1. Spirit Fanfics >
  2. Olhar da Serpente >
  3. Melancolia

História Olhar da Serpente - Melancolia


Escrita por: UnicornSilver

Notas do Autor


Segue o penúltimo capítulo que promete mtas emoções!

Desejo à todos uma boa leitura!

Capítulo 98 - Melancolia


Snape se sentia muito só em sua casa que sempre tivera o espírito de Caterina. Não se imaginava mais fazendo muitas poções e externou para Dumbledore a vontade de se aposentar porque não sentia mais a necessidade de tudo aquilo.

— Está decepcionado, Severo... – Dumbledore se ajeitou em sua poltrona.

— É interessante você achar isso, quase morri por algumas vezes e ainda estou aqui enquanto todos à minha volta se foram, a começar por você. Estou cansado, Dumbledore. Não vejo mais propósito em fazer poções – desabafou Snape indo se sentar na sua cadeira.

— Você tem Victoria. Ela precisa de você – Dumbledore ergueu o olhar.

— Ela não precisa de mim. Ela tem o trabalho e o marido dela... – Snape retrucou com irritação — Aliás, estou farto de precisarem de mim. Não quero que ninguém precise de mim.

Dumbledore se empertigou na sua poltrona.

— Tem razão. Caterina não precisava, ela estava com você porque te amava.

Snape levantou o olhar para Dumbledore e não respondeu.

— Por que não dá um tempo, Severo? Por que não viaja? – o velho diretor continuou.

— Não tenho mais vontade de viajar sozinho. Tudo me lembra Caterina. Tenho que admitir que ela ainda esteja me fazendo imensa falta.

— É natural. Viveu muitos anos com ela – Dumbledore concluiu esticando suas pernas no pufe.

Snape se levantou se sentindo esperançoso e se aproximou do quadro:

— Você tem alguma notícia dela? Já faz mais de um ano que ela foi embora...

Dumbledore deu um sorriso maroto: — Não sabia que se interessava pelo lado de cá, meu amigo...

Snape fez uma careta e balançou os ombros com indiferença.

— Não, não tenho notícias dela infelizmente, porque se tivesse, eu contaria a você...  – Dumbledore respondeu sem tirar o ar zombeteiro do rosto – Está precisando de um neto, Severo...

— Luka viaja muito a trabalho e Victoria também trabalha demais. Ter filhos para deixar com elfos domésticos? Não seria do feitio de Victoria, tenho certeza... – Snape retrucou aborrecido.

Dumbledore se levantou da poltrona, fazendo menção de sair do quadro:

 — Bem, preciso ir... Considere tirar umas férias, Severo...

Dumbledore acenou para Snape e saiu do quadro. Ele nunca se sentira tão sozinho como naquele momento e se recostou em sua cadeira, suspirando e olhando por todo o laboratório em volta. Estava realmente cansado de toda aquela rotina.

Todos os dias, no meio da manhã, ele olhava para a porta e esperava Caterina descer por aquelas escadas trazendo chá, café e seu sorriso radiante para ele. E todos os dias ele só ficava na imaginação.

Todos os fins de tarde quando encerrava o expediente, subia até a cozinha e aproveitava para entrar no pequeno escritório de Caterina. Mesmo após um ano da sua morte, ele não conseguia se desfazer de todos aqueles mapas e cadernos de anotações dela. Ele olhava e colocava tudo de volta no lugar sentindo seu peito oprimido e lágrimas enchendo os seus olhos.

E todas as noites ele jantava sozinho e se servia da sua dose de uísque de fogo após o jantar, indo se sentar na sua poltrona favorita sempre olhando para o sofá onde Caterina se acomodava para tomar seu hidromel. E então ele fazia hora para ir se deitar, como se estivesse fazendo companhia para uma Caterina que só existia na sua imaginação. E quando enfim decidia se recolher, subia para o quarto, tomava seu banho e se deitava na cama virado para o lado que Caterina dormia, alisando seu travesseiro que já não conservava mais seu cheiro, esperando o sono chegar muitas noites em vão. Essa era sua rotina, que não fora mudada nem depois um ano da morte de Caterina.  E quando finalmente conseguia dormir, sonhava algumas vezes com ela, mas quase sempre ela estava distante e inalcançável, fazendo-o despertar muito angustiado. Toda vez era difícil suportar, porém ele sentia que tinha necessidade de passar por aquilo, como uma penitência. 

Snape não tinha mais coragem de ir visitar a Toscana e ficar na casa de Caterina, tampouco Victoria que mesmo assim decidiu manter a casa do mesmo jeito e regularmente Fresbo ia até lá para manter a limpeza. A casa da Toscana trazia muitas recordações para ambos, embora muito mais dolorosas para Snape, enquanto que para Victoria lhe remetia a infância feliz. O chalé de Inverness também passou para Victoria que igualmente se recusara a vender, pois para ela tinha um significado especial e Snape sabia disso.

* * * *

Ano 2024

O ano passou voando e Snape mantinha sua fatídica e extenuante rotina. A dor da perda de Caterina havia se atenuado um pouco e com ajuda de Fresbo e Victoria, ele até conseguiu se desfazer das roupas de Caterina que enchiam o pequeno closet do seu quarto. Assim como tinha recordações precisas de Alana, Snape também arrumou uma caixa de madeira onde guardou as lembranças mais marcantes de todo o tempo em que esteve com Caterina: a foto da viagem de Portugal, as pedras de comunicação que usaram na época em que ele fora diretor de Hogwarts, o par de brincos em forma de gato que dera no primeiro aniversário dela em que passaram juntos e o colar de lince. Já a pequena coleção de raras varinhas, ele deu à Victoria.

Em meados de outubro, Victoria pediu para ter uma conversa com Snape que o deixou surpreso, já que ela nunca precisava pedir permissão para vir até sua casa.

— Estou estranhando, Victoria – Snape disse apontando o sofá para a filha se acomodar que se sentou, mas que parecia bem ansiosa.

— Pai... – ela iniciou tomando fôlego — Eu decidi desacelerar um pouco meu trabalho...

— Você está precisando de ajuda na loja? – Snape perguntou interrompendo Victoria, já imaginando que teria que começar a ir para o boticário a fim de socorrê-la de prazos apertados.

— Não... Não é isso! – ela sorriu com os olhos brilhantes e subitamente ela lhe lembrou Caterina quando lhe deu certa notícia.

Snape abrandou o olhar sentindo uma emoção crescente, entendendo tudo.

— Eu queria que mamãe estivesse aqui... – Victoria repentinamente ficou triste e Snape pôde ver uma lágrima pingando dos olhos dela.

— Eu acho que ela nunca foi embora, Victoria... – Snape disse encorajando a filha.

Victoria fungou e enxugou as lágrimas acenando em concordância com pai e voltando a sorrir.

— Estou grávida... – ela disse com a voz embargada e com muitas lágrimas rolando pela face.

Snape não pôde definir o tamanho da emoção que sentiu com a notícia. Ele se levantou e tomou sua filha nos braços, beijando-a em sua fronte e abraçando-a a muito forte. Sim! Caterina ficaria extremamente feliz se estivesse ali naquele momento! Eles seriam avós! E ele nunca poderia imaginar isso.

— Depois de passarmos por tantas perdas, é uma excelente notícia. E seu marido? –Snape perguntou ao enxugar o rosto marejado de Victoria.

— Ele está muito feliz e vamos viajar para comemorar! E só voltaremos próximo do Natal – ela disse se soltando de Snape e voltando a se sentar no sofá. – Pai... Você vem passar o Natal com a gente, não vem? Não quero que fique enfiado aqui remoendo o passado! Mamãe não ia ficar feliz com isso, você sabe...

— Vamos ver, se eu não tiver muitas poções para entregar por essa época...

— Mas você não disse sentia que era hora de se aposentar? – Victoria perguntou indignada.

Snape voltou a se sentar, completamente aborrecido.

— Estou tentando... Mas não é fácil assim, Victoria. Uma boa parte da minha vida fiz poções por encomenda...

Victoria ainda não se convencia:

— Foi fácil para você largar o emprego em Hogwarts...

— Era diferente! – Snape se defendeu – Eu não tinha clientes tão insistentes!

Victoria se aproximou dele: — Então venha trabalhar comigo no boticário. Não queria que você ficasse tão sozinho, enterrado vivo neste mausoléu, onde tem lembranças da mamãe em cada canto... Está certo que mamãe faz muita falta, mas você também precisa fazer um esforço...

— Eu não vou mexer em mais nada desta casa – sentenciou secamente Snape. — Daqui a pouco vou trabalhar com você na loja e então você me convence a morar com vocês. Eu não quero, Victoria. Eu estou bem aqui!

— Não me parece bem – Victoria discordou suavemente. – Eu conversei com Luka e ele concordou...

— Você ainda não entendeu? – Snape aumentou o tom de voz interrompendo Victoria mais uma vez – Eu não pretendo sair daqui.

Victoria se levantou e gesticulou com as mãos: — Ok, mas quando mudar de ideia, me avise...

Snape fez um gesto irritado com a mão e assim Victoria se despediu dele saindo logo em seguida. Apesar da pequena discordância, Snape estava muito feliz pelo fato de se tornar avô.  Ele se encaminhou para o seu bar e encheu um copo com uísque de fogo e outro com hidromel imaginando um brinde com Caterina. Ele se sentou na sua poltrona favorita e se sentiu repentinamente muito mais melancólico que antes. E então voltou a se lembrar dos momentos mais felizes com Caterina.

Um pouco alto pelo uísque de fogo, repentinamente se sentiu esquisito. Abandonou seu copo meio cheio e foi se deitar. Adormeceu profundamente e sonhou com Caterina pela noite afora num sonho extremamente bom e que em alguns momentos fora “quente”. Ele despertou ainda excitado, mas não tinha ânimo para se aliviar. Somente com Caterina podia ser completo e ela não existia mais, ele constatava com lágrimas nos olhos e murchando logo em seguida.  Quando se sentia saudoso da paixão ardente com Caterina, ele não conseguia se satisfazer e seu peito se oprimia tanto até não aguentar mais e, sozinho em sua cama, explodia num choro doído e se sentindo enfastiado de toda aquela situação.

* * * *

Uma semana depois da vinda de Victoria com a notícia da sua gravidez, Snape discutia com Fresbo que havia entrado no laboratório com uma dúvida.

— Não haverá jantar de Dias das Bruxas, Fresbo. Victoria e o marido estão viajando – Snape respondia irritado ao questionamento do elfo.

Dumbledore que até então estava quieto, se intrometeu:

— Por que não vai para Hogwarts neste feriado, Severo? – Dumbledore cruzou suas mãos sobre o colo – Minerva ficaria feliz em te receber no jantar...

Snape se levantou da sua cadeira muito zangado.

— Mas será que é difícil entender que quero ficar sozinho? – Snape rosnou indo vasculhar sua prateleira em busca de algum insumo para a poção que estava preparando, quando novamente se sentiu esquisito, atraindo a atenção de Dumbledore:

— O que foi, Severo?

Snape se sentiu levemente enjoado, mas não daria o braço a torcer.

— Não é nada! É apenas cansaço!

Dumbledore sorriu, ainda que seus olhos não transparecessem qualquer alegria:

— Você já não tem mais vinte anos, meu velho amigo, apesar de ser bem novo para os meus padrões! Mas assim como Victoria, você também precisa diminuir o ritmo!

Snape havia se recuperado e voltava para a sua mesa com um frasco na mão.

— Não posso! Olhe a quantidade de poções que tenho que entregar!

Dumbledore riu: — Para quem queria se aposentar, está trabalhando mais do que o necessário. Você precisa aproveitar a vida, Severo!

Snape se voltou totalmente zangado para Dumbledore: — Não tenho mais vida para aproveitar!

Dumbledore se calou se dando conta que mexera numa ferida aberta. Vida para Snape, ainda naquele instante, significava ter a companhia de Caterina e vendo sob esta ótica, ele não tinha mais vida mesmo.

O dia seguinte, ao se levantar, Snape voltou a se sentir estranho e começou a considerar que talvez devesse procurar o Dr. Stevenson, mas tal pensamento foi esquecido assim que pisou em seu laboratório e se concentrando em seu trabalho.

O dia passou normalmente e então ao encerrar seu expediente, mais uma vez Snape sentiu necessidade de abrir o escritório de Caterina. Todos aqueles mapas celestes que estavam sobre a escrivaninha foram apreciados pela milésima vez por um Snape saudoso.

— Ah Caterina, está muito difícil... Eu não aguento mais... – ele disse suspirando muito cansado e com muita tristeza.

Snape voltou para a cozinha e se sentou para jantar onde comeu muito pouco. A deliciosa comida de Fresbo não estava lhe descendo bem, fazendo-o abandonar a mesa com seu prato praticamente intocado. Indo para a sala sentiu a estranha pressão em seu peito novamente, o que o fez se lembrar que deveria procurar o Dr. Stevenson logo pela manhã. Se serviu do seu costumeiro uísque de fogo e se sentou na sua poltrona favorita. Não demorou e Fresbo logo apareceu com uma carta nas mãos.

— É da menina Victoria, senhor! Chegou agora!– Fresbo entregou a carta e desapareceu da sala.

Snape deu um gole no seu copo e rasgou o envelope passando a ler seu conteúdo.

“Pai

Me desculpe, mas estou com um tipo de tristeza que não passa e queria muito te ver. Estou muito preocupada com você.  A viagem está sendo ótima, só acho que não estou no clima. Talvez seja da gravidez e por estar sentindo muito sua falta. Infelizmente não conseguimos voltar hoje e por isso escrevo. Mas amanhã vou aí logo cedo para passar o dia com você.

Com amor,

Vicky”

Snape bebeu mais um gole do seu copo, dobrou a carta e colocou de volta no envelope estalando os lábios num muxoxo aborrecido pensando no quanto Victoria estava sendo tola em deixar de aproveitar a viagem.

“Ela não está sendo boba, Severo. Está preocupada com razão.”

Snape levantou o olhar em direção àquela doce e feminina voz familiar e não podia acreditar no que estava vendo: Caterina ali, sentada na sua frente tão à vontade, jovem e bela como se nunca houvesse partido.

— O quê? – Snape murmurou com surpresa ao olhar para ela.

Caterina sorriu, se levantou e deu a volta na poltrona de Snape, ficando atrás e pousando as mãos nos ombros dele com suavidade e ele sentiu o calor.

— Eu sei o quanto está cansado... – ela disse suavemente no ouvido dele.

E logo Snape não sentindo mais o toque de Caterina, se virou para trás não a vendo mais. Ele tentou se levantar para tentar segui-la, mas mais uma vez sentiu aquela pressão em seu peito o deixando repentinamente esgotado e com uma dor que não sabia definir, sendo impedido de continuar. O coração descompassou e ele se recostou na poltrona e em determinado momento fechou os olhos assim que sentiu a dor diminuir e se sentiu muito leve e relaxado ao mesmo tempo em que o copo contendo o resto de uísque de fogo caiu da sua mão frouxa vindo a se espatifar no chão.      


Notas Finais


='((


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...