História On My Way - Estrelas

Ficamos em silêncio por algum tempo, ela continuava a acariciar meu cabelo, acho que na tentativa de fazer com que eu dormisse novamente, mas claro que eu não dormi.

– Mãe

– Diga querida – Ele me respondeu com a voz mais mansa do mundo

– Me ajuda? – Eu pedi

– A se levantar?

– Não, quero trocar de roupa e preciso de magia para isso – Eu respondi

– Claro, que roupa você quer?

– Um vestido, mas não como os do mundo real. Quero um vestido mais “leve”, branco – Eu queria o vestido de quando eu falei com a Tinker pela primeira vez. Aquele vestido era especial para mim por dois motivos: 1) Havia sido um presente de meu pai quando eu me casei, ele havia dito que enquanto eu tivesse aquele vestido ele estaria sempre comigo 2) Eu usava aquele vestido no dia em que eu descobri que poderia ter outra chance de amar. Porém eu havia deixado o vestido no castelo antes de lançar a maldição, não queria levar dolorosas lembranças comigo – De seda – Eu completei, talvez ela conseguisse fazer uma replica dele

– Tudo bem – Ela fez um movimento com a mão e uma fumaça roxa me envolveu, logo eu estava vestida com um vestido bem parecido com aquele e eu estava sentindo uma sensação de banho tomado, era agradável.

– Obrigada mãe – Eu me sentei para poder abraçar ela

– De nada – Ficamos assim até que Robin apareceu novamente:

– Fiz nosso jantar – Ele disse e se sentou na ponta da cama – Está melhor? – Ele olhou para mim

– Sim, onde está o Roland?

– Está jantando, quer que eu traga algo para você?

– Eu quero ir lá fora, me ajuda? – Eu pedi, Robin olhou para minha mãe com se pedisse permissão, eu rolei os olhos

– Claro, eu posso te carregar

– Não precisa, eu só quero alguém para me ajudar a andar – Eu respondi

– Deixa de ser boba – Robin respondeu e no minuto seguinte já me tinha em seus braços – Eu te carrego – Ele completou e começou a andar, minha mãe vinha andando atrás de nós. Eu olhei para trás e percebi que ela estava rindo.

Lá fora estava um clima gostoso, nem tão frio e nem tão quente, Roland estava sentado em volta da fogueira já jantado, nos juntamos a ele e fomos comer. O jantar foi calmo, nós conversamos sobre coisas bobas, depois de terminarmos, Robin se livrou dos restos e Roland pediu para ir dormir, minha mãe se voluntariou para fazê-lo dormir, e fora lá para dentro com o menino me deixando sozinha com o Robin. Eu me deitei na grama e fiquei olhando para as estrelas, logo ele se juntou a mim

– Gostos das estrelas – Eu disse

– Eu também – Ele respondeu

– Queria ser uma, sabe, para poder ver a terra lá de cima – Eu disse vagamente

– Dizem que quando você morre, vira uma estrela e pode observar seus amados – Ele me falou. Eu sabia dessa lenda, e até acreditava. Acreditava que Daniel poderia estar lá em cima me observando.

– Isso seria incrível – Eu respondi e fechei meus olhos para aproveitar a brisa

– Está cansada? – Ele perguntou

– Não – Eu abri os olhos e virei a cabeça para olhar em seus olhos – Pelo tanto que eu dormi hoje, provavelmente não vou ficar cansada por um bom tempo – Eu completei – Você está?

– Não muito. Está melhor?

– Sim – Eu respondi, ficamos em silêncio – Posso segurar sua mão? – Perguntei sem pensar muito no que havia dito

– Pode – Robin respondeu serenamente, eu coloquei minha mão sobre a dele, ele mexeu a mão até nós ficarmos de mãos dadas – Você já teve alguém especial? – Ele perguntou, eu apertei a mão dele tentado não lembrar de Daniel – Desculpe, eu não deveria ter perguntado isso

– Não, tudo bem, e que e não falo sobre isso com alguém – Eu respondi – Sim, já tive alguém especial, mas o perdi – Respondi tentando não chorar

– Sinto muito

– Tudo bem, foi há muito tempo – Eu disse

– Eu também perdi alguém – Ele disse tristemente – A mãe do Roland

– Eu ouvi você falar dela com ele hoje mais cedo – Confessei – Mariah não era? – Eu perguntei

– Sim, ela morreu por causa da magia – Eu estava começando a entender o porquê dele odiar a magia – Na verdade foi por causa do preço da magia - Ele não disse mais nada

– O nome dele era Daniel – Eu comecei – Ele foi morto, com magia – Eu parei de falar e olhei novamente para as estrelas

– Sinto muito – Ele disse, de repente o vento ficou mais frio

– Acho melhor entramos, está ficando frio

– Também acho – Nós nos levantamos e ele me carregou de volta para dentro, mesmo eu dizendo que não precisava. Era divertido ser carregada pelos corredores do castelo, eles pareciam ser tão maiores a luz das tochas que provavelmente minha mãe acendeu.

– Obrigada – Eu disse sentada na cama

– Agora eu vou deixar você descansar, boa noite – Ele ia se virar, mas eu o chamei de volta

– Posso te pedir um favor? – Eu perguntei já sentada na cama

– Fale – Ele respondeu

– Durma comigo? – Eu perguntei e ele me lançou um olhar...safado – Não desse jeito – Disse rindo – Por favor – Pedi

– Quer mesmo? – Perguntou ele rindo

– Sim– Eu pedi, queria realmente que ele ficasse

– Tudo bem, mas sua mãe não vai achar...

– Não se preocupe, ela não vai achar nada – Eu respondi, ele se sentou no outro lado da cama para tirar os sapatos, depois se sentou esticando os pés na cama.

– Tem certeza que sua mãe não vai se importar? – Ele perguntou novamente, como se eu tivesse 17 anos de idade

– Eu já sou adulta – Eu respondi ainda sentada

– Posso te fazer outra pergunta?

– Pode

– Como era sua vida nesse outro mundo? – Ele me pegou de surpresa com essa pergunta

– Eu vivia com minha mãe e meu filho...

– Você tinha um filho? – Ele me interrompeu, eu olhei para ele e ri

– Era adotado, mas eu o criei com todo o carinho do mundo – Respondi tentado não chorar

– E o quê aconteceu com ele?

– Encontrou a mãe biológica dele, eu vim para cá, e tive que deixar ele lá – Respondi e uma lágrima desceu pela minha bochecha, ele não falou nada apenas se aproximou de minha e limpou a lágrima, seu dedo foi da minha bochecha até meu queixo, ele se aproximou o bastante para me dar um beijo de leve

– Boa noite – Ele disse

– Boa noite – Nós deitamos, dava para sentir a proximidade dele, eu procurei sua mão e coloquei sobre minha cintura, ele se aproximou a mais um pouco, e eu cheguei para trás até sentir seu corpo, e nós dormimos assim, juntos.