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História On the road. - A new journey.


Escrita por: fanficontheroad

Capítulo 7 - A new journey.


Abri os olhos lentamente e parecia que minha cabeça carregava todo peso do mundo dentro dela. Um gosto amargo e antigo tomava conta de cada parte da minha boca. A tentativa de me levantar falhou, já que tudo ao meu redor girava, girava e girava. Apenas sentei novamente e apoiei minha costa na cabeceira da cama. Fiz um esforço para relembrar o que havia conhecido na noite anterior. Minha cabeça latejava a cada pensamento que eu tinha. Em resposta ao meu corpo eu me deitei novamente e fechei os olhos, deixando para lá toda a dúvida do que havia acontecido. Dormi.

Acordei horas depois e me sentia melhor. A dor de cabeça havia se tornado fraca comparada a anterior. Abri os olhos sem esforço algum e fitei o teto por alguns minutos. Me levantei e parei no meio do quarto e analisei cada parte do cômodo. Não havia pista alguma do que havia acontecido. Fui até o banheiro, liguei a ducha e a mesma liberou uma água fria que fez meu corpo tremer ao ter contato, mas deixei. Precisava me lembrar o que havia acontecido. Fechei os olhos e alguns momentos vieram em minha mente.

Flashback On.

-Que tal a gente fazer algo diferente hoje, Laur? Você está aqui há mais de dois meses e estamos indo apenas para praia, todo santo dia. -Camila perguntou enquanto andávamos entre as feirinhas hippies.

-Acho digno. Ei, não me culpe... Eu não conheço os eventos da cidade e pelo que eu me lembro você é minha guia turística. - Ri enquanto ela girava os olhos.

-Hoje é sábado e vai rolar uma festa na casa de um amigo meu. Demorou? 

-Por mim tudo certo. Bebidas? -Pisquei para a mesma que abriu um sorriso na mesma hora.

-Sim. Muita bebida. -Respondeu rindo. - Passo te chamar em torno das 21hrs. Tudo bem?

-Te esperarei.

Olhei para a tela do meu celular eram 20hrs. Respondi algumas mensagens de alguns amigos e famílias, contando sobre como estava e fui tomar banho. Escolhi um roupa tão simples que parecia que estava indo a uma festa do pessoal da minha antiga cidade. Vesti um shorts jeans claro, uma camiseta preta e um all star. Joguei meu cabelo para o lado e me dei conta do quanto ele precisava de um trato, já que estava vivendo para ficar no mar. Ri comigo mesma. Nunca amei ver meu cabelo tão bagunçado por um motivo adorável. Esperei Camila chegar e não demorou muito para a mesma bater na porta do meu quarto.

-Já vou. -Gritei em um tom mais alto.

Abri a porta e me deparei com Camila. Ela estava mais linda que o normal. Vestia um vestido estampado simples com cores variadas de creme a laranja. Seu cabelo descia entre a linha do seu ombro, braço e o cachos chegavam a sua cintura. O delineador fino fazia o contorno de sua pálpebra, destacando ainda mais seus olhos castanhos. Ri com a cena, pois enquanto eu olhava cada detalhe, mais sua bochecha mudava de cor. Ela estava morrendo de vergonha.

-E essa bochecha vermelha? - Disse rindo enquanto abraçava-a. -Você está maravilhosa, Camz. Não precisa ficar com vergonha.

-Ahhh e você não precisa ser tão descarada, Laur! - Respondeu rindo enquanto saíamos do hotel rumo a festa.

Fomos apé e não demorou mais que vinte minutos. Tudo naquela cidade parecia ser perto. O local era maravilhoso. Havia um campo grande na frente, no fundo um rancho e ao lado direito uma piscina. O ambiente era apenas iluminado pelas cores dos jogos de luzes que haviam espalhados. O som era alto e as pessoas gritavam mais ainda. Algumas pessoas vieram falar com Camila e eu apenas observava até ela me apresentar para cada um. 

-Ei, vou buscar uma bebida. -Disse em seu ouvido enquanto ela conversava com um menino.

-Traz uma para mim também, Laur!

Fui em direção as bebidas. Peguei uma garrafa de vodka e enchi dois copos em seguida misturei com um suco que havia ali. Voltei para onde Camila estava e a mesma se encontrava sozinha agora. Entreguei seu copo e no mesmo instante ela tomou um gole grande que até eu senti a gargante queimando.

-ARGH! -Resmungou. - Você está querendo me chapar, mulher? -Disse enquanto fazia careta.

-Não. Você que é gulosa demais, Camz... -Respondi rindo.

-Ah, é? Eu sou é forte. Quero ver você conseguir fazer o mesmo. - Virou metade do copo e foi bebendo tudo freneticamente.

-Ihhh, pelo jeito você não me conhece. -Fiz o mesmo, mas na mesma velocidade já que era impossível ir mais rápido.

Tomamos toda aquela bebida, já sentia meu estomago queimando e minha mente pedindo por mais. Puxei a mão de Camila e direcionei até a mesa de bebidas. E assim foi. Bebíamos um copo atrás do outro enquanto riamos uma da outra. Já estava bêbada e Camila mais ainda. A mesma me puxou até onde várias pessoas dançavam e começamos a fazer o mesmo. Dançamos durante um longo tempo. Não prestava atenção para onde meus pés estavam indo ou os movimentos que eles faziam. Só sei que dançava como se fosse minha última noite de vida. Eu estava feliz. Olhava Camila improvisando uns passos e ficava mais feliz ainda. Havia uma distância relativa entre nós duas. Senti alguém segurando meu quadril e virei para ver quem era. Foi algo irracional já que não conhecia ninguém. Mas me lembrava daquele rosto. Era familiar. Demorei alguns minutos até me dar conta de que era Gabe. O cantor da rodoviária. Sorri para ele e o mesmo levou como um sinal para me puxar mais próximo ao seu corpo. Tentava me afastar, mas era em vão, já que meu corpo estava mole e indo até pra onde o vento guiasse. 

Fiquei próxima a seu rosto e já podia sentir sua respiração perto. Senti sua boca tocando a minha em um selinho rápido, logo o ato se repetiu e Gabe começou a me beijar. Sua língua pedia passagem e eu não negava. Apenas fechei meus olhos e correspondi. Sua mão subiu até meu pescoço enquanto a outra me pressionava cada vez mais para seu corpo. Senti alguém nos separando delicadamente e no mesmo instante abri meus olhos. Era Camila. Sem pensar ela juntou nossas bocas e puxou Gabe para nós. Quando me dei conta um beijo tripo rolava solto entre nós. Havia uma batalha de passagens de língua e Camila tomou posse da minha boca empurrando Gabe de lado. Acabou com o pequeno espaço que havia entre nós duas e percorria suas mãos por todo meu corpo. 

-Não sei por que não fiz isso antes. - Sussurrou enquanto mordia delicadamente meu lóbulo. Gemi baixo no seu ouvido e já sentia meu corpo correspondendo ao ato. Queria Camila como nunca quis outra pessoa antes. Enquanto ela dava leves chupões pelo meu pescoço minhas mãos dançavam pelo seu corpo. Subi a mão direita até sua nuca e fiz com que seus olhos fossem ao encontro dos meus. Senti meu coração falhar ao sentir aquele olhar sobre os meus. 

-Você quer me deixar louca? -Perguntei com a boca bem próxima da sua. Ainda com os olhos conectados ao dela.

-Só estou fazendo algo que eu deveria ter feito há muito tempo. -Respondeu e logo mordeu meu lábio inferior. -Eu gosto de você muito mais do eu deveria. 

Assim que ela terminou a frase peguei sua mão e puxei em direção a saída. Estava ruim ainda por causa das bebidas, mas estava mais atenta. 

-Onde estamos indo? - Perguntou enquanto dava passos tortos pelas calçadas.

-Pro hotel. - Respondi fazendo esforço absoluto para seguir o caminho certo.

Demoramos mais do que deveríamos para chegar. Abri a porta do meu quarto com dificuldade enquanto Camila ria da minha cara. Assim que abri puxei a mesma para dentro do ambiente fazendo seu corpo colidir com o meu. A beijei novamente de forma intensa. Eu a desejava mais que tudo naquele momento. Separamos nossas bocas assim que o ar começou a faltar. Encarei seus olhos que pediam por mais e logo comecei a perceber onde eu estava. Minha mente estava bagunçada, mas no fundo minha racionalidade gritava que isso não era certo.

-Não posso fazer isso, Camz... -Disse enquanto a mesma me fitava com ar de dúvida.

-Você não sente nada por mim? Sério, Lauren? -Perguntou franzindo o cenho.

-Não... Não é isso. Eu só não posso. -Me joguei na cama pra ver se meu sentido voltava.

-Então por que me trouxe aqui? -Disse se sentando ao meu lado. Sua cara de decepção era notável. 

-Eu não sei. Por favor, me desculpe. 

-Sabe? Eu gosto de você. Gosto muito e vou te respeitar. Não precisava ficar assim...

-Estou assim porque eu... Espera. Em que sentido é esse gostar? -Aquela foi a pergunta mais estupida que fiz durante minha vida, ainda mais após o beijo que ela me deu, mas aquilo me bateu um desespero. Ela não podia estar gostando de mim.

-Gostar, Lauren... De amar, desejar. -Respondeu com os olhos estreitos e rindo ao mesmo tempo. -Eu gosto muito de você e isso nunca aconteceu antes por outra pessoa. Não vejo problema em dizer isso porque é o que eu sinto.

-Você não pode! -Respondi enquanto sentava na cama.

-Quê? Você está brincando comigo não é? Você realmente acha que a gente controla o que sente? Você deveria estar agradecendo por eu ser sincera com você. -Se levantou no mesmo momento da cama procurando equilíbrio.

-Eu vou embora, Camz... Não vou ficar aqui por muito tempo. Eu não quero te machucar.

-E eu não disse que estou disposta a viajar junto com você? Qual o seu problema? Não estou te pedindo em casamento, muito menos te privando da vida. Estou apenas dizendo o que eu sinto.

-Você me conhece e sabe que eu não sei lidar com essas coisas. Eu quero ser livre, Camz. Livre! -Levantei da cama e fazia gestos com as mãos enquanto andava de um lado para o outro. -Você não devia ter me beijado, você não devia ter sentido isso! -Falei mais pra mim do que pra ela. -Eu não quero te machucar!

-Tudo bem, Lauren. -Respondeu com algumas lágrimas querendo sair de seus olhos. - Tudo bem... Mas saiba que você me machucou e muito. -Abriu a porta do quarto e antes de sair me fitou. -Você foi corajosa suficiente pra deixar sua família, amigos e planos tudo para trás e agora tem medo de lidar com sentimentos. Você precisa aprender muito ainda, Lauren. Mas não se preocupe porque eu não vou mais tentar quebrar seu limite. -Fechou a porta e me deixou sozinha com a cabeça girando e com mil pensamentos. 

Flashback Off.

Desliguei a ducha e senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Eu não acredito que eu havia feito aquilo. Fiquei com a cabeça encostada na parede enquanto chorava, chorava e chorava. Aquela última frase que ela disse havia me abalado da pior forma possível. Eu era uma covarde. Nunca havia me aproximado de alguém dessa forma e agora estraguei tudo. Com esforço peguei a toalha e sequei meu corpo. Sai do banheiro sem roupa alguma, apenas me joguei na cama com a barriga para cima enquanto liberava toda lágrima que havia dentro de mim. Quando é que fiz isso por alguém? Quando eu deixei meus sentimentos me guiarem dessa forma? Eu havia magoado alguém que mudou minha vida em poucos meses. Alguém que poderia ser minha companheira de viagem, alguém que poderia ser minha companheira da vida. Passei minhas mãos pelo meu rosto enquanto soluçava, sentei a beira da cama, comecei a pensar freneticamente e tomei uma decisão: se o motivo pelo qual eu ainda estou aqui se foi, não tem mais nada que me prenda a essa cidade. Minha viagem vai continuar. Decidi isso mesmo que eu não devesse, mesmo que eu não quisesse.  



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