Meses atrás...
Taehyung P.O.V
A caneta esferográfica azul faz um ‘click’. Eu me preparo para anotar os pedidos da mesa 05.
Os clientes, um casal polonês que fala muito pouco inglês, se enrola para fazer o pedido. Eles percebem minha dificuldade para entender e ficam ainda mais constrangidos.
Imediatamente, a imagem da pilha de livros de inglês vem em minha mente. Investi um mês do meu salário pagando o material para as aulas que começam no outono. Assim, espero destruir a barreira da linguagem entre mim e os clientes, para que assim possa melhor atendê-los.
Os poloneses finalmente decidem, mostrando as imagens impressas no cardápio do restaurante praiano. Eu copio os nomes em minha caderneta e mergulha a caneta no bolso do avental à minha cintura.
Assim que me retiro da mesa, meu corpo colide com outro de passagem. Muito focado no pedido dos clientes estrangeiros, solto apenas um “desculpe”, pronto para continuar o caminho até o balcão onde eu penduraria a folha destacada da caderneta em um varal de barbante modesto, pendurado por dois pregos, um em cada ponta da pequena janelinha que dava para a cozinha.
Porém, sinto um aperto desesperado no meu braço direito e eu tento reconhecer o rosto, por trás de roupas muito quentes para o clima e óculos de Sol que dificultavam ainda mais o reconhecimento de sua identidade.
Foi então que, ao retirar os acessórios como em um filme de suspense, seus olhos se mostraram, inconfundíveis a mim.
– TaeTae? – Os seus olhos estavam repletos de lágrimas que, obviamente, não demonstravam a emoção em me ver. Sua expressão indicava tristeza e outro sentimento que, pelo pouco tempo de convívio com ela, não consegui identificar.
Mergulhei a caderneta no avental e, já com as mãos livres, abracei-a.
S/N pousou a cabeça no meu peito mesmo depois de hesitar. Apertei-a mais contra mim, o que resultou em soluços por parte dela.
– Eu sou péssima! – Ela exclamou, meu peito abafava seu choro e os clientes pareciam ignorar o drama da garota, focando em degustar seus pratos.
– Espere um momento, ok? Eu preciso entregar um pedido. – Ela acenou a cabeça afirmativamente, enxugando as lágrimas com o dorso das mãos. – Vem pirralha, senta aqui. – Eu a guio pelos ombros até uma mesa vazia. – É rapidinho.
Minutos depois de pedir ao meu gerente para sair mais cedo, nós nos sentamos nos degraus da escada da minha casa, de frente para o mar.
– Aqui é ainda mais lindo do que você conseguiu descrever nas mensagens. – Observa admirada, os fios de cabelo rebeldes estapeavam seu rosto na medida em que a brisa nos lambia.
– É só uma grande imensidão de água, sua caipira. – Cutuco-a com o cotovelo e ela desequilibra-se por um instante, após, me encara com o nariz enrugado.
– Aish, você!
– Pelo menos eu não leio lemon no celular. – Zombo de um episódio anterior, e ela fecha a expressão.
– E daí? Eu apoio você e o Jungkook sim! E se reclamar, apoio um harém entre vocês dois e o Jimin! – Exclama, superior.
Rio frustrado.
– Da onde você tira tanta fantasia assim? – Toco sua testa com o polegar, recebendo em troca um tapa.
– Pelo menos eu não desapareço como um fugitivo! – Ela enruga o nariz novamente. Isso me afetou. Meu pequeno humor desapareceu, se transformando em uma expressão descontente.
– E o que você queria que eu fizesse? Assumisse a pena de morte? Fizesse minha irmã olhar para mim mais uma vez? E minhas armys? Você acha que elas vão me aplaudir de pé, uhn? Onde está a sua empatia? – A respondo friamente. – Você ficaria do meu lado mesmo se o país inteiro estivesse me apontando? Eu não acredito nisso! – Suspiro com sarcasmo.
Ela se levanta do meu lado.
– Você está sendo egoísta! – Rebate, aumentando o tom da voz. – Uma pena de seis anos para alguém que matou uma pessoa? É justo! Fãs repudiarem sua ação? Aceitável. P-pessoas que se importam com você te deixarem por que você foi homem o bastante para assumir os seus erros? Impensável. Falta empatia da minha parte? Quem foi a única pessoa com que você entrou em contato durante esses meses? Quem é saiu do velório dos pais logo depois de perder o emprego e veio direto para cá, por que pensou que poderia contar com você para tirar o peso do coração?
Eu me encolhi enquanto ela cuspia palavras.
Então é por isso que ela estava chorando quando viu... Mas o que exatamente aconteceu? Agora eu me sinto empático. Desejo diminuir a dor dela.
– Eu não sabia... – Admito cabisbaixo, agora com um tom quase inaudível.
– Pois é... Não sabia. – Ela suspira, voltando a se sentar do meu lado.
– Desculpa por não ter perguntado antes e ter te enchido com meus problemas. Eu não tinha motivos para tê-lo feito.
Ela inspira o ar profundamente, dando um sorriso amarelo em seguida.
– Por que está falando tão formalmente? – Ela ameaça, com o rosto perto do meu em uma expressão horrenda que ela pensa que me amedronta.
– Não foi minha intenção, vossa senhoria. – Brinco, fazendo uma reverência.
– Aish! Tão engraçado! – Ela menciona me bater, mas eu agarro seu pulso com força, propositalmente. – Aigoo!
– Me prometa uma coisa. – Faço uma pausa, levantando o dedo indicador. S/N me olha fixamente, revezando entre um olho e outro. – A partir de agora, você não vai me abandonar.
Com uma resposta rápida que me az sentir o estômago pesado, ela diz:
– Prometo.
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