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História Old Pages - Sou areia demais para o seu caminhãozinho.


Escrita por: linwzinha

Capítulo 3 - Sou areia demais para o seu caminhãozinho.


Fanfic / Fanfiction Old Pages - Sou areia demais para o seu caminhãozinho.

— Acha que de alguma forma, isso está lhe prejudicando?

— Sim! É óbvio! — diz áspero. — Aquelas mulheres, Dra. Gomez, elas não são delicadas como você. Todos os dias elas inserem agulhas em mim, você sabe, tudo para me ver mal, como vou me curar para poder viver?

Analiso seu modo de falar; ainda é como nas primeiras seções. Há medo. Isso é ruim para nós dois, pois nenhum está evoluindo com o tratamento.

— Você entende que para se curar, tudo aquilo é necessário?

— Não, ora essa, como vou me curar sendo mais ferido? Precisa de carinho, como o que você trata. — eu sorrio agradecida. — Diga-me, Dra. Gomez, não gostaria de ocupar o lugar delas e cuidar de mim?

Entrelaço as mãos, uma por cima da outra, sobre minhas pernas cruzadas.

— Não é a minha área de especialidade, sinto muito. — tento não ser ofensiva.

Ele é um senhor de quase 80 anos com um câncer terminal no estômago, fora a parte ranzinza de sua velhice, tudo para ele é ofensivo de algum jeito.

— Sr. Phillips, o senhor tem tomado todos os remédios?

— Não, você sabe que eu cuspo, não preciso dessas coisas me drogando.

— É uma fonte de ajuda, o senhor não quer melhorar e poder correr com os seus netos?

Seus olhos verdes brilham, e ele sorri com seus lábios finos e meio murchos.

— Iria adora-los, Dra. Gomez, adora-los! A mais nova, Luninha, tão atenciosa, ela gosta tanto de entrar em uma boa fadiga. — sua risada soa alta, e ele olha para o alto, como se a memória de sua neta estivesse passando por sua cabeça como uma nuvem.

Passo a língua pelos lábios, e me ajeito sobre o assento, tentando parecer o mais relaxada possível.

— Como ela iria se sentir se o senhor não pudesse mais voltar para casa?

— Não, não. Ficaria demasiado triste, Dra., não diga isso, não diga! — ele fala de maneira rápida. Me sinto vitoriosa, pois já sei a que ponto levar.

— Sabe que isso irá acontecer se não seguir os procedimentos de sua melhora?

Seu rosto murcha e olha para baixo, como um cachorrinho perdido.

— Façamos assim, semana que vem o senhor irá voltar aqui com boas notícias sobre o seu tratamento, somente assim, eu irei ir fazer uma visita ao seus netos, pode ser? — radiante, ele sorri para mim.

— Sim, Dra. Gomez, isso seria muito bom!

— Ótimo! Até a próxima consulta, Sr. Phillips.

O período de serviço demora acabar, e eu me sinto exalta por ter acordado mais cedo em uma segunda-feira e estar saindo mais tarde. Normalmente não costumo reclamar do que faço, mas eu me sinto paranóica por ter ficado tanto tempo dentro daquele consultório, eu até almocei lá com Vanessa porque a agenda estava cheia demais para ir comer fora.

Era umas 15:00pm da tarde quando Pattie me ligou dizendo que era para eu ir jantar com os Bieber's hoje, tentei recusar, mas isso nunca funcionou com ela. Agora já passa das 18:00pm e eu nem estou em casa ainda, sendo que o jantar foi marcado para as 20:00pm.

O caminho até em casa é tranquilo, sem trânsito ou malucos burlando as leis de trânsito, estou agradecendo aos céus neste momento. Quando entro em meu apartamento, respiro o cheiro preso ao lugar; meu cheiro.

O alívio e o êxtase me completam quando adentro a água morna da banheira perfumada com pétalas. Um banho de chuveiro seria mais rápido, porém, o meu corpo me obrigou a ter alguns minutos de relaxamento.

Penso sobre meu dia de amanhã, e penso como eu quero dormir agora e deixar esse jantar para outro dia, mas isso não pode ser uma hipótese, Pattie me esfolaria viva. Lembro-me de Josh, o que será que ele está fazendo agora?

Com os amigos, provavelmente.

Nunca me acostumei com o fato dele ficar colado aos amigos todos os dias semanais. Uma coisa é você encontrar seus amigos de vez em quando, ver um jogo, sair um dia; outra é o cara ver mais os amigos do que a namorada - quase noiva -. 

Josh definitivamente não é alguém bom de ficar lembrando.

Depois de um tempo demorado no banho, agilizo em me arrumar de verdade. O vestido cor salmão já está em meu corpo, soltinho nas coxas e justo no busto/estômago. Estou terminado de dar uma avivada em meu rosto com um pouco de maquiagem, apenas para não ir com cara de cansada.

O barulho irritante do interfone surge no corredor, me apresso em ir atender.

— Pois não? — digo, enquanto coloco o brinco preto sobre a orelha direita.

— Boa noite, senhorita Gomez. O senhor Bieber lhe aguarda na portaria. — a voz de Roger soa formal no telefone. Me pergunto se o senhor Bieber é o pai ou o filho.

— Diga que já vou descer, até mais. — desligo após ouvir sua resposta.

Termino meus afazeres, colocando apenas meus escarpins nude. Pego minha pequena bolsa de mão e desço para a hall do prédio.

Questiono ao Roger onde estava o Sr. Bieber, e ele diz que o indivíduo preferiu me esperar em seu carro. Reviro os olhos ao vê-lo com uma pose de badboy encostado no Toyota Camry branco. Até que ele está bonitinho com uma jaqueta típica de jogador de basquete, os jeans surrados e o topete bem arrumado.

— Eu preciso de motorista particular agora? — brinco, dando um beijo em sua bochecha, cumprimentando-o.

— Minha mãe quis garantir que você iria. — ele ri. — Apesar da demora, valeu a pena. Você conseguiu superar sua beleza de ontem.

Sem perceber, sinto meu rosto esquentar. Eu solto uma gargalhada raspada tentando disfarçar a vergonha estranha que senti ao vê-lo me elogiar tão sério.

— Obrigada... Então, vamos? Conhecendo sua mãe, ela já deve estar impaciente com a demora.

Já dentro do carro, Justin liga o rádio em uma estação de rap enquanto dirige pelas ruas pouco movimentadas de Boston. Eu reparo em como ele continua uma adolescente desenvolvendo; a beleza, as roupas, as musicas, o jeito galanteador... Ele parece um bebê aprendendo a andar, só que em fases diferentes da vida.

— Você está me olhando.

Me assusto ao ouvi-lo dizer, ainda que ele não me veja, pois é atencioso com a estrada em sua frente.

— Ainda está olhando. — dessa vez ele solta uma risadinha cínica.

— Você cresceu muito, isso me deixa feliz. — sorrio orgulhosa. — Mas por outro lado, é triste, me sinto velha.

— Se todas as pessoas velhas fossem como você... — nós rimos juntos.

Ele abaixa um pouco o rádio, provavelmente percebendo que a conversa irá render.

— Não faz nem sentido você se sentir velha, Selena, não temos uma diferença de idade tão grande assim. — ele me olha por alguns segundos, mas logo volta atenção ao volante.

— Pode não ser tão grande, mas eu fui sua babá, eu acompanhei seu desenvolvimento desde que você tinha 6 anos. — explico. — Pode não parecer depois tantos anos, mas eu me sinto como uma segunda mãe pra você, na verdade, eu passei mais tempo com você do que a própria Pattie.

Ele resmunga, bufando em seguida, e eu me pergunto qual o motivo para tamanha irritação.

— Segunda mãe? Qual é, Selena? — ele ri debochado. Como ontem, começo a ficar irritada por ele ser tão rebelde e desaforado. — Eu te vejo como mulher, não como mãe.

— Pois não deveria. Eu sei que você deve ser o "garanhão" da sua geração, mas da minha você não é. — minha voz soa rude, da maneira que eu quero. — Pra mim, você é um bebê, isso nunca vai mudar.

— Nunca diga nunca.

Ele está irritado. Percebo a forma como ele aperta o volante, e como deu uma leva acelerada no motor. 

Não vou me deixar levar por caprichos adolescentes a essa altura da vida.

— Sou areia demais para o seu caminhãozinho.

A conversa foi encerrado ali. Ele aumentou o som novamente, dessa vez ainda mais alto, deixando bem explícito que realmente não iria responder aquela frase. Eu prefiro assim.

Discutir com Justin é como bater com a mão na própria cara. Ele sempre foi uma pessoa de gênio forte, e isso parece ter aumentado com o passar dos anos, não é pra menos, sempre foi mimado pelos pais e o restante da família.

O jantar foi demorado, é muita conversa foi rendida. Eu passei na casa dos meus pais para dar um oi, mas logo vim pra casa, tudo que eu preciso é tomar mais um banho relaxante e dormir muito bem.

Não falei mais com Justin sobre qualquer assunto. No final da noite eu me despedi dele normalmente, mas agradeci por Pattie me trazer, já que o meu carro ficou em casa e ela jamais deixaria eu pegar táxi. Ele pareceu desconfortável durante o tempo todo. No fundo, eu também estava, mas preferi ignorar.

Três dias depois.

"Bom dia! Eu espero que você tenha acordado bem esses últimos dias, porque para mim, está uma tortura não acordar ao seu lado. 
Eu pensei em mandar apenas tulipas, mas você também gosta de rosas.

Para o meu amor,
do seu amor."

Olho torto para o grande buquê em minhas mãos, acabo de recebê-lo de um entregador desajeitado da floricultura.

Josh. É óbvio.

Eu ainda me sinto zangada com ele, mas não vou negar que realmente fez falta tê-lo em alguns momentos. Às vezes eu senti falta do calor corporal a mais em minha cama nas noites frias de Boston. Outra vezes eu quis almoçar algo que ele cozinhara.

Ainda de baby-doll e roupão, me sento sobre o sofá que há na sacada do meu apartamento. Ouço o barulho da cidade; carros, motos, pessoas, pássaros, o vento... Tento distrair minha mente do que eu planejo fazer.

Sem conseguir evitar, eu pego meu aparelho celular e lhe envio a seguinte mensagem:

"Obrigado pelas flores."

Mordo os lábios, me sentindo uma adolescente ansiosa. Ele provavelmente não responderá agora, já deve estar no trabalho.

Me dirijo ao banheiro, a caminho de tomar meu banho. Relaxo sobre a chuveirada, cantarolando algumas musicas, enquanto passo o sabonete por toda a extensão de meu corpo.

Depois de alguns longos minutos, saio do banho com uma toalha lilás enrolada no corpo, e outra, no cabelo. Vejo meu celular sobre a cama, contendo a ansiedade de checa-lo.

Resistindo pela segunda vez no dia aos meus extintos aflorados, eu apanho o celular. Três mensagens de texto estão expostas nas notificações. Eu estranho ao ver um número desconhecido.

As outras duas mensagens são da Ashley e do Josh. Decido ver primeiro o que Ash mandou.

"Bom dia, amiga. Amanhã irá inaugurar uma boate no centro, bem pertinho de casa, você está intimada a ir comigo."

Eu rio, mas confirmo a ela que irei, ainda dizendo que convidarei Vanessa, o que será um problema para Ashley/ciumenta/possessiva.

"Tudo para te agradar, amor. Quer jantar comigo hoje? Eu te busco no consultório."

Esta é a mensagem de Josh, que instantaneamente me faz abrir um sorriso bobo sem perceber. Decido responder depois, preciso parecer menos desesperada para tê-lo de volta.

Por fim, abro a mensagem do estranho, me perguntando como ele(a) conseguiu meu número.

"Eu queria me desculpar por ser um babaca com você. Podemos nos ver hoje à noite?

Justin"

Céus, e agora? Eu não posso estar em dois lugares ao mesmo tempo, terei que dizer não para um dos dois.

Se eu negar o convite do Josh ela irá ficar zangado, e talvez, desista de querer tentar voltar. Eu o conheço, sei o quanto ele pode ser orgulhoso.

E Justin? Eu jamais o magoaria, ele é o meu bebê, e está arrependido. Que exemplo de babá eu seria se não fosse ir aceitar seu pedido de desculpas? Ele tem um grau de importância muito grande pra mim, eu não menti quando disse que eu me sentia sua segunda mãe.

Droga, o que eu vou fazer?

Saio do consultório, trancando-o, já que Vanessa precisou sair mais cedo hoje, alegando ter que ir buscar sua irmã mais nova no aeroporto. Abraço meus braços nus, enquanto olho minha aparência serena no espelho do elevador. Não demora para descer os 7 andares, eu já me vejo saindo do prédio.

Pego meu carro no estacionamento e vou em direção ao Coffe, uma restaurante aqui mesmo, no centro da cidade. O trânsito está razoável, apesar dos muitos carros no tráfego. Chego em pouquíssimos minutos, deixando meu carro com o chofer do estacionamento exclusivo do restaurante.

Entro no local iluminado, falando o nome da minha reserva para a recepcionista. Um outro atendente chega, me cumprimentando da forma mais educada possível - por esse, e outros motivos, é um dos melhores restaurantes de Boston -. Eu sou levada até a minha mesa, já encontrando o meu acompanhante a minha espera.

Ele sorri largo ao me ver, se levanta para me cumprimentar com um beijo no rosto. Me sinto maravilhada quando ele puxa a cadeira para eu me sentar.

— Chegou a muito tempo? — questiono, avaliando sua vestimenta bonita. Ele está todo bonito.

— Não muito. — sorri. — Como você está?

— Eu estou bem, e você? — ele sorri de forma galanteadora, e passa a língua sobre os lábios antes de me responder.

— Estou ótimo. Fico feliz que tenha vindo.

Pisco lentamente, antes de avalia-lo mais uma vez.

— Eu jamais faria um desfeita dessas para você, bebêzinho.

Justin sorri, espremendo seus olhos cor de mel. Mais uma vez eu me sinto maravilhada com um gesto seu.

— Antes de pedirmos, eu realmente quero me desculpar por tudo o que eu falei, e a forma como agi, isso me atormentou bastante. — ele torce os lábios, continuando: — Mas você tinha razão, eu estou acostumado com as garotas da minha idade, e você está longe de ser como elas.

— Você não precisa se desculpar, está tudo bem entre nós, meu carinho por você continua o mesmo. — sorrio reconfortante. Ele me olha com adoração, um pouco estático.

— É, você realmente não é como elas.

Eu rio, estreitando os olhos em sua direção.

— E como eu sou? — jogo os cabelos, zombando.

— Muito, muito melhor!

Me sinto como a dias atrás, com a mesma vergonha estranha. Neste momento, eu percebo que isso não pode se tornar frequente, porque de algum jeito, me incomoda. Não é corar para qualquer um, por qualquer coisa, é para ele, por palavras dele.

— Eu acho que devo agradecer. — rio descontraída, debruçando um braço na mesa.

— Não precisa agradecer, não agora.

Ele inclina o corpo pra frente, apoiando os cotovelos sobre a mesa. Uma corrente elétrica passa pelo meu corpo quando sua mão cobre a minha acima da mesa.

— Me agradeça no final da noite. Dessa vez, eu vou fazer direito.


Notas Finais


Olá, amoras lindasss, mais um capitulo fresquinho pra vocês, espero que gostem ♥
Não é concreto ainda, mas acho que vou postar capitulo todo sábado, tudo bem pra vocês?
Gente, outra coisinha, eu estou meio insegura, vocês acham que eu estou em um ritmo muito acelerado, ou está bom assim? Eu não quero prolongar tanto essa fic, mas quero que fique agradável.
Beijinhos, até o próximo


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