História Olhar De Vidro - Lado a lado com a tristeza

O sol que nascia no horizonte trazia consigo não apenas a luz de um novo dia, mas a lembrança que o tempo não para. Pelo contrário, ele parece passar cada vez mais rápido e sem pedir licença muda toda nossa vida e depois convida a rir ou chorar. Trazendo tristezas e felicidades desconhecidas, mas, muitas vezes nos traz de volta o que achávamos um dia ter perdido para sempre.

O destino é um companheiro perpétuo do tempo, os dois caminham lado a lado cooperando para a realização um do outro. Muitas vezes o destino nos prega peças e cabe ao tempo consertar a bagunça. E apenas ele o pode fazer, pois há quem diga que o tempo cura tudo e é o remédio para todos os males.

Depois de longos minutos observando a aurora, e se recobrando de lembranças já tão esquecidas, Xiumin respirou fundo e deixou que a brisa fria da manhã ensolarada inundasse seu corpo e aliviasse o peso da sua mente já tão torturada pelos próprios pensamentos.

Jimin observou cada ato do mais velho em silêncio, dando o tempo necessário para o rosado pensar em como começar aquela importante conversa. O Park não teve a intenção de ouvir as confissões de Xiumin para com Jungkook, porém, quando ele ouviu a palavra “Irmão” tudo mudou, e ouvir foi inevitável.

O platinado conseguia sentir o pesar nas palavras, imaginando o quão difícil havia sido para Xiumin guardar esse segredo, e não fazendo ideia dos motivos para tal. Apenas sabia que deveria ser mais complicado do que pensara, de alguma forma sabia que ainda havia muita coisa a ser dita, e almejava que assim como Xiumin fora um amigo e ouviu seus problemas, ele pudesse ser agora o confidente do rosado, este não precisava e nem merecia passar por tudo sozinho.

Haviam decidido ir para um lugar mais isolado da presença dos médicos e de pessoas, um local onde poderiam conversar e expressar o que sentiam. Então escolheram ir para o telhado do hospital, onde apenas helicópteros pousavam em casos de emergência, lá estariam a sós.

Depois de longos minutos tentando achar as palavras certas para dizer, Xiumin decidiu começar do início, não havia mais razões para esconder isso de Jimin, ele já havia escutado o mais importante; que Xiumin era irmão de Jungkook.

- Quando eu era criança vivia com minha mãe em uma casa simples em Busan. - Jimin pôde ver um sorriso triste se formar nos lábios alheios. - Claro que, com a medida que eu crescia notei que todas as crianças tinham pai, exceto eu. Então em um dia, eu perguntei a minha mãe e ela me disse que ele havia morrido muito antes de meu nascimento. Claro que… Não é fácil para uma criança entender isso, então eu fazia perguntas a ela sobre como ele era, e sobre como se conheceram… e mesmo que eu não percebesse isso a deixava triste.

- Então ela não te contava nada sobre ele? - Como Xiumin havia se calado, Jimin tentou o incentivar a continuar, não querendo ser intrometido mas almejando entender sua história.

- Na verdade contava. Tudo o que eu sabia aquela época sobre meu pai era o que ela me contava, mas depois de um tempo ela simplesmente parou de me falar sobre ele. - Xiumin sentia que relembrar todos aqueles momentos eram de certa forma bom, nunca havia contado a ninguém sobre isso e tinha a sensação que um peso saia de suas costelas. - Mas minha mãe sempre foi uma pessoa forte e batalhadora. Tudo o que ela fez foi por mim e eu ainda a amo muito.

- O que… Aconteceu com ela? - Perguntou receoso, mesmo que já imaginasse o óbvio.

- Quando eu fiz quinze anos minha mãe ficou muito doente. Os médicos não sabiam o que era e também não tínhamos muito dinheiro para remédios tão caros ou exames mais aprofundados. - O mais velho mordeu o lábio e sentiu os olhos marejados. Estava trazendo a tona sentimentos que lutou para afastar. - Um ano depois ela faleceu.

- Eu sinto muito, Xiumin. - Jimin tocou seu ombro e o mais velho sentia o carinho daquele pequeno toque, mesmo que Jimin não tenha passado pelas mesmas coisas, compreendia seus sentimentos.

- Foi naquele tempo que eu me encontrei pela primeira vez com o meu pai, mesmo que eu não soubesse disso. No funeral da minha mãe ele estava lá, eu me lembro que seus olhos transbordavam tristeza e dor, aqueles olhos azuis parecidos com o de Jungkook pareciam conter tanta coisa… - Xiumin suspirou. - Alguns dias depois ele veio até minha antiga casa, dizendo que gostaria que eu fosse trabalhar em sua casa, como eu não tinha mais minha mãe e precisava de dinheiro resolvi aceitar. Ele pagou todos os meus estudos e sempre me dava tudo que eu precisava. Trabalho para os Jeon’s desde então.

- Como você soube que ele era o seu pai?

- Quando um dia eu fui limpar o escritório dele. Ninguém entrava lá sem permissão, nem mesmo a SrªJeon, às vezes eu acho que ele fez aquilo de propósito… - Xiumin olhou brevemente para Jimin e sorriu, embora o seu sentimento no momento o dissesse para chorar. - A questão é… Eu vi um retrato que ele guardava dentro da última gaveta da escrivaninha que possuía uma tranca, que por alguma razão estava aberta….

- O que tinha no retrato?

- Uma foto da minha mãe. No começo eu não soube o porquê, mas eu precisava saber, então fui direto a fonte. E foi então que ele me contou toda a história deles. Pelo que me lembro meus pais estavam juntos desde o colegial, mas com a morte do pai dele, meu pai precisou sair da faculdade e ir administrar a empresa da família.

- Foi aí que se separaram?

- Não, eles continuaram juntos por mais alguns anos. Até a mãe do meu pai exigir que ele terminasse e se casasse com alguém do seu nível. Mas ele não o fez, ao invés disso decidiu que iriam fugir, tudo estava pronto para isso, mas, pouco antes minha mãe resolveu terminar tudo que tinham.

- Então foi sua mãe que decidiu se separar? - Aquilo realmente o pegou de surpresa.

- Eu conhecia minha mãe, tenho certeza que ela fez aquilo para não complicar a vida dele. Ela era do tipo de pessoa que coloca a felicidade das outras acima da sua.

- Você tem muito dela, pelo que vejo. - Jimin se permitiu sorrir aquele breve momento.

- O que posso dizer? Ela era minha mãe. - Xiumin sorriu e alisou uma correntinha dourada que carregava sempre consigo. - “Escolha primeiro machucar a si mesmo que as outras pessoas.” Foi isso que ela me ensinou.

- E o que o Sr.Jeon fez depois?

- Ele disse que não sabia da minha existência, descobriu apenas no velório da minha mãe onde me viu pela primeira vez.

- E você acreditou nisso?

- Conhecendo minha mãe como eu conheço? - Xiumin sorriu ao lembrar do jeito de sua mãe, se tinha uma pessoa que sempre o surpreendia, era ela. A conhecia melhor que do que ninguém. - Claro que sim.

- Entendo… - Jimin sorriu um pouco, de alguma forma conseguia ver um pouco daquela mulher em Xiumin, como se ela ainda vivesse nele de certa forma. - E o Sr.Jeon?

- Depois daquela longa conversa eu fiquei sem chão e até pensei em sair daquela casa, ir pra longe. Mas, eu conheci uma pessoa…

- Quem? - Jimin viu um sorriso singelo e feliz no rosto do rosado, como se em meio a uma tempestade o sol ainda brilhasse.

- Jungkook. - O menor piscou algumas vezes antes do rosado continuar.- Eu só o conheci quando ele voltou do exterior com sua mãe, ele tinha apenas dez anos na época.

- E como foi? Saber que tinha um irmão…

- Eu confesso que quis ter raiva dele. - Xiumin viu os olhos de Jimin se arregalarem, e sorriu com isso. - Mas eu não consegui. Assim que eu vi Jungkook… de alguma forma, eu não me senti mais tão sozinho.

- Ele tem essa mania de trazer essa sensação às pessoas. - Os dois sorriram triste naquele momento, partilhavam de sentimentos semelhantes.

- Eu prometi pra mim mesmo que ficaria naquela casa e cuidaria dele, que eu seria seu irmão mesmo que ele não soubesse. E claro, meu afeto por ele não passou despercebido pelo nosso pai.

- Ele queria que você ficasse longe de Jungkook? - Xiumin negou.

- Ele pediu que eu cuidasse de Jungkook… - Xiumin contou a conversa que teve com o Sr.Jeon, pouco antes do acidente. - Ele sabia que se eu quisesse já poderia ter reivindicado meus direitos como primogênito.

- Pensando agora… Toda a empresa e fortuna dos Jeon’s…

- Deveria ser minha? - Xiumin fechou os olhos e logo os abriu, vendo o céu tomar mais cor. - Deveria. Mas eu nunca quis esse dinheiro, ou essa herança. Eu só queria ficar ao lado do meu irmão.

- Mas por quê você não contou?

- Pelo mesmo motivo da minha mãe. - Xiumin compreendia dos sacrifícios que sua progenitora teve que fazer para a felicidade de quem amava. - Contar uma coisas dessas iria gerar uma grande confusão na família Jeon, Jungkook tinha uma família completa, tudo o que eu sempre quis, eu nunca poderia tirar isso dele…

- Mas, alguém tirou…

- Pois é… Eu até iria contar isso para ele quando seus pais faleceram, mas Jungkook já havia sofrido muito. E mesmo que eu fosse seu irmão, esse segredo não era só meu. E eu não queria que ele odiasse nosso pai.

- Você não sabia qual seria sua reação… Mas, Xiumin, não acha que ele merecia saber? - Jimin não estava o julgando, ele não estava em posição para tal coisa. Só queria entender.

- Eu tentava. Perdi as contas de quantas vezes eu tentei contar, mas, e se ele me odiasse? Eu sei que deveria contar mas não o fiz , é quase como se tivesse virado as costas pra ele. Estive ao seu lado e vi seu sofrimento sem poder o consolar.

- Você também estava de mãos atadas.

- Eu só queria proteger o meu irmão de mais sofrimento. - Xiumin sentiu uma lágrima escorrer e logo a limpou, era vergonhoso chorar com Jimin ali.

- Eu sei, mas você não deveria guardar isso só pra você.

- É por isso que estou te contando. - Xiumin sorriu, para logo em seguida fitar sério Jimin. - Mas precisa me prometer que não vai contar pra ele.

- Eu não tenho esse direito. - Jimin tocou em uma das mãos de Xiumin e ele a apertou. - Não imagino o quão difícil foi guardar esse segredo.

- Eu só quero que Jungkook seja feliz, ele já sofreu muito. É por isso que… - Xiumin se virou de frente para o menor e se curvou em petição. - Cuide do meu irmão, por favor. Fique ao lado dele e o faça feliz… Ele é tudo o que eu tenho nessa vida.

- Você não precisa pedir. Sabe que faria isso de qualquer maneira. - Jimin tocou em seu ombro e Xiumin voltou a mesma postura. - Mas… E a sua mãe? Acha que ela ainda amava muito o Sr.Jeon?

- Ela amava. Quando ela faleceu eu encontrei em seu quarto diversas fotos deles juntos. Creio que ela sempre o amou…

- Você não o odiava, Xiumin? Quer dizer… ele criou o próprio filho como um empregado.

- “Ódio só gera mais ódio”. - Xiumin falou no mesmo tom que a sua mãe costumava falar consigo, de alguma forma sabia que se ele mantivesse todos os ensinamentos dela, estaria honrando sua memória. - Eu não poderia o odiar nem mesmo se quisesse. Ele não escolheu que fosse daquele jeito, também a amava, e isso era recíproco. Mas não puderam ficar juntos, e mesmo assim minha mãe sempre o amou. Até o fim.

- Essa é uma história triste…

- Parece que estamos rodeados de histórias triste, não é? - Xiumin se permitiu sorrir naquele momento, sendo acompanhado de Jimin. Ambos queriam poder enfrentar tudo de pé, mas caso tombassem poderiam contar com o apoio um do outro. - Mas agora eu tenho medo…

- Do quê exatamente?

- Passei toda a minha vida pensando que esconder a verdade de Jungkook seria melhor. Tinha medo que ele descobrisse, mas, agora… - O maior mordeu o próprio lábio. - O que mais temo é não ter a chance de contar a verdade pra ele.

- Então quando ele acordar, porque ele vai… - Jimin fez questão de ressaltar que acreditava na recuperação do moreno. - Você irá contar para ele a verdade?

- Eu ainda não sei…

- Eu sei que Jungkook vai tentar entender o seu lado… seus motivos por trás de tudo.

- Quem sabe… - Xiumin fechou os olhos e deixou que seus cabelos fossem bagunçados pela brisa fria que os cercou. O destino parecia mudar tantas vezes, talvez fosse a hora de lutar contra ele.

[•••]

Notícias ruins demoram a chegar. E o poder que elas têm sobre nós é avassalador, é capaz de desfazer até mesmo o mais grosso laço de esperança, e acabar com os mais fortes dos sonhos.

Após um longo tempo no telhado daquele hospital com Xiumin, os dois decidiram voltar para dentro, e nesse meio tempo o primo de Jungkook havia chegado. Os olhos fundos e a face acabada e triste de Taehyung denunciava que suas noites não estavam sendo uma das melhores. Mas, ninguém naquele local estava diferente um do outro.

Assim como Xiumin e Jimin, o acastanhado sofrera muito com o estado de Jungkook. O moreno era quase um irmão para Taehyung, e mesmo que ele quisesse se manter firme na esperança de que ele ficaria bem, gostava de manter os pés no chão e aceitar a realidade. Jungkook estava sofrendo, e de muitas formas diferentes, por muito tempo. Talvez fosse a hora de acabar com sua dor e lhe dar o descanso apropriado.

A decisão que acabara de tomar não o agradava, mas se mantia firme no pensamento de fazer o que era correto ao seu ver, mesmo que tal coisa o deixasse ainda mais triste. Assim que chegou ao hospital naquela manhã, decidira falar com Jimin, o menor quase nunca saía do lado de Jungkook, e era justo que este fosse o primeiro a saber de sua difícil decisão.

- Você… só pode estar brincando. - Jimin não acreditara no que havia acabado de ouvir do acastanhado. - Me diz que você não vai fazer isso…

- Jimin… já se passaram três meses.

- Poderia ser dez anos! Você não pode deixar que desliguem seus aparelhos! - Jimin sentia o peito doer, Jungkook ainda estava vivo, e ele sentia que faltava pouco para o moreno acordar.

- Jungkook já sofreu demais, Jimin! Desde a morte de seus pais ele tem lutado para achar o culpado, desde que ele soube que você estava vivo te procurou sem cessar, e agora isso! Chegou a hora de o deixar descansar. - Taehyung não queria se iludir com uma possibilidade impossível. Até mesmo os médicos disseram que Jungkook não acordaria, se prender a aquilo só machucaria mais as pessoas que esperavam seu retorno.

- Não pode fazer isso! Jungkook irá acordar!

- Sejamos realistas, Jimin! Jungkook está morto! - Poucos milésimos depois de proferir essas palavras, Taehyung sentiu o rosto arder após ser estapeado no mesmo pelo menor. Jimin havia perdido o controle depois de ouvir, achava que o maior estava se precipitando.

- Ele não está morto. - Fitou o acastanhado já com os olhos marejados. - Não deixarei que faça isso. 

- Você não se casou com ele, não tem o direito de opinar sobre nada que diz respeito à Jungkook. - Taehyung não queria ser cruel, ele apenas não queria que mais ninguém sofresse, sentia muito pela história de amor entre eles ser interrompida, mas aceitar seria melhor que se prender a algo impossível, gostaria que Jimin entendesse. - Eu sou o único parente dele, cabe a mim decidir isso.

- Você sabe que Jungkook nunca iria querer isso!

- E o que você quer que eu faça?! Que o veja naquela cama o resto da vida?

- Quero que você dê a ele a chance de lutar por sua vida! Jungkook irá acordar! Eu sei… ele vai… ele precisa acordar… - Lágrimas involuntárias desciam por seus olhos, ele tinha a certeza que Jungkook acordaria, mas, ainda assim, doía. Ah… Doía muito.

- Você precisa abrir os olhos para a realidade Jimin-ah… Jungkook não vai acordar. - Admitir aquilo doía muito no coração do Kim. Mas não voltaria atrás.

- Não vou deixar que faça isso…

- É tarde… eu já assinei os documentos. - Taehyung viu o olhar de Jimin se perder nas novas lágrimas, ao mesmo tempo que sua boca abria e fechava, mas nenhuma palavra saia dela. - Sinto muito…

- Quando?.... Quando eles vão desligar?

- Eles… já devem estar fazendo isso. - Depois, de ouvir aquilo seus pés se moveram de imediato, e antes que percebesse já estava correndo por entre os corredores. Precisava chegar até Jungkook, precisava impedir.

Jungkook estava vivo, ele estava voltando para si, não deixaria que ninguém o tirasse o direito de ficar ao seu lado. O destino já fora cruel de mais, era o suficiente. Jimin sentia o peito doer a cada segundo que se passava, entendia o lado de Taehyung, era difícil pra ele tomar essa decisão. Mas, nunca poderia aceitar, nunca poderia aceitar que mais alguém tentasse tirar Jungkook de si.

Talvez ele estivesse sendo egoísta, por querer que Jungkook lutasse mais. Ele sabia que o moreno vivia uma vida de sofrimento desde que seus pais faleceram e ele se esquecera do Jeon. Se sentia uma pessoa ruim por querer que ele continuasse a lutar, a sofrer.

Porém, simplesmente não conseguia abrir mão de Jungkook, denovo não. Ele já havia se afastado, e se permitido afastar do moreno, havia ido embora e esquecido dele, havia deixado Jungkook sozinho, e nunca se perdoaria por ter feito tal coisa com alguém que tanto amava.

Mas, agora ele estava do lado de Jungkook, agora ele lembrava, agora ele iria lutar para fazer o possível e o impossível e ficar ao seu lado. Gostaria de acordar e ver seu rosto sonolento pela manhã, todas as manhãs de sua vida. Queria e almejava que pudesse tocar seu rosto e o sentir novamente perto, desejava fazer muitas coisas a mais com Jungkook. E não abriria mão disso.

Jungkook sempre fora especial para si, desde muito novos nutriam sentimentos um pelo outro, faziam planos para um futuro juntos e lutavam para que pudessem se realizar. Mas, no meio dessa batalha Jungkook lutou sozinho durante muito tempo, agora chegara a hora de Jimin fazer o possível e o impossível para que ele ficasse consigo. E faria.

Ao virar no último corredor, Jimin escutou a voz de Xiumin, e logo em seguida viu um segurança sair do quarto junto com o rosado. Conseguia ver o desespero no rosto do mais velho, enquanto o mesmo se debatia nos braços do segurança e pedia que o soltasse.

- Não podem fazer isso!!! Me larguem!

Não demorou muito e Jimin já estava na porta do quarto, onde Xiumin já fora afastado. Seus olhos vagaram o local rapidamente, e não demorou para que ele percebesse o que acontecia, os médicos estavam desligando os aparelhos de Jungkook.

- Não! - Jimin empurrou um dos médicos que estava desligando algumas máquinas ao lado da cama.

- Senhor , por favor! Nós temos a autorização, se afaste. - O médico chamou mais um segurança e esse segurou nos braços de Jimin.

- Me largue! Não ouse tocar nele, saia de perto dele!

O segurança maior do que o Park, segurou em seus braços e o imobilizou, o fazendo se afastar de Jungkook. Jimin se desesperou assim que viu o médico retirar o tubo de respiração do moreno.

- Não! JUNGKOOK! Me larga, não podem fazer isso, Jungkook! - Jimin gritava a todos pulmões, as lágrimas já desciam e banhavam seu rosto.

Não demorou muito e Jimin pôde ver Taehyung perto da porta, o rosto do acastanhado também estava banhado em lágrimas. Mas ele nada falava, um pouco atrás dele estava Xiumin, que ainda era imobilizado por outro segurança.

- Impeça-os! - Jimin gritou para Taehyung. - Impeça-os, por favor Taehyung!

- É tarde…

 Todos olharam para Jungkook assim que ouviram o barulho do monitor cardíaco que indicava a frequência dos batimentos do coração de Jungkook, indicando que este já não batia mais. Taehyung fez sinal para os médicos se afastarem e os seguranças soltarem Jimin e Xiumin.

Imediatamente Jimin já estava ao lado de Jungkook. Não conseguia dizer uma palavra sequer, as mãos trêmulas tocaram a face do moreno, e Jimin viu suas lágrimas banharem o rosto do maior. Não podia acreditar que o havia mesmo perdido, que agora Jungkook só existiria em seus pensamentos.

- Não… não, não, não! - Jimin segurou com as duas mãos o rosto de Jungkook e colou suas testas. - Por favor… por favor…

Não demorou muito para que Xiumin também estivesse ao lado dos dois amantes. Não conseguia acreditar que havia perdido seu irmão, seu pequeno irmãozinho, lágrimas também se fizeram presentes nos olhos do rosado, este que já estava ao lado de Jimin, tentando lhe passarei algum conforto também.

- Você não pode… Por favor… - Jimin suplicava ainda junto a Jungkook, sentia seu peito doar e seu corpo tremer. - Eu te amo…

Um último beijo foi trocado entre os dois. Apenas um selar casto e sincero, embargado em tristeza e carinho. Jimin sabia que aquela era a última vez que sentia os lábios de Jungkook contra os seus, que sentia o resquício de calor que seu corpo ainda possuía.

Jimin se afastou depois de alguns segundos e alisou pela última vez o rosto do moreno, sentiu uma dor tão forte em seu peito que seu corpo tombou para trás, e ele apenas não caiu pois o rosado o segurou. Xiumin abraçou o corpo do menor e se permitiu chorar mais ainda junto a si. Os dois haviam perdido quem mais amavam, Jungkook os havia deixado.

Mas, quando todos pensavam que tudo já estava decidido, que o Show havia acabado e as cortinas iriam descer. O narrador do destino, os mostra que tudo ainda estava longe de acabar, e mais uma vez a chama da esperança se acende.

Todos se surpreenderam quando escutaram os Pi’s do monitor cardíaco, os médicos logo estavam perto da máquina, tentando achar qual o problema. Aquilo era impossível. Taehyung que antes estava na porta do quarto andou até perto da cama, assim como Xiumin e Jimin que se separaram ao ouvir o mesmo som. O dos batimentos cardíacos de Jungkook.

Jimin foi o primeiro a estar ao lado de Jungkook, olhava para seu rosto como se dependesse dele para sobreviver, e sentia que isso era verdade. Xiumin logo estava do outro lado da cama e Taehyung apenas não teve reação, assim como todos os outros depois que pouco a pouco, Jungkook abriu os olhos.

Jimin não sabia o quanto sentiu falta de olhar aqueles lindos olhos azuis, e mesmo um pouco confuso por tudo que estava acontecendo de imediato um sorriso brotou em seus lábios. Taehyung sentiu seus joelhos indo ao chão, e se permitiu desabar em lágrimas. As mãos de Xiumin foram a sua boca e ele sentiu que conseguia respirar agora.

Mas, os olhos de Jungkook estavam em Jimin, em uma conexão tão forte que até mesmo assustou um pouco o menor. Porém, pouco a pouco Jimin se deixou sorrir, ele estava ali, a sua frente, de olhos abertos o fitando. Ele não desistira de lutar e havia voltado.

- Oi… - Jimin disse depois de alguns segundos, após Jungkook abrir completamente os olhos e fitar todos os presentes.

- Oi… - Infelizmente, Jimin percebeu o olhar que Jungkook o direcionava, estava claramente confuso. Mais do que deveria.

- Sou eu… - Jimin se aproximou do corpo de Jungkook e o sentiu se afastar. - Jimin… Lembra?

- Jungkook, você não lembra do Jimin? - Xiumin perguntou assim que notou a expressão confusa do moreno. E se surpreendeu ao ver o moreno negar com a cabeça.

- A nossa promessa… as rosas… o casamento… você não lembra? - Jimin não podia acreditar, aquilo não estava acontecendo. Mas, mais uma vez Jungkook negou.

Jimin sentiu que mais uma vez seu chão havia sumido. Era como se o destino gostasse de brincar consigo, e se divertisse com o sofrimento alheio. O menor tentou tocar a mão de Jungkook, que estava ao lado de seu corpo. Mas ele a afastou de seu toque, como se não quisesse tal contato. E isso doeu; muito.

Jimin se afastou minimamente do corpo do moreno e fitou a Xiumin. O mais velho também estava confuso com a confissão de Jungkook, não imaginava que isso pudesse acontecer. O platinado apenas concluiu que a felicidade anda lado a lado com a tristeza, fitou os olhos de Xiumin e não pôde conter que mais lágrimas caíssem de seus olhos.

- Ele se esqueceu de mim...