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História Olhos de Arco-Íris - V, O Tempo


Escrita por: yehunnie

Notas do Autor


Desculpa a demora =( Esse capítulo tá pequeno, na verdade, achei que com as férias eu ia conseguir escrever essa fic inteira, mas foi ao contrário, eu tive tanta coisa para fazer, que não consegui fazer quase nada. Agora que as aulas voltaram, acho que tudo melhora (só até as semanas de provas, e olha que já quero chorar com isso). Tô bem nervosa com esse capítulo, muito mesmo. Enfim, boa leitura <3

Dica de música para escutar: O Tempo - Móveis Coloniais de Acaju (vou deixar o link nas notais finais :D)

Capítulo 6 - V, O Tempo


A época do vestibular é uma época bem estressante.

A pressão cai sobre seus ombros de todos os lados, da sua família em geral (sim, até aqueles seus tios distantes brotam para questionar das suas provas), da escola que realizava semanalmente simulados entre os alunos e expunha a todos o quão medíocre você poderia ser em uma prova. E para piorar, escutar dos colegas de classe frases como “Você errou aquela questão? Mas ela era tão fácil”. Não, não era fácil para mim.

Convivi durante um ano com a pressão do meu colégio e das provas da universidade. A pressão sobre mim era de certa forma social, as pessoas a minha volta me forçavam a permanecer estudando, a decorar a maior quantidade de conteúdo no menor intervalo de tempo e a escolher uma boa faculdade.

E hoje parando para pensar, apesar do estresse e das noites sem sono, tinha valido a pena. Estava em uma boa faculdade, em um curso que me identificava. Mas ao mesmo tempo que percebia que tudo tinha sido bom para mim, observava Kyungsoo rabiscando uma conta matemática, apesar de ser todo organizado, aquela folha estava cheia de rabiscos alheatórios e seus olhos se perdiam aos números vez ou outra procurando uma conta anterior. Kyungsoo se pressionava, ele competia consigo mesmo.

Estávamos resolvendo problemas de números complexos, seus fios negros caiam graciosamente sobre seus olhos, e suas pupilas corriam pela folha em branco buscando uma solução para a questão.

- Muito difícil? – Questionei baixinho, estávamos no seu apartamento e Jongin estava no seu quarto e a ideia de saber que ele escutava nossas conversas me deixava bem frustrado.

- Não é difícil, mas sim complicado. Ainda não entendo a necessidade de misturar números e letras. – Resmungou. – Queria que matemática fosse fácil para mim como é coreano e literatura.

Nos dois permanecemos em silêncio, enquanto continuávamos vendo as questões. Percebi naquele momento como a minha vida tinha modificado pelo Kyungsoo, como seu tempo livre era dedicado exclusivamente a si... Minhas horas livres e de descanso estavam sendo se tornando horas do Kyungsoo.

- Preciso ir. – Disse após conferir o relógio e meu celular tocar.

- Mas já? Não vai querer tomar um chocolate quente antes? – Kyungsoo me encarou sorrindo, ele me fazia sempre algo para beber antes que fosse embora devido ao frio. Não quero que você congele na rua, argumentava.

Não atendi a ligação insistente de Baekhyun, e meu dedo involuntariamente correu até tocar no visor a tela na parte do recusar. Seus olhos me encaravam com certa curiosidade, e as cores pareciam ser puro liquido constantemente se misturando.

Não tive coragem de dizer o fato real de estar indo embora mais cedo, não tinha nada com Kyungsoo, éramos apenas dois bons amigos... Mas ir à casa do Baekhyun, externar aquilo para ele, me fazia sentir como estivesse agindo erradamente. No fundo aquilo não era errado, e dizer ‘tenho prova amanhã’ saiu mais fácil que imaginei.

Dentro do carro de Baekhyun estava mais quente que dentro daquele apartamento, talvez fosse pelo aquecedor em mal funcionamento naquele inverno rigoroso ou talvez fosse que o carro de Baekhyun custasse mais que aquele apartamento inteiro e por isso nos aquecia tão bem.

Não ocorreu conversa, muito menos toques delicados. Nossos lábios se selaram brevemente quando nós nos encontramos dentro daquele carro em temperatura agradável, e seguimos durante o trajeto em silêncio.

Acontece que seus olhos cor púrpura me encarava com certa devoção quando a porta do apartamento do mais velho se fechou, naquela noite eu era uma presa para o Baekhyun, e nós dois vivíamos uma mentira. Nossos lábios se juntavam e eu queria o afastar... Meu corpo o tocava e eu não sentia nada... Éramos dois robôs, seus olhos em tons claros reviravam em prazer, como os seus sons pareciam cada vez mais altos. Mas eu não sentia nada, ele também não sentia nada... Ele estava se provando, se exibindo em uma competição que sabia não poder ganhar. Ele queria provar o seu valor a mim, e aquilo me desesperava.

Não existia emoção entre nós dois, o "nós" se perdeu no tempo, e talvez ele tivesse percebido isso quando deitamos lado a lado ofegantes e não dissemos nada, não nos beijamos como fazíamos, nós apenas nos encarávamos... Seus olhos tinham assumido uma coloração bem mais escura da que tinha me encantado, era ainda assim bem bonita, mas não mais a mais bonita.

Foi encarando nos olhos de Baekhyun que me peguei pensando em Kyungsoo... Era como uma traição estar junto a um pensando em outro, mas não conseguia evitar. O Arco-íris estava sempre lá no final, e cada dia se tornava ainda mais inevitável de fugir.

Baekhyun não disse nada quando falei que ia para casa, que tinha desistido de passar a noite em seu apartamento, mas eu precisava de tempo para mim. Não queria me afundar ainda mais naquele relacionamento que nunca existiu de fato como sério. Não queria acordar na manhã seguinte e fingir que tudo estava bem entre nós, beijar os lábios finos e sorrir para algo que não conseguia mais sustentar. Posso parecer covarde mas não tinha coragem de dizer o que sentia naquele momento, colocar um ponto final naquela história.

 

- Estraguei tudo. - Foi a primeira coisa que disse quando observei Jongdae entrando em casa.

Já tinha passado da meia noite quando ele chegou no apartamento com um sorriso largo e levemente embriagado. Apesar do seu estado, ele se jogou ao meu lado no sofá enquanto assistia uma série americana na televisão.

- Boa noite para você também. – Resmungou – Kyungsoo? - Ele me perguntou meio desesperado, e eu apenas neguei com a cabeça. - Baekhyun? - Confirmei - Você mesmo me disse que ele não era sua "outra metade".

- Mas ele não é. – Eu precisava desabafar o que estava acontecendo comigo, não citei Kyungsoo na minha mente, mas disse como me sentia em relação ao Byun e como o deixei naquela noite.

Não saberia dizer que Jongdae tinha prestado atenção no que dizia, mas apenas falar já me fazia sentir mais leve. Foi naquele momento que encarei os olhos do meu amigo, e seus olhos não estavam naquele verde de sempre, existia resquícios de um azul claro. Me aproximei do seu corpo e olhei novamente no fundo dos seus olhos, ele instintivamente se jogou para trás fugindo de mim.

- Você estava com o Junmyeon.

Não foi uma pergunta da minha parte, mas ele entendeu que era. Seus olhos triplicaram de tamanho, e o resquício de azul parecia ter se tornado um pouco mais forte. Jongdae estava pensando nele. Não poderia afirmar aquilo de fato, mas aquele azul mais escuro me fez crer nisso.

- Não sei o que você tá falando. – Rebateu, se remexendo no sofá, procurando se defender. – Eu não estava com ele, “ele”- Quis dar o foco que não estavam sozinhos. – Nós estávamos num bar com os outros integrantes da chapa para o diretório acadêmico.

- E? – Tentei exibir meu melhor sorriso malicioso.

- Ele desistiu da presidência da chapa do diretório para ser meu vice na chapa. – Ele deu os ombros tentando se mostrar indiferente, enquanto seus olhos procuravam qualquer direção oposta a minha.

Queria caçoar meu amigo, dizer que a uns meses atrás ele dizia que dividir uma chapa com Kim Junmyeon nunca daria certo, muito menos se tornarem amigos... Mas em seus olhos refletiam as cores do outro Kim, e aquilo era algo único por isso me limitei ao sorriso malicioso e receber um tapa leve no meu braço.

- Ei, Chanyeol. – Jongdae disse após longos segundos, meu foco tinha voltado para a televisão, mas ao mesmo tempo estava perdido entre pensamentos. Ele estava em pé provavelmente para ir dormir. – Vá dormir, amanhã as coisas serão melhores.

Era o máximo de conselho que ele conseguia me dar, e eu resolvi ir me deitar tentando não pensar em Kyungsoo, no seu arco-íris, Baekhyun e os dias cada dia mais próximos do vestibular. Tudo ficaria bem... Pelo menos eu torcia por isso.

_______

Acontece que a vida parece várias peças de dominós montadas lado a lado, caso você derrube uma delas, elas irão derrubando as outras, até que o famoso efeito dominó derrube tudo. Fiquei dois dias sem ver Kyungsoo, as provas estavam se aproximando e eu não poderia me dar ao luxo de ficar ao seu lado todas as noite enquanto a matéria acumulava cada dia mais.

Baekhyun continuava a me ligar sempre e mandando mensagens. Me sentia envergonhado ao tentar ignora-lo ou responde-lo com palavras curtas, mas ainda não conseguia o encarar e muito menos ser franco, talvez eu estivesse esperando que ele se cansasse de mim e tudo fosse mais fácil.

Eu estava sendo um idiota.

Naquela quinta-feira eu resolvi ir ao bar esperar por Kyungsoo. Tinha perdido aquele hábito, mas precisava me acalmar. E algo dentro de mim clamava por ver Kyungsoo, como se conferisse que ele estava bem, são e salvo. Na minha mochila podia sentir um cartão de confirmação pesando apesar de não possuir mais de uma grama.

Kyungsoo tinha me visto e me levado um dos meus refrigerantes favoritos. Apenas agradeci e permaneci quieto, sabia que ele não podia parar para me dar atenção durante o expediente, e eu fiquei sentado em silêncio lendo minhas anotações da prova do dia seguinte, enquanto disputava minha leitura com a música country que tocava.

Ele maneou a cabeça em minha direção, um sinal que reconhecia que seu turno tinha terminado e eu segui para o caixa pagar a minha bebida. Faltavam três semanas para a segunda prova da primeira fase, e o tempo cada dia parecia mais escasso. Nossos passos tendiam a ser mais rápido na volta para seu apartamento, e as leituras sobre a história mundial alguns detalhes eram pulados sem pensar duas vezes.

Estava distraído quando escutei a voz de Kyungsoo em um tom mais alto que o normal, ele que sempre falava com a sua voz em tom baixo e polido, me assustou quando falou em voz alta “Não” e devido a minha proximidade a área dos funcionários encontrei ele prensado na parede com Kim Jongin próximo.

Meu sangue ferveu. Kyungsoo o empurrou com certa força e puxou a mochila caída no chão pelo susto que provavelmente levou com a aproximação.

- Qual é, Kyungsoo? Apenas um beijinho. Não é isso que você quer? – A voz debochada de Jongin fez os olhos do Do arregalarem e ele empurrou novamente o maior.

- Não quero isso, não mais. – Ele disse firme, porém, Jongin segurou seus braços.

Quando finalmente consegui atravessar a droga do balcão, não tinha ninguém para me impedir. Ninguém parecia ver o que acontecia, os funcionários cada um estava preso em suas funções e os clientes não conseguiam enxergar aquele local.

- Jongin? – Não sei como consegui o chamar, e ele me olhou. Seus olhos vinho ferviam como brasas de um vulcão. E meu punho o acertou.

A partir daí não consigo dizer muito bem o que aconteceu. Jongin me acertou em cheio na boca do estomago e eu recebi um olho roxo igual ao que eu o proporcionei. Estava cego de ódio naquele momento, não sei se consegui o fazer sentir dor como ele fizera com suas palavras amargas ao Kyungsoo, mas pelo menos tinha danificado temporariamente seu rostinho bonitinho.

Nós dois fomos separados por alguns funcionários, e quando fui convidando gentilmente para me retirar do bar (em outras palavras, fui expulso) Kyungsoo brigou comigo por ter arranjado confusão por sua causa. E eu não me arrependia disso. Discretamente mandei uma mensagem ao Jongdae avisando a situação e avisando que ele dormiria no nosso apartamento... Naquela noite não deixaria que ele voltasse para o mesmo apartamento que Jongin, por mim, eles nunca mais dividiriam o mesmo teto.

- Eu podia lidar com isso, o Jongin está triste pois seu namoradinho terminou com ele. – Kyungsoo resmungou. Diferente de todas as noites paramos no meio do caminho e ficamos nos encarando. – Obrigado, Estranho. Foi bem legal da sua parte.

- Foi nada, adoro ser expulso de bares. Mas, Kyungsoo, quanto tempo ele está tentando te beijar?

Seu rosto enrubesceu. E eu tinha cruzado a nossa linha de intimidade. Queria conseguir dizer que não precisava de dizer, mas eu precisava saber... Precisava saber se tudo estava bem.

- Semana passada ele me beijou. Fiquei surpreso, tão surpreso que não consegui o afastar... Mas eu não o quero, Chanyeol. E ele hoje provavelmente pensou que poderia me beijar. – Disse enquanto voltávamos a andar novamente. – Em breve ele volta com o namorado e para de me encher o saco. Mas eu não o quero, não quero ser a segunda opção de ninguém, ser aquele que é procurado em momento de tristeza.

Não consegui dizer nada mais sobre isso, e quando eu disse que ele dormiria no meu apartamento, Kyungsoo não recusou. Ele correu para a geladeira e pegou um gelo enrolado em um pano de prato e pressionou contra o meu rosto, provavelmente no dia seguinte teria um olho roxo.

Juntamos as coisas e estudamos encostados no sofá, com uma barra de chocolate que pertencia a Jongdae e a minha mão congelava com o gelo que pressionava. Chocolate sempre fazia bem, e Kyungsoo ainda estava assustado com o que tinha acontecido. E talvez seu orgulho tivesse ferido, Jongin apenas o encarava como aquele que estaria sempre ao seu lado como um bobo apaixonado.

- Eu fiz uma coisa. – Comecei dizendo, não sabia como dizer. Estava empolgado mas ao mesmo tempo queria desistir daquilo tudo. 

- Você se juntou ao máfia? – Kyungsoo riu da própria piada, e meu riso saiu anasalado.

- Não! - Respondi, mesmo sabendo que aquilo não era necessário. – Te inscrevi no vestibular nacional.

Vestibular nacional era basicamente uma prova de vestibular que dava para faculdades do país inteiro, e que a partir de um sistema online você jogava a sua pontuação para as vagas almejadas. A minha universidade não aceitava, mas existiam ótimas que utilizavam desse sistema como forma única de ingresso. Kyungsoo teria mais chances com essa prova de ser aprovado, mas isso significava que ele iria embora.

Eu ficaria feliz com a sua aprovação, mas a ideia dele partindo doía.

- Vestibular nacional, Chanyeol? Por que?

 - Você terá mais chances...

Não tinha percebido até o momento, mas quando olhei os olhos de Kyungsoo eles tremiam. Seu corpo tinha paralisado, e não sabia dizer se estava surpreso ou com medo. Entre seus dedos, ele observava o cartão de confirmação da inscrição do vestibular.

- Você consegue realizar essa prova. – Disse firmemente. Não sabia como o fazer se sentir seguro.

- A questão não é a prova, Chanyeol, é que não tenho como ir embora para outro lugar. – Ele me encarou, e seus olhos vacilavam. Kyungsoo tinha medo.  – Eu não quero ir para outro lugar. 

E eu não queria que ele fosse embora também.

Segurei a sua mão que ainda segurava o papel. Estávamos próximos, mas mesmo assim, achei o movimento mais adequado.

- Nisso nós pensamos depois.  – Disse calmamente.  – Não quero que você vá embora, mas quero que você consiga alcançar seus objetivos. Vamos nos preocupar com cada etapa no seu devido tempo, certo? Não sofra por antecipação.

Kyungsoo maneou a cabeça positivamente. O tempo continuava correndo, em menos de três semanas tinha outra prova, e em menos de dois meses ele tinha a segunda fase do vestibular e o vestibular nacional.

O tempo estava contra nós.

Eu só queria que o tempo passasse mais devagar...


Notas Finais


Esse capítulo é o típico: Capítulo necessário; Achei que aumenta-lo com outras partes ia parecer que queria jogar tudo na cara de vocês, mas não quero deixar algo forçado. Eu precisava botar um ponto final na história com o Baekhyun, mesmo que isso não tenha ocorrido ainda... E precisava mostrar que o Jongin é meio louco. Ele gostado do Kyungsoo sim, mas acha que ele estará lá sempre quando ele o quiser saca?

Música: https://www.youtube.com/watch?v=NUlbPAzKFFo <33
Twitter: @yehunnie
Ask.fm/ohhtwi
Até mais, beijos :)


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