P.O.V Harry Styles
Se eu estava arrependido de ter batido em Louis? Com certeza. Se eu faria de novo? Com certeza. Eu era muito complicado, nem mesmo eu conseguia me entender as vezes. Harry Styles não consegue entender a si próprio, isso não soa irônico? Ou um pouco louco? Eu acho que sim.
Eu gostava muito de ter o controle de tudo, eu gosto quando as pessoas me temem, eu amo isso profundamente, ninguém nunca conseguiria entender isso. É como se eu tivesse várias borboletinhas em minha mão direita e brincasse com elas, as assustando com a mão esquerda. Eu já fiz isso, na verdade, e foi bem divertido. Eu me lembro bem de arrancar pedaços das asas de borboletas coloridas quando eu tinha oito anos, e foi bem divertido.
Eu gostava de Tomlinson, mas não queria que só porque gostava dele, ele pensasse que poderia achar, falar ou fazer o que quisesse comigo, então, tinha que mostrar pra ele que, assim como tenho o controle de todos ali, também tinha o controle dele.
Mas nesses últimos tempos, algo vem me incomodando como nunca lá naquele lugar, e esse ‘algo’ era Zayn. Ele estava muito soltinho comigo, achando que podia fazer o que quiser, me desafiando e nem se importando quando tentava mostrá-lo quem mandava ali. Eu tinha que fazer alguma coisa sobre isso, dito e feito. Eu iria tirar dele a pessoa quem ele mais amava ali.
Fui até a sala do diretor do presídio aquela tarde, antes de ir trabalhar com as ferramentas daquele lugar – Que era o que eu fazia, cuidava das ferramentas para que quando algo do presídio quebrasse ou queimasse, outros detentos arrumarem. -, e falei com ele sobre Niall Horan. Lhe disse que o garoto tinha pegado uma pena de poucos meses, e que apenas aumentou por causa minha, e eu já tinha pagado por isso. Já que o loiro não tinha culpa de nada, nada mais justo do que deixá-lo ir embora daquele lugar. E como falei com ele da forma mais sincera e gentil que pude, o senhor concordou comigo e me disse que logo no dia seguinte iria falar com o rapaz para que arrumasse suas coisas. Sorri e saí dali, indo para meu trabalho.
Por que eu iria trabalhar, sendo que peguei prisão perpétua e não tenho que pagar mais nada pra sair logo dali? Bem, eles me obrigavam, então não tinha muita escolha.
Enfim, depois que Niall foi embora, percebi que o humor de Zayn foi de ruim pra pior, e isso me alegrou. Não podia esperar pra contar isso para o moreno, que por minha culpa, o ‘amor da vida dele’ foi embora, e que provavelmente logo iria esquecer dele ali naquele lugar, para sempre. Só tinha que esperar a hora certa, e ela logo chegou.
Eu não me importava com quantas pessoas tinham na quadra naquela tarde, eu só queria jogar logo aquilo na cara de Malik, e já que ele estava ali, jogando basquete com alguns outros detentos, aproveitei pra faltar em meu trabalho – O que eu tinha pra perder, afinal? – e fiquei na quadra o observando por alguns minutos, mas logo mandei que um detento o chamasse até mim. Claro que percebi que o moreno revirou os olhos ao ouvir o que o homem que mandei falou, mas logo Zayn veio até mim e parou na minha frente.
- O que você quer, Styles? – Ignorei o tom grosseiro em que ele falou comigo.
- Hey, calma Zaynie. Eu soube que Niall foi embora... E eu sinto muito mesmo por isso, ele era o único que falava com você, né? – Encolhi meus braços, falando em um tom gentil.
- É, ele foi. Mas foi melhor pra ele, agora ele vai poder ter uma vida de verdade, e não preso aqui. E ele vai vir me visitar todo fim de se... – Interrompi Zayn.
- Você sabe que ele não vai vir, não é? Talvez até venha, mas vai ser só no começo... Mas então, ele vai arrumar um emprego, conhecer alguém, começar a gostar dessa pessoa... E vai esquecer de você. Mas um dia, ele vai acordar e pensar: “Poxa, qual o nome daquele cara que eu gostava quando estava preso? Zack? Ah, não! Zayn... É, como ele deve estar? Bem, não interessa mais.” – Imitei a voz de Niall.
- Isso não é verdade! Ele prometeu nunca se esquecer de mim... – Zayn parecia uma criancinha quando falava pra ela pela primeira vez que Papai Noel não existe.
- Aham, claro Zayn... Mas se... Se talvez eu não tivesse ido falar com o diretor e pedir para soltar Niall, já que ele já cumpriu sua pena completamente... Talvez ele ainda estivesse aqui. – Falei, em um tom pensativo.
De repente, a expressão dela se tornou irritada. Ele havia ficado puto comigo. Soltei uma gargalhada e mexi a cabeça negativamente. Foi o suficiente para que eu recebesse um soco bem na bochecha, me fazendo ir um pouco pra trás, mas retribui à agressão, dando um soco diretamente no olho do moreno. Mas então, ouvi gritos de policiais se aproximando e nos separando. Revirei os olhos quando meus braços foram puxados para trás com força, impedindo meus movimentos.
- O que é isso aqui? O que acham que estão fazendo, seus palhaços? – Um policial gritou. Bufei e mexi a cabeça negativamente, sem responder ao policial, diferente de Malik.
- É culpa desse idiota! Ele quem fica me provocando! – Gritou Malik de volta.
Um policial sussurrou no ouvido de outro que afastou Zayn de mim. Eu sabia que provavelmente levariam o moreno para a solitária por começar uma briga. Mas eu estava errado. O policial soltou Malik e voltou até mim. O homem que segurava meus braços me soltou e ficou atrás de mim.
- Você não acha que já arranjou problemas demais aqui nesse lugar, detento? Mesmo com todo o tempo que passou na solitária, você realmente não aprende? Vamos mesmo ter que te dar uma lição? – Franzi o cenho ao ouvir o que eles falavam.
Arregalei os olhos ao ver que os três policiais dali tiravam seus cassetetes da cintura, tentei me afastar, mas fui empurrado pra frente pelo policial que estava atrás de mim. Engoli a seco. Então, senti a primeira pancada em minha perna direita, tão forte que me fez cair no chão. E então outra em minhas costas.
Todos ali presentes vieram assistir à cena mais de perto, algumas foram chamar as outras que estavam lá dentro.
Mais pancadas fortes e chutes mais fortes ainda. Sentia cada parte do meu corpo começar a ficar dolorido. Sentia detalhadamente partes da minha pele se abrindo. Ouvi um estralo vindo do meu braço esquerdo após um chute ali, e então uma dor insuportável, que deixei um grito alto. Os policias deram risadas, falaram alguma coisa que não consegui entender e saíram. Não consegui agüentar mais, e então as lágrimas saíram pelo meu rosto, enquanto sentia a dor insuportável em cada cantinho do meu corpo.
Eu sabia que todos ali estavam me olhando, eu sabia que agora toda minha reputação estava no buraco, e que eu estava simplesmente ferrado. Mas a dor era grande demais pra eu pensar nisso agora. Fechei meus olhos enquanto me remexia de dor, até sentir mãos segurando delicadamente em meu braço.
- Hey calma, vou te ajudar. – Reconheci a voz e não pude acreditar. Era Louis. Abri os olhos, fazendo com que mais lágrimas escorressem. – Zayn! Vem me ajudar.
O que ele pediu para o moreno era meio impossível que ele aceitasse, e eu queria rir, mas do jeito em que eu estava, não conseguia nem mexer a boca toda cortada pelos chutes.
- Está louco, Tomlinson? Por culpa dele Niall foi embora! Ele mereceu tudo isso que fizeram com ele, e merecia mais ainda.
- Graças à ele que Niall pode ter uma vida normal e feliz, você quis dizer! Para já com isso e venha me ajudar agora, Zayn Javadd Malik!
Eu não conseguia mesmo acreditar que o moreno que tanto me odiava, agora me pegava no colo para me ajudar. E que o garoto que humilhei na frente de todos, fez isso acontecer. Mas, com aquela voz autoritária com que Louis falou com Zayn, até eu faria o que ele estivesse me mandando.
Com a dor insuportável em todo meu corpo, acabei ficando inconsciente antes mesmo deles dois me tirarem da quadra.
Acordei na enfermaria daquele lugar. O médico que eu já conhecia andava de um lado para o outro, vezes ou outra aplicando algo em mim. Por um momento eu me senti um ratinho de experimentos de tanta coisa que ele aplicava em mim. Eu não conseguia falar nada, pois minha boca ardia como fogo a cada momento que eu mexia ela. Depois de muito tempo que o médico percebeu que eu já tinha acordado.
- Oh, Styles. Já acordado? Pensei que dormiria mais. No estado em que ficou, pensei que ficaria em coma por algumas semanas... Bem, você é forte, já que acordou só depois de dois dias.
Dois dias? Eu fiquei desacordado por todo esse tempo?
- Bem, você estava com machucados por toda parte de seu corpo, mas seu braço esquerdo acabou quebrando. Então, ficará com ele enfaixado por algumas semanas! Não force muito ele, ou vai acabar piorando. E cuidado com as ferramentas mais pesadas, me ouviu bem? Você vai ter que trabalhar muito pra pagar todos os medicamentos que usamos.
Revirei os olhos e respirei fundo. Naquele momento eu só queria que minha boca estivesse boa, para que eu pudesse mandar ele ir tomar no cu. Mas, já que não podia, apenas fechei os olhos e suspirei.
- Descanse um pouco, daqui a algumas horas, irá ir jantar e voltar para sua cela logo.
Acordei em algumas horas, com alguns tapas doloridos, no entanto fracos do médico em meu rosto, mandando que eu levantasse e saísse dali. Revirei os olhos novamente e me levantei lentamente da cama, sentindo todos os músculos do meu corpo doerem. Mas não tanto quanto estava a dois dias atrás. Caminhei lentamente para fora daqui e continuei no mesmo ritmo pra ir até o refeitório.
Assim que cheguei ali, recebi olhares curiosos de todos ali, eu percebi que alguns se seguravam pra não rir de mim. Engoli a seco e olhei para o balcão. Nenhuma fila. Nada ali, nem ninguém pra servir. Não tinha mais nada pra comer, e eu estava morrendo de fome. Abaixei a cabeça e me virei, pra sair dali e ir para minha cela. Mas alguém tocou meu ombro direito e me virei, era Louis.
- Está com fome? Podemos dividir meu jantar... – Ele parecia tão legal naquele momento.
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