História On first look - Nine

Quarta-feira – Casa do Aoi

Passaram-se algumas semanas depois da declaração do Takashima na faculdade. Não o tinha visto desde então.

Achava deveras estranho.

Por estarem no mesmo grupo social seria fácil se se encontrarem. Será que o magoou muito?

Ele estaria o evitando?

Ficou grande parte do dia pensando nisso, e acabou por cometer alguns erros nas vendas da loja. Havia errado o troco algumas vezes...

Deveria perguntar para o Ruki o que está acontecendo, teve pouquíssimas oportunidades de falar com ele ao longo dessas semanas, o pequeno deveria estar grudado no Kouyou.

O conhecia bem demais. É o tipo de pessoa que é prestativa, quer sempre ver seu bem. Ele foi seu pilar em vários momentos difíceis, juntamente com Reita.

Por ter que focar nos seus afazeres, nunca trazia consigo o celular pois iria se distrair facilmente. Teria que esperar até dar a hora de fechar a loja e ir para casa tentar ligar para o Ruki.

Estava precisando beber.

Sair com amigos era sempre uma boa pedida. Esquecer coisas ruins e se focar em se divertir, jogar conversa fora.

Realmente precisava disso.

Mas teria que passar por cima de sua timidez para isso. Agora Takashima fazia parte de nosso grupo, e se chamasse todos, ele teria que vir também.

Nunca o excluiria disso, ele é uma excelente companhia.

Somente teria que aprender rápido um modo de encará-lo depois do fora que havia o dado.

Não conseguiria o fitar nos olhos por um bom tempo.

~x~

Quinta-feira - Casa do Reita e Ruki

— Ru-chan, estamos atrasados... – Proferiu novamente em tom de aviso. Ruki era uma criatura extremamente enrolada.

— Já estou pronto Aki, demorei para achar meu livro. – Apareceu apressado no corredor, colocando o livro dentro da mochila. Reita abriu a porta da frente e esperou o pequeno passar por ela para então tranca-la.

O levaria para a universidade hoje, mas antes teriam que buscar Kouyou em um ponto mais a frente, pois combinaram de dar carona para o amigo.

Após 5 minutos chegaram no ponto em que Kouyou os esperaria. Avistaram o loiro logo a frente, pararam o carro para ele embarcar.

— Fazia muito tempo que estava esperando Shima? – Ruki indagou.

— Cheguei faz alguns minutos, vocês vieram rápido.

— Pelo que te conheço já estava esperando a um bom tempo. Você sempre chega adiantado nos locais que combinamos – Constatou Reita e riu. – Ruki atrasou de novo hoje.

— Aki, não foram nem 5 minutos... - Foi interrompido pelo toque de seu celular e prontamente atendeu. – Alô? Aoi?

Kouyou que estava distraído prontamente focou na conversa que Ruki estava tendo após ouvir o nome dele na conversa.

Há semanas evitava se encontrar com Yuu, pois ainda não se sentia preparado para encará-lo. Ainda conservava seu orgulho forte, apesar de seu coração não ter desistido do moreno por nenhum momento.

Depois de conversar rapidamente com Aoi no celular, o pequeno desligou o aparelho. Ruki estava com uma expressão estranha no rosto seguido de um momento de silêncio atípico.

— Algo errado? – Reita o fitou pelo canto dos olhos enquanto questionava.

— Ele nos chamou para beber.

— Então porque você está com essa carinha? – O pequeno não respondeu, apenas moveu seus olhos em direção ao Kouyou. Reita entendeu na hora. – Ele convidou a todos então?

— Sim. Shima... Você vai? Eu entendo se você não quiser vê-lo ainda.

— Tudo bem, eu vou. Não posso ficar fugindo disso para sempre. –Ainda queria conquista-lo, apesar de não saber como.

Nos momentos em que Ruki esteve em seu apartamento depois de tudo aquilo soube que Aoi fora muito machucado em um relacionamento passado, por isso teria trabalho.

Tentou algumas vezes extrair do ruivo informações sobre isso, mas não obteve sucesso. Ele era irredutível quanto a isso, dizia que somente saberia da história se Aoi um dia o contasse.

Começou a traçar um plano em mente para quando encontrasse Aoi. Sabia que provavelmente nada disso funcionaria, mas conseguia manejar melhor seu nervosismo e ansiedade traçando pequenas metas em sua cabeça.

Logo chegaram a seu destino. Se despediram de Reita e foram enfrentar mais um dia de aula.

Combinaram de se encontrar mais tarde e nesse tal encontro provavelmente se depararia com o moreno. Ruki estava preocupado com o amigo, mas Kouyou o acalmou dizendo que estava tudo bem e que lidaria com isso.

Assistiram as primeiras aulas normalmente e então chegou o horário de se encontrarem. Percorreu todo o corredor juntamente com um Miyavi que não parava de tagarelar, até chegar na área da cantina onde avistaram Kai, Ruki e Aoi conversando.

Kouyou sentiu seu coração disparar por um momento.

Ele nunca pareceu tão lindo quanto agora. Estava usando uma camisa preta simples, jeans surrado, um all star também preto e algumas correntes e anéis completavam o visual. Simples, mas não menos perfeito na visão do loiro.

— Até que enfim chegaram. – Kai proferiu, chamando-nos para se juntar a eles.

— Desculpa amor, o professor nos segurou até os últimos minutos de aula – Miyavi puxou uma cadeira, sentou-se do lado do namorado e selou seus lábios.

— Estava comentando de um novo bar no centro que inaugurou há poucos dias. Deveríamos ir lá dar uma conferida, meu colega disse que é um ótimo lugar. – Ruki comentou.

— Podemos ir lá então, só falta combinar o dia. Sexta fica bom para todo mundo? – Kai perguntou e todos concordaram. – Vou pegar alguma coisa para comer, querem algo?

— Traz uns salgadinhos para nós. – O baixinho disse. Kai foi até o balcão comprar e Miyavi seguiu em seu encalço. – Esqueci de falar que quero chocolate também. Vou lá pegar, já volto. – Ruki encarou Kouyou em sinal de desculpas e foi comprar seus doces.

~UxA~

O balcão não era tão longe, mas para Kouyou parecia que o mundo se tornara menor com a imponente presença do lindo rapaz ao seu lado. Ele parecia nem notar o efeito que tinha sobre o loiro. Acabou por encará-lo por alguns momentos e foi pego no flagra.

— Já faz um tempo que eu queria te perguntar... Está tudo bem? – Kouyou se espantou com a pergunta, mas prontamente respondeu.

— Oh, sim. Estou bem.

— A-ah, eu digo quanto aquilo... Tudo bem mesmo? – O moreno disse envergonhado. Então a fixa caiu, ele estava falando daquele fracasso chamado confissão às pressas.

— Não se preocupe com isso, estou bem com tudo. Combinamos de ser amigos, não é? – Pensou em ser um pouco abusado, colocando seu plano repassado no carro em prática. Sorriu de canto e o encarou – E eu não sou o tipo de pessoa que desiste fácil.

O moreno corou imediatamente. Kouyou sorriu internamente, conseguiu o efeito que queria apesar de ele próprio estar morrendo de vergonha. Mas não podia transparecer seu nervosismo.

Os rapazes voltaram com as guloseimas em mãos, e então comeram enquanto conversavam. O loiro se desafiou a ficar encarando o moreno a modo de lembra-lo sempre que gostava dele.

Usaria sua estratégia de sempre, seria sincero e direto.

O moreno já sabia que era apaixonado por ele. Então não precisava esconder mais nada. E se com essa postura conseguisse mais reações fofas daquele jeito, usaria ela para sempre.

Mudaria o modo de Yuu pensar sobre ele.

O conquistaria com atitudes e gestos. O faria desejar ter um relacionamento com ele.

Sorriu com sua elevada certeza interior. Apesar se sua timidez, sempre foi uma pessoa de atitude, então dessa vez teria que juntá-la a sua cara de pau.

Se sentia capaz de tudo.

Continuaram conversando até acabar o intervalo, Kouyou encarava o moreno que por sua vez ficava constrangido e virava o rosto para um canto qualquer.

Após todos irem para a sala, o loiro foi ao banheiro. Se olhou no espelho completamente vermelho. A adrenalina estava passando, e ele agora se sentia a pessoa mais idiota do mundo.

Sua timidez voltou com força total, e ele abriu a torneira, fez uma concha com as mãos e jogou a agua fresca em seu rosto. Teria que se acostumar com esse jeito mais atrevido.

Saiu do banheiro e foi em direção a sua sala assistir as últimas aulas.

~AxU~

Casa do Aoi

Chegou em casa e se jogou no sofá.

Suspirou cansado pelo dia cheio que teve e quase que imediatamente seus pensamentos o levaram ao loiro.

Não sabia como reagir diante dessa face completamente nova do Takashima. De uma hora para outra ele se tornou um cara completamente atrevido.

Estava confuso porque alguma coisa dentro de si havia gostado dessa nova atitude.

O loiro estava lutando por ele.

Ao pensar nisso, sorriu. Gostava de se sentir desejado como qualquer outra pessoa gostaria.

Sentiu seu ego inflar um pouco.

Mas apesar de tudo, ainda haviam obstáculos a serem superados. Toda a dor de seu relacionamento anterior.

Não sabia se conseguiria passar por cima de tudo isso para tentar ficar com ele.

Acabou por aceitar que nunca saberia.

Estava em um turbilhão de emoções. Gosta das novas atitudes dele, mas ao mesmo tempo o odeia por despertar emoções que estavam trancadas dentro de seu ser a muitos anos.

Sentimentos que só sentiu com ela.

Se sentia um imbecil por cair como pato nos encantos de Kouyou. Nas suas saídas com seus amigos o observava sem querer, e divertia-se com o que via.

Sua atração por ele crescia a cada dia, mas ele insistia em negar veemente.

Jurava que era curiosidade por ele ser novo no grupo, mas começava a se questionar sobre isso agora. Após a confissão começou a vê-lo como mais que um rostinho bonito e um cara inteligente.

“Não posso me apaixonar novamente. ”

“Tudo irá se repetir, além disso eu não suportaria um novo baque como aquele. ”

De agora em diante tentaria se manter distante pelo bem da sua sanidade. Não podia dar qualquer beirada para esse pequeno sentimento pelo loiro crescesse para algo mais.

“É só uma pequena atração. Só isso. ”

Resolveu ir tomar um banho e se deitar. Amanhã teria mais um dia cheio e finalmente iria sair com seus amigos.

~AxU~

Finalmente havia chegado a hora de sair com nosso grupo. Já estávamos reunidos para ir ao bar, somente tínhamos que resolver quem ia com quem, pois somente tinha a moto de Kouyou e o carro de Ruki.

Miyavi e Kai vieram de ônibus, pois o carro dele havia estragado novamente, diga-se de passagem.

— Cabe todo mundo no carro, é só dar uma apertada atrás. – Ruki comentou. – Kouyou, você nos segue então?

— Sim, mas tem certeza que vão todos aí? O carro é bem pequeno... Estou com o capacete reserva hoje.

— E-eu vou com você então. Miyavi não vai desgrudar do Kai mesmo... – Por mais que eu esteja constrangido de ir na moto com Kouyou, era melhor do que ir todo apertado no bando de trás, o carro do Reita é realmente pequeno.

— Ele que gruda em mim! – Zangou-se Kai.

— E você finge que não gosta né? Falo nada... – Ruki proferiu erguendo a sobrancelha. Todos riram.

— Vamos logo. – Disse Kai emburrado e foi para dentro do carro, logo em seguida Miyavi o seguiu.

— Minha moto está aqui perto, vamos? – Ofereceu o capacete a mim. O peguei e segui o loiro até onde está estacionada a motocicleta.

Fiquei totalmente acuado. Nunca havia andado de moto antes por medo de desequilibrar e cair. Fiquei parado olhando-o subir na moto. Takashima sentiu minha hesitação.

— Quer ajuda? – Disse indicando o capacete em minha mão.

— A-ah não. – Gaguejei ridiculamente, constrangido por estar parado. Coloquei o capacete, montei na moto e segurei na parte de trás do banco para não cair.

Quando ele deu partida senti que iria tombar, acabei por segurar firmemente a cintura dele, que olhou de esgueira para mim.

Podia jurar que tinha visto um pequeno sorriso em seu rosto coberto pelo capacete. Ele nada disse e então continuou nos guiando para nosso destino final, o bar.

~AxU~

As horas foram passando enquanto bebíamos e conversávamos alegremente. Por estarmos muito tempo sem nos reunir todos se sentiam extremamente felizes por ter esse tempo com os amigos.

Reclamamos dos professores e das provas, tudo regado a muita cerveja e risadas alegres.

Realmente aquele novo bar era um lugar ótimo.

Haviam pequenas mesas dispostas por todo salão e eram mais afastadas umas das outras. A iluminação era fraca e a música ambiente era de extremo bom gosto. Não tinha como não se sentir à vontade.

Reita não bebeu pois iria viajar a trabalho cedo. E pela primeira vez levaria Ruki junto consigo, pois ele somente teria uma reunião da empresa em uma cidade litorânea e depois teria tempo livre para passear.

O pequeno não continha sua animação, adorava ir à praia. E o Suzuki adorava toda essa aura que emanava dele, seu olhar apaixonado o denunciava.

Aproximando das 23hrs Reita anunciou que iria embora. Como Miyavi e Kai não haviam vindo de carro, resolveram ir com eles. Fiquei junto com Kouyou, que foi encarregado de me levar para casa.

Tinha prometido que evitaria o loiro, mas os acontecimentos não em deixaram agir como eu queria. Fiquei encarando o nada enquanto terminava de tomar minha cerveja, Takashima estava tomando um drink mais forte e estava distraído olhando o movimento.

— Tem certeza que consegue dirigir? Você bebeu bastante...

— Eu tenho alta tolerância a bebida, para ficar realmente bêbado eu teria que ficar a noite toda com o copo na mão. – Riu soprado com seu comentário e terminou sua bebida em um só gole. – Bebi muito pouco essa noite, fique tranquilo. E moramos perto daqui eu dou conta de levar você em casa.

— Não precisa me levar, eu pago um taxi.

— Não, eu faço questão de te levar. Afinal foi eu quem te trouxe. – Acenei positivamente e fitei seu rosto. Avaliei seus traços delicados, o nariz fino e a boca cheinha.

Ele é encantador. Foi rodeado de olhares a noite toda e ele pareceu nem perceber. Continuou me encarando como sempre, me deixando encabulado.

Enquanto pensava nessas coisas ele voltou seus olhos em minha direção novamente. – O que você tanto olha em mim? – Falei firme, apesar de a maldita coloração vermelha teimar em aparecer no meu rosto.

— Você é bonito. – Disse simplesmente, me fitando nos olhos.

Coloquei a mão no rosto, surpreso e desviei o olhar em puro constrangimento. Como ele fala uma coisa dessas tão diretamente? Que vergonha!

— Droga Takashima. – Ralhei. – Vamos embora. – O loiro começou a rir.

Fomos até o balcão acertar a conta, saímos do estabelecimento e seguimos até o estacionamento onde estava a moto de Kouyou.

Ainda rindo, ele encostou em sua moto. Após alguns instantes me fitou novamente, dessa vez com o semblante mais sério, porém curioso.

— Porque você não me dá uma chance?

— Eu não posso. – Na verdade eu não conseguia.

Os obstáculos. Meu medo de ser magoado.

— O que aconteceu de tão ruim para você ter esse receio todo de se envolver? Ou será que você já tem alguém? – Ele continuou me encarando. Eu sentia o peso de seu olhar sobre mim.

Ele chegou mais perto de mim e esperou por minha resposta.

Ele estava tenso, eu podia sentir.

— E-eu não estou com ninguém.  – Gaguejei em nervosismo pelos questionamentos. Ele relaxou, mas continuou prestando atenção em mim – Fui muito magoado no passado. E eu sei que você não quer nada passageiro, você quer um relacionamento e isso eu não sei se posso te dar.

— Você não se sente atraído por mim? Eu gosto de você, não vai se arrepender por ficar comigo, por tentar. Eu quero te levar a sério. – Ele despejou as palavras em mim com extrema sinceridade. Fiquei paralisado por alguns momentos, senti que minhas respostas estavam acabando.

— J-já falei que você é muito bonito e q-que- Fui interrompido pelos lábios de Kouyou sobre os meus. Ele levou as mãos até minha cintura, e a outra foi até minha nuca, enrolando os dedos em meus cabelos.

O contato era leve, mas logo ele pedia passagem com sua língua para aprofundá-lo.

Eu cedi.

Ele vasculhava minha boca calmamente. Sentia o carinho e adoração emanada daquele contato.

Parecia tão puro.

Ele encerrou o beijo com um selo e encostou sua testa na minha. Sua mão subiu de minha cintura para a lateral de meu rosto, acariciando o local.

Ele abriu os olhos, me encarando novamente com seus lindos olhos castanhos e proferiu:

— Fica comigo.