eu escrevo, sinta-se mais do que convidada (o) a correr e dar uma lidinha nesse prólogo.
Vai ter mais atualização ao longo da próxima semana, então se preparem! E AH, É FRERARD, CLARO.

É muito importante, pra mim, que cs leiam, pois essa fic é totalmente a minha cara, totalmente o que eu tô acostumada a escrever normalmente. Pois é, eu não sou a mocinha dos romances, então essa história tá sendo o amor da minha vida há algum tempinho. Espero que gostem!
Sold My Soul.
wattpad: http://my.w.tt/UiNb/mYfTsEKxdy
spirit: https://spiritfanfics.com/historia/sold-my-soul-6982613


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