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História Olhos de Arco-Íris - II, Novas Perspectivas


Escrita por: yehunnie

Notas do Autor


Olá, queria agradecer do fundo do meu coração todo o carinho que tenho recebido com essa fanfic, muito obrigada mesmo <3 Boa leitura :)

Capítulo 3 - II, Novas Perspectivas


Fanfic / Fanfiction Olhos de Arco-Íris - II, Novas Perspectivas

Eu estava estressado, não, não... A palavra certa era irritado. Subi todos os cinco lances de escada com passos pesados e xingamentos pelo elevador estar estragado logo naquela noite. Abri a porta do meu apartamento com certa brutalidade, ela estava constantemente empenada, e não seria arrumada como uma passe de mágica. E o mágico não seria eu. Empurrei a porta com força e a mesma se chocou contra a parede, esperei Jongdae aparecendo no corredor para ver o que tinha acontecido, mas fui surpreendido com outra voz.
 

- Vai com calma aí, homem das cavernas.
 

Com um sorriso belo nos lábios, sentado em meu sofá assistindo algum programa legendado na MTV, Baekhyun me fitava com seus belos olhos púrpuras. Droga, eu tinha me esquecido que íamos sair!


 

Mas recapitulando... Não foi exatamente assim que as coisas aconteceram.

O fato era que eu tinha ficado no bar. Não para beber, claramente comprei só um refrigerante para não ser expulso por falta de consumo... Mas tinha permanecido no local após expor minha ideia ao Kyungsoo. Por mais que seus olhos tivessem brilhados após a minha ideia (Agora eu tinha certeza, ele queria realmente estudar, principalmente após ver seus olhos de arco-íris brilhando tanto com aquela menção, principalmente, aquela possibilidade), ele não pode me responder.

Era como se o universo conspirasse contra nós... Ele ainda estava meio sem reação quando um grande grupo de universitários chegou no estabelecimento e seu nome foi gritado no bar. Eu não sabia que tinha o chamado, mas quando olhei na direção observei o tal Jongin sorrindo, ele estava satisfeito por ele sair de perto de mim.

Kyungsoo antes de ir atender seus clientes, observou meus olhos e eu os dele. Poderia se passar mil anos, que eu tinha certeza que nunca mais encontraria alguém com olhos tão lindos como os dele.

Logo em seguida ele me abandonou naquela mesa sozinho. Jongdae voltou do banheiro minutos depois, e agradeci pela sua demora, e por mais que a sua língua coçasse para perguntar o que tinha acontecido, ele não o fez. O Kim era um bom amigo. Ele permaneceu mais algum tempo comigo, enquanto jogávamos conversa fora, mas pela demora, resolveu voltar para a casa, e no fundo fiquei aliviado, pois detestaria ter que lançar aquele olhar "me deixe sozinho com ele", e eu sabia que ele detestaria ser 'excluído' de qualquer coisa.

Não sei quanto tempo permaneci naquele bar, com os meus olhos vagando atrás de Kyungsoo, independentemente de onde estivesse, servindo uma mesa ou trabalhando no bar... Eu o observava silenciosamente, esperando uma oportunidade para que pudéssemos conversar, para combinarmos as aulas.

E quando o seu turno estava próximo de acabar, ele me olhou e tirou o avental de sua parte inferior indicando que estava quase saindo. Nós nos encontramos ao lado do bar, no beco que o encontrei e tivemos uma longa conversa, era a mesma pessoa, mas era notória a diferença com a sua roupa limpa e cabelos devidamente penteados. Ele estava ainda mais belo, apesar de todo o cansaço.

- "E então?" - Fui capaz de dizer, e no momento que fui privado de ver seus olhos de arco-íris quando ele fechou os olhos, soube que nem tudo estava favorável.

- "Eu estive pensando... Eu não posso firmar esse compromisso com você, nem com ninguém. Vou te atrapalhar... Não acho que eu consiga fazer isso."

Eu fiquei bravo, não com ele, mas sim com as circunstancias, não era justo alguém que quer estudar e se tornar alguém na vida, não poder ter essa chance. Não era justo com Kyungsoo, ter que trabalhar como um condenado e não poder conseguir ingressar no ensino superior.

Antes que ele me dissesse que não poderia aceitar, ou simplesmente dizer que a minha ideia era loucura, eu pedi que ele pensasse por um tempo, refletisse, que em dois dias eu voltaria no bar antes do seu expediente e conversaríamos.

 

Voltando ao presente, Baekhyun estava sentado no meu sofá, mesmo com o meu "furo", ele permanecia em silêncio. Removi meu sapatos e o casaco, me sentando ao seu lado.

- Desculpe por hoje. - Era o mínimo que poderia dizer. Estava me sentindo péssimo por deixá-lo esperando.

- O Chen me falou que você estava resolvendo um assunto importante. - Não sabia identificar aquele tipo de relação, às vezes eu acreditava que Baekhyun era muito maduro em tudo, mesmo diante aos meus erros, mas às vezes eu acreditava que isso era apenas parte do seu ser querendo me agradar. - O que aconteceu? - A sua voz era doce como mel, era fácil de ser enganado por ela.

Acontece que eu já era encantado pela cor dos seus olhos, púrpura era uma cor que eu particularmente gostava, e combinava com ele. Quando se tem um "dom", acabamos confiando nossas vidas a ele... Mesmo quando não percebemos. O fato de que consigo enxergar cores, que ninguém mais consegue, me fez um especialista em tonalidades e significado. Os olhos do Byun significavam respeito e devoção. E ele era devoto ao nosso "lance". Eram olhos lindos, pelos quais me encantei, e me enganei achando que era a cor mais bela... Até conhecer Kyungsoo. Ah, sim, os olhos dele não era nada parecido com nenhum outro. As íris eram maior que o natural, e as sete cores do arco-íris brilhavam mais diamantes polidos. E com ele, perdi todo o encanto pelo púrpuro. Só não sabia como admitir em voz alta.

- Ah... Tive que ajudar um amigo. - Aquela palavra, amigo, parecia tão incorreta. Principalmente após afirmar para Kyungsoo que não éramos amigos, mas eu desejava que fossemos.

- Com o que?

Ele encostou sua cabeça em meu ombro, fechando os olhos, era uma posição um tanto incomoda para mim, e até mesmo para ele, mas era agradável apesar de tudo. Por mais que eu tivesse irritado, ele me trazia uma tranquilidade incomum. Kyungsoo era como um segredo para mim, por mais que eu não pudesse o prender em potinho e guardar, não queria compartilhar nada referente a ele, com ninguém. Mas Baekhyun com a sua paz extrema e ombro amigo, merecia uma justificativa.

Foi fácil contar para ele do Kyungsoo, emitindo alguns acontecimentos como de encontrá-lo no beco e sobre como ele era a criatura mais bonita que já tinha visto, como os seus olhos de arco-íris. Ele permaneceu por alguns instantes em silêncio após a jorrada de fatos, e por fim disse:

- Você não o conhece, Chanyeol. Como pode ajudá-lo? Ele pode ser um louco.

Ele está certo. Eu não o conhecia, não sabia nada sobre ele além da cor dos seus olhos, sua paixão pelo Jongin e sua vontade de estudar. Por mais que Baekhyun estivesse certo, ele estava errado... Uma cor poderia me enganar, mas não as sete.

 

 

_________________

Quando eu contei o meu plano ao Junmyeon, ele sorriu amplamente. Ele era um cara legal, apesar de não conversamos com tanta frequência.

Acontece que o meu plano necessitava de ajuda, independente da minha boa vontade, existiam matérias básicas para o vestibular que eu não compreendia nem quando precisava prestar a prova, e Junmyeon ficou feliz que poderia dar umas aulas para o amigo de química e física. As aulas de matemática, nos dois éramos aptos para ajudar, e combinamos de que revezaríamos o ensinamento, já que era uma das áreas mais pesadas da prova, e um poderia completar as aulas do outro, como um grande intensivão.

- E como faremos com as outras matérias? - Junmyeon questionou com uma ruga de preocupação entre os olhos azuis claros. - Sou uma negação para o resto.

Bem, isso era verdade. Suas notas em matérias consideradas de "humanas" eram sempre abaixo das notas do Jongdae, mas ainda assim maiores que as minhas.

- Darei aula de história e geografia. - Comentei por fim, era uma área que me interessava, mesmo após entrar para o mundo das contas. - Mas coreano e literatura... Talvez o Jongdae possa ajudar? – Falei incerto, não tinha conversado nada com Chen.

Era quem eu pensava desde o início para isso, e eu sabia, com a maior certeza após muito o encher o saco pedindo que me explicasse matéria, que ele era um bom professor. Calmo, repetia e até tinha métodos fáceis para decorar as matérias.

- Ele não vai se importar?

- Ele adora ser questionado, exibir seu conhecimento.

Junmyeon deu um risinho abafado, e seus olhos se arregalaram, como estivesse cometendo um crime. Ele queria rir, mas não achava certo.

- É verdade, só não conte para ele.

Acho que ele entendeu o significado daquelas palavras, pois o riso preso na sua garganta subiu e seu rosto relaxou.

 

 

_________________

Eu já tinha tudo esquematizado, até os professores para as aula, e matérias didáticos. Jongdae quando recebeu o convite, e soube de alguns detalhes, remexeu em seu quarto em algumas caixas e de lá retirou alguns livros: seus livros de pré-vestibular. Eram matérias excelentes, que o mesmo me disse que se deixasse em sua casa na capital, provavelmente a sua mãe jogaria tudo fora e ele não queria que isso acontecesse. Chen prometeu que iria limpar os livros, apagar com borracha alguns escritos, e os daria para Kyungsoo usar, uma atitude bem nobre porque Jongdae era extremamente apegado a tudo que possuía.

Porém ainda faltava a resposta do Kyungsoo, e eu estava decidido, não iria sair com uma resposta negativa daquele bar. Talvez fosse estupidez da minha parte, mas eu queria que desse certo.

Naquele dia Jongdae tinha me acompanhado até o estabelecimento, e na sua porta me desejou um "boa sorte", ele tinha a noção que poderia acontecer uma recusa, mas mesmo assim tinha aceitado participar daquele "projeto". Talvez fosse por ele também ter conhecido o Kyungsoo, talvez ele tivesse aceitado por mim, ou talvez porque achasse que valia a pena.

Observei Kyungsoo de longe no bar, ele me encarou por alguns segundos e voltou a sua ação, estava ocupado trabalhando e não seria eu que o atrapalharia, porém, logo após eu me sentar na "mesa de sempre", observei o Jongin vindo em minha direção.

Ele parecia um Don Juan caminhando em minha direção, os cabelos bem arrumados e provavelmente sabia lançar um sorriso que diria "eu sou cafajeste e você gosta". Era fácil se sentir atraído por si, e apesar de tudo, tinha que confirmar, o danado era bonito.

- Deseja alguma coisa? - Ele me perguntou sério parado na minha frente

- Eu gostaria de falar com o Kyungsoo...

Jongin colocou os cotovelos sobre a mesa, e seu rosto se aproximou do meu. O danado conseguia ficar bonito até quase rosnando para mim. Tá legal, me senti ameaçado, tá? Nunca me envolvi em briga, e não seria naquele momento que faria isso.

- Olha, não sei o que você está pretendendo, mas pare de perseguir o Kyungsoo... - Ele falou com os dentes rangendo e os lábios quase não se movendo.

- Eu não pretendo nada. – Disse fingindo estar calmo, mesmo que por dentro estivesse completamente nervoso. Eu era maior, mas isso não significava nada quando era sedentário como um bicho preguiça. E talvez eu estivesse perseguindo o Kyungsoo, mas era por uma boa causa. – Sério. – Confirmei novamente.

Nesse momento ele se afastou lentamente, e tive medo de mexer um músculo sequer, até mesmo da face. Quando ele assumiu novamente a posição inicial, com um revirar de olhos, percebi como suas íris eram parecidas com cálices de vinho, e realmente combinava consigo.

- Para ficar aqui, tem que consumir. – Jongin disse com um bloquinho em mãos com cara de tédio. Era uma regra um tanto quanto obvia, e pedi um refrigerante.

Eu não tinha a menor noção de quanto tempo ia ficar ali esperando o Kyungsoo, não tinha seu número para liga-lo ou muito menos o endereço de sua residência para encontra-lo após o expediente – o qual eu sequer sabia quando terminava. A única informação que eu tinha sobre o menino das sete cores era aquele emprego. Talvez eu estivesse mesmo agindo como um perseguidor maluco, por mais que não desejasse passar essa imagem.

- Chanyeol? – Kyungsoo se sentou a minha frente na mesa, em certo momento da noite. Já não sabia quanto tempo estive naquele local, mas todas minhas vidas do Candy Crush já tinham terminado, e mesmo adiantando as horas, já tinha se passado dois dias. – Desculpe a demora, estive ocupado.

- Está tudo bem. – Ele encostou as costas na cadeira, e fechou os olhos brevemente – poucos segundos, talvez seu corpo estivesse relaxado um pouco, talvez seus pés estivessem doendo. – Como você tem passado?

- Não quero tomar seu tempo, Chanyeol, não posso aceitar. – Ele despejou as palavras rapidamente, com os olhos baixos, era como se os escondessem de mim. – Obrigado, mas não posso aceitar.

Seus punhos se cerraram sobre a mesa, e quando ele fez força para se levantar, o puxei novamente pelos braços, o fazendo ficar sentado. Seus olhos estavam apagados, como borrões, as cores estavam tão claras que eu não conseguia identificar quando uma começava ou terminava.

- Por que? – Questionei. Tinha vontade de argumentar e dizer que era uma oportunidade única, que talvez ele nunca mais conseguisse algo do tipo, mesmo que soasse egocêntrico da minha parte, mas não me apareceu certo. Era inacreditável aquela resposta.

- O que você quer em troca, Chanyeol? – Ele me perguntou, encarando no fundo dos meus olhos. Partido de si, era algo incomum, ele evitava contato do tipo. – O que você deseja?

Nada. Eu de fato não queria nada. Era tão difícil alguém acreditar nisso? Será que ninguém mais tinha fé na humanidade?

- Eu juro, Kyungsoo, não quero nada em troca.

- Nada? Todo mundo quer alguma coisa em troca.

  Ele não acreditava que não queria nada. Eu mesmo não acreditaria em um desconhecido que do nada viesse tentar me ajudar, ficaria com um pé atrás, no fundo ele estava certo disso.

- Pode perguntar ao Junmyeon. Não quero nada em troca. – Confirmei novamente, e seus olhos estavam tomando cor novamente, aos poucos elas surgiam como se fossem pintando lentamente um quadro em branco. – Quando você passar no vestibular, você me pagará uma cerveja.

Kyungsoo sorriu. Não só com os lábios, seu rosto parecia radiante, como seus olhos estavam vivos.

Ele disse sim.

 

_________________

Kyungsoo me deixou o acompanhar após o serviço para casa.

Aparentemente Jongin ficaria até mais tarde, já que iniciava o expediente mais tarde por conta da faculdade, o que nos deixava a sós, longe do cheiro de álcool e música alta que as vezes o bar insistia em colocar bandas péssimas para tocar, além das típicas músicas de dor-de-cotovelo.

- Jongdae deu os livros. – Comentei meio incerto, Kyungsoo me observava durante o trajeto. – Ele está os organizando, e em breve teremos bons materiais.

Estava prestando bem atenção no caminho, no dia seguinte traria o Jongdae até o seu apartamento, ele seria o primeiro a dar aula, já que seu conteúdo era o que menos ‘assustaria’ o nosso aluno. Kyungsoo tinha dito que Jongin tinha lhe alertado que não deveria ter nenhuma aula fora do apartamento, era uma ‘medida de segurança’ e que nós éramos desconhecidos, assim, não deveria ter tanta confiança em nós. O que eu posso dizer? Ele estava certo.

- Esse Jongdae não se importa? – Me perguntou quase em um sussurro. – Ele vai ser meu professor, certo? Ele é legal?

- Não se importa não. Fica tranquilo, Jongdae é super tranquilo e legal.

Mesmo com as minhas palavras ele não estava muito seguro, enquanto caminhávamos entre ruas estreitas e escuras, nossos ombros se esbarravam durante o trajeto, mas ele parecia fugir de mim nesses momentos como o Superman foge da Kryptonita, mesmo com o vento frio que a noite trazia.

Combinávamos horários e datas para estudo, ele me explicou os seus horários, com um sorriso triste nos lábios. Seu dia começava bem cedo, trabalhando em um supermercado, seu turno era o primeiro para conseguir sair mais cedo. Logo após ao mercado, ele corria pela cidade até o bar próximo a universidade, no qual chegava cerca de quatro e meia da tarde para organizar o estabelecimento para abertura uma hora mais tarde, permanecendo até mais ou menos de dez e meia até onze horas. Quando o indaguei sobre o final de semana, ele me informou que trabalhava em um restaurante no período do almoço no domingo, junto ao bar.

- O que você pretende fazer? – Era algo que até o momento eu não sabia, apesar de toda sua importância. – Já pensou nisso?

Ele parou e me observou, como se buscasse em mim algum indicio de riso. Era claro que sua confiança não estava em mim, e voltou a andar me deixando para atrás.

- Nunca pensei nisso. – Mentira, ele estava fugindo da resposta. Apertei meus passos para o acompanhar. – Nunca tive muitas expectativas, Chanyeol, e mesmo hoje não tenho.

- Mas terá, Kyungsoo, ano que vem, será você na faculdade. – Não sei se ele chegou a escutar, mas eu queria que ele tivesse esse pensamento positivo, mesmo com as adversidades.

O seu prédio não era bonito de se ver, a fachada estava toda pichada com palavras não agradáveis e símbolos impróprios, mas parecia que a administração pública pouco se importava com aquela região da cidade.

- Então, amanhã você traz o Jongdae? – Ele questionou, frente a porta de entrada. Alguns degraus nos separavam, e era engraçado o ver um pouco mais alto do que eu. Nossa altura era realmente discrepante. Confirmei com a cabeça, e sorri. Observei o fundo dos seus olhos, era como um efeito tranquilizador dentro de mim, passaria mil anos encarando as cores se entrelaçando. 

Eu tinha me encantando pelas cores.

Foi algo automático, mas eu pude ver um sorriso nos seus lábios. Ele estava feliz, mesmo que não admitisse, mesmo que falasse que aquilo era algo impossível, ele via a possibilidade.

- Até amanhã, Chanyeol.

Dez e meia da noite, era esse o horário combinado. Meus horários iam viram de pernas para o ar. Mas eu estava feliz.

 

 

_________________

 Jongdae não reclamou quando lhe contei o combinando, mesmo com o horário incomum e a pequena-longa caminhada até o local. Seus olhos verdes cintilavam com a ideia de ajudar o garçom, e ele tinha me confidenciado que Kyungsoo seria a sua experiência. O fato era que Chen estava se preparando para concorrer ao cargo de presidente do centro acadêmico do nosso curso, e por mais que me convidasse para ser seu vice, aquilo não combinava comigo, e caso ele ganhasse a votação, Jongdae já estudava a possibilidade de tentar abrir um curso gratuito para jovens que desejavam ingressar na faculdade.

Aquele seria a nossa primeira tentativa de horário, Kyungsoo tinha me prometido que tentaria se adequar mas todos nós sabíamos que isso era uma tarefa um tanto complicada. Na noite anterior, eu já tinha comentado os nossos horários de aula, inclusive dos seus outros professores já que éramos da mesma sala.

O caminho não era difícil, mas a mochila em minhas costas me incomodava pelo peso de alguns livros que Jongdae estava levando, junto a um caderno simples e lápis que achei jogados em nosso apartamento que poderia ajudar por enquanto. O meu amigo estava horrorizado com o prédio, principalmente na sujeita que era por dentro, o hall estava coberto de bitucas de cigarro e poeira acumulada, não existia interfone, muito menos porteiro no local, e assim subimos três lances de escada até encontrarmos a porta que estava escrita com canetinha o número 302.

Dentro do apartamento era completamente diferente, as paredes eram completamente brancas, tão limpas que pareciam ter sido pintadas naquele dia, o apartamento era pequeno mas cheirava por completo a lavanda. Kyungsoo nos recebeu com um refresco sobre a mesa, e material escolar em cima da mesa.

Senti a minha mochila mais pesada, tinha levado algo que ele não precisaria, mas me questionei o quanto ele gastou naquilo, algo que poderia ser revertido em artigos de sobrevivência. Talvez eu devesse ter lhe avisado que iria levar, não sei, não sabia como agir.

- Ótimo! Está tudo arrumado. - Jongdae disse estendendo a mão, eles estavam se conhecendo formalmente. - Prazer, sou Kim Jongdae.

Kyungsoo fez uma grande referência, ele estava feliz. Dava para perceber pelo seu sorriso sutil e olhos brilhando.

- Sou Kyungsoo. – Disse arrumando a postura. – Muito obrigado, Jongdae.

O dono da casa me indicou o sofá, e acabei por me sentar. Os moveis eram simples, e a televisão pequena frente ao sofá, mas ela não me despertava a atenção, mas sim Kyungsoo observando com cuidado os livros serem depositados na mesa. Seus dedos pareciam acariciar as páginas e as capas, ele observou brevemente algumas figuras. Jongdae também sorriu, estávamos fazendo o certo.

A aula foi uma apresentação da "matéria", Kyungsoo não sabia informar o que já tinha visto ou que era completamente novo em sua mente, por isso, Chen lhe mostrou a matéria meio por cima, eu não me lembrava de nada daquilo, e achava completamente chato, enquanto o aluno anotava algumas dicas em seu caderno novo enquanto seus olhos coloridos vagavam entre a folha em branco e o rosto do meu amigo.

- Você já leu alguma das leituras obrigatórias do vestibular? – O professor questionou.

Jongdae lhe mostrou uma folha a qual estava escrito não apenas os livros que o vestibular usava como base, mas também as matérias cobradas. Ele tinha me mostrado aquela folha, inclusive me dado uma xerox, exibindo as principais matérias que deveríamos estudar, até mesmo Junmyeon tinha ganhado uma. Claro que o menino dos olhos azuis se assustou com aquela ação de Chen.

O nosso aluno observou a lista, e com um lápis foi escrevendo coisas do lado, queria poder enxergar o que estava escrito.

- Já li esses. - Ele falou após alguns segundos, e Jongdae estava perplexo com o que estava escrito naquele papel.

- Dos 15 livros, você leu 11? – Quase gritou.

Kyungsoo deu os ombros, mas era algo impressionante. Quase ninguém lia esses livros, eu inclusive li alguns resumos achados na internet. E eu sabia que Jongdae tinha lido alguns, mas mesmo assim não onze livros daquela lista de clássicos.

- Chanyeol, ele leu até os coreanos clássicos! - Meu amigo disse surpreso, e no fundo eu também estava. – Os coreanos clássicos! – Repetiu dando ênfase.

Os livros clássicos eram os publicados antes da divisão das duas Coreias, e a escrita era incomum atualmente, já que com a divisão, o idioma modificou-se um pouco, como também o sotaque. Eram dificílimos de serem lidos, principalmente compreendidos.

- Certo, certo, isso é bom, bom não, ótimo! – Chen disse, analisando a lista. – Somente alguns cairão na primeira fase, mas se você for prestar vestibular para um curso de humanas, definidamente irá precisar dessas leituras.

- E como isso funciona?

Jongdae já tinha recolhido o material, e ainda estava sentado na mesa que ficava no meio da sala-cozinha junto ao aluno, e por isso, resolvi me manifestar. Estava quieto a tanto tempo, como um observador.

- O vestibular é dividido em duas fase, Kyungsoo. – Disse, queria também participar da conversa, já que a aula tinha acabado. Acabei me sentando junto a eles na mesa redonda, que agora só restava uma jarra de refresco vazia e os livros fechados. – A primeira fase é objetiva, onde você tem que acertar a maior quantidade de questões para poder ir para a segunda fase. Na primeira você será testado em todas as matérias, e na segunda a sua prova é somente para as específicas do seu curso.

- Isso. – Chen confirmou, chamando a sua atenção. – Assim, você não é obrigado a definir para qual curso irá prestar vestibular.

- Isso é bom. – Kyungsoo disse baixinho, seus olhos estavam fitando os livros. Eram caros, eu sabia, Jongdae tinha vindo de um grande colégio na capital com ótimas apostilas. – Muito obrigado, mesmo.

E diferente da primeira vez, os olhos de Kyungsoo estavam cheios de lágrimas, e mesmo lutando contra, elas foram mais fortes. Kyungsoo chorava, mas não pelo amor mal-amado de Jongin, ele chorava por si.

Kyungsoo chorava de alegria. 


Notas Finais


Olá galerinha do mal, o que acharam? Espero que tenham gostado <3 Próximo capítulo teremos mais chansoo, ae, ae. Finalmente Kyungsoo aceitou mesmo :D
Estou no twitter @yehunnie e no ask.fm/ohhtwi
Até mais :)


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