História Olhando você - Hiato - A cadeira de vime

Aiolos percebeu uma movimentação atrás dele, Pandora toda hora ia e vinha pela porta dos fundos enquanto que ele tentava meditar no quintal, já estava ficando cansado disso, até porque Hans subia para seu colo toda vez que a mulher aparecia na porta e depois corria assim que ela entrava.

- O que você quer Pandora? - perguntou  retirando o gato de suas pernas.

- Eu ... - limpou a garganta e continuou - Eu preciso de sua ajuda.

Aiolos ficou até chocado com ela, todos os dias via a moça pra lá e para cá na casa, varrendo, sacudindo, limpando e batendo, mas em nenhum momento pedia sua ajuda para nada. 

- Hum, o que posso fazer pela senhorita? - disse bem humorado indo até ela.

- Por aqui - respondeu Pandora, mesmo que antes tenha girado os olhos.

Os dois entraram na casa, atravessando boa parte dela até chegarem em uma sala.

- Mas o que ...

Parecia que havia passado um furacão por ela, havia molduras, cadeiras, mobília e uma infinidade de coisas. Aiolos girou os olhos pela sala parando na mulher com as mãos para trás e com uma expressão que ele não reconhecia, mas que estava incomodando ele.

- Poderia me ajudar com isso aqui? - perguntou engolindo todo o seu orgulho, afinal sabia que não daria conta disso sozinha, talvez nem com a ajuda dele daria um jeito naquilo, mas era tudo o que tinha.

Aiolos balançou a cabeça e ela soltou um suspiro de alívio.

- Por onde começamos?

- Nós poderíamos começar pelas coisas maiores como as cadeiras por exemplo, ou então separamos o que é utilizável e o que tá quebrado pra jogar fora - ela deu de ombros e novamente Aiolos concordou - Depois a gente vê o restante.

- Tá!

Antes de começarem Pandora providenciou para ele um pano para que colasse no rosto, havia muita poeira.

Para quem não se dava bem até que os dois trabalhavam em harmonia, tiveram uma discussão por causa de um candelabro, mas logo entraram em acordo com a criação de uma pilha de vendas.

- E essa cadeira aqui? - perguntou o sagitariano levantou uma cadeira com o assento de vime.

- Lixo - Pandora não pensou duas vezes antes de responder.

- Como lixo? - retrucou ele olhando com pena para a cadeira.

- O vime está rasgado, eu não sei reconstruir isso - disse indo até ele - Uma pena, essa madeira é bem bonita - continuou passando a mão pelos entalhes florais da cadeira.

- Não precisa jogar fora não - tentou Aiolos - É só trocar esse por outro e pronto, fica novinha.

- E por um acaso você acha que eu vou fazer isso? - Pandora ergueu uma das sobrancelhas e cruzou os braços.

- Hum, parece que não - respondeu meio sem graça.A contra gosto ele colocou a cadeira na pilha de lixo. - Eu tentei querida - disse dando leves tapinhas nela, depois voltou ao serviço.

- E quanto a isso aqui? - instantes seguintes o homem puxava um lençol que cobria mais sete cadeiras idênticas a outra, mas todas com o vime intacto.

- Aiaiai! Por que essa casa tem tanta cadeira? - exclamou Pandora esfregando a testa - Se estão boas o jeito é deixá- las aí - disse enquanto pegava uma moldura e jogava no lixo ao passo que Aiolos caminhava para pilha e pegava a cadeira quebrada - O que está fazendo?

- Pegando a cadeira de volta.

- Pra que? - Pandora colocou a mão na cintura - Não presta.

- Sim, mas ninguém tem sete cadeiras em um conjunto - foi a explicação lógica dele.

- O que? - claramente ela não havia entendido.

- Conjunto de cadeiras ou sou de doze, dez, seis - começou a dizer ele colocando a cadeira junto das outras - Sempre é um número par, entende?

- E daí?

- Daí que ninguém tem um conjunto com sete cadeiras - dizendo isso ele sentou em uma delas, entretanto a madeira cedeu com  se peso e veio ao chão.

- Agora são seis - Pandora não escondeu o sorriso vencedor acompanhado de uma das sobrancelhas erguidas - Jogue as duas fora.

Aiolos, apesar de chocado e ainda estar no chão, não segurou o sorriso.

- Sua traidora! - falou para a cadeira.

Continua...