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História Olhos de Arco-Íris - VI, Castanho Acaso


Escrita por: yehunnie

Notas do Autor


Olá~ Cá estou eu com os olhos mais coloridos que existem. Queria agradecer sempre o carinho de todos <3 Coloquei uma personagens nesse capitulo, e usei como base a Mimi do Oh My Girl, mas vocês podem imaginar como quiserem. Fiquei meio viciada nas músicas delas essa semana, aí como precisava de uma menina, usei da imagem dela. Agora deixa eu correr, pois tenho que terminar a fic do Randomic. Enfim, boa leitura <3


Obs: Quando eu falo vestibular nacional, é como o ENEM, está bem?

Capítulo 7 - VI, Castanho Acaso


Aquela expressão que o tempo voa é cem por cento verdadeira.

O tempo corria e as vezes eu tinha a sensação que ele passava de dois em dois dias, nos privando de um dia. Mas as minhas provas finais estavam como comprovação que tudo continuava normal e que eu tinha que estudar mais.

Mas algumas coisas tinham acontecido durante esses quase dois meses. Kyungsoo tinha se mudado, ele tinha confessado que situação ficou insustentável no apartamento com o Jongin e Junmyeon se ofereceu para ser seu novo colega de apartamento. De princípio, o mais novo recusou: não tinha como arcar com as despesas daquele apartamento. O aluguel era mais caro, junto ao condomínio, além de contas como de supermercado, luz, água, internet, gás e entre outras.

Com muita insistência, inclusive minha e do Jongdae, Kyungsoo concordou em se mudar quando foi proposto que ele pagaria um ‘aluguel’ ao mais velho, e ajudaria nas despesas do apartamento – mas seu dinheiro não conseguia bancar tudo pela metade, mas ele afirmava sempre que aquilo era até finalmente conseguir se mudar para o campus após a sua aprovação. O seu novo prédio era elegante, com elevador e ainda bem mais próximo dos trabalhos e da universidade. E, no dia da mudança, conheci o apartamento de Junmyeon, estávamos ajudando a levar os poucos pertences de Kyungsoo, mas mesmo assim fomos todos nós ao seu antigo apartamento – fui impedido de subir por conta da briga com Jongin. O apartamento do mais velho Kim, era grande e muito bem mobilhado, mesmo que ele fosse embora em alguns anos, tinha toques de sua personalidade, como quadros e fotos espalhadas – bem contrário do meu apartamento com Jongdae, que não tinha nada muito pessoal fora dos quartos.

Observei Kyungsoo colocando um porta retrato ao lado da sua cama – que nós tínhamos trago na mudança, como os restantes moveis daquele quarto, exceto o armário. Com a beirada da blusa ele limpou o pó que tinha vindo junto com a mudança. Eu estava o ajudando a desempacotar suas coisas, enquanto Junmyeon limpava o chão do apartamento que foi sujo após a pequena mudança, e Jongdae estava na cozinha fazendo algo para comermos mais tarde.

- São seus pais? – Perguntei a suas costas. Podia ver um Kyungsoo mais novo, ao lado de um garoto muito parecido e mais alto, e um casal sentado a frente deles. Parecia uma foto de família. Meus olhos se focaram no filho mais novo, e foi a primeira vez que pude ver seus olhos.

Castanhos.

Era uma cor bonita, e que combinava com consigo.

- Sim. – Ele confirmou ainda olhando a foto. E colocou com cuidado de volta ao seu lugar.

Ainda existiam várias caixas pelo quarto, mas o local já estava bem mais apresentado. Kyungsoo disse para que deixasse as roupas nas caixas, que depois ele as organizariam no armário, e a cada caixa tinha uma surpresa. Ele não possuía muitos itens, e os que tinha era em sua maioria de aparência mais antiga.

- Você sabe tocar gaita? – Questionei enquanto abria uma caixa repleta de roupas e alguns itens jogados por cima. A gaita estava lá, meio enferrujada mas ainda assim inteira.

- Um pouco. – Kyungsoo respondeu enquanto colocava as roupas no armário. Tinha algumas peças caras no meio e em boa qualidade, e com certeza não fora ele quem tinha comprado. – Meu avô que me deu.

Era estranhamente legal conhecer o outro lado do Kyungsoo, o filho, o neto, o irmão.

___________

                Meus neurônios estavam quase todos danificados.

E o professor continuava falando. A matéria era muito muito chata, mas era um pré-requisito para outra, e no final, um dia teria que enfrenta-la. Eram números para cá, funções para cá, e eu queria inclusive me jogar daquela janela. Jongdae, que estava ao meu lado, sempre parecia estar prestando atenção no professor, estava rabiscando alguma coisa no caderno e pelo seus olhos verdes claros perdidos tinha a intuição que não era sobre a matéria.

São nesses momentos que acabo divagando, me encostei na parede e meus olhos percorrem a sala. A sala parecia estar completamente dispersa, e o número de alunos já tinha caído drasticamente desde o início da aula. Mimi, uma menina com cabelos loiríssimos, sorriso amplo e olhos corais estava mascando chiclete enquanto seus fios encobriam o fone de ouvido que ficava sempre sintonizado em um grupo masculino do momento. Era ela a responsável pela nossa comissão de formatura e agitar a turma para uma festa após a aula, ela estava cochichando com Arin, que consequentemente arrumava o cabelo da amiga da frente em uma trança.

Meus olhos voltaram a correr pela sala, e encontrei Junmyeon sentado no canto oposto e com um sorriso nos lábios, e eu tive que me inclinar um pouco para conseguir entender o motivo. O recém transferido da China, Yi-alguma-coisa estava murmurando com ele bem próximo... E do pouco que sabia, seu coreano era bem básico.

- Não aguento mais. – Resmunguei para mim mesmo. E até o professor parecia que não aguentava mais falar aquilo.

Jongdae me olhou com uma cara de poucos amigos, e quando comecei a arrumar meu material para sair da sala, percebi que ele fazia o mesmo. Joguei a mochila nas costas e caminhei o mais rápido possível para fora da sala e fui tomado por um alivio tão grande. Fiquei no corredor esperando Jongdae, mas quando a porta se abriu fiquei surpreso quando Mimi que vinha com os fones caídos sobre o ombro e roupas em cores alegres.

- Chanyeol, posso falar com você? – Meu corpo estava encostado na parede do corredor, parecia que qualquer lugar era canto para descansar nem que fosse um pouco. Confirmei com a cabeça, e ela sorriu se aproximando. – O Junmyeon oppa contou que a chapa para o diretório acadêmico do Jongdae está pensando em abrir um curso preparatório para vestibular?

- Ainda é uma ideia, o Jongdae está vendo se isso pode ser viável, e ele se der, ele planeja criar algo que ajude os menos favorecidos financeiramente a ingressarem no universidade. – Jongdae tinha me falado meio por cima, que isso dependia não apenas de salas disponíveis e ‘professores’ que seriam os alunos para que fosse adiante. Era necessária uma verba da instituição para o projeto, além da aprovação do próprio reitor. – O Junmyeon irá se candidatar como vice do Jongdae, talvez saiba mais coisas sobre.

A menina pareceu meio sem graça com aquilo e seus olhos corais vasculharam todo o corredor a procura de mais alguém presente que estivesse presenciando aquela conversa. Nós éramos companheiros de turma fazia um tempo, e já tínhamos diversas vezes conversado, mas era estranho estarmos sozinhos ali, mesmo que isso fosse completamente normal.

- Ele me falou que quem sabia todos os detalhes era o Jongdae. E afirmou que isso é meio sigilo ainda, mas eu queria ajudar de alguma forma. – Confessou, ela era uma menina extremamente alegre e forte, e mesmo tímida continuou a falar. – Pode parecer que não, mas eu sei muita química. E gostaria de poder ajudar de alguma forma. – Seu dedo enrolou em um fio de cabelo, era um tique-nervoso que ela tinha, mas mesmo assim continuava a dizer decidida. – Como o Jongdae não parece que está num bom dia. – Disse em tom baixo para ninguém mais ouvisse, mesmo que estivéssemos sozinhos. – Queria que você falasse com ele, que se precisar estou disposta a ajudar com qualquer coisa.

___________

A ideia de ter a ajuda da Mimi no projeto fez com que Jongdae ficasse extremamente animado. No mesmo dia ele conversou com Kyungsoo, perguntando se o garoto dos olhos de arco-íris queria fazer uma aula com a menina e ele aceitou – Ele disse: Todo conhecimento é valido. Era um teste para ambos, para Kyungsoo seria o teste dos seus conhecimentos de química antes do vestibular nacional que seria em cinco dias, e para Mimi era o teste da sua transmissão de conhecimentos. Era o famoso sistema: ganha-ganha.

Nós nos reunimos na casa do Junmyeon na segunda-feira de noite, e Jongdae os observava com criteriosamente. Não podíamos exigir que ela soubesse a grade de química inteira, mas tínhamos que ter noção o quão boa ele poderia ser, e no final ela passou no teste. Sua explicação era sutil, enquanto seu raciocínio era rápido. E por outro lado, Kyungsoo aprendeu alguns macetes para utilizar na hora da prova.

- Achei que ia ficar um climão aqui. – Mimi me confessou enquanto comíamos uns salgadinhos na mesa, podíamos ver dali os outros três conversando sobre a prova de sábado e domingo. Foi naquele momento que me lembrei, ela tinha ficado com Jongdae na primeira semana de aula. – Mas até que foi legal.

- Você foi muito bem. Acho que ajudou muito o Kyungsoo, nós estamos tentando ajudar, mas é complicado às vezes. Principalmente química.

- Era um hobby meu meio estranho... Mas enfim, acho que os dois formam uma boa chapa, não? – Disse apontando discretamente com a cabeça e eu confirmei com a cabeça. – Quando o Junmyeon me pediu desculpas que não iriamos mais sair juntos em uma chapa, fiquei bem triste, mas é melhor assim, os dois formam uma grande dupla.

Aquilo eu não sabia. A notícia que eu tinha era que Junmyeon não tinha encontrado um bom vice, e Mimi era uma ótima opção, muitas pessoas votariam nela, só por ela ser ela. Ela era uma conexão direta com a atlética do grupo, a qual ela era membro. Não fazia sentido negar a ajuda dela, para se candidatar com Jongdae, que nem era tão conhecido quanto ela.

- Será que um dia eles não vão ter mais medo e se tocarem? – Ela continuou perguntando. E eu sabia o que queria dizer, mesmo que a frase não estivesse completa.

- Espero que logo.

___________

Queria poder dizer que tinha ficado tão bêbedo naquele sábado junto aos meus amigos que não saberia atender o telefone residencial ou celular. Queria dizer que dormi jogado no chão no apartamento de Junmyeon com Kyungsoo ao meu lado até que desse o horário para a sua prova e ele fosse caminhando sem ressaca e fizesse uma boa prova, como tinha feito no vestibular nacional, na qual de acordo com gabaritos em sites ele tinha ido bem. A segunda prova da primeira etapa era no dia seguinte, e eu estava junto a Jongdae no apartamento de Junmyeon.

Kyungsoo estava nervoso, seus olhos corriam o tempo todo a procura de algo a se sustentar. A sua aprovação na universidade dependia de um bom conceito e ele sabia que o seu ‘C’ era bom para quem tinha abandonado os estudos, mas que aquela nota estava longe de ser ideal para quem queria garantia a sua vaga. Ele encostou no sofá e fechou os olhos, respirando fundo.

Ele sabia a matéria.

Ele tinha feito todas as provas anteriores, e com alto índice de acertos.

Ele iria passar.

Eu sabia.

Eu tinha certeza.

Mas o telefone tocou.

Junmyeon como o proprietário do apartamento se levantou de sua poltrona, na qual estava confortavelmente deitado e atendeu com a voz ainda rouca pela discussão meio acalorada de minutos atrás com Jongdae sobre projetos para o futuro centro acadêmico, eu não conseguia escutar o que era dito na linha telefônica, mas eu conseguia observar gradativamente os olhos azuis se escurecendo em uma velocidade incomum.

Alguns múrmuros do mais velho como ‘Entendo, Irei falar’ me chamavam cada vez mais a atenção, mas aquilo não parecia incomodar Kyungsoo, que estava preso em seu próprio mundo, com questões matemáticas e textos a interpretar no dia seguinte. Mas aquele sonho foi roubado quando Junmyeon se sentou ao seu lado no sofá, e delicadamente o chamou com um sorriso triste.

- Kyungsoo, sinto muito, seu pai enfartou. Ele está internado em estado grave, a sua mãe acabou de ligar falando. Provavelmente irá entrar em cirurgia a qualquer momento.

Foi como ver um vidro se quebrar, os olhos de arco-íris pareciam ter despedaçado de suas íris. O castanho estava ali, junto a lágrimas de dor e seus sonhos. O destino estava sendo cruel, e antes que Junmyeon o envolvesse em um abraço, puxei Kyungsoo para próximo de mim, tão forte que sentia o corpo magro se apertando contra o meu, seus tremores se chocando contra meu corpo e as lágrimas quentes molhando meu ombro.

___________

Não sei quanto tempo durou a viagem ao certo, mas conseguia ver Junmyeon dirigindo nervosamente enquanto Jongdae em seu celular verificava radares em um aplicativo. No banco de trás, eu viajei abraçado a Kyungsoo o tempo todo, até que ele finalmente dormisse em meio ao choro. Ninguém ousava a falar nada além de coordenadas e orientações que utilizávamos. Meu corpo estava dolorido, mas eu continuava ali segurando o corpo do mais novo, zelando seu sono.

E era impossível não me lembrar do sorriso que recebi quando ele acertou a primeira questão, quando os resultados começaram a surgir: tudo tinha sido jogado fora pelo acaso do destino. Estava puto, com as circunstancias, com o acaso. Kyungsoo não tinha mais um ano para estudar, ele não aguentaria mais um ano estudando junto a rotina insana de trabalho.

Seu corpo já estava pagando por isso, a perda de peso, as bolsas negras de noites má dormidas embaixo dos olhos. Ele dizia que não era nada aquilo que fazia, que aguentava mesmo quando seu corpo doía por inteiro pelo esforço diário, o sapato apertado e as pernas andando rápido entre as mesas do bar. Mas eu não queria que ele continuasse sofrendo.

Eu não queria que ele sofresse nunca mais.

- Chanyeol. – Junmyeon me chamou baixinho, ninguém queria privar Kyungsoo do sono naquele momento até que fosse realmente necessário. – Nós estamos chegando. – Olhei meu relógio de pulso e marcava pouco mais das duas da manhã.

Eu tinha perdido a noção do tempo, mas a cidade era relativamente perto. O motorista conhecia bem aquele lugar, e furava sinais vermelhos com cautela e gradativamente a sua velocidade diminuía. Chamar Kyungsoo quando o carro entrava em um estacionamento, que julguei ser do hospital, foi uma tarefa difícil, principalmente quando encontrei seus olhos castanhos perdidos e completamente inchados

Nós seguimos em silencio até o hospital. Kyungsoo andava ao meu lado em passos rápidos, enquanto os dois Kim caminhavam um pouco mais atrás cochichando algo que devia ser sobre o mais novo do grupo. Kyungsoo caminhou até o balcão do hospital, e perguntou o nome do pai, e a atendente indicou com a mão a direção.

Cruzei uma porta que provavelmente dividia alas do hospital, passando por seguranças sem os encarar. E pude escutar Junmyeon e Jongdae ao longe reclamando da passagem bloqueada. Tinha dado sorte. Kyungsoo caminhava a minha frente como um zumbi, em passos sôfregos e fortes para se manter em pé, quando íamos atravessar outra porta, ele parou e me encarou por breves segundos até que ele limpasse o rosto (o que não adiantou muito), pois quando ele cruzou a porta, encontrou sua mãe sentada em um banco com as mãos cobrindo o rosto.

Os dois se abraçaram fortemente, estavam compartilhando a mesma dor e provavelmente fazia muito tempo que não se viam... Provavelmente a última vez que se viram foi quando Kyungsoo foi expulso de casa. A Senhora Do era uma mulher baixinha, e olhos acinzentados que o amava. Fui apresentado precariamente a mulher, que agradeceu termos trago Kyungsoo até ali.

- Ele começou a passar mal em casa. – A voz da mulher era dolorosa, e seu braço agarrava o semelhante do filho, agora sentados. – Conseguimos chamar uma ambulância, ele chegou muito mal aqui, Kyungsoo.

Recebi uma mensagem no celular enquanto observava os dois se abraçando novamente de Junmyeon informando que eles tinham ido para sua casa. Já tinha dito que estava tudo bem, que eles deveriam ir descansar, tinham passado a noite em claro e ainda por cima estressados, eles mereciam algumas horas de sono.

O médico chegou lá pelas cinco da manhã, seu corpo estava tenso e provavelmente dolorido pelas horas de cirurgia. Todos nós nos aproximamos, e pudemos ouvi-lo dizer que o Senhor Do estava estável, mas mesmo assim tinha que esperar o corpo reagir.

- Nós podemos o ver? – Kyungsoo perguntou logo após saber do estado do pai, e eu podia me recordar das palavras do Junmyeon sobre seu pai, ele tinha abandonado aquela função.

- Ainda não, ele está na unidade intensiva, e as visitas são restritas. No horário do almoço duas pessoas podem entrar, e não mais do que isso. Além do mais, ele ainda está sedado. – O médico de cabelos grisalhos disse, tentando esconder um breve bocejo. – Recomendo que vocês vão para casa e durmam um pouco.

Horário do almoço era a prova. Ele não chegaria a tempo. Ele não iria querer ir.

O taxi até a casa de Kyungsoo foi em completo silêncio, ele disse ao motorista o endereço mas eu podia sentir o nervosismo. Ele tinha sido expulso daquele lar, ao meu lado no banco de trás do táxi, longe dos olhos de sua mãe sentada na frente, segurei a sua mão, e seus olhos encararam os dedos entrelaçados até se voltaram a mim, seu arco-íris estava voltando gradativamente, estava se sobrepondo aos poucos ao castanho mas já era perceptível.

- Obrigado. – Ele murmurou sem emitir som, e eu respondi apertando a sua mão.

A casa era de classe média, em um tamanho razoavelmente grande para o número de moradores, o casal Do vivia atualmente sozinhos, o irmão mais velho de Kyungsoo estava estudando fora e não tive coragem de perguntar dele. A mãe do menino dos olhos de arco-íris nos levou até o andar de cima, e disse para nós nos acomodarmos no seu antigo quarto enquanto ela buscava roupa de cama e toalhas para banho. Não tinha trago nenhuma roupa, e ela pareceu perceber pois voltou com alguns moletons grandes que deduzir ser do patriarca da casa.

Kyungsoo jogou um colchão no chão enquanto eu encarava os detalhes do quarto, tinha um avião preso no teto pendurado, o toquei com a ponta dos dedos e ele se mexeu minimamente. Também tinha várias estantes de livros, os mais diversos títulos organizado por ordem de tamanho e autores. E lá estava os livros anteriores da divisão das Coreias que Jongdae tanto tinha se impressionado.

- Me conte um problema seu. – Kyungsoo me pediu quando já estávamos deitados cada um em sua cama e de banho tomado. – Só para eu dormir, só para não pensar no meu pai.

- Eu não tenho um problema, Kyungsoo, não como os seus. – Sussurrei. Era verdade, depois que o conheci tudo que achava que era problema tinha dissolvido. O dinheiro escasso que recebia dos meus pais, a não aceitação de eu ser homossexual da minha mãe, as minhas notas ruins por falta de estudo.

Tudo que eu considerava problema não era nada.  

- Por favor, Chanyeol. Me diz qualquer coisa.

Respirei fundo, não queria falar aquilo com ele. Foi quando o vi na cama de cima me observando, não conseguia enxergar como seus olhos estavam diante aos poucos raios de luz que começavam a surgir através de sua cortina que bloqueava a luz exterior.

- Eu não gosto do Byun. Acho que nunca gostei dele de verdade, mas não sei como terminar o nosso lance. E ele parece não perceber os sinais, ou percebe e fingi que não vê. Às vezes acho que estou enrolando ele.

O Do me encarou por alguns segundos inexpressivo. Não devia ter falado aquilo, não parecia certo colocar Byun entre nós dois.

- Não devia ter falado isso... – Murmurei desejando que ele me perdoasse, mas me surpreendi quando ele se inclinou sobre minha cama e puxou a minha orelha para baixo.

Caramba! Tinha doido!

- Não se deve fazer isso com ninguém, Park Chanyeol. – Ele me disse sério após largar a minha orelha e eu levei minha mão até o local no mesmo momento. – Você tem que falar com ele, ser claro com ele.

- Mas eu tentei. Eu tento! – Tentei argumentar, mas nós dois sabíamos que aquilo era meia verdade, eu tentava mas não conseguia ser franco.

- Você está sendo franco comigo também? Realmente tentou? – Afirmei com a cabeça e ele se deitou novamente na cama, longe dos meus olhos. – Nós estamos em um momento complicado, mas eu queria que você soubesse que não desejaria ninguém além de você para que estivesse aqui comigo agora. Muito obrigado por aparecer naquele beco sujo, Estranho.

Não conseguiria mentir, mas eu estava sorrindo. Eu estava muito feliz, e por mais que tivesse vontade de levar e o observar, selar seus lábios em formato de coração, aquele não era o momento. Não quando seu pai estava hospitalizado, não quando não tinha colocado o ponto final na minha história com o Byun. Mas só de saber que era eu quem ele queria que estivesse ali, fazia meu coração se encher em felicidade.

- Muito obrigado por me mostrar o arco-íris, Estranho. – Ele poderia achar estranho, mas quando eu coloquei a minha mão em sua cama, ao seu lado, ele entrelaçou os dedos e nós dormimos daquela maneira.  


Notas Finais


Twitter @yehunnie | http://ask.fm/ohhtwi (sou super flop, mas qualquer coisa tô aqui tb)
Enfim, até mais <3


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