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História Olympic love - Único


Escrita por: iwishfighting

Notas do Autor


Oi amores!
Eu podia ter usado outra modalidade olímpica, mas amo de paixão a ginastica. Sei que não é muito popular, então peço que tenham paciência e tentem aproveitar a leitura até o final.
Gostei muito do projeto.
Desculpe qualquer erro.
Boa leitura *-*

Capítulo 1 - Único


Fanfic / Fanfiction Olympic love - Único

[Jogos olímpicos de 2012]

― Agora eu estou aqui do lado de Kim Taehyung, que levou a medalha de ouro na categoria individual geral e no solo. Kim, parabéns pela medalha, a Coreia toda vibrou com você essa noite. – Era o que o apresentador dizia, em um inglês perfeito. Parecia chamada para desenho animado.

―Obrigado. ― Disse o ginasta sorrindo.

―Foi uma linda e memorável competição. Haviam vários favoritos, incluindo você, mas nem todos mostraram um bom desempenho hoje. E você, com apenas dezesseis anos conquistou várias medalhas de ouro em sua primeira olimpíada. Qual o segredo para o feito? ― Indagou o homem que segurava o microfone.

―Isso é da vida. A gente ganha e a gente perde. Só que saber ganhar e saber perder também é uma vitória. Tive bons resultados nas últimas competições e as pessoas souberam disso, das minhas vitorias. Qual seria a graça da vida se tudo fosse fácil? O meu sonho é a medalha olímpica. E hoje consegui realizar meu sonho.

―Você teve uma grande responsabilidade, porque passou por todos os aparelhos. Foi o único atleta coreano que fez isso, certo?

―Sim, mas todo mundo fez seu trabalho. Conseguimos a classificação da Coreia pelo desempenho de todos. Acredito que cada membro se dedicou ao máximo no aparelho que era melhor. Vim para o ginásio hoje por eles, por saber o quanto eles se esforçaram em estar aqui. ― Falou com convicção o garoto.

― É muito bonito ver a união desse grupo. E sua família foi um impulso a mais na sua caminhada até o pódio? ― Perguntou o repórter.

―Sem dúvidas. Desde o início minha família me deu muita força. Lembro de dizer a minha mãe “Hoje eu não quero treinar”. Ela respondia com firmeza: “Olha, Taehyung, a opção é a seguinte: ou você pratica um esporte para valer, faz uma atividade física regular que não seja apenas na escola, a brincadeira com os amigos... ou vai ficar em casa fazendo trabalhos domésticos. Vai lavar calçada, molhar as plantas etc. Ficar sem o que fazer, você não vai, não”. ― Ele ri. ― Era óbvio que eu preferia ir para o ginásio treinar. Sempre levei as coisas muito a sério. Quanto eu não treinava direito, chegava em casa e falava “ Perdi um dia e alguém pode ter ganhado esse mesmo dia. Amanhã eu vou treinar direito. ” O desafio é o que me leva a continuar.

― O que você pode dizer para os seus rivais e todos que não acreditaram que você chegaria ao pódio, com apenas dezesseis anos?

― Se eu tenho o objetivo de ganhar uma medalha nos jogos Olímpicos e eu não levo, eu não sou um perdedor. Na escola você pode tirar “A” e dez pessoas tirarem “A” também. Todas se sentiram vencedoras. No esporte é diferente, pois tem o pódio, tem a medalha. Só existem três lugares, justamente para os três melhores, que ficam com ouro, prata e bronze. O importante é entender que isso não torna os demais competidores perdedores.  

―Obrigado pela entrevista e por mostrar que maturidade e disciplina podem fazer parte da vida de um adolescente. ― Agradece o homem.

O jovem de cabelos castanhos apenas assentiu. Antes de sair do campo de visão da câmera lançou um sorriso de tirar o folego para a mesma, depois desapareceu.

Lembro como se fosse hoje. Estava em casa assistindo a final da ginastica artística na olimpíada, que surpreendentemente teve como medalhista de ouro um Sul coreano. Kim Taehyung. Já o conhecia de nome, já que eu também era ginasta. Entretanto nunca tinha o visto competir. E foi uma grande surpresa, visto que o garoto era um gênio, além de ser lindo.

Céus, nesse dia ganhei um ídolo e um puta amor platônico.

[Jogos olímpicos 2016 ]  

Sabe aqueles dias, que nada pode dar errado? Como quando tem aquele seminário com conteúdo astronomicamente gigantes e, você sabe que por mais que tenha estudado tudo, vai errar metade do texto, pelo nervosismo ou pelas perguntas idiotas que o professor fara para foder bonito com sua nota. Você pede a deuses imagináveis e inimagináveis para tudo dar certo. Mas aí, pela ironia do destino, nada dá.

Estou passando por isso hoje.  Perdi meu voo por motivos idiotamente pequenos. Tão pequenos, que se fossem em um dia comum não passariam de acasos. Mas logo hoje, eles se juntaram, como uma bola de neve, me dando uma rasteira bonita. Para começar, acordei atrasado, meu celular simplesmente não despertou. Acordei assustado, correndo para sair de casa, entrei no carro e ele não ligou. Hilário, não? Pedi um taxi, que chegou rápido. Pensei que minha sorte havia mudado, até ver o transito. Quilômetros de carros parados. Desci do taxi, agradecendo e pagando ao motorista. Corri ofegante por várias quadras, carregando minha mochila e mala de mão. Chegando ao aeroporto, quase fui atropelado por um idiota qualquer. Usava fones que ampliavam fortes batidas. Consegui ver quando ele franziu a testa e tirou os fones. Ele olhou de relance na direção minha direção antes de virar o rosto. E seguir seu caminho. Já estava estressado quando adentrei ao lugar. Corri, corri e corri. E no fim, cheguei a fila de embarque, só que dez minutos atrasado.

— Lamento, senhor — Diz uma das atendentes, disfarçando um suspiro. — Não há nada que possamos fazer, a não ser colocá-la em um voo mais tarde. 

—Tudo bem. — Digo suspirando.

— Você está com sorte — Diz depois de um tempo, balançando as mãos no ar. — Posso colocá-lo no voo de 10h00. Assento 18A. Janela.

Acho que não tenho muitas alternativas.

— Chega que horas? — Pergunto por fim.

— Chega 10h00 de amanhã — Diz a atendente. — Daqui a aproximadamente 24 horas.

Merda.

— O embarque começa neste portão às 9h45 — Comunica a atendente, entregando-me vários papéis organizados num pequeno envelope. — Tenha um excelente voo.

Olho a volta. Pessoas circulando apressadamente, umas mais que outras. Caminho até uma das longas filas de cadeiras desconfortáveis, sentando em seguida. Só bastava ligar para meu hyung, avisando que havia perdido o voo. Coisa que ele claramente já sabia, pois era meu treinador, ou seja, também estava indo para o Brasil.

―Jungkook, não fale nada. ― Disse ele instantaneamente após atender. ― Só quero saber se conseguiu outro voo.

― Sim hyung... ― Digo sentindo o peso da decepção em sua voz. ― Chego daqui a 24 horas.

―Aish... tudo bem. ―Disse ele. ― Não quero saber o motivo do atraso, apenas quero que saiba que seu hyung está muito decepcionado! Aish Jeon, sabe como me esforcei para te colocar no acento ao lado se seu ídolo supremo? Aliás, foi ele que me ajudou a convencer o chefe da delegação não te expulsar pela indisciplina. Não sabe como estou arrependido de não ter dormido em casa essa noite... nada disso aconteceria se eu estivesse com você.

―Desculpa hyung...

― Não quero que isso se repita, ok? Quando chegar estarei te esperando. Não podemos perder tempo, por mais que que seja uma competição individual, ainda temos que uni-los para a competição em grupo.

― Eu conheço a maioria deles hyung. Eu, Yoongi e Hoseok competimos juntos ano passado no mundial. ― Digo simplório.

― Entretanto, não conhece o Jimin e o Taehyung. ― Ouço um riso do outro lado da linha. ― E sei que deseja conhecer o Taehyung na mesma intensidade que quer uma medalha.

— Eu sei — respondi levemente corado, o cortando— Você já falou isso.

— Vai dar tudo certo — Disse.

Suspiro.

— Então a culpa é sua se alguma coisa acontecer.

— Se acontecer o quê, por exemplo? — Perguntou preocupado.

— Tipo se o avião cair ou alguma coisa assim — Digo sem nem saber por que dizia aquilo. Estava chateado, frustrada e com medo; é assim que uma frase dessas acaba saindo.

— Não fale isso Jeon Jungkook! — Disse— Vai dar tudo certo. — Repetiu. — Sempre ficamos nervosos ao conhecer alguém que admiramos, é normal ficar com medo.

— Ligo quando chegar amanhã — Digo ao telefone com a voz um tanto fraca. — E, hyung... desculpa, tá? Foi sem querer.

Desligo o telefone. Esse era oficialmente meu desastroso início olímpico. Merda, lutei tanto para conseguir isso.

Existe uma equipe que apoia e trabalha junto, mas quem faz a diferença é você, que é quem tem mais controle sobre o que está acontecendo. É você que acorda cedo, vai lá e faz acontecer. E se você seguir assim e tiver esse tipo de pensamento, vai estar um passo à frente de todo mundo.

E foi assim que consegui uma vaga para representar a Coreia nas olimpíadas. Quando li “Jeon jungkook” na lista de selecionados, só consegui chorar e pular. Era certamente um grande feito para uma pessoa de dezenove anos.

Um órfão até os quatorze anos.

No orfanato, eu tinha que levantar cedo todo dia. Tinha horário para acordar e para dormir. Depois, quando virei atleta, não tive dificuldade para seguir essa rotina. Agora, quando eu posso, durmo até mais tarde. Meus amigos me chamavam de Kook e a gente adorava brincar. Muitas das brincadeiras da época tinham a ver com as modalidades do atletismo que, eu nem sabia o que era.

Era muito difícil acreditar que tudo aquilo estava acontecendo comigo. Eu era muito pequeno. Vivia com a minha família e, de repente, tive que ir para um lugar cheio de gente. Se eu chorasse, não tinha ninguém para abraçar. No começo, eu não me enturmei com ninguém. Até hoje sou uma pessoa muito reservada. Mas quando dei por mim, percebi que aqueles meninos eram a minha nova família e tive que me unir a eles. Igual a filhotinhos. Quando são pequenos ficam todos juntinhos para se protegerem do frio. Éramos assim também. Nós, os pequenos, nos juntávamos para nos proteger dos mais velhos que queriam nos maltratar. 

No orfanato tinha uma escala de trabalho. Um dia eu cuidava da horta, regava as flores. Outro dia, ajudava na cozinha, com a louça. Volta e meia também lavava o banheiro. Aos sábados, os meninos maiores podiam jogar bola. Os menores não. Então, a gente ficava brincando. Eu subia em árvores, dava piruetas. Os mais velhos sempre implicavam comigo, meu irmão – que é cinco anos mais velho do que eu- me defendia. Quando ele saiu do orfanato, tratou logo de arrumar um empego e voltou para me tirar de lá. 

Logo depois, Jin conseguiu trabalhar como treinador  no ginásio que eu treinava, já que ele sabia tanto de ginastica quanto eu. Com o passar do tempo fomos crescendo juntos, em todos os aspectos. Nossa carreira estava decolando. Compramos uma casa com o nosso dinheiro. E eu tinha uma Olimpíada para competir e meu irmão estaria lá, como meu treinador, dando todo o suporte que eu preciso.

Só que agora ele estava puto por eu não estar com ele e a delegação. E eu estou me matando por isso. Por ter que embarcar sozinho em um voo de 24 horas, podendo ter me sentado ao lado do meu ídolo, Kim Taehyung. Merda. Como eu queria estar ao lado dele nesse minuto. Será que conversaríamos sobre o tempo? Não, muito clichê. Talvez sobre a competição, suas inseguranças e medos? Hm, acho que não. Ele me emprestaria seu fone para que pudéssemos ouvir uma música qualquer, juntos? Bem, não sei. Sua cabeça precisaria do meu ombro para sustenta-la? Eu poderia alisar aqueles lindos cabelos? Ouvir sua respiração tão perto do meu pescoço, me fazendo arrepiar e, deseja-lo ainda mais?

―Não custa sonhar Jungkook. ― Murmuro.

XxX  

As nuvens começam a se aproximar e o avião vai baixando lentamente no céu de prata. Sento uma onda inconsciente de alívio quando vi o solo, mesmo que ainda esteja tão longe que só possa ver os campos como pedaços de retalho e prédios sem formas exatas, além dos traços apagados das estradas que mais parecem linhas de cor cinza.

Olho para a janela para acompanhar a descida, tentando afastar uma onda de pânico; não é medo da aterrissagem em si, mas de tudo que começa e termina com ela. O solo se aproxima rapidamente, fazendo com que tudo — as formas indefinidas lá embaixo — fique claro. Fico observando a cidade chegando mais perto e seguro o cinto de segurança com força, como se chegar fosse tão ruim quanto um acidente.

As rodas tocam o chão e quicam uma vez, duas, e a velocidade do pouso faz com que o avião deslize sobre a pista, impulsionando os passageiros para a frente, como uma rolha que acabou de estourar, em meio ao vento, aos motores e ao som dos freios. 

Chegando ao terminal, vejo a rampa sendo alinhada ao avião, que se coloca graciosamente na posição correta e treme de leve ao estacionar. Escuto o som dos passageiros pegando suas bagagens, ainda sem me virar.

Quando me levanto, ajudo rapidamente a senhora que passou o voo todo tagarelando ao meu lado, ignorando as pessoas impacientes atrás. Pego a mala para ela e espero pacientemente que se ajeite.

— Obrigada — Agradece ela, sorrindo. — Você é tão bonzinho. — Começa a andar, mas para, como se tivesse esquecido alguma coisa, e olha para ele de novo. — Você lembra o meu marido — diz.

 Balanço a cabeça, mas a mulher já está se virando para ir embora com passos curtos, no mesmo ritmo do ponteiro dos minutos num relógio. Quando finalmente está de frente para o corredor, começa a andar e me deixa para trás.

— Espero que tenha sido um elogio — digo meio sem graça.

A fila da alfandega continua se movendo. Quando chega a minha vez, praticamente corro para a janela de vidro e jogo o passaporte pela pequena abertura.

— Trabalho ou turismo? — Pergunta a mulher enquanto olha o passaporte.

Quando saio da área de bagagens e vejo um mar de gente atrás de uma corda preta— pessoas segurando cartazes, esperando por amigos e família, meu coração fica apertado.

O saguão é enorme e tem dúzias de esteiras com malas coloridas, e, ao redor, há centenas e centenas de pessoas indo em todas as direções, procurando alguma coisa: pessoas, caronas, direções, coisas perdidas e encontradas. Ando em círculos, com a bagagem que parece pesar uma tonelada, a camisa grudando nas costas e o cabelo no rosto. Há crianças e avós, motoristas e guardas, um cara com avental de um restaurante e três japoneses em vestes vermelhas. Um milhão de pessoas, mas nada de Jin.

― Jungkook! ― Ouço meu nome ser digo em meio à multidão. ― Atrás de você, idiota!

Giro meu corpo, encontrando Jin segurando uma placa com meu nome.

― Jin Hyung! ― Digo o abraçando. ― Como é bom te ver!

Ele ri.  

―Vamos logo kook, o carro está esperando. 

Então, sem ter mais o que fazer, finalmente sai pelas portas automáticas e encontra a neblina cinzenta do Rio de Janeiro, sentindo-se contente pelo sol não ter tido a audácia de aparecer naquela manhã. 

XxX

Quando o prédio da delegação coreana entrou no meu campo de visão me senti ansioso. Toda a Vila dos atletas era incrível, entretanto saber que uma das instalações era da sua nação e mais, o seu nome estaria na porta de algum quarto... era uma sensação gostosa e ao mesmo tempo trazia medo, seguido de um frio na barriga.

Para melhor, ou piorar, o meu amor platônico estava lá dentro. E cara, eu estava pirando.

― Calma, ele não morde... Taehyung é um amor de pessoa― Meu irmão fala ao entrarmos no elevador.

Lentamente a grande caixa de metal moderna nos leva até o quinto andar.

―O problema não é esse. ― Digo segurando minhas malas.

― E qual é então?

―Eu. Eu mordo. ― Sou atingido por um tapa no meu ombro. ― Aí, hyung!

―Pare de falar essas coisas criança... você nem sabe se ele é gay...

Me limitei a assentir. Essa era minha preocupação. Não sabia qual a orientação sexual do meu crush. E isso era torturante. 

―Me dê uma das malas― Jin falou ao sairmos no elevador.

Caminhamos pelo corredor branco, até encontrar a porta de número 555.

― Aí vou eu... ― murmuro.

Jin pareceu ouvir, pois riu levemente, retirando a chave do bolso da calça.

O apartamento era simples e estranhamente espaçoso. Afinal, deveria comportar parte da delegação de ginástica artística. 

―A psicóloga, o fisioterapeuta e os outros treinadores ficaram no apartamento ao lado. ― Diz levando minhas malas até um dos três quartos. ― Eu vou ficar aqui com os atletas.

―Você vai ficar no meu quarto? ― Pergunto já sabendo a resposta.

― Aigoo, não seja ingrato!― Diz me lançando um olhar mortal. ― E olha o respeito com teu hyung!

―Desculpa! ― Digo levantando as mãos em sinal de rendição. 

Ouço uma batida de porta e pisadas vindo em direção ao quarto. Logo depois Yoongi e Hoseok entram animados.

―Jeon! Pensei que o Jin hyung fosse te matar no aeroporto ―  Grita Hoseok ao me abraçar. ― Como é bom te ver vivo! 

―É bom estar vivo. ― Digo. ― Yoongi hyung, é bom vê-lo.

― Digo o mesmo. Já conheceu os outros? 

Nego com a  cabeça.

―Vou deixar você a vontade. ― Jin disse saindo do quarto. ― Mais tarde eu volto.

Então Hoseok começou a contar sobre tudo que viram enquanto eu não estava. Simplificando, a academia era gigante, a piscina refrescante e o ginásio magnifico.  Estávamos reunidos na sala do apartamento quando ele chegou. Estava usando roupas claras, que o deixava mais jovem ainda. Ainda não havia notado minha presença, já que estava em uma conversa animada com quem acredito ser Park Jimin. 

―Oi. ― Disse Jimin quando me notou. ―Jungkook certo? ―Fez uma pausa seguida de uma risada. ― O atrasado.

Por deus.

―É bom conhece-lo. ― Digo tentando ser o mais simpático possível.

Ele ri.

―Pensei que ficaria irritado pelo apelido. ― Kim Taehyung fala pela primeira vez. Aquela voz rouca, misturadas com a minha visão de seu corpo eram extremamente excitantes.

―Não. ―Menti. ― Sou Jeon jungkook. ― Estendo a mão em sua direção, ele a pega sem receio. Sua pele é suave e fria. Frio. Era exatamente complementar ao meu corpo ardente.

―Kim Taehyung. ― Largo sua mão, e logo sinto falta do contraste pele a pele.

―Posso te chamar de hyung? ― Pergunto em quando os outros estavam em conversa aleatórias sobre o que fazer.

―Claro. Afinal sou mais velho que você.

Na realidade, meu desejo era chamado-lo de daddy. O inverso também era válido.

―Ok, Tae hyung.

Ele sorri. Aquele sorriso quadrado que tanto sonhei em ver de perto.

―Então, vamos conversar um pouco. ― Disse Hoseok.

―Sobre? ― Jimin quis saber.

―Acho que seria legal se tentássemos nos conhecer melhor, afinal não tivemos tempo para tal. ― Palpitou Taehyung.

―Verdade. ― Digo.

―Já sei, vamos fazer algo divertido. ―Disse Yoongi, arrancando olhares duvidosos de Hoseok. ― O básico sobre cada um já sabemos. Seria legal se contássemos algo mais íntimo, talvez um segredo.

―Algo que ninguém saiba. ― Concluiu Jimin animado.

Fitei meu amor platônico de longa data, vulgo Taehyung. Ele estava sério, talvez estivesse pensando sobre o que dizer.

―Quem vai começar? ―perguntou Jimin. Nos cinco nos encaramos. ―Nenhum voluntário?  

―Eu vou! ― disse Hoseok levantando a mão. ―Um medo... ― Abaixou a cabeça pensativo, até que achou a resposta. ―Montanha russa. Eu tenho um puta medo de montanha russa.

―Eu tenho medo de cair durante uma das competições, estragando assim as chances da nossa delegação. ― Disse Jimin sem mais delongas.

Era um medo que eu entendia bem.

―Eu tenho medo de avião. ― Disse Yoongi, arrancanco risadas de todos. ― Vocês não sabem quantos calmantes eu tomei para suportar 24 horas naquele avião.

―Bem que eu vi. ― Comentou Hoseok. ―Aquilo não era bala, viu? ― Implicou com Taehyung.

― E ainda tem a volta... ― Comentou Kim Taehyung.

―Nem fale, por favor. ― Disse Yoongi. ― Sua vez Jungkook.

―Eu tenho medo de...decepcionar meu irmão. ― Digo fitando o chão.

―Agora só falta você Tae. ― Diz Jimin.

―Aish, não lembro de nada. ― Disse coçando a cabeça.

―Pode ser algo que te deixou com medo. ― Digo recendo um olhar de aprovação dos demais.

―Certo. ― Diz parecendo lembrar de algo. ― Dois meses antes do início das competições olímpicas em Londres, meu pai quase morreu. Ele teve um infarto e precisou colocar seis pontes de safena no coração. Enquanto eu andava até o hospital, chorava sozinho. Era um desespero tão grande... e na véspera dos jogos. Era a competição mais importante da minha vida, mas eu estava me lixando para ela. Estava preocupado só com o meu pai. São as lições que a gente tem na vida. A gente acha que uma medalha olímpica é a coisa mais importante do mundo e, de repente, vê que aquilo não é nada comparado a saúde de uma pessoa da sua família, como seu pai. Foi um momento de aprendizado também. Meu pai acabou ficando bem, foi inclusive para os jogos comigo. Depois que ganhei a medalha, me perguntaram o que pensei no pódio. Eu nem me lembro direito do pódio. Só me lembro depois: o jantar, a família toda reunida comemorando. Foi o momento magico dos jogos. Talvez o momento mais legal da minha vida.  

Hoje à noite Kim Taehyung me mostrou alguns flashes do garotinho escondida atrás da fachada de atleta maduro e consciente. Talvez eu consiga trazê-lo um pouco mais para fora. Talvez, se eu o beijar... Não, nada de beijo. Não sou um príncipe, e isso não é um conto de fadas.

— Jungkook? — Kim Taehyung sussurra mais tarde da noite.

— O quê? — Sussurro de volta.

— Pode ficar? Quero ficar acordado mais um pouco. — Diz quando os outros se retiram para os quartos, alegando cansaço.

Sem pensar, acaricio os ombros dele, e ele se aproxima mais de mim.

— Posso.

XxX

Quando acordei, tudo estava embaçado. Assim que abri os olhos, levei um braço acima do rosto para cobrir o rosto e bloquear a luz ofuscante do sol. Mas vários segundos se passaram antes de conseguir se lembrar de onde estava — no sofá.

Esfreguei os olhos, levantando o tronco com o apoio dos cotovelos, fitando o espaço ao meu lado onde Kim Taehyung caíra no sono na noite anterior e que agora já não passava de uma marca com o formato de seu corpo.

Não tinhamos planejado dormir ali, mas, à medida que a noite se aprofundava e nossas vozes ficavam mais suaves, cansadas pelo calor e peso das últimas horas, nos viramos deitados lado a lado, os olhos fixos nas estrelas enquanto conversavamos.

Taehyung adormeceu primeiro, a cabeça despencando para o lado, fazendo os cabelos caírem por cima dos olhos, e sua expressão parecia tranquila de uma forma que não era quando estava acordado. Os cabelos tinham um leve aroma de hortelã, e escutei sua respiração, observando seu peito subir e descer numa respiração curta.

Estando ali daquela maneira, tão perto dele, precisei lembrar a mim mesmo de que aquilo não era real. Não era um encontro. Não era romantismo; praticidade apenas. Eram só duas pessoas tentando fazer aquela noite passar, nada mais além disso.

Afinal, as horas não necessariamente resultavam em uma soma assim. O tempo não tinha automaticamente significância alguma. Há um limite do que se pode esperar de uma única noite.

Ainda assim, não esperei que ele fosse desaparecer por completo. Era verdade que não tinham feito planos para a manhã, nenhuma promessa para o dia seguinte. Não compartilhamos nada além de um mesmo teto. Mas, por alguma razão, parecera mais que isso.

Fiquei de pé, ainda apertando os olhos por causa da claridade da manhã, e andei um pouco até o peitoril da sacada. À luz do sol, a Vila parecia inteiramente diferente. O céu à direita parecia tingido de laranja, e, abaixo dele, quilômetros de terra se estendiam.

XxX

As competições começaram tão rápidas quanto terminaram. Acabamos conseguindo apenas a medalha de prata na competição em grupo, pela diferença de alguns décimos para a grande campeã. Taehyung conseguiu novamente o ouro no individual geral. Foi magico presenciar, agora ao vivo, esse momento.

Hoje começaria as provas de aparelho para os selecionados. Acabei pegando o cavalo com alças, pois minha pontuação nesse exercício foi a melhor. Estava sendo cotado como o favorito. Era um aparelho sem pausas. Onde não há tempo de pensar. Pensou, desconcentrou, caiu. Requer precisão extrema e exercícios baseados na sustentação do corpo. Requer muita flexibilidade nos ombros.

Hoseok e Taehyung estavam na final do solo.  No solo, o ginasta faz piruetas, que é o giro no mesmo eixo, sobre um tablado. Executa mortais, que são giros no ar. Realiza a combinação dos duplos mortais com as piruetas. Faz as estrelas, os elementos estáticos e os exercícios e de flexibilidade. É um dos meus preferidos, juntamente com o salto e o cavalo com alças.

Jimin conseguiu com folga a final nas argolas. Ele era incrivelmente bom. Veja bem, a argola é, disparado, o aparelho em que o ginasta precisa usar mais a força. E aquele baixinho musculoso sabia bem dar uma aula nas execuções dos exercícios, onde o ginasta tem, ao mesmo tempo, que fazer força e se concentrar, cumprindo a marca de 2 segundos a cada exercício.

Yoongi estava representando a coreia no salto, onde o ginasta corre e salta sobre um trampolim que tem uma mola. Ele projeta o atleta para cima da mesa de salto. O ginasta, então, apoia as mãos sobre a mesa, dando impulso para fazer um duplo mortal, que é como se fosse uma cambalhota no ar. Depois, cai em pé, no colchão. Se conseguir chegar ao colchão com os dois pés juntos, sem nenhum passo, não tem descontos na pontuação. Yoongi era um deus no salto.

Tento encontrar a sanidade e esfrego a cabeça. Faltava pouco para o início das competições finais em cada aparelho. A maioria dos atletas já estavam se encaminhando para o ginásio e os poucos que permaneciam no vestiário encontravam-se quase prontos.

— Você está bem? — Taehyung pergunta.

— Sim. — Não. Os pensamentos oscilam na minha cabeça como ondas no mar. Cada pensamento é mais difícil de segurar do que o anterior.

— Está tudo bem. — A voz dele sai macia. — Você está pensando demais. Relaxa.

— Eu sei — digo rápido. — Mas a ansiedade é inevitável. 

—Verdade — ela responde. — Às vezes penso que as pessoas dão valor exagerado para a premiação.

Faço que sim com a cabeça, mas o pensamento volta à tona: eu estava em uma final olímpica. Eu lutei para isso a minha vida toda; que inferno, eu lutei muito. E esse homem ao meu lado, nesse iluminado vestiário deixava tudo mais apavorante. Mas gosto demais. Eu gosto dele.

O que eu realmente gosto é como sua pele macia brilha sob a luz, como é suave sob os meus dedos quando o toco repentinamente. Kim Taehyung lambe os lábios, e a minha cabeça se inclina na expectativa. Sua boca agora está brilhando, e eu memorizo a forma perfeita enquanto imagino os lábios dele roçando nos meus.

— Me beija — ele diz.

Minha camisa se levanta um pouco mais quando  ele alisa a pele nua da minha barriga. Ele se inclina mais para perto de mim, e eu imediatamente fico impressionado com o tamanho do corpo dele. Meu sangue formiga de excitação.

— Você é macio — ele sussurra.

Enrolo os dedos no cabelo dele e trago seu rosto para perto.

— Você fala demais.

— É verdade — ele concorda, e seus lábios finalmente encontram os meus.

No início, é um beijo inocente. Lábios suaves se encontrando, uma pressão delicada que gera um fogo lento. O tipo de beijo que você dá em alguém que significa alguma coisa. Não é o tipo de beijo a ser desperdiçado com qualquer um. Mas, ainda assim, eu o prolongo, sugando seu lábio inferior e tocando o rosto macio.

Por um segundo, eu sinto. Vou me permitir fingir que o Taehyung se importa comigo. Que eu sou digno desse tipo de beijo, e, bem quando sinto a emoção ficar mais forte, ganhar impulso, eu me afasto.

Kim Taehyng engole em seco e me encara. Pressiono a boca na dele inocentemente mais uma vez, depois deslizo a língua entre seus lábios. Faíscas chiam no ar enquanto abrimos a boca, famintos. É uma tempestade de relâmpagos de beijos ardentes e sons de êxtase. Cada um se alimenta do outro, apenas aumentando a tempestade — uma nuvem carregada à beira da explosão.

Minhas mãos passeiam pelas costas dele, agarrando a bainha da camisa, ansiosas por explorar os músculos gloriosos ali embaixo. O mais velho entende e acelera o passo. Um ar mais frio espeta as minhas costas quando ele desliza um dos braços sob mim e puxa a minha camiseta sobre a cabeça.

Ele para por um segundo. Os olhos hesitantes encontram os meus, e eu rapidamente recupero os lábios dele. Ele responde, mas pouco. Está pensando de novo e, se seguir os pensamentos, vou perder a chance de ir mais alto.

Faço uma trilha descendo pelas costas dele — um toque leve, uma dança que atravessa até a lateral da cintura, sobre o quadril, e, bem quando os meus dedos circulam para baixo, o Kim geme e volta ao jogo. Minha boca se curva para cima sob o beijo.

Adoro o som do gemido dele. Adoro como as mãos dele memorizam minhas costas e ousam descer até minhas coxas. Adoro como nós dois deixamos para trás os pensamentos.

Nós rolamos no banco desconfortável, e eu ajudo o Kim a tirar a camisa. Em segundos, nossas pernas se entrelaçam. Minhas mãos apertam os músculos dele enquanto ele faz uma trilha de beijos ao longo da minha nuca.

Nós perdemos o controle — tão rápido que saímos da fase de flutuar para a fase de voar. Inspiro e tudo que sinto é o cheiro de Taehyung: o aroma doce de hortelã.

A mão dele desliza para envolver o meu rosto, a palma quente tocando minha bochecha. A cabeça dele segue, e nós dois arfamos em busca de ar quando ele encosta a testa na minha. Ele está parando, e eu não gosto de parar.

— Você é lindo — ele murmura. Suas mãos ainda exploram; os lábios ainda exercem uma pressão delicada sobre a minha pele. Talvez ele não esteja parando. Talvez ele esteja... o quê? O que ele está fazendo?

— Chega de falar. — Não quero falar. Quero ir mais longe.

Taehyung afasta o cabelo do meu rosto, e meu coração se agita.

— Eu gosto de você — digo em seu ouvido. — Eu gosto de você, Taehyung.

Todos os movimentos param quando os cantos dos meus lábios se inclinam para cima, formando um sorriso tímido. Eu confessei. Falei que gosto dele...Sinto todo o ar escapando dolorosamente do meu corpo.

— Precisamos ir. — Diz e eu não acredito em suas palavras. Porra, Kim Taehyung, meu amor platônico e ídolo, agora sabia dos meus sentimentos por ele. Entretanto sua reação fora apática. Não mostrava nada. Nada.

Agarra a camisa e corre para a porta. O seguro com mais força. Seus olhos perdem a névoa e correm pelo meu rosto, buscando o problema.

— O que foi?

— Taehyung hyung, eu... — começo a dizer, mas sou interrompido quando Jimin chega nos chamando.

— Pensei que estivessem perdidos. Já vai começar! — Grita.  

Partes de mim querem acariciar o vermelho quente que aparece na pele bonita quando olho para ele com desejo. Essas mesmas partes me imaginam colocando uma das mãos no queixo de Taehyung e levantando sua cabeça para um beijo. Essas partes, no momento, estão tentando colocar “lógica” no meu cérebro. Eu adorei beijar os lábios carnudos dele e adorei seus gemidos suaves. Eu podia beijar o garoto até esquecer de tudo. Entretanto havia uma competição agora e esse seria o meu foco.

Precisava pensar no Jin hyung, em tudo que ele fez para que eu estivesse aqui hoje. O esporte me abriu as portas para uma vida melhor, para mim e para o Jin. Hoje, cada centavo que eu ganho não é meu. É de nos dois. Porque foi ele que na ausência de nossos pais me deu apoio, base e tranquilidade para ser quem sou. Sou uma pessoa feliz, satisfeita. Sinto orgulho do que eu faço, sinto prazer, sinto emoção. Hoje me sinto um vencedor, independente do pódio e medalha. Todo mundo pode ser vitorioso. Basta querer.

Sentado na cadeira vendo as apresentações, admiro a graciosidade dos movimentos de Kim Taehyung. Uma rede de precisão, olhares e entendimentos silenciosos. A intensidade graciosa no modo como ele se movimenta. A força dos ombros largos e a energia que explode do corpo dele quando ele salta no ar. Taehyung é uma força em si. Uma força que me atrai. Uma atração que provoca calor no meu corpo. Ele tem um toque simples que é forte o suficiente para me manter firme, mas ao mesmo tempo suave o suficiente para me dar arrepios. Céus, como Kim Taehyung ficava gostoso com aquela roupa colada, que por mais que seja igual a minha, em seu corpo ficava algo pecaminoso. Mostrando toda a vitalidade daquele corpo magro, porém musculoso e bronzeado. Eu só queria foder ele até perder as forças.

No final, acabei ganhando o ouro no cavalo com argolas. Vibrei muito quando dei o salto, terminando minha serie de maneira cravada e limpa. Corri direto para os braços magros de Jin, que estava chorando. Fui abraçado por todos, até por Taehyung.

― Você fez bem... ― ele sussurrou em meu ouvido.    

Estou me apaixonando por ele. Muito. E estraguei tudo no instante em que o toquei. Como posso ser tão burro?

―Obrigado... ― Digo― E me desculpa.

— Pelo quê?

O olhar dele faz com que eu me sinta como se estivesse de pé na frente de um pelotão de fuzilamento, esperando minha sentença.

— Por... — Pelo que quero pedir desculpas? Por tirar a blusa dele? Tocá-lo? Senti-lo? De todas as coisas pelas quais posso pedir desculpas na minha vida, sinceramente, nenhuma dessas estaria na lista. — Por me aproveitar de você.

O canto direito da boca de Taehyung se curva para cima, depois para baixo, depois volta devagar para cima.

— Nós não transamos.

O calor sobe pelo meu pescoço, e eu me concentro nos sapatos.

— Eu sei.

Parte de mim agradece por ele ter ido embora naquele instante. No momento em que meus lábios encontraram seu corpo, rapidamente nos tornamos um vulcão em erupção. Quente e rápido. Muito rápido.

— Então, por que está me pedindo desculpas?

Reúno coragem e encaro a Taehyung.

— Você foi embora. Correndo. E o que eu fiz... você saiu chateado. Eu passei dos limites, e o modo como você foi embora... me desculpa.

Ele pigarreia.

— Jungkook. — Estica o meu nome, como se quisesse se dar um tempo para pensar. — Fui eu que me aproveitei de você.

— Não. — Digo convicto.

Os lábios dele se encolhem e se retorcem para o lado enquanto ela balança a cabeça.

— Não. Eu me lembro muito bem de te pedir um beijo.

— E nesse momento eu devia ter ido embora.

— Eu não queria que você fosse.

— Mas eu devia. É isso que um cara honrado faz. Especialmente quando ele gosta da pessoa.

Ele me aponta um dedo.

— Viu, é aí que você está confuso. Você não gosta de mim.

Por que ele está complicando esse pedido de desculpas? Por que ele complica tudo?

— Gosto, sim.

— Não gosta, não. Você está dizendo a si mesmo que gosta de mim.  

— Isso não faz sentido.

— Você se sente culpado por ficar comigo, por isso está tentando se sentir melhor se convencendo de que gosta de mim, mas não gosta.

— O qu... — Quanto mais ele fala, mais a minha mente fica bagunçada. — Eu gosto de você. Eu. Gosto. De. Você. Às vezes você me leva à beira da insanidade, mas você mexe comigo como ninguém. Quando você ri, eu quero rir. Quando você sorri, eu quero sorrir. Que inferno, eu quero ser a pessoa que faz você sorrir. E você é lindo. Não, você é sexy, e agora a pouco foi...

— Para. — Taehyung levanta a mão. — Você é um cara legal e não quer achar que poderia ter feito alguma coisa ruim, certo? O que nós fizemos não foi ruim. Não foi saudável, mas não foi ruim. Não tenta interpretar.

Os lindos olhos escuros de Taehyung estão me implorando. Ele quer que eu concorde.

— Se você realmente se sente assim, por que fugiu? 

— Não posso fazer isso! — E sai correndo pelo corredor vazio.

A raiva surge dentro de mim e me domina. Não sou uma pessoa de perder, e não vou perder esse garoto. Ele é rápido, mas eu sou mais. Eu o agarro pela cintura e a faço olhar para mim. Então enfio os dedos no cabelo dele e lhe dou um beijo.

Ele tem gosto de hortelã novamente. Não me importo se ele não me beijar de volta. Levo os lábios até os dele e abraço seu corpo. Eu amo o Taehyung, e ele precisa saber disso. Precisa saber na cabeça dele. Mais importante, precisa saber no coração.

Seus dedos tocam levemente o meu pescoço, e eu saboreio seus lábios quentes. Ele responde beijando meu lábio inferior de um jeito hesitante. Mas então inclina a cabeça para trás e se entrega ao beijo. A língua dele se encontra com a minha, e eu juro que sinto o mundo inteiro explodindo à nossa volta. Suas mãos se enroscam no meu cabelo molhado, e Taehyung pressiona o corpo contra o meu. Acaricia as minhas costas, e os meus dedos correm famintos pelos contornos da sua cintura, depois descem mais, acompanhando as curvas das suas coxas. Não vou soltar esse garoto. Não vou.

Ele ofega em busca de ar e puxa minha cabeça para mais perto do seu corpo. Meus lábios formam uma trilha de beijos pelo seu pescoço, e eu experimento cada sabor delicioso da sua pele. Suas mãos deslizam para o meu peito, se fecham, e ele me empurra para longe enquanto dá um passo para trás.

—Eu tenho medo Jungkook...

—Medo de perder quem ama? — Ele arregala os olhos com a minha constatação.

— Como sabe?

—Lembrei do que você disse... do seu pai.

Ele suspira.

—Sim. — Disse ele tristonho. — Sei que é uma idiotice. O que aconteceu com ele pode acontecer com qualquer um, mas sei lá.

—Eu entendo. Não é idiotice alguma. — Digo calmamente. —Eu só preciso que confie em mim. 

— Eu já confio. — Disse se aproximando do meu rosto. — Acabou — ele sussurra na minha boca ao escutar a música que anuncia o fim das competições.

Separo os lábios na expectativa do beijo.

— É, acabou.

—Meninos— chama Jin hyung. — Um pouco mais de espaço entre vocês e muito mais atenção. É hora de vocês entrarem para receber a medalha. Yoongi conseguiu com sobra a medalha de ouro e os outros conseguiram prata. — Diz caminhando até nos dois. — Estou tão orgulhoso de todos vocês!

 Eu solto o ar e coloco a mão no ombro de Jin, vendo Taehyung rir ao meu lado. Eu queria que ele me beijasse. Precisava que ele me beijasse.

No sistema de alto-falantes, meu nome é anunciado, e Taehyung me leva até a escadaria lateral no palco. As pessoas gritam e berram, felizes por estarem presenciando uma premiação olímpica.

Meus olhos se arregalam quando eu percebo como posso conseguir exatamente o que eu quero. Paramos em frente a escada e eu viro para ele.

— Me beija. Não um selinho. Um beijo de verdade.

Kim Taehyung olha ao redor, em direção à arquibancada cheia, com centenas de pessoas.

— Como é?

— Eu, Jeon Jungkook, desafio você a me beijar na frente de todas essas pessoas.

Os olhos do Taehyung se iluminam, e o sorriso quadrado que faz o meu coração tropeçar em si mesmo se espalha pelo seu rosto.

— Você está querendo ser a notícia do dia? E não pense que você pode desafiar sem colocar algo em jogo.

Eu reviro os olhos.

— Ótimo. Eu te desafio a me beijar.

— E se eu te beijar?

— Eu vou usar a minha medalha por duas semanas direto. Sem desculpas.

—Até para dormir? — Ele pergunta maliciosamente.

—Bem, se você quiser que eu use enquanto estivermos no quarto, tudo bem.

Ele ri.

— E quem disse que eu quero estar junto com você, ainda mais em um quarto? — Pergunta tentando parecer sério.

—Aposto que você quer saber como eu fodo bem. — Sussurro em seu ouvido sem pudor, o deixando corado.

Ele envolve o meu rosto com as duas mãos. Seus lábios sussurram contra os meus, e eu anseio que ele me beije. Minha mente choraminga que ele não vai conseguir, mas aí ele mordisca meu lábio inferior. Sua boca se abre, e nós nos beijamos de um jeito faminto.

Entre lufadas de ar, meu nome é chamado como o vencedor. Sinto os lábios do Taehyung virarem um sorriso antes de ele dizer uma palavra:

— Ganhei.

 


Notas Finais


Não teve lemon, mas mesmo assim gostei. Espero que tenham curtido também.
Beijos


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