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História Ombros - Asas


Escrita por: Siena

Notas do Autor


Demorei, sim demorei. Por todo o silêncio que eu já possa ter feito.

Tem musiquinha nas notas finais.

Capítulo 1 - Asas


O céu está tentando me dizer algo.

Algo que me foge de interpretação. Algo que vai além de uma compreensão lógica. O céu está tentando gritar palavras que pareço não conhecer.

Mas independentemente do que ele diga, por não saber do que se trata, carregarei sempre a fé de que seja algo bom. De que o céu traz boas novas, bons presságios.

De que mesmo essa chuva que não para de cair, ela é meramente passageira. De que nuvens vêm e vão.

Ontem havia uma nuvem negra, colossal, assustadora. Teve medo. O escuro não é o seu lugar.

Hoje tudo parecia sem graça. Havia algo de errado, mas não poderia concertar. Porque um assopro meu não pode levar todo um céu encoberto embora - e por mais que eu saiba disso, me culpo por não poder soprar mais forte.

Eu acho triste e ao mesmo tempo bonito como as coisas funcionam aqui - acho que você entende onde é aqui, certo? Pareci carregar as nuvens nas costas, e elas gritam preocupações.

Foi quando um sopro mais forte pareceu chegar e levou uma destas nuvens - uma das muitas nuvens - embora. Mas mesmo sendo apenas uma preocupação a menos - uma de muitas preocupações -, pareceu trazer um imenso alívio.

Mas era notável, meu anjo, era notável. Era notável como as nuvens dificultam o seu vôo. Fui só eu que senti aquele breve alívio, fui só eu.

E depois, as outras nuvens voltaram a falar sobre meus ombros. Fizeram-me esquecer aquele resquício de alegria. Ainda pairam tantas coisas, tantas dúvidas, dores e culpas. Tantas angústias, temores e súplicas.

Eu tento começar a dizer, mas tudo parece tão fora de sentido. É como se os sentimentos atropelassem uns aos outros, na vontade de serem ditos. Estão eles aos montes, amontoados, sobre mim - como as nuvens que pairam sobre nós.

Eles querem vir, querem vir à tona. Querem mostrar o tamanho da preocupação que um mero céu nublado pode me trazer. Querem berrar o mais alto possível todas as letras que nunca digitei.

Todo o silêncio já feito quando sabemos que nossa preocupação pode preocupar quem nos preocupa.

Às vezes só queria deixar claro - como o sol que há de voltar a brilhar por aqui - que há muitas verdades ditas em tom descontraído. Porque talvez soe como algo mundano, aleatório, mas acredite, até o mais natural ato me foi tirado de dentro - é uma amostra da realidade que a derme esconde.

E se meu anjo não pode voar neste dia de nuvens, carregarei-o nos ombros. Eu teria de levá-lo de todo jeito, certo? Deixá-lo para trás não é uma opção.

Não se engane. Não faço por acreditar que seja uma obrigação incômoda. Eu me dei tal obrigação por vontade própria. E faço com vontade. Faço sem reclamações. Pelo contrário, sinto-me bem, sinto-me vivo, nesta posição.

É essa a intenção, não é mesmo? Sentir-se vivo. Os dois. Duas moléculas de oxigênio, cada um. Fundamentais, talvez vitais, para que haja fôlego que leve-as embora - as nuvens.

Espero que saiba que, às vezes posso me silenciar. Às vezes luzes se apagam. São todo aquele amontoado de nuvens tampando o sol. Ele me faz calar. Faz com que eu pense demais. E é esse pensar demais que estou tentando dizer aqui, agora. É esse silêncio que tento lhe contar de forma tão desconexa.

E mesmo antes de as nuvens irem para onde quer que seja, eu voltarei a falar. Porque também sei que meu silêncio não lhe faz bem. Sei que preciso eu mesmo ser fonte de luz para quando você não puder produzi-la sozinho.

Às vezes essa história parece um tanto unilateral, não é? Parece que a única pessoa em necessidade de ajuda é você, meu anjo. Deixo claro então que esta é a mais errôneas das interpretações. Acredite, é algo absolutamente recíproco.

É aquela coisa que não se imagina diferente - cada um de um lado, separados. É aquele prazer imenso em dar um simples bom dia. A pessoa que te faz repensar.

Porque eu não era de dizer muitos sentimentos, não era do tipo que manda todos os possíveis desejos de boas noite. Isso me pareceu por muitos anos uma perda de tempo.

Você me fez ver a diferença que isso faz. Perceber o quanto um “você é mais importante do que pensa” pode mudar o dia e alguém - e como isso é um dogma para mim.

Fez com que eu propagasse isso em mim. Levasse isso para todas as outras coisas que fizesse e pessoas com quem eu falasse. Fez eu perpetuar algo tão bom que você me fez mudar nessa alma tão teimosa.

Saiba, meu anjo, que daria minhas horas de sono por ti. Aliás, já o fiz. Coloco seus problemas acima dos meus, é um fato. Dou meu curto tempo de alguns dias para ti, deixo para depois o que deveria fazer.


"If I could fly. I'd be coming right back home to you
I think I might give up everything, just ask me to

I've got scars even though they can't always be seen
And pain gets hard, but now you're here and I don't feel a thing"

E eu nunca lhe enchi de perguntas, não é? Eu sempre evitei fazê-las. Pensar nisso agora me faz pensar que talvez isso só evidencia ainda mais como o que nos acontece é natural. Não precisei entender todos os seus problemas, todas as suas dores, para lhe estender a mão - e também o coração.

Nós não vivemos no chão, meu anjo, nós vivemos no meio do caminho. Nós colocamos o rosto por cima das nuvens que nos rodeiam para ver o sol - e acho que é isso que nos mantém aqui.

Para não terminar sem um clichê - pois se não há clichê não sou eu - repetirei para que você possa reler isso quantas vezes precisar: você é muito melhor e muito mais importante do que pensa. Não subestime a si mesmo. Lembre-se que se você se for, meu coração irá contigo - e você sabe melhor que eu que quem fica parece sofrer muito mais.



 

E não se preocupe, esquecer os meus problemas pelos seus parece uma terapia melhor que qualquer outra, assim como olhar as estrelas. Afinal, para que eu nasci se não para ajudar?

 

Se não para carregá-lo às estrelas, pois você sabe, “está muito frio lá fora para os anjos voarem”.






 

Aliás, acho que eu não disse te amo nas últimas duas ou três horas.

 


Notas Finais




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