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História Olhos de Arco-Íris - IX, Depois da chuva


Escrita por: yehunnie

Notas do Autor


Olá queridinhos da titia <3 Voltei! E com o final de ODAC. Como sempre estou nervosa, mas espero que gostem <3 Não desistam de ler por causa do inicio do capítulo ok?
Muito obrigada a todos vocês que leram essa fic, me deram tanto carinho e desculpa as demoras de atualização. E olha só esse horário que to postando o final lol.
Estão prontos para saberem qual a cor dos olhos do Chanyeol? E o curso que o Kyungsoo escolheu?
Digamos que esse não é o capítulo 9, mas sim o epílogo da fic =)
Boa leitura <3

Leiam as notas finais por favor <3

Capítulo 10 - IX, Depois da chuva


Kyungsoo não passou na prova.

Espera, antes que você se desespere, me deixe contar o que realmente aconteceu.

O resultado demorou a sair, o meu semestre letivo se findou junto com a aproximação das festas do final de ano e ele só foi anunciado após a mudança de ano. O tempo parecia cada vez mais frio, e mesmo com o termino das aulas, permaneci na cidade até as vésperas do natal. Kyungsoo ainda estava trabalhando, e eu estava ajudando mais ativamente Junmyeon e Jongdae na implementação de um cursinho preparatório para vestibular já no próximo ano.

A chapa deles tinha sido vitoriosa.

As propostas tinham sido bem estruturadas e com elas ocorreu uma aproximação por parte dos estudantes, e também dos outros cursos. O cursinho preparatório de vestibular não seria apenas do nosso curso, alguns outros tinham se interessado em participar e quem pudesse contribuir de alguma forma – tudo era sempre bem-vindo – nos agradeceríamos.

A princípio apenas uma turma será aberta, não há como atender a diversas pessoas e saber que a qualidade poderá ser questionável. E o que nos surpreendeu foi a quantidade de voluntariados. Surgiu um grande número de pessoas dispostas a ajudar, e das mais diversas formas... Nem todos poderiam ajudar com o conhecimento, e nos elaboraríamos algumas provas para testa-los antes de colocar alguém como professor em uma sala de aula, mas tinha surgido também pessoas que queria ajudar na parte administrativa, gestão de pessoas, o marketing e entre outras áreas. Apesar de tudo, não era um projeto muito grande.

Na véspera do natal, me despedi de Kyungsoo na rodoviária. Seu ônibus era cerca de uma hora antes do meu, e eu queria passar mais tempo consigo. Ele estava muito nervoso, seria o primeiro natal que voltaria para casa depois de ter sido expulso... Seu pai tinha praticamente implorado que ele voltasse naquela data, e não conseguiu dizer não.

– Eu sempre gostei do natal. – Kyungsoo me confessou enquanto sentávamos próximo do seu terminal. Nossas mãos estavam dentro do casaco, já que o aquecedor do local não parecia estar realizando a sua função muito bem. – Esse natal vai ser estranho... Queria passar com você.

– Largue tudo, e vamos para minha casa. – Propus mesmo sabendo que ele não aceitaria, da mesma forma que eu não poderia ir para a casa dos pais dele, apesar de um convite formal... Natal eu deveria passar ao lado dos meus familiares, era uma das poucas datas que todos nós nos reuníamos. Kyungsoo acabou sorrindo com o meu tom afobado.

– São apenas alguns dias, Chanyeol. – Ele afirmou rindo, sua mão pegou o meu braço em um toque sutil, enquanto seu arco-íris me observava com atenção. – No ano novo estarei do seu lado.

E eu sorri. Nós nos encontraríamos em poucos dias e estaríamos juntos na virada do ano, Kyungsoo teria que trabalhar até a noite antes do ano novo, e com isso acabei afirmando que voltaria para a nossa cidade na data para não deixa-lo sozinho naquele dia. Meus pais tinham o convidado para passar aquele dia conosco, porém, não seria possível ele sair do trabalho no mercado e chegar a tempo na minha cidade.

Tentei argumentar com ele dizendo que poderia pedir para sair mais cedo e ir embora, porém, Kyungsoo afirmou que o casal proprietário do mercado tinha o ajudo muito no último ano, e ele não queria ter que pedir mais esse favor.

– Te fiz um presente. – Admiti. Estava nervoso com aquela situação, comprar algo era sempre bem mais produzido, mas a minha grana estava curta e nós tínhamos combinado de não comprar nada um para o outro neste natal, ambos estávamos com a situação quase no negativo.

– Chanyeol... Nós tínhamos combinado... Eu não tenho nada para você.

A sua voz estava fraca, e eu sabia que ele estava frustrado, não tinha sido algo que tinha planejado, e para ser sincero nem eu sabia como aquilo tinha começado. Jongdae certo dia apareceu com umas linhas e agulhas, e começou a tecer um cachecol e quando percebi estava ao seu lado aprendendo a fazer. Não tinha nada de errado naquilo, algumas pessoas acreditavam que era uma função exclusivamente feminina, mas não. Quando Jongdae foi embora, ele me falou onde ele tinha comprado as linhas e quando dei por mim, tinha tecido um cachecol para Kyungsoo e para os meus pais e minha irmã.

Não era algo muito elaborado, mas tinha seu charme. Jongdae sabia fazer uns pontos bonitos e mesclar cores, porém, o que entreguei a Kyungsoo era completamente vermelho, e em ponto simples. Quando tirei da minha mochila e coloquei em seu pescoço, ele sorriu. Seus lábios estavam vermelhos por conta do frio, e a sua bochecha adquiriu o mesmo tom.

– Obrigado. – Ele agradeceu, pegando com cuidado o cachecol. – Muito obrigado.

Ele me abraçou bem forte, e eu retribui. Queria permanecer daquele jeito para sempre, suas mãos acariciaram meus fios e seu calor me deu conforto... Ficamos em silêncio e de mãos dadas até que seu ônibus fosse anunciado, a gente tinha muito disso, não precisávamos falar, apenas ficar juntinhos. Ele embarcou no ônibus somente quando as portas estavam se fechando e me prometeu me enviar uma mensagem de texto avisando quando chegasse na sua cidade natal, porém, acabamos cada um viajando em sentidos opostos trocando mensagens durante todo o trajeto.

Resolvi antes de embarcar ir no banheiro, e foi enquanto lavava meu rosto na pia que encontrei através do espelho olhos que só lembrava ter visto uma vez na minha vida. Prateado. Era um senhor de idade, e seus olhos também estavam focados nos meus através do reflexo... E ele possuía a mesma cor que o meu avô tinha em seus olhos.

Aquele homem sorriu e seus olhos ficaram no formato de meia-lua, junto as suas rugas.

Ver seus olhos me lembrava do meu avô, e da saudade que sentia. Tinha o perdido fazia alguns anos, mas ainda o amor e saudade que ele me causava. Ele era um homem bom, integro e que me fazia acreditar no melhor das coisas... Sem tirar os meus pés do chão. Eu deveria acreditar nos outros, mas nunca deveria me deixar encanar pelas cores.

– Está tudo bem, jovem? – Ele me perguntou ainda me encarando, como se procurasse encontrar em meus olhos alguma coisa.

– Você me lembra alguém muito querido, desculpe.

– Está tudo bem. – Ele afirmou, e seus olhos se focaram diretamente em mim, e eu o encarei por igual. – Acredito que eu tenha os mesmos olhos que ele, estou certo?

Foi como se um arrepio cruzasse todo meu corpo. Aquelas palavras não poderia ser mais precisas, os dois eram completamente diferentes, porém, os olhos os ligavam.

– Como? – Foi uma pergunta idiota da minha parte, mas eu precisava saber.

– Você também tem as cores que eu, os mesmos olhos... Prata.

Aquela era a minha cor. Prata. Igual ao meu avô. Não sabia como reagir àquela afirmação, sempre passei a minha vida me questionando como era a minha cor, e saber que era a mesma do meu avô me deixava feliz. Ainda éramos conectados de alguma forma.   

– Aquele garoto junto a você... Ele colori a sua vida?

– Você nós viu? – Questionei surpreso. Tinhamos sido tão discretos juntos, sabíamos que a população era muito preconceituosa e escutar aquela pergunta de um senhor de idade me deixava ainda mais nervoso com a sua reação. – Sim, ele colori a minha vida.

Ele sorriu e eu escutei meu ônibus sendo chamado. Deveria correr para embarcar, mas queria permanecer ali conversando com ele... Mas não podia.

– Bom, bom. – O senhor falou, e ainda com um sorriso nos lábios disse. – Dar cor a vida é algo muito importante, nunca esqueça disso, está bem?

Dar cor a vida...

Eu não deixaria que a minha vida fosse preto e branco, as cores eram necessárias... Kyungsoo era necessário. Ele percebeu a minha aflição com a chamada de áudio da rodoviária, e ele se despediu de mim com um sorriso e seus olhos prateados me acompanharam em minha mente.

Existiam outros com esse mesmo dom caminhando por esta terra.

O tempo parecia ter demorado a passar, o meu natal foi calmo e recebi vários mimos da minha mãe, além da minha irmã. Era bom estar em casa após muito tempo, comer algo que minha mãe fazia ou até os doces loucos da minha irmã e ouvir a risada estranha do meu pai.

Voltei para o meu apartamento no dia vinte e nove de dezembro, com alguns quilos a mais e marmitas feitas pela minha mãe. Jongdae ainda estava em sua cidade natal, e provavelmente voltaria em duas semanas para agilizar algumas coisas do centro acadêmico e das aulas, porém, eu tinha que comparecer na empresa que tinha aceitado o meu currículo para estagio. Era uma grande ajuda, o meu salário não seria muito grande, porém, daria para ajudar em algumas despesas do apartamento, além de alguns extras.

Por conta do meu curso ser integral, só conseguia me comprometer com o estágio durante três dias na semana, o que reduzia bem mais o salário, mas mesmo assim, eu estava contente com a oportunidade.

E foi na noite da virada do ano que fiz amor com Kyungsoo pela primeira vez. Podíamos ouvir os gritos nas ruas comemorando a chegada de um novo ano, mas estávamos presos em nosso mundinho particular, no qual éramos suficientes um para o outro, e nada mais bastava.

Aquela noite nós deitamos juntos e sentimos o contato das peles, eu podia sentir o seu coração batendo forte contra o meu peito, enquanto nossos lábios se uniam e sorrisos tímidos eram desenhados.

– Chanyeol... – Ele me chamou baixinho, enquanto eu estava com os olhos fechados. Tinhamos perdido a noção do tempo e do espaço fazia tempo, e continuávamos deitados curtindo o momento. Respondi um ‘Hmm’ e o encarei, seus olhos de arco-íris encaravam os meus bem fixamente. – Não me ache louco está bem? – Ele pediu.

– Eu não acho que você seja louco, Kyungsoo.

– Eu sei, mas... – Seus olhos desviaram, e ele respirou fundo. – Você me faz sentir muitas coisas, meu corpo inteiro reage a você... Mas quando eu olho nos seus olhos, às vezes eu enxergo mais do que devia...

– Como assim? – Questionei, e inconscientemente levantei meu tronco para o observar melhor, ele se cobriu com o edredom.

Ele não estava com vergonha de como nós nos encontrávamos deitado, mas sim tinha medo de continuar aquela conversa... E eu precisava ouvi-lo sem que lhe causasse alguma interferência.

– Tem horas que eu te olho, bem no fundo dos seus olhos... – Ele abaixou a coberta até para mostrar seus olhos, era como se buscasse os meus para confirmar o que dizia e eu agradecia de vê-los novamente. – E vejo um arco-íris nele. – Falou rapidamente, e se escondeu novamente. – Não estou ficando louco, Chanyeol!

Acabei rindo de como ele estava nervoso e me escondi também embaixo das cobertas, seus olhos fecharam, como se tentasse apagar o que tinha dito, mas eu não iria esquecer. Acariciei o contorno de seu rosto até que ele voltou a me encarar.

– Você não está louco. – Afirmei, e ele me encarou surpreso. – Eu também enxergo seus olhos assim.

E pela primeira vez na vida, contei o meu segredo. Contei a Kyungsoo do meu dom, e como eu desejei poder lhe ajudar de alguma forma após encarar seus olhos de arco-íris, mesmo que não fosse de uma maneira romântica, eu precisava conhece-lo. Admiti também que eu amava seus olhos, mas não tinham sido exclusivamente por eles que tinha me apaixonado por si.

– Eu te amo por inteiro, não só seus olhos.

Ele demorou alguns segundos para digerir a história, e me fez jurar que estava falando a verdade, e era.

 

 

Foi durante o estágio que vi o resultado da prova, e descobri que o Kyungsoo não tinha passado. Ele tinha estudado, ele sabia a matéria, mas não ter feito o segundo exame da segunda fase tinha praticamente acabado com as suas chances. Seu conceito estava baixo demais para conseguir ingressar no curso de Psicologia.

– “Eu quero ajudar as pessoas.” – Ele me confidenciou certa noite antes de irmos dormir. Como Jongdae e Junmyeon estavam em suas cidades natais, acabamos dormindo juntos com a desculpa de ‘não ficarmos muito sozinhos’ – “Depois do que passei, eu só quero poder ajudar os outros... De alguma forma.”

As notas parciais estavam boas, mas mesmo assim não daria. Tinha muita gente na frente dele. Quando eu contei para ele o resultado, eu vi seu corpo fraquejar e enquanto eu o abraçava para que ele chorasse. Naquela noite, nós ficamos abraçados no sofá até que ele não aguentasse mais chorar.

Não fiquei decepcionado com o seu desempenho, eu fiquei foi frustrado por ele não ter realizado o segundo exame da segunda fase. Kyungsoo tinha mais competência para ocupar uma vaga que muitos que foram chamados, isso eu não tinha dúvida.   

Os dias seguintes nós dois agimos como dois robôs.

Era estranho, evitávamos assuntos como vestibular, faculdade e coisas do gênero. Tinha tentado conversar duas vezes com ele para matricula-lo no cursinho que o Centro Acadêmico estava abrindo e ele desviava do assunto... Ele não queria ter mais esperanças... Era como se sua vida fosse preto e branco, era como se toda a sua cor tinha sido sugada... Seus olhos estavam opacos e bem claros, e seu arco-íris parecia ter sido transformado em nuvens de chuva. E observa-lo voltando tarde da noite do bar em que ele trabalhava me dava ainda mais certeza que ele poderia mudar de vida, ele tinha condição de mudar de vida.

Através de mensagens, Mimi, Jongdae e Junmyeon tentava me ajudar a conversar com Kyungsoo, me dando ideias de como tocar no assunto para que ele voltasse a estudar. Porém, ele não me dava ouvidos nesse assunto, mudando o foco ou até mesmo se levantando da mesa do café da manhã e indo fazer qualquer outra coisa. 

E foi em uma quinta-feira chuvosa que Kyungsoo voltou a sorrir.

Ele estava completamente molhado pela chuva, e com bastante frio, quando apareceu no escritório em que estagiava. Kyungsoo estava radiante como não tinha visto nas últimas semanas, parecia que todo seu cansaço tinha desaparecido junto com a chuva. Seus olhos que tinham se tornado opacos, tinham voltado ao brilho original junto ao belo sorriso de coração.

– Chanyeol! – Ele gritou quando desci do pequeno prédio, aparentemente ele pediu para que me chamassem já que estava todo molhado. – Chanyeol

Kyungsoo correu na minha direção e me abraçou bem forte, as cores tinham voltado para sua vida e lá estava toda sua alegria.

– Eu passei, Chanyeol! EU PASSEI! – Kyungsoo voltou a gritar, e eu o abracei forte e comecei a gritar junto.

Kyungsoo tinha conseguido! Ele tinha passado no vestibular! Naquele dia nós nos abraçamos e dançamos juntos na chuva, não importava se ficaríamos doentes depois, se ele tinha passado pelo vestibular nacional, e iria morar alguns quilômetros longe.

Nós daríamos um jeito.

O que importava era que Kyungsoo estava indo seguir o seu sonho.

E mesmo que morássemos distantes, eu sabia que ficaríamos sempre juntos, nós daríamos um jeito.

Pelo Kyungsoo, eu sempre lutaria.

 

 

Depois da chuva, vem o arco-íris.

 

 

 

 


Notas Finais


Deixa a tia explicar ok? Vocês se lembram que o Kyungsoo fez outro vestibular? Então, ele passou por ele! Não foi na faculdade do Chanyeol, foi em uma longe, mas ele foi seguir o sonho dele (e o Chanyeol apoia isso tá?) E sim, eles ficaram juntos, e o Kyungsoo conseguiu ir para a faculdade, e tá rolando um namoro a distância.
E sobre a cor dos olhos: idealizei que quem ter a cor prata tem esse dom;;; _PARA MIM_ esse dom é ligado a bondade da pessoa, mas vcs podem não aceitar isso como 'ideia.'
O capítulo foi bem corridinho, mas é como se fosse um epilogo.

Obrigada por todo o carinho, espero que tenham gostado <33
Venham falar comigo nos links: https://twitter.com/yehunnie | https://curiouscat.me/yehunnie


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