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História Olhos de Arco-Íris - I, Tons de Esperança


Escrita por: yehunnie

Notas do Autor


Olha quem voltou cedo? <3 Boa leitura ^^

Capítulo 2 - I, Tons de Esperança


Fanfic / Fanfiction Olhos de Arco-Íris - I, Tons de Esperança

Poderia parecer bobo, mas tudo começava a fazer sentido na minha cabeça.

Era estranho a forma como meu avô parecia me entregar um quebra-cabeças para montar, mas sempre sem as principais peças. E mesmo se eu lhe questionasse, ele sorria e dizia que aquela história ficava para outro dia.

O fato era que ele também via o mundo da mesma forma que eu, aquilo era muito assustador, pois a minha confiança em uma pessoa sempre se baseava na cor dos seus olhos e não em suas ações. Por mais que eu me dissesse que a cor dos olhos não eram necessariamente o que definia o caráter, sempre que eu via alguém com olhos negros, eu praticamente saia correndo. Afinal, existia um proverbio japonês que dizia que os olhos eram o espelho, ou o reflexo ou até mesmo a janela para a alma, e por isso os personagens de animes tinham aqueles olhos enormes e coloridos.

Consigo me recordar de um dia ter perguntado para o meu avô como ele soube que a minha avó era a sua escolhida, nós nunca tínhamos posto em palavras o nosso ‘dom’, mas sabíamos um do outro – talvez essa fosse a mágica entre nós, as vezes palavras não eram necessárias. Era difícil de imaginar como eu encontraria a minha outra metade, principalmente por me encantar com todas as cores que observava em seus olhos. Meu avô sorriu com aquela pergunta, e tossiu um pouco, ele estava cada dia mais fraco e seus olhos prateados estavam cada dia mais próximos do branco.

- “Um dia você saberá” – Ele murmurou como se fosse a coisa mais fácil do mundo, e eu acreditei. – “Apenas não se deixe enganar pelas cores, Chanyeol.”

Era fácil se perder nas cores, principalmente nas bem vibrantes e alegres, mas nunca eu tinha visto algo daquela maneira, tentei desviar o olhar uma, duas, três vezes e perceber que estava alucinando enquanto observava o Jongdae conversando com aquele garçom.

Minha mente parecia com um turbilhão de pensamentos nos quais envolviam aqueles olhos, e não conseguia escutar o que estavam falando. Não era apenas uma cor que chamava minha atenção, eram sete em suas íris.

- Chanyeol? – Jongdae me chamou, e automaticamente o observei. Estava fora de orbita nos últimos segundos, ou seriam minutos? Tinha perdido a noção do tempo. – Você vai querer alguma coisa?

Encarei novamente o garçom, a sua face estava séria diante a minha demora, e eu sabia que após realizar o pedido ele demoraria a voltar a mesa, e eu não queria que ele fosse embora.

- Qual seu nome? – Ele arqueou a sobrancelha, não entendia o motivo da minha pergunta, nem eu me entendia para fazer aquela pergunta. Não que eu fosse dar em cima de si, mas eu precisava saber o seu nome. Pelo menos isso.

- Kyungsoo, senhor. – Disse a contragosto. Aquilo era provavelmente algo que não acontecia com frequência.

Kyungsoo parecia claramente desconfortável com aquela situação. Ótimo, eu era o louco que queria saber seu nome, mas torcia que no fundo ele não me enxergasse como louco. Pelo canto do olho, Jongdae me observava intrigado, e apenas dei ombros quando fiz o meu pedido.

- Por favor, me traga um refrigerante.

Quando o garçom nos deixou a sós, Jongdae sorriu debochado. Era o mesmo sorriso de quando ele me viu conversando com Baekhyun pela primeira vez, ele tinha esse ‘faro’ estranho antes mesmo que eu soubesse das coisas, porém, ele não conseguia ter o ‘feeling’ para si.

- Cara, não faça essa cara.

- Essa é a minha cara, não tenho como mudar. – Respondeu rindo. – Eu só não entendi a curiosidade no garoto, ele estava totalmente não-na-sua.

A noite se seguiu com um Jongdae pouco alterado, realizando piadinhas infames sobre como fiquei sem palavras diante ao garçom, este que não voltou mais a nossa mesa para entregar os nossos pedidos – Confesso que me senti culpado por conta disso, talvez ele estivesse correndo de mim. O primeiro garçom voltou trazendo o meu refrigerante, e alguns petiscos para o meu amigo, era um cara bonito e muito elegante, com o cabelo jogado para trás e olhos na cor borgonha, que as íris beiravam o vermelho e o vinho.

Antes de irmos embora, eu precisava revê-lo. Jongdae já estava meio sonolento encostado com a cabeça na parede, ele não tinha muitas resistências para o álcool, quando o garçom trouxe a conta. Eu tinha as notas suficientes no bolso para pagar, mas disse que queria pagar no cartão apenas para poder me aproximar do balcão onde as bebidas eram servidas.

Jongdae me acompanhou com os olhos meio perdidos de sua cadeira enquanto me aproximava do caixa do bar, o garçom que tinha nos servido já tinha desaparecido e não fiz questão em procura-lo, meus olhos estavam mais ocupados procurando outra pessoa.

O funcionário no caixa conferiu os valores a serem cobrados, e meus olhos corriam através do balcão: Ele não estava lá. Abri lentamente a minha carteira, Jongdae tinha encarecido a conta, mas ele me pagaria depois, enquanto fingia procurar o cartão. Foi então que eu o vi, encostado na batente da porta de serviço, e ele encarava fixamente outra pessoa, Kyungsoo sorriu quando o garçom que me servia se aproximava no que me parecia uma brincadeira, bem lentamente, até seus lábios se tocarem brevemente.

Entreguei o valor da conta em dinheiro mesmo, e desviei o meu olhar, parecia intimo demais observa-los, mesmo que tivesse essa curiosidade. Peguei o dinheiro do troca, recolhi os cacos que sobraram do Jongdae e fui embora.

 

 

______________

Toda vez que eu voltava da faculdade, me sentia uma luta interna sobre entrar ou não naquele bar. Ele estava no meio do meu caminho, as bebidas não eram tão caras (se a pessoa não fosse como o Jongdae e pedisse uma variedade de itens). Na ida para a aula era mais fácil, o estabelecimento estava sempre fechado, e era fácil o ignorar. Mas na volta eu me perguntava todos os dias se Kyungsoo estaria trabalhando naquele momento.

Fazia mais de uma semana que eu tinha entrado naquele lugar pela primeira vez, e todas as noites eu sonhava com olhos de arco-íris me observando, eram sonhos estranhos, onde o corpo dessa pessoa era um contorno em preto e apenas os olhos eram coloridos. Por mais que eu caminhasse, e tentasse me aproximar, eu acabava por fim tropeçando e voltando ao início. Nunca conseguia chegar perto.

Todos os dias no campus meus olhos se mantinham focados a procura daquele garoto. Muitos universitários trabalhavam em locais próximos para ajudar a custear a faculdade. Alguns conseguiam estágios logo no começo, o que eu tentei mas não me aceitaram, ou trabalhavam em outras coisas.

Naquele dia em especial estava voltando sozinho para o apartamento. Jongdae estava em uma reunião na faculdade com mais algumas pessoas de nossa sala, sobre alguma medida importante na qual não fazia questão de saber... Ele estava nervoso o dia inteiro, Junmyeon também estaria presente e ambos sempre possuíam ideias diferentes, e na maioria dos casos, a opinião do Suho era a que a maioria concordava.

A mochila em minhas costas estavam pesadas, tinha pegado o limite de livros na biblioteca que me era disponibilizado – Oras, eu estava garantindo os livros para as segundas provas, e ainda tinha meu material. Passei na frente do bar, observando a placa que dizia que estavam abertos, no fundo eu queria parar ali e tomar um refrigerante – talvez – para descansar um pouco, uma desculpa perfeita que me daria. Mas por fim achei melhor ir direto para casa.

Eu estava sujo e todo dolorido, por mais que a minha curiosidade gritasse por rever os olhos de arco-íris, não estaria em minha melhor condição para isso ou qualquer outra coisa.

Porém, me enganei.

O bar se encontrava ao lado de um beco escuro, no qual tinha grandes caçambas de lixos e muita sujeira. Era um lugar quase tão ruim quanto a universidade em época de provas com aqueles zumbis-alunos que tentavam aprender a matéria do semestre em um dia e professores caça-alunos-que-faltam-aulas para reprovação.

Escutei um choro baixinho ecoando pelo beco, a princípio achei que tinha imaginado algo, a minha mente estava tão virada nos últimos dias que aquela era a alternativa mais ‘comum’, mas permaneci parado frente ao beco mais alguns segundos para perceber que não, eu não estava louco.

Meus olhos vagaram o beco ainda parado no início, o local estava escuro e mesmo assim consegui encontrar. Não que eu fosse um super-herói e essas coisas, mas era fácil identificar aqueles olhos, principalmente quando caminhei para dentro do beco, com uma mochila pesada nas costas e um tênis apertado, e encontrei Kyungsoo sentado escondido atrás de uma caçamba de lixo, e seus olhos me encararam.

A sua íris de arco-íris estava fraca, as cores pareciam estar em tons pasteis, de tão claras que se encontravam. Pouco eu conseguia observá-lo naquele local, mas ele estava uma completa bagunça. O cabelo bagunçado como se ele mesmo tivesse o bagunçado, ou até mesmo o puxado, em algum momento, o rosto que me recordava ser branco como leite estava avermelhado pelas lágrimas que tinham caído, a roupa estava completamente suja e eu não sabia se era por causa do beco ou outra coisa. Seus olhos se focaram em mim, e eu não soube o que fazer.

- Está tudo bem? – Parabéns Chanyeol. Claramente ele não estava bem. Ele me encarou perplexo, e eu quis enterrar a minha cabeça como avestruz – Ok, foi uma pergunta idiota. – Constatei, e ele limpou os olhos com as mãos. – O que aconteceu?

Eu estava sendo intrometido, mas eu queria saber. Queria tirar aquelas lágrimas dos seus olhos e lhe dizer que não queria que nada o afetasse.

- Nada que você irá se preocupar de verdade. – A sua voz era fraca, mas cortante. Era como jogar um balde de água fria em mim. Eu iria mesmo me preocupar com ele?

Seus olhos encaravam o próprio colo e as suas mãos pareciam arranhar a coxa. Não sabia o que dizer, eu não tinha garantias que iria ou não me preocupar, mas resolvi sentar ao seu lado... Meus julgamentos das pessoas sempre foram a partir da cor dos seus olhos, e Kyungsoo tem os olhos mais bonitos que já vi... Pelo menos naquele momento eu me preocupava.

- Talvez. – Deu ombros, e ele ficou surpreso quando me sentei ao seu lado. – Mas contar os seus problemas a um estranho talvez faça bem.

Ele me encarou, seu rosto ainda estava vermelho pelo choro, porém possuía certa curiosidade, como se me analisasse, talvez até pior de como o analisei quando observei seus olhos pela primeira vez. Seus olhos eram fixos e firmes.

- Você não é nenhum aluno de psicologia, né? Não quero problematizar meus problemas.

- Não, não, não. – Reforcei enquanto sorria, queria passar confiança, mesmo que ele não confiasse em mim. – Administração, e não há nada para problematizar nesse curso, pelo menos eu acho. – Acabei por fazer uma careta. – Sem problematizar.

- Não há nada para falar, só que a minha vida é uma bosta. – Resmungou, e ele forçou um sorriso. – E eu não quero mais pensar sobre nada disso. – Foi a vez dele dar os ombros, era como se ele vestisse uma máscara fria diante os seus problemas, e não pude condena-lo por isso, era mais fácil se mostrar forte para sobreviver.

- Hmm... Então, por que está aqui fora? – tentei prolongar o papo, não queria ter que deixa-lo ali sozinho, muito menos que ele fosse embora.

Eu tinha curiosidade, queria saber e entender o motivo dele ter olhos tão lindos... Queria entender o motivo de me sentir atraído mesmo sem conhece-lo. Kyungsoo era um homem belo, mas a minha atração por si ia além do físico.

- Estranho do bar. - Ele se lembrou de mim, isso me deixou bem nervoso. - Isso faz parte do meu grande bloco de problemas... – Ele me olhou novamente, como se considerasse se deveria me falar ou não, fiz um gesto positivo como se desejasse que ele prosseguisse, e seus olhos voltaram para suas mãos pousadas em seu colo. – Digamos que o cara que eu divido apartamento, troco uns beijos e que gosto, me falou que vai levar companhia hoje à noite para lá.

Fiquei sem reação. Eu tinha visto o Kyungsoo dando um selinho em outro garçom, mas nunca imaginei que a situação era essa... E principalmente saber que seus sentimentos estavam sendo quebrados. Pude observar seus olhos novamente se encherem de lágrimas, e ele lutando contra todas.

- Eu também tive essa reação quando o Jongin me falou isso, Estranho, não consegui dizer nada. – Ele voltou a dizer com os olhos fechados. – Mas sabe? Bem feito para mim, por acreditar que algum dia ele me veria como algo mais. Como fui burro. - Ele bateu nas próprias coxas.

Ninguém merecia passar pelo o que ele estava passando. Murmurei um fraco ‘Sinto muito’ e ele sequer me respondeu, não tinha o que falar, nós dois sabíamos disso.

- Você não tem onde dormir essa noite? Na casa de um amigo? Familiar?

- Não gosto de incomodar os outros. - Respondeu dando os ombros, como se tentasse não mostrar como aquilo lhe doía. 

Suspirei, por mais que entendesse o que ele queria dizer, não achava certo consigo.

- Pense em você hoje. Você tem alguém? É só uma noite. – Meu tom saiu mais forte que imaginei, e ele olhou surpreso. Se assim, o fosse despertar para a realidade, estava tudo bem.

- Tenho.

 

 

______________

Disse para Kyungsoo que eu explicaria no bar que ele estava doente, sabia que ele não queria encarar o companheiro de apartamento e temia começar a chorar a qualquer momento.

O gerente suspirou, reclamou que o bar estava com grande movimento mas mesmo assim liberou o garoto. O tal Jongin me olhou com curiosidade, mas nada disse, será que ele sabia dos sentimentos do Kyungsoo? Ou estava agradecido por ele deixar o apartamento ‘livre’ durante aquela noite. Apesar de muita reclamação e ameaças - sim, ele pode ser assustador - disse firme que o levaria até o apartamento do seu amigo.

Tive que afirmar várias vezes que não, eu não era um louco que queria fazer-lhe mal. E mesmo se eu fosse, não diria que era. É algo meio ingênuo de acreditar que as pessoas vão ser sempre sinceras em suas ações, talvez Kyungsoo fosse bem ingênuo mesmo. Ele pareceu acreditar em mim quando disse que me sentia preocupado naquele dia dele andar sozinho. E eu realmente estava preocupado, tinha medo que ele talvez voltasse para o apartamento e passasse pela tortura de ouvir Jongin com outra pessoa.

O caminho foi rápido e silencioso. Não sabíamos o que falar.

- E você? - Questionei quando passamos na frente de uma das entradas do campus. - O que faz?

- Trabalho igual a um condenado para sobreviver e ganhar algumas migalhas. - Resmungou, ele escondeu suas mãos no bolso da calça suja, tentando parecer relaxado, mas do pouco que o conhecia, dava para perceber que aquele assunto não era o seu favorito. - Ei, estranho. Acabei de perceber, eu não sei o seu nome.

Era verdade, eu tinha descoberto seu nome a mais de uma semana, e mesmo com a conversa no beco, ele não tinha perguntado o meu.

- Chanyeol.

- Chanyeol - Ele repetiu como se quisesse gravar em sua mente.

- E você, não faz faculdade não? Ou está no colégio? – Ele tinha a aparência bem juvenil.

- Não.

O olhei com curiosidade, Kyungsoo apesar das roupas sujas e cabelo completamente bagunçado parecia alguém que era de berço de ouro. Ele era incomum.

- Pretende entrar no próximo semestre? Já decidiu o que vai fazer? Não pode perder a data de inscrição! - Disse afobado, se Kyungsoo entrasse, isso significaria que poderia o observar sempre, não sendo obrigado a entrar em um bar.

- Chanyeol, eu não vou fazer faculdade.

- Por que não?

Naquele momento a pergunta saiu inocentemente, não era algo que realmente estava pensando logicamente. Kyungsoo parou abruptamente no meio da rua, e seus olhos encararam qualquer lugar menos a mim.

- Qual parte do "eu trabalho igual a um condenado" você não entendeu? Tenho três empregos Chanyeol, e nem assim consigo sobreviver direito dividindo um apartamento. Imagina então se eu deixasse de trabalhar? E eu conclui o ensino médio por meio de supletivo, você acha que eu tenho condições para passar em um vestibular?

Ele se virou e tocou a campainha, tínhamos chegado no local. O seu amigo desceu e abriu a porta, e eu continuava sem conseguir falar nada. Claro que ele tinha um sonho, mas com a atual condição ele sabia que não tinha como prosseguir. Perguntei-me mentalmente qual seria o seu desejo para a vida? Mas nada eu sabia de si, como poderia tentar imaginar?

Quando a porta do prédio se abriu, Kyungsoo me olhou e ainda irritado me disse:

- Obrigado, Chanyeol. A partir daqui eu consigo me virar. Até mais. - Seus olhos estavam escuros, ainda dava para ver as sete cores, mas elas quase se perdiam em tons negros.

Dei um aceno de despedida breve, e meus olhos o seguiram até o topo da escada, e para a minha surpresa, Junmyeon com seus olhos azuis claros acenava para mim com um sorriso bonito nos lábios.

Pelo menos ele estava em boa companhia.

 

 

______________

Eu conseguia sentir o olhar furioso do Jongdae as minhas costas.

Junmyeon me chamou durante o intervalo para conversar, e com a implicância de Chen, eu podia sentir a sua raiva borbulhar, principalmente após o dia anterior, no qual ambos tinham discutido. Mas eu não confiava muito nisso, Jongdae sempre tendia a exagerar quando se tratava de Suho. Então, entenda discutir como discordar.

- Obrigado por levar o Kyungsoo ontem até lá em casa. – Ele disse logo após ficarmos a sós, seus olhos estavam em um tom de azul bem claro como sempre... Nunca tinha visto seus olhos mais escuros, mas deveriam ser belos também.

- Obrigado você por cuidar dele. Fiquei preocupado, não queria que ele voltasse para o apartamento dele. – Confessei. – Ele está bem?

Ele me olhou curioso, e eu percebi: Kyungsoo não tinha contado toda a história. Não poderia sair contando fatos tão pessoais assim.

- Ah, Kyungsoo... Nem sabia que ele estava morando aqui. – Naquele momento nós dois parecíamos curiosos com aquela história, ele passou as mãos pelo cabelo como se tentasse organizar os pensamentos. – Ele está bem sim, saiu cedinho e disse que precisava trabalhar. Ele é uma boa pessoa, mas é bem complicado. – Suspirou, Junmyeon estava preocupado, era algo que ele não conseguiria negar. – Ele me contou que estará trabalhando hoje em bar aqui próximo, e eu queria ir lá conferir como ele está mas será complicado. Você poderia fazer isso para mim?

- Claro, hyung. Pode deixar, te mando mensagem.

 

 

______________

- Eu não deveria estar aqui, por que você não chamou o seu melhor amigo Junmyeon para vir tomar umas cervejas? – Jongdae tagarelava ao meu lado enquanto caminhávamos.

Tinha lhe dito que queria passar no bar, mas ele se convidou e ficou resmungando ao meu lado. Acabamos por sentar no mesmo lugar da última vez, e eu observei de longe Jongin cutucar Kyungsoo nos indicando. Ele parecia emburrado, mas se aproximou da mesa.

- Ei, estranho, o que deseja?

Jongdae me encarou e voltou ao menor que permanecia em pé, e logo me lançou aquele olhar que temia receber da minha mãe ‘Em casa nós conversamos’.

- Ei, estranho, quero um refrigerante e meu amigo vai querer... O que você quer, Jongdae?

- Estou meio falido ainda, um refrigerante também. – Ele se levantou, e eu agradeci mentalmente quando ele disse: - Vou no banheiro.

Quando ele sumiu de vista, indiquei quem Kyungsoo se sentasse a minha frente, e ao observar que não tinha muito movimento sentou-se rapidamente. Seus olhos estavam no tom normal, e só aquilo me dava um alivio, junto ao combinado das roupas limpas e cabelo arrumado, parecia que a noite anterior não tinha acontecido. Porém, ele parecia extremamente cansado.

- Você não pode querer que eu faça isso, Chanyeol. – Ele disse rapidamente, com medo de ser flagrado. - Nós não somos amigos.

- Eu só vim ver como você estava. – Confessei. – Eu e o Junmyeon ficamos preocupados. Nós não somos amigos – Completei mentalmente ‘ainda’. – Mas fiquei realmente preocupado. E continuo, você estava chorando sozinho em um beco sujo, Kyungsoo... Isso não é algo normal.

Ele ficou em silêncio, como se tentasse argumentar contra, porém bufou. Kyungsoo sabia que eu estava certo, e não tinha como ir contra isso. Seus olhos vagaram pelo local, como se procurasse algum motivo de me abandonar sem terminamos aquela conversa, porém, meu celular tocou em cima da mesa. Observei o nome de Baekhyun brilhar no visor, e acabei ignorando a chamada. Não queria atrapalhar aquela conversa com o Byun falando de coisas que no momento não eram importantes.

- Namorada? – Ele perguntou tentando mudar o assunto.

- Minha mãe queria que fosse... – Revirei os olhos, ela ainda não tinha superado o fato de eu curtir homens, mesmo que já tivesse conhecido o Baekhyun, e soubesse que ocorria alguma coisa entre nós, ela continuava a me apresentar meninas, segundo ela era apenas ‘uma fase’. – Mas não mude o assunto. Nós queremos te ajudar, não é apenas sobre aquele cara, mas em tudo.

Era uma vontade minha de fato, não queria vê-lo se desgraçando por um cara que provavelmente não dava a mínima para ele. Isso pesava a minha consciência, eu era o Jongin do Baekhyun? Não, não podia ser.

Kyungsoo não merecia estar com a aparência péssima de uma noite mal dormida, e o cansaço de uma jornada tripla alguns dias. Observando-o agora dava para perceber como ele era uma pessoa cansada, como seu corpo era tenso enquanto andava e por mais tentasse parecesse descontraído, aquilo era uma máscara.

- Não há como me ajudar, Chanyeol. Estou fardado a isso, entende? Essa é a minha vida, não há como eu conseguir modifica-la. – Ele me disse firme, e eu percebi que ele não tinha perspectivas de melhoras.

- Se você continuar dizendo isso, irá acontecer de fato. Ainda há tempo, por isso, não diga mais isso. – Falei firme.

Não que eu fosse um cara muito caridoso e esse tipo de coisa, nunca tive muito dinheiro para poder sair ajudando os outros. Meus pais me bancavam na faculdade, e tudo era muito apertado, meu dinheiro era contado e os poucos mimos que eu tinha, eram bem poucos. Mas eu poderia ajuda-lo, mesmo que fosse com algo não material... Eu me lembrava de um professor dizendo que conhecimento era o maior bem que alguém poderia ter, e eu desejava que ainda tivesse.

- Vamos fazer assim, você me ajuda e eu te ajudo, está legal?

Kyungsoo arqueou a sobrancelha, as sete cores brilhavam, principalmente o verde: A esperança, ela é sempre necessária, e ele ainda possuía, mesmo falando coisas negativas. Kyungsoo acreditava em uma melhora, acreditava em sua vida tomar outro rumo.

- Nós vamos estudar juntos e você irá entrar na faculdade, vai conseguir um bom estágio, um bom emprego, formar uma boa vida. – Disse, e ele parecia paralisado. – Quem não tem condições financeiras boas, a faculdade deixa que viva dentro do campus, moradia grátis, comida barata e principalmente, uma formação profissional.

Eu tinha todo um plano definido em minha mente, agora só bastava ele aceitar.  Tinha algumas matérias que eu não saberia ensina-lo, mas tinha certeza que tanto Jongdae, quanto Junmyeon, faria isso com o maior prazer.

- Isso é impossível, Chanyeol. – Sua voz estava fraca, talvez ainda estivesse surpreso. – Não tenho base nenhuma, não vou conseguir.

- Você vai sim, nós vamos conseguir, está bem?

Não importa qual fosse o seu sonho, eu faria qualquer coisa para ajuda-lo a alcançar, faria qualquer coisa para ver aqueles olhos de arco-íris brilharem.

Kyungsoo era especial, eu tinha certeza, só faltava ele descobrir isso. 

 

 


Notas Finais


Enfim, o que acharam? <3
Estou no twitter @yehunnie | Ask.fm/ohhtwi
Beijinhos de luz, até a próxima :)


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