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História Old Hope - 44 - Gerard


Escrita por: mryiero

Notas do Autor


OIEZINHO, PESSOAS.

Depois de curtir meu rolezinho em SP com minhas migas lindas do site, estou de volta com mais um capítulo da nossa novela mexicana emo favorita. ENFIM, FALTAM UNS CINCO CAPÍTULOS PRA TERMINAR ISSO AQUI
E EU
ESTOU
SEM
CONDIÇÕES.
Eu comecei a ler uma fic Larry, dia desses, e eu só sabia sofrer, daí decidi reler isso aqui e só estou sabendo sofrer o tempo inteiro, eu não tô nem conseguindo acreditar que a gente já está chegando no fim de tudo, tudinho, e isso ainda parece surreal pra mim. Dói saber que o próximo capítulo é o último capítulo do Frank nessa história e que, principalmente, ele vai demarcar tanta coisa, como esse aqui.
Chorei uma vida relendo e betando isso aqui, pois esse capítulo quer dizer TANTA COISA, eu queria gritá-lo e jogar as páginas dele na cara de todos os homofóbicos do mundo, mas, infelizmente, isso não é possível. Dói em mim saber que as coisas que acontecem aqui tão facilmente e "magicamente" nem sempre tem o mesmo final feliz na vida real, mas, ao mesmo tempo, bate aquele sentimento de que "acreditar" vale a pena. E, enquanto eu estiver acreditando em pessoinhas como Frank e Gerard, eu não vou deixar esse amor morrer. Não mesmo.


Okay, vamos deixar o momento emo de lado, vamos ao capítulo fofolindo de hoje.

Boa leitura, brighters/surrenders/hopers/pokémons. ♥

Capítulo 45 - 44 - Gerard


Gerard - Parte Dois

 

 

 

 O resto da semana se passou de forma semelhante. Frank retomava os assuntos da banda, sem ainda sair direito de casa, se mantendo ocupado em chamadas de vídeos periódicas com a gravadora e o resto da banda... Ele até mesmo havia iniciado uma nova composição, mas discutia comigo, quando implorava para ouvi-la, por achar que precisava retomar sua inspiração aos poucos. Eu não obriguei, só me distraía ao vê-lo correndo, semi-nu, pelo apartamento com seu violão em mãos, ou então tentando me mimar com alguma comida especialmente preparada para o Gerard que praticamente não poderia comer nada muito gostoso.

 A não ser ele, claro. E eu sei, a comparação era horrível, mas, após três longos dias me obrigando a dormir cedo, a evitar qualquer contato físico mais amplo com Frank, nós dois desistimos. Ele primeiro, claro, quando eu estava largado em nossa cama, propositalmente recém saído do banho, sem roupa alguma, o esperando. Frank nunca tomou um banho tão rápido e retornou ao quarto igualmente livre de qualquer peça de roupa, me fazendo ter quase certeza de que eu não seria capaz de aguentar nem um segundo dentro dele, tamanha a minha excitação repentina.

Não nos amamos a noite toda, ele ainda se forçava a ser cuidadoso comigo, ao que me poupava de qualquer esforço, que não fosse segurar sua cintura e trazê-lo para baixo, forçando-me a tentar ser um pouco mais bruto... Frank me poupava de qualquer força e eu não discuti quando, saindo de cima de mim e me ajeitando sobre a cama, ele decidiu que era hora de nós dois dormirmos, quase completamente satisfeitos em provar um pouco um do outro. Quase... Eu sempre precisava de mais de Frank e, pela manhã, ele me deu um pouco mais daquele combustível que me fez sorrir pelo restante da semana.

 Principalmente quando Ray nos afirmou que, naquele fim de semana, a assistente social iria nos visitar. Eu estava sem muito o que fazer, ainda sem ter coragem de retomar os assuntos da minha empresa, fazendo entrevistas por telefones com veículos de comunicação confiáveis e amigáveis, utilizando redes sociais e aprendendo a jogar naquele maldito videogame que Frank havia comprado, para que eu pudesse me distrair.

 E a sexta-feira chegou, quando eu finalmente consegui aprender a mexer naquela coisa direito e me vi obrigado a chamar uma das empregadas conhecidas de Bob, para que pudesse dar um jeito na casa. Frank já se esforçava demais preparando comidas especiais para mim, comprando remédios e me levando para a quimioterapia (ele o havia feito uma vez e, naquele mesmo dia, Donald tomaria o seu lugar, em uma espécie de acordo bizarro que os dois haviam estipulado), então eu queria lhe deixar mais tranquilo, embora eu soubesse muito bem que deveria estar a ponto de enlouquecer com a ideia de passarmos uma boa imagem para a nossa visitante. E eu não ficava atrás, claro.

 Ir para a quimioterapia naquele dia me parecia uma péssima ideia, tamanho o meu nervosismo e, consequentemente, a presença de meu pai ao meu lado. Nos primeiros minutos em que me levou até lá, o silêncio reinou, até que chegássemos à clínica, fugindo de alguns paparazzis desocupados, e engatássemos uma conversa breve a respeito do quanto aquilo era repugnante. Até me lembrar de que ele havia manipulado alguns para expor meu relacionamento com Frank há alguns anos, o que me fez ficar um bom tempo calado. Donald quebrou o silêncio falando sobre Adam e toda a merda que estava passando para mantê-lo longe de nós dois, mas reforçando que com certeza conseguiríamos... Segundo meu pai, ele não iria deixar. Então, talvez eu tenha acreditado um pouco nele.

 Ainda mais quando Donald me deixou em casa, são e salvo, aos cuidados de um Frank que já havia organizado toda a sala e cozinha para recebermos a assistente social e Ray, dispensado a empregada e que parecia histérico por dentro e por fora. Antes que nós discutíssemos por alguma besteira sem sentido, praticamente o arrastei para o andar de cima, onde tomamos um demorado banho, ele se arrumou primeiro e voltou a surtar no andar inferior. Não havia muita coisa que eu pudesse fazer, Frank só se acalmaria no instante em que nossas visitas chegassem, então permiti que se enfiasse na cozinha pela hora seguinte, enquanto eu vestia minha roupa mais apresentável.

 Desci, já vestindo uma jeans mais despojada, camisa xadrez e uma touca preta, a que ficava um tanto grande em mim. Frank parecia recém saído do banho, com seus cabelos presos de forma improvisada, para que não caísse no rosto... O suéter vermelho era grande em seu corpo e o deixava com uma aparência mais doce do que seu nervosismo e eu ainda estava surpreso em vê-lo usando sua jeans nova, parecendo ainda mais velho com sua expressão séria e preocupada, ao tirar a forma do bolo recém preparado de dentro do fogão, aquela cena tão familiar me fazendo sorrir assim que adentrei a cozinha.

 

- Você não acha que eu exagerei muito? – Frank não precisou olhar para a porta da cozinha para saber que eu estava escorado ali, observando-o desenformar o bolo, colocando-o em uma bela travessa, para reuni-lo na bancada da cozinha juntamente com os doces, pequeno salgados e pães que aparentemente havia comprado mais cedo. “Talvez um pouco, pra ser sincero...”, comentei, aproximando-me de seu corpo esguio, ao que Frank parecia tão concentrado em deixar a bancada bem organizada. – Quero que a gente passe uma boa impressão, você me conhece... Nossos próximos meses dependem disso. – Frank falhou em suas palavras, quando, delicadamente, eu contornei seu corpo em um abraço, apoiando meu queixo no topo de sua cabeça, naquele encaixe tão perfeito e que nunca se tornaria monótono ou deixaria de me arrancar arrepios. – Tenho tanto medo de algo dar errado...

 

- Shh... Eu sei, mas vai ficar tudo bem. – deixei um beijo no topo de sua cabeça, para, em seguida, levar as mãos para os cabelos castanhos de Frank, retirando o elástico que os prendia, para, assim, ajeitá-los. Invejaria Frank pelos próximos meses, sentindo o peso de meus cabelos ainda demorarem a dar sinal de vida, mas sempre teria o maior prazer do mundo em ajeitar meu marido, bagunçando-o um tanto, daquele jeito que o deixava ainda mais charmoso. Frank não havia nascido para parecer certinho, não combinava com ele. – Pronto... Assim está melhor. E precisa de alguma ajuda, princesa? – Frank riu baixinho, provavelmente sentindo cócegas, ao que levei uma das mãos por sua nuca e o notei encolher-se um tanto, ao que organizava um prato repleto de torradas. E, quando resmungou algo, a fim de me responder, seu corpo inteiro retesou ao que a campainha ecoou por todo o loft. “Merda... Termine de organizar as torradas, eu atendo a porta!”, ele exclamou, nitidamente nervoso, seu corpo escorregando para longe do meu, ao que eu deixava o elástico de seu cabelo preso ao meu pulso. – Tem certeza de que está bem pra atender a porta? Você parece prestes a desmaiar, Frankie!

 

- Eu estou ótimo! – Frank pareceu um pouco melhor ao soar dramático, saindo da cozinha em meio a risadas baixas, sem antes voltar-se para mim, andando de costas em direção à porta, despreocupadamente. – Como eu estou?! – Uma das mãos tatuadas bagunçou o cabelo ainda mais, ao que Frank me matava com um sorriso simples, fazendo com que eu respondesse com um simples “O cara mais gostoso de toda Nova Iorque”, um pouco ofegante demais, ao que eu quase deixava as torradas, que ajeitava sobre o prato, caírem no chão. – Só isso, Sr. Way Iero?

 

- Do universo! Agora vá logo abrir a porta, princesa! – exclamei, desviando subitamente o olhar de Frank, antes que eu sofresse ainda mais ao olhá-lo tão radiante. Como ele conseguia ir de alguém tão nervoso para o homem com o sorriso mais lindo de todo mundo? Aliás, do universo, devo me corrigir.

 

 A campainha soou mais uma vez, antes que Frank abrisse a porta.

 Ainda ocupado com as torradas e a disposição das coisas sobre aquela superfície de mármore, escutei a voz doce de uma jovem mulher ecoar pela sala, me fazendo erguer o olhar em direção à porta. A moça era bem arrumada, com um vestido florido delicado, assim como suas feições e modo de portar-se. Os cabelos eram cacheados, castanho-acobreados, fazendo uma exótica e bela combinação com sua pele negra. A jovem parecia alguém que havia saído de um desenho animado e que facilmente era adorada por crianças... E por Frank também, pois ele logo exibiu o seu sorriso mais contagiante para ela e Ray, que adentrou o loft logo em seguida, ainda em silêncio.

 

- Olá! Você deve ser a Sarah, seja bem vinda! – a voz de Frank me acordou e eu prontamente deixei as malditas torradas de lado e contornei a cozinha, com a pequena Sparkie surgindo do corredor que levava ao quarto inferior, em meu encalço, ao que seguia para a sala, a fim de receber Sarah e meu amigo. – Eu sou Frank e... Esse é o meu marido, Gerard. – e Frank sempre se referiria a mim como se eu fosse o seu maior tesouro, da mesma forma com que eu delicadamente apoiava minha mão sobre sua lombar, ao que me posicionava ao seu lado, enquanto Frank indicava um dos sofás para que nossos convidados pudessem se sentar. E ele poderia parecer controlado e natural, mas, ao tocá-lo, o notei trêmulo como nunca, o que me fez beijar-lhe a têmpora, em um ato delicado e quase imperceptível a Sarah e Ray, tentando acalmá-lo.

 

- Vocês tem um apartamento adorável... – Sarah comentou, sua voz comprovando que nitidamente ela parecia o ser humano mais gentil e alegre que eu havia conhecido... Sem parecer forçada, apenas naturalmente sendo agradável. – E não preciso de muitas formalidades, vamos fazer disso tudo algo bem informal... Já vamos ter que lidar com bastante burocracia, se tudo ocorrer bem. – a jovem ajeitou-se sobre o sofá e Frank se encaminhou para sentar-se no oposto ao deles, quando, ao invés de segui-los, senti que me portaria de forma menos travada se caminhasse até a cozinha e buscasse a bandeja com torradas e o molho posto no centro desta, para servir nossos convidados.

 

- Talvez esteja meio desarrumado em alguns pontos, estamos pensando em nos mudar daqui a alguns meses... E faz uma semana que voltamos, então... Sabe como é. – eu sabia que o apartamento estava impecável, eu havia me certificado disso, mesmo doente e com Frank gritando comigo por querer me esforçar, mas parte das minhas manias sempre moraria comigo e eu ainda poderia encontrar defeitos em um piscar de olhos. – Aceitam um pouco? – Ofereci as torradas, sob um olhar curioso de Ray, provavelmente assustado com a minha calma e gentileza, enquanto, internamente, eu só queria gritar para aquela doce jovem que éramos o casal perfeito para adotar Dean. Mas eu não o faria, eu era bastante controlado, diga-se de passagem.

 

- Obrigada! – Sarah prosseguiu a falar, ao que se servia de uma das torradas e eu notava a movimentação de Frank para trazer uma jarra de suco e copos para a mesa de centro da sala, antes que eu acabasse o fazendo. – Ray me disse que pretendem ir para um espaço maior... – “Sim, nós queremos morar em um lugar mais aconchegante, onde possamos construir uma família longe de toda a selva dessa cidade... Não que seja uma cidade ruim, ela me ajudou a encontrar coisas valiosas demais, mas... Pensamos nisso desde o casamento, acho que no fundo sabíamos que queríamos um lugar sossegado.”, Frank tagarelou, já novamente sentado sobre o sofá, como se sequer houvesse se movimentado, enquanto, sobre a mesa de centro, ele havia organizado os copos, a jarra e se adiantava em me ajudar a colocar a bandeja ali, após Ray servir-se de algumas torradas. – Entendo... Nova Iorque é incrível, mas eu sou uma garota do interior... Então sei do que falam.

 

- Sarah precisa saber como vocês se conheceram... Aliás, ela sabe por alto, eu tomei a liberdade de contar a história de vocês pra ela, mas sabe como é... Nós precisamos das fontes primária. – Ray disse, parecendo mais relaxado e ocupado em comer duas torradas de uma vez, perdendo toda a pose de advogado de sucesso, enquanto Sarah se dirigia a mim e a Frank, “Se não for incômodo, claro...”. – Acredite, nunca é um incômodo, eles adoram falar sobre isso.

 

- Frank e eu sempre nos esbarramos na vida... – comecei, finalmente sentando-me ao lado dele, sentindo seu olhar e sorriso direcionados a mim. – Desde pequenos, festas de Halloween... Reuniões e festas adolescentes... Enfim, eu sempre estive muito próximo dele, mas nunca realmente nos enxergávamos, nem mesmo quando ele se tornou o melhor amigo inseparável do meu irmão, anos depois... Parecia que algo nos impedia, algo que nos mostrava que não estávamos preparados, mas que fazia questão de também nos manter juntos. – Delicadamente, estendi minha mão e não precisei nem pedir para que Frank entrelaçasse a dele à minha, trazendo-a para o seu colo, conforme eu continuava a falar, sob o olhar curioso de Sarah. –Talvez tenha sido por eu ser uma pessoa não muito... Sociável. Não que eu fosse alguém ruim, mas... Eu não me aceitava, não acreditava que eu poderia ser feliz e tinha uma baixa estima mascarada em um egocentrismo falso. Isso tudo fez com que eu acreditasse que eu seria feliz se escondesse minha orientação e me casasse com uma mulher.

 

- Essa é a parte mais divertida. – Ray comentou, prendendo uma risada, sendo fuzilado por Frank e seu olhar nada divertido, que sempre apareceria quando tocássemos naquele assunto, que o fez prontamente ajeitar-se, para servir os copos com suco de laranja, a fim de amenizar seu comentário. – Okay, me desculpem...

 

- Ao mesmo tempo, eu precisava de um lugar pra ficar por um tempo, ele iria viajar em sua lua de mel e Mikey, o meu melhor amigo cunhado, conseguiu fazê-lo me deixar ficar aqui... Ele iria ficar bem longe, eu me ajeitaria nessa cidade grande e talvez continuássemos a não nos encontrar. Até que Gerard decidiu não se casar. – a mudança no tom de voz de Frank era nítida, ao falar sobre aquela parte da história, a que havia mudado nossas vidas em definitivo... A escolha que eu havia feito... E que era escolher Frank, mesmo que não sabendo que estava o fazendo. – Ele voltou para casa, na mesma noite em que me “mudei” para cá... E finalmente nos encontramos, nos enxergamos. – E o fitei naquele momento, percebendo que Frank fazia o mesmo, o seu sorriso carinhoso me fazendo corar, sob flashes de memórias do início daquilo tudo. – Então, eu soube que estava bem ferrado quando o vi. E mais ainda quando o conheci melhor... Gerard era e é exatamente o oposto que acreditava ser. Ele é incrível demais... Apaixonante demais. – Frank provavelmente não se importou em ser tão apaixonado daquela forma, principalmente em me ver sorrir como um bobo, me segurando como nunca para não lhe roubar um beijo ali. Ele era inacreditável com seu ar despojado, pouco se importando em falar tão informalmente e me direcionar olhares como aquele. Frank era apaixonante, não eu. Mas eu não poderia falar algo assim, ele era tão teimoso quanto adorável.

 

- Estamos juntos há mais de três anos... Não vamos mentir que tudo foi sempre maravilhoso, você deve ter visto as revistas, as notícias por aí... – tocar naquele assunto era essencial, nós éramos um casal comum com alguns dramas incomuns, mas não iríamos fingir que a nossa caminhada havia sido um pouco árdua em alguns momentos, precisávamos ser honestos. – Tivemos altos e baixos, mas nunca... Nunca deixei de amar e cuidar de Frank. – senti aqueles pequenos dedos se apertarem aos meus, conforme minha voz ganhava força... Não por falar alto, eu realmente ainda falava baixo e mais pausado do que o meu afobado marido, mas por tudo aquilo ser tão importante para mim... Por ser a minha vida. – Frank é a pessoa que me trouxe luz... Me deu uma vida volta. E nós queremos aumentar isso juntos... – Então, eu tomei a liberdade de adentrar finalmente naquele assunto, sem mais delongas. Enquanto Ray e Sarah comiam e bebiam do lanche que Frank havia cuidadosamente preparado, eu e ele estávamos aquela pilha de nervos, por mais que os ares daquela conversa e a suavidade de Sarah nos levasse a crer que tudo ocorreria bem. – O pequeno Dean se tornou alguém muito especial nesses últimos meses... Eu o via toda semana, mesmo que de longe e... Eu me apeguei àquela pequena esperança de poder dar a ele todo o amor do mundo. É exatamente isso que quero fazer.

 

- Gerard está se recuperando de um câncer, você deve saber... – “Sim, eu sei...”, Sarah respondeu Frank com clara seriedade e preocupação, e meu marido prontamente continuou a falar, segurando minha mão agora com ambas. – E o bebê... Como Gerard disse, a ideia de construirmos uma família foi muito importante pra nós dois. E desde que Ray nos contou da probabilidade disso realmente acontecer, nós ficamos mais ansiosos.

 

- Eu imagino... Mas posso dizer que tudo está ocorrendo bem. A minha visita de hoje não é completamente formal e cheia de frescuras, como possam ter imaginado. Eu quis conhecer vocês, quis olhar bem para os dois e perceber exatamente o que eu vi nas palavras do amigo de vocês... Que são um casal forte, incrível... E Dean merece algo assim. – Sarah foi direta ao pontuar sua opinião, me fazendo sentir o corpo inteiro relaxar... Era diferente ver uma opinião de fora, ver que aquela jovem assistente social também acreditava em nós dois... Que eu e Frank não estávamos loucos em sonhar. – Ele tem uma história triste e não faz ideia disso... E ele precisa de todo o carinho do mundo, ele precisa se sentir incluído e não abandonado.

 

- Ele não foi abandonado... Nunca foi. Eu sempre estive lá com ele. Aliás... Nós dois. – Frank a cortou e eu o fitei de soslaio, preocupado com o seu posicionamento a respeito. Não que ele fosse agressivo, aquele assunto havia se tornado algo sério demais para o Frank e ele iria defende-lo com unhas e dentes. – Eu não quis soar rude, é só... Ele não está sozinho, é isso. Nunca esteve.

 

- Eu sei... Conversei com as enfermeiras, principalmente com Emma. Ela foi bem detalhista em dizer como tudo ocorreu e como vocês se certificaram em deixa-lo em total conforto. É complicado, é um caso delicado de se tratar, mas, ao mesmo tempo, simples. A família não o quer, vocês tem um pequeno histórico de proximidade... Isso é uma ajuda, faz com que eu possa ajuda-los a não enfrentar uma burocracia tão grande. – Sarah ajeitou-se sobre o sofá, deixando a bolsa que carregava de lado, um pouco mais acomodada e empolgada ao falar. Ela era observada por nós três, em total silêncio. – No caso de Dean, nós não temos um vínculo familiar que queira manter contato com ele, para que vocês preparem todo o material necessário da adoção direta, então é necessário que se habilitem para serem pais temporários dele.

 

- No caso, ele está sob a tutela do Estado, então é necessário que comecem dessa forma, antes de pedirem a adoção em definitivo. – Ray a interrompeu educadamente, enquanto apoiava seu copo sobre a mesa de centro e Frank e eu assentíamos com a cabeça em concordância, assimilando tudo aquilo. – Como Sarah disse, vocês já tem um histórico com Dean e isso vai ajudar nessa parte do processo.

 

- Eu já tenho toda a informação burocrática... Empregos, legalização do casamento de vocês, endereços... E, principalmente, testemunhos sobre como o conheceram. Como eu disse, eu só precisava ter certeza... Ver com os meus próprios olhos. Eu me preocupo muito com cada criança, em como as pessoas acreditam que podem pegá-las e devolvê-las quando quiserem... Como brinquedos. – Sarah possuía emoção em sua voz e eu, mais afobado do que Frank, inclinei um tanto meu corpo, apoiando meu cotovelo sobre minha perna, ao que prontamente respondia com um “Nós nunca o abandonaríamos... Dean é o nosso sonho e eu sei que nós somos o sonho dele também, de alguma forma eu sinto isso...”. –Eu tenho certeza disso... Casais do mesmo sexo, estatisticamente falando, raramente demonstram alguma rejeição à adoção... Vocês merecem ser uma bela família. Eu vejo isso.

 

- Obrigado... É só... Você deve imaginar o quanto é complicado. – e lá estava ele, meu doce Frank com os olhos lacrimejando, respirando fundo e se arrastando também para a beirada do sofá. Sparkie estava afastada, em algum ponto, atentamente olhando a tudo (principalmente as torradas), mas eu pude ter quase certeza de que a cachorrinha havia fungado junto a ele, toda aquela emoção transbordando por toda a sala. – E eu sei que fomos sortudos nessa parte, sei de toda a dificuldade e de como algumas pessoas veem o que estamos fazendo como algo errado, mas... Não existe nada mais certo pra mim e pra Gerard. – nesse momento, os dedinhos pequenos de Frank pareciam segurar o meu coração, tamanha a delicadeza com que se enroscava em minha mão, da mesma forma com que deixava suas palavras soarem. – Nós dois merecemos isso, depois de tudo o que passamos... E do que ainda estamos nos recuperando. Enfrentamos tanta coisa, crescemos juntos... Nós não o queremos com um prêmio, nós o queremos por simplesmente não conseguirmos sustentar a ideia de vê-lo sozinho. Pois nós dois sabemos muito bem como é se sentir deslocado... Cada um da sua forma, mas sabemos. E eu não quero, nunca, nem em um milhão de anos, que Dean se sinta assim de alguma forma... Eu quero lutar por isso. E tenho certeza de que o meu marido também.

 

 Frank era o melhor homem do mundo. De todas as maneiras, com seus defeitos e peculiaridades... Ele era. E aquele momento só provava aquilo, só me fazia acreditar que eu nunca, “nem em um milhão de anos”, como ele havia dito, iria deixar de amá-lo, iria abandoná-lo. Nem ele, nem o nosso futuro Dean... Nem quantos filhos tivéssemos dali para frente. Pois ele havia me ensinado aquilo, havia me mostrado que eu nunca estava sozinho no mundo e nunca seria.

 Que teria a ele. E, agora que o tinha, nós dois éramos uma soma, um transbordar de algo forte o suficiente para trazer felicidade a outra pessoa.

 

- Okay, podemos fazer isso. – Sarah foi não só firme em suas palavras, mas no sorriso que carregou, ao bater palmas, ligeiramente, como uma pequena e inquieta criança que se animava com uma nova brincadeira. No caso, o assunto era sério, mas, para aquela jovem moça, era diferente... Ela estava vendo o que nós dois víamos, o que havia feito com que eu e Frank nos tornássemos ainda mais fortes um para o outro e, principalmente, o que nos emocionava, ao falar daquilo tudo. E, para pontuar ainda mais aquele momento, ela afirmou todas as nossas certezas em uma só frase. – Nós vamos trazer Dean para a família de vocês.

 

 Minha primeira reação foi sorrir... E sorrir olhando diretamente para os olhos cor de avelã do amor da minha vida. Olhar para Frank sempre traria uma surpresa nova, algo diferente e que fervilhava dentro de mim, como naquele instante... Como olhar diretamente nos olhos do homem que seria o pai mais incrível que um dia já existiu e que, com todas as certezas do mundo e com tudo o que eu sentia em apenas vê-lo radiante como nunca, seria o meu companheiro para toda a vida.

 Frank havia me dado esperança, uma vida, sonhos e, agora, uma família. E, naquele momento, eu soube que nada no mundo seria capaz de nos tirar aquilo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


FAZENDO
AQUELE
MERCHAN
ESPECIAL
SENSASHOW

TEM FIC NOVA NA ÁREA SIM.
E, bom, ela vai ser a sucessora de Old Hope e é BEM DIFERENTE DE TUDO ISSO AQUI.
Então, eu to pedindo com muito amorzinho, que vocês deem uma chance e se joguem um pouco nessa história. Depois de Old Hope, eu só vou me focar nela e possivelmente em outra que está por vir, então, quem gosta de ler o que eu escrevo, sinta-se mais do que convidada (o) a correr e dar uma lidinha nesse prólogo.
Vai ter mais atualização ao longo da próxima semana, então se preparem! E AH, É FRERARD, CLARO.

É muito importante, pra mim, que cs leiam, pois essa fic é totalmente a minha cara, totalmente o que eu tô acostumada a escrever normalmente. Pois é, eu não sou a mocinha dos romances, então essa história tá sendo o amor da minha vida há algum tempinho. Espero que gostem!
Sold My Soul.
wattpad: http://my.w.tt/UiNb/mYfTsEKxdy
spirit: https://spiritfanfics.com/historia/sold-my-soul-6982613


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