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História On Call - Capítulo Único


Escrita por: yourhighness

Notas do Autor


Olha quem se meteu em mais um concurso e está postando na data limite do prazo.

Capítulo 1 - Capítulo Único


O relógio digital fixado na parede indicava que já havia passado das oito da noite. A luz branca da sala machucava seus olhos, já há muito pesados pelo cansaço acumulado ao longo do dia, e ele piscava vagarosamente tentando espantar o sono que vinha de mansinho e tentava se apossar de si. A ala do hospital onde se encontrava estava em silêncio quase absoluto, e ele se concentrava na folha de papel que estava a sua frente sob a mesa.

Com algumas dobras, dividiu a folha em cinco partes iguais e, pegando uma das canetas que sempre carregava no bolso do jaleco, começou a escrever alguns itens que considerava válidos para o momento e os falava em voz alta. Sua garganta ardia de sede e sua voz saía arranhada, fazendo-o pigarrear antes de tentar falar mais uma vez, agora saindo mais claramente.

- Nome, cor. – ele falava pausadamente conforme escrevia. O som da caneta arranhando o papel sendo o único a preencher o ambiente além de sua voz – Carro.

- Ah, não. – a garota a sua frente que, até então estava em silêncio enquanto imitava seus movimentos, proferiu irritadiça o encarando com a testa franzida – Carro não Soo.

- Mas carro tem um monte. – ele disse tentando segurar o riso perante a expressão da jovem que, agora, havia cruzado os braços como se aquele fosse o maior dos ultrajes.

- Tem, mas eu não sei.

- Ta. – KyungSoo falou, revirando os olhos ao ouvir Yeri comemorando, e riscou o que já havia escrito logo substituindo o item por outro – Fruta então.

Era mais uma noite de plantão de KyungSoo no hospital e, desta vez, como as últimas, ele procurava alguma forma de se distrair e matar o tempo restante para que não precisasse dormir. Yeri era uma boa companhia e sempre vinha cheia de idéias para jogos e passa tempos que eles poderiam ter ali, sem usar muito mais do que umas folhas de papel e uma caneta. Era simples, mas era o suficiente para despertá-los por hora, e isto por si só já bastava.

- Ganhei de novo.

- Isso é injusto Soo.

- Injusto não. – ele disse batendo com a caneta na ponta do nariz da moça, fazendo a expressão emburrada dela aumentar ainda mais – Só sou mais ágil que você. Mais inteligente também, quem sabe.

E com uma risada contida, e fugindo de uma caneta que voava em sua direção, KyungSoo saiu daquela sala com o intuito de andar pelo hospital e verificar como estavam as coisas e esticar as pernas, já que havia passado boa parte do tempo na mesma posição e ele podia jurar que já não sentia mais os dedos dos pés. Porém, considerando o silêncio que estava o ambiente aquela seria, sem duvidas, uma noite longa.

 

***

 

KyungSoo andava com calma pelo corredor do quinto andar, lendo calmamente a pasta que continha os dados e anotações de alguns de seus pacientes que estava internado ali aquela semana, considerando fazer alterações na medicação dele devido ao número de reclamações que ouvia. Ele tinha até mesmo um pouco de dó da enfermeira responsável pelo senhor de meia idade, pois a cada vez que entrava lá, a moça recebia uma chuva de palavras desnecessárias que a fazia ficar com as orelhas vermelhas.

O médico perdera a conta de quantas vezes fora alvo da jovem que, sempre que lhe via, fazia questão de mandar-lhe dar um jeito no senhor, já que ele estava começando a deixá-la louca. Claro que às vezes ele se divertia um pouco com o sofrimento da moça, mesmo que isso soasse deveras cruel até para si, mas no fundo ele era daquela forma e a enfermeira reclamando de seu paciente, imitando-o para dar mais ênfase à questão e as palavras por ele ditas, causava risos a todos no refeitório quando se reuniam.

Com estes pensamentos em mente, os sons que vinham da enfermaria quase passaram despercebidos por si. KyungSoo parou há alguns passos de distância da porta de onde escutara vozes e, ouvindo com atenção, voltou até estar de frente para a mesma ainda que continuasse encarando os papeis em suas mãos. Ele não conseguia, realmente, identificar os sons ou as vozes que vinham de dentro da sala, tão pouco dizer quantas e de quem eram. Ainda assim, o movimento naquele andar lhe soou estranho para o horário, já que aquela enfermaria geralmente era usada pelos funcionários da manhã e, durante a noite, era chaveada.

Claro que não era recomendado que verificasse o que era afinal poderia estar louco e começara a ouvir coisas, mas era preciso que olhasse o que se passava dentro da enfermaria. Poderia ser um ladrão, o que KyungSoo realmente torcia para que não fosse já que não era exatamente bom com defesa pessoal, mesmo que tivesse tido algumas aulas quando era menor. Poderia ser algum paciente, o que era extremamente proibido, ou algum funcionário que estivesse passando por ali e resolvera verificar o lugar.

Respirando fundo e se posicionando direito, com uma das mãos segurando firmemente a maçaneta, ele contou até cinco e a abriu de uma vez.

Na hora que seus olhos captaram a cena que se passava ali dentro, KyungSoo não sabia se ria ou se fingia que nada havia acontecido e continuava seu caminho. Ao perceber o desconforto dos dois que estavam ali, ele apenas mordeu o lábio inferior para tentar conter a risada e respirou fundo logo ficando sério mais uma vez. Era incrível a cara de pau de ChanYeol e JongIn de estarem ali, aquela hora da noite, brincando de Star Wars como duas crianças que estavam longe de ser.

Quer dizer, longe fisicamente de serem duas crianças, já que a mentalidade dos dois era quase a mesma que a de muitos pacientes deles. KyungSoo só não entendia o motivo deles estarem ali, segurando duas vassouras como se fossem sabres de luz e fazendo sons com a boca, quando poderiam estar em qualquer outro lugar fazendo a mesma coisa, ou apenas jogando cartas como duas pessoas normais junto dos outros que estavam reunidos na cantina.

- Eu não vou perguntar. – o médico finalmente falou quando, notou que sua voz estaria controlada suficiente para não ter um ataque de risos bem ali na porta, e os outros dois já haviam se recomposto o suficiente para o rubor na bochecha deles não ser um empecilho para olhar KyungSoo nos olhos – Vamos apenas fingir que nada aconteceu e seguir com nossas vidas.

- Ótima idéia. – foi JongIn quem falou, já que ChanYeol estava ocupado demais tentando ajeitar as coisas que tinham tirado do lugar durante a batalha épica que tinham. Ele estava sentindo-se o próprio Luke, mesmo que o mais novo dos três ali presentes insistisse em dizer que ele estava muito mais para mestre Yoda.

Aquilo era uma ofensa, mesmo que ele próprio assumisse que suas orelhas eram um pouco mais acentuadas do que a dos colegas, mas aquilo não era uma desculpa. Mestre Yoda, ele jamais seria.

 

***

 

- Um. Dois...

- Espera, espera.

- O que foi agora ChanYeol?

- É pra ir no três, ou no já?

KyungSoo encarou ChanYeol ao seu lado. O tapa que JongIn havia dado na própria testa foi audível o bastante para que Do constatasse que havia doído. Todos olhavam o médico mais velho ali, que estava com o jaleco amarrado na cintura e sentado numa cadeira de rodinhas, como todos os outros ali.

A idéia havia sido de Yeri que, quando encontrou os outros colegas em uma escadaria próxima a cafeteria do hospital, os chamou para irem com ela até o segundo andar se divertirem um pouco. Todos eles já estavam cansados, mas sabiam que as idéias da colega eram sempre boas o suficiente para render algumas risadas, mesmo que fosse algo bobo, como realmente era. Eles haviam resolvido fazer uma corrida de cadeiras de rodinha, já que os corredores daquele andar eram mais espaçosos que os outros e eles conseguiriam, tranquilamente, deixar as cadeiras lado a lado a fim de tornar a competição mais justa.

Já era a terceira ou quarta vez que Yeri explicava as regras para ChanYeol, mas ele parecia fingir não entender o que falavam, ou fazia aquilo apenas para perturbar os colegas o que, perceptivelmente, estava funcionando já que até mesmo JongIn, que era um dos mais calmos ali, estava ameaçando levantar de onde estava e bater no mais velho. Depois de ameaças feitas, de puxões de orelha recebidos de KyungSoo e alguns, quase, gritos de Yeri, eles estavam prontos para a corrida do século.

Ou apenas da noite, já que na semana anterior eles haviam feito algo parecido com as cadeiras de roda. Mas aquela era outra história, e eles estavam em duplas. Ali, era cada um por si e todos a favor do diretor do hospital não os descobrir e dar uma bronca como quando eles estavam jogando bingo na recepção.

- No três, entendeu ChanYeol.

- Tá, só anda com isso.

- Um, dois... três.

- Hey. – ChanYeol gritou indignado quando todos os outros saíram arrastando suas cadeiras, rindo da situação e de si, e já chegavam ao final do corredor enquanto ele ainda estava esquecido no ponto de largada – Eu pensei que era no já.

- ChanYeol.

Aquele garoto era mesmo impossível.

 

***

Era quase de manhã quando KyungSoo foi chamado por uma das enfermeiras que estava ali.

Ele havia, finalmente, se rendido ao sono e cochilava sobre uma das macas que ficavam dispostas nas salas de repouso para que os médicos usassem quando necessário. Ele ainda sentia como se seus olhos estivessem dentro de um vidro que álcool etílico, e parecia que havia acabado de encostar a cabeça no travesseiro e respirar fundo o suficiente para que seu corpo relaxasse. A moça que o havia chamado aparentava estar preocupada, o que logo o despertou completamente, fazendo-o ficar em pé e vestir de novo o jaleco que havia deixado largado em uma cadeira no canto do cômodo.

Um de seus pacientes na ala de pediatria havia tido uma piora no meio da noite, e os pais do menino acharam melhor comunicá-lo, já que a jovem enfermeira não aparentava saber muito bem o que fazer naquela situação. O menino estava a quase duas semanas no hospital, mas sempre aparecia por lá para fazer exames de rotina já que sua saúde era bastante delicada, e ele era muito querido por todos ali. Ele tinha por volta dos seis anos de idade, mas era extremamente inteligente para a idade, sempre cativando a todos com quem tinha contato e, aqueles dias, tinha adquirido uma pneumonia resultada de uma gripe mal curada.

O caminho de onde estava para o quarto de seu paciente foi rápido, e em minutos já estava conseguindo medicar a criança que ainda dormia, e acalmar os pais que estavam com olhares preocupados. Havia sido apenas um aumento de febre o que, naquele caso, era normal de se ocorrer mesmo que a temperatura tenha sido alta para uma criança daquele tamanho. A saúde do pequeno estava quase completamente recuperada, e dentro em breve ele poderia voltar para casa e brincar com os amiguinhos como antes.

Depois de ter dito isso aos pais do menino, o médico pode sorrir tranqüilo ao ver que os mais velhos tinham entendido o que falara e estavam mais calmos já que, agora, a febre do pequeno havia sido controlada. KyungSoo poderia ser jovem para sua profissão, mas ele sabia muito bem o que fazia, e aquilo ficava claro a cada vez que um paciente seu lhe agradecia por estar bem melhor do que quando conheceu o médico.

Principalmente as crianças. Estas que, apesar da cara na maior parte das vezes sempre seria de KyungSoo, o adoravam a ponto de sempre fazerem desenhos seus ou escreverem cartinhas de agradecimento quando já estavam em casa. O moreno era até mesmo mais querido pelas crianças do que o próprio ChanYeol, ainda que este tivesse uma alegria e humor contagiantes, e isto era um mistério para todos daquela instituição.

 

***

 

O expediente havia acabado. KyungSoo só não saberia dizer se aquela era uma boa ou uma má notícia. Claro que passar de duas a três noites seguidas no hospital era muito cansativo, mas quando tirava dias de folga, como era o caso daquele que se iniciava, a última coisa que fazia em casa era descansar.

Quando saiu porta afora do hospital, já com roupas casuais e olheiras visíveis, o moreno já podia visualizar a pilha de louça e roupa sujas que o aguardavam no apartamento que dividia com o namorado. Sua cabeça latejava com a possível discussão que teria com o mais velho, já que ele deve ter passado a noite toda em frente à TV da sala jogando e estaria com olheiras, tão ou mais profundas que as suas próprias.

Ele também teria de sair para passear com os cães dos dois e, talvez depois do almoço, conseguisse tirar um cochilo à tarde. Claro que tudo dependia de como as coisas correriam, dali para casa e dentro do ambiente, já que sua cama provavelmente estaria tão chamativa e aconchegante que ele dificilmente conseguiria trocar de roupas. Sua cabeça zunia com pensamentos aleatórios e a lista do mercado, já que planejava ir a um antes que anoitecesse, e KyungSoo olhava pela quinta vez o relógio de pulso.

O mais velho estava atrasado, e suas costas começavam a doer novamente.

Quando já estava desistindo de esperar em pé, uma SUV preta parou no meio fio e então o moreno pode sorrir aliviado. Ao entrar no carro, cumprimentou o namorado com um beijo no rosto e jogou todas as suas coisas no banco de trás, logo se ajeitando no banco e fechando os olhos. Se o mais velho não tivesse encostado levemente em si quando falou, ele quase não conseguiria prestar atenção, já que o sono era tanto que ele quase dormia ali mesmo.

- Correu tudo bem?

Ele apenas confirmou com a cabeça, e sorriu abertamente desta vez, ainda mantendo os olhos fechados. Estava tudo bem, afinal, havia sido somente mais uma noite de plantão.


Notas Finais


Quero agradecer a tanta gente, mas deixa resumir.

Obrigado Edgar, a capa é linda como sempre.
Obrigado Gabriella por me aturar sempre reclamando das fics, dos prazos e da fome. A unnie promete melhorar.
Obrigado a quem leu ^^

Acompanhem as outras fics

Até


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