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História Onde o Coração Pertence - Parte 1


Escrita por: ArikaKohaku

Notas do Autor


olá. Estou de regresso com uma fic vomitada, lembram-se de "Se Me Magoas"? Esta é a mesma coisa, uma ideia que não me sai da cabeça e que eu preciso de escrever rapidamente para ela me deixar de importunar. Ela surgiu enquanto ouvia You Are Not Alone de Michael Jackson, e sim a letra é a inspiração para esta fic. Espero que gostem de mais um vómito cerebral meu ^^ Beijinhos

Capítulo 1 - Parte 1


Doces lembranças da passada glória,

que me roubou fortuna roubadora;

deixai-me descansar em paz uma hora

que comigo ganhais pouca vitória.

 

Impressa tenho na alma uma larga história

deste passado bem, que nunca fora;

ou fora, e não passara; mas, já agora,

em mim não pode haver mais que a memória.

 

Luis de Camões “Líricas”

 

A vida já lhe tinha dado uns quantos chutos no traseiro, merecidos ou não, porém ele agora era uma pessoa feliz.

 

Há dez anos atrás ele vivera uma das maiores reviravoltas da sua vida. Fora abandonado por uma pessoa que amara, uma pessoa com quem tinha construido sonhos e ilusões, uma pessoa que ele pensara que era a sua cara metade, com a qual criara um laço de alma e carne. Essa pessoa ainda era uma mágoa, principalmente quando ele fechava os olhos e percebia o que tinha perdido. O que estava perdido. O que ainda sabia que perdia.

 

No entanto, a dor tinha adormecido com o tempo e já nem de frustração se tratava. O tempo tinha-o feito aceitar. Tinha feito das feridas cicatrizes e ele voltara a conseguir sorrir, a andar e reaprendera a amar. Houvera um momento em que pensara que tinha perdido tudo, incluído a sua própria vida, que nada mais fazia sentido, mas eventualmente ele acabou, como uma fénix, por renascer das cinzas. Se dez anos podiam parecer pouco também eram muito na vida de um ser humano. Se num ano as coisas mudam muito, em dez mudam imenso, portanto ele era uma pessoa refeita. E gostava e amava aquilo que tinha no presente. Mesmo com a mágoa do passado.

 

Ele era Kim Jonghyun. Dez anos antes, com apenas 21 anos de idade ele acabara por ver a sua natureza mudada para beta. Acontecia a alguns e fora um duro golpe para ele. Era um golpe duro para qualquer pessoa. Ele vivera toda a sua vida como um orgulhoso, e um pouco arrogante, alpha. Descobrir de um momento para o outro que a qualquer momento podia começar a ter ciclos como os ómegas e gerar filhos no seu ventre, mesmo que continuasse também com a sua parte alpha activa, tinha sido uma espécie de choque. Na altura, tinha-lhe dado o nome de humilhação. A sua natureza perdida. Ele não sabia o que iria acontecer, mas sabia que certamente todos os seus amigos o começariam a ver de maneira diferente. E realmente fora isso que acontecera, na realidade, ele perdera grande parte dos seus amigos. E no meio de todos aqueles que o tinham abandonado, descobriu os seus dois melhores amigos, Jinki e Taemin, os mesmos que continuava a preservar e queria preservar para o resto da vida.

 

Jinki era seu amigo desde o liceu e Taemin era o vizinho da casa ao lado que ele conhecia desde que eram miúdos. Jinki era um alpha e Taemin um ómega e nenhum deles o vira de maneira diferente só porque o seu corpo tinha mudado. Jinki tinha-lhe dito que a mudança não era significativa, ele continuava a ser o mesmo Jonghyun. Jinki sempre tivera a capacidade de ver as pessoas pelas suas almas e personalidades e não pelo que eram fisicamente. E Taemin tinha-lhe dito que o ajudaria a enfrentar qualquer obstáculo e que o ensinaria a viver com a sua nova condição.

 

E na história do seu passado não podia faltar o nome de Kim Kibum. A pessoa que o tinha abandonado. O seu parceiro. O seu ómega. O que estivera marcado na sua alma e no seu corpo. O que era a recordação da mágoa. Enquanto ele lutava para compreender o que se estava a passar com o seu corpo, Kibum batalhava a luta da vida, ele estava de seis meses de gestação. Ia ser o primeiro filho de ambos. Não tinha sido planeado, tinha sido um descuido, mas isso não queria dizer que eles não desejassem o bebé. Eles ainda viviam em casa dos país, ainda estavam na faculdade de Belas Artes, por isso, as coisas eram difíceis, mas com a ajuda das suas famílias eles tinham esperança de conseguir construir um futuro. Além disso, a família de Kibum era realmente bem abastada e sabiam que nada lhes ia verdadeiramente faltar.

 

Se Jonghyun tivesse que analisar o que se tinha passado ele só tinha a certeza de continuar sem perceber o que tinha acontecido. O que fizera Kibum partir? O que é que o fizera desaparecer de um momento para o outro? Sem aviso e sem rasto. Talvez a sua recém descoberta natureza tivesse afastado Kibum, mesmo que ele nunca tivesse chegado a contar a Kibum o que se estava a passar. Talvez o mesmo tivesse descoberto instintivamente que ele virara um beta e, como tantos outros, se tivesse afastado em repudio. Jonghyun também nunca iria saber se fora algo que tinha feito ou dito. Ou se Kibum tinha simplesmente decidido partir sem pensar em Jonghyun, sem pensar no que este iria sentir, no que este iria sofrer. Pois Kibum não levara só com ele a sua relação, também levara o filho de ambos. Mas Jonghyun também já colocara a hipótese de alguma coisa ao bebé que fizera Kibum não querer ver ninguém e fugir dali.

 

Só que tantos anos depois, Jonghyun não podia pensar no seu passado pela manhã. Não fazia sentido começar o seu dia com pensamentos tão negativos. Ele descia as escadas de forma sonolenta em direção à cozinha. A casa onde vivia não era a dos seus pais. Era a sua. Era luminosa e espaçosa. Era um dos seus tesouros e onde outros tesouros viviam com ele. Vestia uma camisola branca demasiado grande para a sua figura, por cima de uns simples boxers negros. Os cabelos que ele com o tempo fora aclarando, estavam louros e despenteados. E no seu dedo havia uma ripa de ouro branco, um anel, uma aliança. Era simples e lisa. Mas significava muito para ele. Era a recordação de um dos dias mais felizes da sua vida. O dia em que assinara os papéis para a entrada permanente de Choi Minho na sua vida.

 

E Choi Minho era outro nome que pertencia ao seu passado, mas que era parte do seu presente e que ele sabia que ficaria ao seu lado para o seu futuro. Minho era um alpha. Mais do que Jinki ou Taemin, fora Minho que o fizera aceitar a sua própria natureza, a não ter medo dela e a levantar-se com orgulho por ela.

 

Depois de se formar, Jonghyun acabou por seguir um caminho diferente do que todos estavam à espera. Sim, ele sempre adorara cantar, tocar e compor, porém as coisas tinham mudado e ele deixara de ver a música como algo para viver. A vida tinha-o mudado. Naquele altura não sentira vontade de estar fechado num quarto a tocar um instrumento e a riscar páginas com pautas e letras. Ele queria sujar as mãos. Por isso, ele resolveu abrir uma loja de flores. Sim, mesmo sem saber nada de flores e plantas, ele virou florista. Ao principio fora um impulso de raiva. Se era um beta, que tal encontrar uma profissão mais digna da sua condição! Porém ele não podia imaginar que aquela loja e aquele impulso de fazer alguma coisa completamente fora daquilo que sempre fizera iria ser o seu caminho de volta à felicidade.

 

Abriu uma loja minúscula ao lado de um cemitério. Não havia melhor lugar para o seu estado de espírito, depois de ser abandonado da maneira que fora, e não havia melhor lugar para quem quer vender flores. Ele andava numa onda de auto-destruição e de solidão. Perdido em si mesmo, sem saber o que verdadeiramente fazer da vida. Mas isso foi até ele começar a entrar verdadeiramente no mundo das flores e das plantas. Tinha investido dinheiro que ele queria ver regresso e também do qual queria lucro, por isso, foi com determinação que começou a estudar as flores e plantas que vendia, precisava delas bonitas e saudáveis para as vender e fazer dinheiro. E foi nesse estudo que começou a compreender que afinal, as flores eram mais do que simples flores, elas tinham maneiras diferentes de ser cuidadas, tinham significados diferentes, algumas até tinham curas diferentes, mas todos os floristas diziam uma coisa em comum, quando amadas as flores ficavam ainda mais bonitas, elas retribuíam o amor com beleza. E Jonghyun começou a concordar com tudo, mas também a desenvolver as suas próprias técnicas e a amar as suas flores e a terra onde as punha. Verdadeiramente, sujava as mãos.

 

Das flores às pessoas que o procuravam foi um simples passo. Compreendeu que as suas flores, consolavam pessoas e embelezavam o repouso dos mortos. As pessoas pediam-lhe conselhos sobre o que levar aos seus entes que já tinham partido. Do nada ele começou a ser uma espécie de psicólogo. Ouvia os choros das pessoas, que de olhos marejados muitas vezes sorriam para as suas flores. Muitas contavam-lhe histórias, principalmente os seus clientes habituais. Havia uma viúva em especial de quem ele gostava muito e que todos os fins de semana ia visitar a campa do seu falecido e que passava por ali para comprar as suas flores. Á medida que ele foi ajudado pessoas, também se foi ajudando a si mesmo, lentamente começou a sentir-se ligado ao mundo. E a sua vida ganhou algum significado. Estava ali para dar consolo a muitas pessoas através das suas flores.

 

Infelizmente foi dessa mesma maneira que ele conheceu Minho, dois anos depois de Kibum o ter abandonado. Os pais de Minho morreram num acidente de carro. Quando dois homens altos, de porte atlético e caras de top model lhe entraram dentro da loja pedindo a maior coroa de flores que ele podia arranjar, ele não podia saber que estava a conhecer os irmãos Choi e que a partir dai, Minho acabaria por ir à sua humilde loja quase todas as semanas. Para depois passar a ir quase todos os dias. Mas Jonghyun teve que admitir que não compreendeu de imediato que aquele jovem alpha ia ali todos os dias por causa da sua pessoa e não porque os seus pais estavam enterrados no cemitério ali ao lado.

 

Há meses que Minho ia ali à sua modesta loja. E como qualquer outro cliente, acabara por contar um pouco o que acontecera na sua vida e o que levara ao falecimento dos seus pais. Pouco a pouco, para Jonghyun a presença de Minho ficara confortável e normal. Para ele, Minho tornara-se como qualquer outro cliente habitual que sente demasiado a falta dos seus entes queridos e que ia à sua loja passar um pouco o tempo e ganhar força nas suas flores antes de ir prestar as suas homenagens. Mas a verdade é que Minho ficava mais do que o tempo necessário. E Jonghyun não se apercebia porque era divertido conversar com Minho. Lentamente, eles tinham criado uma amizade. Lentamente, sendo perfeitos desconhecidos, eles tinham aberto os seus corações e falado sobre as suas vidas. Jonghyun aprendeu que Minho era um ano mais novo do que ele e ainda estava a terminar os seus estudos universitários, depois da morte dos pais o seu irmão mais velho tinha ficado à frente da empresa e era ele que suportava a vida de Minho. Jonghyun compreendeu que Minho amava o seu irmão imensamente, não só por ser a sua única família mais próxima, mas porque tinha genuinamente um amor por ele e que lhe era grato por não o deixar desamparado naquela hora. Jonghyun, ao perceber que Minho era uma alma pura, talvez um pouco ingénua, e que era verdadeiramente carinhoso, sentiu-se suficientemente confiante para lhe contar a sua própria história. Tudo corria naturalmente, até Taemin compreender o afecto que estava alojado dentro do coração de Minho através daqueles olhos amáveis e fazer um pequeno comentário.

 

- Hyung... ele gosta muito de ti. - Comentou Taemin ao ver Minho sair pela porta da loja com o seu habitual sorriso no rosto acenando em despedida. O seu comentário saiu num tom descontraído e calmo. Ele gostava de ver que Jonghyun se dava tão bem com Minho e que Minho conseguia meter Jonghyun a rir facilmente, da mesma maneira que fazia antes de Kibum partir.

 

- Claro que gosta. - Respondeu Jonghyun em brincadeira, borrifando as suas flores para as deixar frescas. Ignorando completamente o quanto o comentário de Taemin deixou o seu coração a bater de alegria. - Toda a gente gosta de mim.

 

- Sim, mas ele gosta daquela maneira de querer entrar dentro das tuas cuecas. - Clarificou Taemin, sempre com o seu pouco sentido para escolher palavras.

 

- Não digas parvoíces, Taemin. O Minho é um alpha. - Finalmente deu-se de conta que o seu coração estava a bater fortemente, mas desta vez não era só por alegria, havia também um pouco de medo. E para ele era ilógico um alpha gostar dele.

 

- E então? E tu és um beta. - Recordou-o.

 

Afinal não era assim tão ilógico, Minho gostar de si. Mas a partir daquele momento começou o tormento para Minho. Jonghyun não quis acreditar nas palavras de Taemin, mas depressa compreendeu que eram reais, só que mais do que chocado por compreender que Minho gostava de si, ficou chocado por compreender que talvez esse sentimento fosse reciproco e ele gostasse de Minho também. Caiu numa negação e quis realmente afastar Minho, porém nunca esperou que por detrás do carismático, meigo e prestável Minho, houvesse também um “detesta perder” Minho. O pobre alpha iria batalhar contra todas as montanhas e muros e entraves que Jonghyun colocaria entre eles, e eventualmente acabaria por ganhar o coração de Jonghyun. E o beta acabou por lhe entregar não só o coração como a sua tremida confiança num relacionamento. E com os anos sete anos juntos, a cada dia que passava, Jonghyun sabia que a decisão mais acertada da sua vida fora deixar Minho entrar nela.

 

Era o que a aliança no seu dedo queria dizer. Jonghyun era casado com Choi Minho. Jonghyun, depois da tormenta, encontrara o seu cantinho no mundo. Tinha a sua loja de flores onde podia ajudar diretamente algumas pessoas; tinha Minho ao seu lado como um bom e carinhoso marido, e tinha dois tesouros por quem daria a vida depois de lhes dar a vida. Jonghyun era orgulhosamente o progenitor de duas meninas. Heemi de cinco anos e Rémi de meros 8 meses. Ambas bonitas e preciosas, como qualquer pai diria da sua cria, mas elas certamente lindas, pois tinham os genes de Minho, ou assim gostava de Jonghyun de pensar. Heemi tinha sido indiscutivelmente a sua maior batalha emocional. Mas acabara a ser a sua maior criação pessoal e Rémi tinha vindo acrescentar amor. Após tantos anos, Jonghyun já não era mais assombrado pela sua mudança de alpha para beta, Agora ele achava que não podia ser de outra forma. Se ele não fosse beta, talvez nunca tivesse virado um florista, talvez nunca tivesse ficado com Minho, talvez nunca tivesse engravidado de Heemi, nem de Rémi, e talvez não fosse tão feliz e completo como era.

 

Espreguiçou-se em frente do frigorífico para depois abrir o mesmo e retirar uma garrafa de sumo lá de dentro. Abriu a garrafa e bebeu diretamente do gargalo, enquanto se apoiava na bancada atrás de si e via o sol da manhã pelas janelas a bater nas suas flores, que ele plantara no seu pequeno jardim na parte da detrás da casa. Já não se lembrava do sonho que tivera, mas lembrava-se que envolvia Kibum e que fora por causa desse sonho que acabara por acordar e por pensar no passado. O vento bateu contra o baloiço de plástico que Minho tinha comprado na semana passado para Heemi, fazendo-o baloiçar. Ele deu mais um trago no sumo, sentindo a quantidade de açúcar que estava contido nele. Nem acreditava que andava a dar uma coisa daquelas à sua filha mais velha.

 

- Então o que faz o meu perfeito esposo fora da cama, deixando o seu lindo marido sozinho a um domingo de manhã? - Jonghyun virou a sua cabeça ensonada lentamente para ver Choi Minho, apenas de boxers a entrar na cozinha na sua direcção. Rapidamente os longos braços de Minho estavam à volta do seu corpo e ele beijava suavemente o lábios de Jonghyun.

 

- Tinha sede. - As sobrancelhas de Minho arquearam ao perceber que Jonghyun não lhe estava a contar a história toda. Jonghyun suspirou sabendo que da mesma maneira que Minho não lhe conseguia esconder nada, também ele não conseguia esconder nada de Minho. - Eu tive um sonho...

 

- Com Kibum. - Concluiu Minho, havia um timbre triste na sua voz. Há anos que vivia acostumado aos fantasmas que ainda existiam na vida de Jonghyun. Mesmo que Jonghyun já tivesse ultrapassado grandes etapas na sua vida, haveria sempre aquela incógnita. Ele sabia que não era tanto por ser Kibum, mas por ter sido da forma que tinha sido e nas circunstância, e mais do que Kibum, Jonghyun queria saber o que tinha acontecido à criança que de um momento para o outro pertencera à realidade da sua vida e lhe fora arrancada.

 

- Sim, com Kibum. Mas não me lembro do sonho. Apenas sei que era um sonho com ele. Acordei a pensar nele. - Ainda agarrado ao corpo de Minho ele guardou a garrafa no frigorífico e fechou a porta. Depois aconchegou-se ao tronco do marido, como um animal à procura de mimo. - E a pensar em toda a minha vida e como sou feliz.

 

- Tu és feliz? - A sua pergunta soou com surpresa, por isso, Jonghyun mirou Minho através dos seus grandes olhos. Eram como um fundo poço cheio de estrelas.

 

- Claro que sou feliz. Não duvides disso! - Declarou com veemência. Um sorriso alastrou-se nos lábios de Minho. Ele era uma simples criança que recebia doces. Era aquela pureza no rosto que o fazia parecer ingénuo, mas Minho só era ingénuo no que tocava à família e às pessoas, ele queria sempre ver o melhor em todos, mesmo que soubesse que haviam alguns lobos maus por ai.

 

Ainda de sorriso nos lábios, Minho baixou ligeiramente a sua cabeça para beijar Jonghyun. Desta vez o beta puxou-o com os seus braços envolta do seu pescoço. As suas línguas tocaram e de olhos semi-cerrados eles partilhavam um beijo profundo com um sorriso brincalhão.

 

- Vamos voltar para a cama. Ainda é muito ce... - Um berro cortou a fala de Minho, sobressaltando os dois pais, que se entreolharam antes de gargalharem suavemente. Rémi tinha acordado, parecia que não era cedo para ela e que o dia tinha inequivocamente começado. Jonghyun elevou-se na ponta dos pés e beijou Minho como que a compensá-lo pelo acordar da filha.

 

- Vai buscá-la. Eu vou preparar o pequeno-almoço. - Pediu Jonghyun saindo dos braços de Minho e voltando a abrir o frigorífico para retirar a massa preparada das panquecas.

 

Era realmente domingo e era cedo, mas Jonghyun, ao contrário de Minho, ainda tinha de trabalhar pela manhã, pois o cemitério estava aberto. Iria aproveitar que tinha tempo para ter uma refeição calma com a sua família. Retirou dos armários um o pote do mel e o doce de mirtilo, colocando-os depois em cima da bancada da cozinha ao lado de pratos e talheres. Antes de preparar as panquecas numa frigideira, ele preparou a papa da sua bebé. E depois pousou-a sobre a bancada à espera que Minho viesse para abaixo com Rémi. Virou-se então para o fogão para preparar cinco panquecas. Duas para ele, mais duas para Minho (pensou senão devia fazer a terceira), mais uma para Heemi quando acordasse. Não estranhou a demora de Minho em trazer a bebé para baixo. Minho não era como os outros alphas que não cuidavam dos filhos. Minho não se importava de sujar as mãos numa fralda. E era provavelmente o que ele estava a fazer, a mudar a fralda à filha. Quando empilhou as cinco panquecas num prato e as colocou sobre a bancada, Minho finalmente apareceu com a bebé de oito meses nos braços e claramente bem disposta e faladora (ou balbuciando na língua dela). Assim que viu o seu omma, Rémi não foi de modos em pedir para ir para o seu colo e Jonghyun não foi rogado em deixar que ela viesse para os seus braços onde da mesma maneira alegre e faladora ele lhe deu os bons dias, em conjunto com uma boa dose de beijos e brincadeiras.

 

- Queres que vá acordar a Heemi? - Questionou Minho, sentado ao lado do marido e já servido de duas panquecas que ele enchia com doce de mirtilo. Os seus olhos diziam que estava deserto por espetar nas panquecas o seu garfo e faca. Rémi olhava para a sua tigela de papa da mesma maneira e resmungou com o seu omma para que lhe desse uma colherada do seu pequeno-almoço.

 

- Não. Deixa-a dormir. Também não deve faltar muito para acordar. - Com a filha sentada no seu colo, Jonghyun foi-lhe dando pequenas colheres de papa e bebé parecia extremamente contente, não só pela comida, mas por partilhar aquele momento com os seus dois progenitores. - O que vais fazer com elas?

 

As meninas ficariam com Minho enquanto Jonghyun estivesse na loja.

 

- Vou ao zoológico. Prometi à Heemi que lá íamos. Ela quer ver dinossauros, mesmo que eu já lhe tenha explicado que os dinossauros já não existem. - Jonghyun olhou para Minho com um olhar que sinalizava a chegada de um problema. Minho engoliu uma garfada de panqueca enchendo os lábios de doce. - Sim, vai ser problemático. Mas eu não sei como lhe explicar mais que esses grandes animais estão mortos e que não passam de ossos atualmente, então resolvi que o melhor era mostrar-lhe, o zoológico tem uma secção museológica com dinossauros. Depois vamos almoçar e vamos buscar o omma mais bonito de todos.

 

Minho tinha-se curvado para o lado de Jonghyun para o beijar. Foi um beijo rápido, mas foi o suficiente para que Rémi, no meio dos dois resmungasse pelo aperto. Os pais riram-se, ao mesmo tempo que Minho roubava mais um beijo e Rémi berrava. Pelos vistos, não gostava de ver os pais aos beijos, pelo menos, não quando estava no meio deles os dois.

 

- E depois vamos levar a Rémi e Heemi aos teus pais para finalmente termos um jantar a dois. - Declarou Minho numa espécie de triumfo que fez Jonghyun gargalhar até ouvir os pés batidos no andar superior. Heemi tinha acordado. E nem um minuto depois a sua pequena terrorista de cabelos negros cumpridos entrou na cozinha.

 

- Bom dia Heemi! - Desejou Jonghyun ao ver a pequena de cinco anos, enfiada no seu pijama cor de rosa da Minnie fazendo um beicinho.

 

- Omma, appa, vocês são barulhentos. Acordaram-me! - Resmungou Heemi ainda à porta da cozinha. Jonghyun deu uma palmada nas costas de Minho para que o mesmo se mexesse e fizesse alguma coisa em relação àquilo. Minho tossiu com a palmada, mas depressa desceu no banco, deixando a panqueca semi comida e aproximou-se da filha mais velha para a puxar para os seus fortes braços, ou os simples braços de um pai a agarrar na sua princesa.

 

- Desculpa bebé...

 

- Eu não sou bebé! - Cortou Heemi fazendo biquinho com os lábios, tinha aprendido aquilo do tio Taemin. Tinha começado mal, pensou Minho. - A Rémi é que é!

 

- Tens razão. Desculpa, princesa, nós não te queríamos acordar. - Pediu Minho beijando a bochecha da filha e regressando ao banco com a mesma. - Agora não tenho direito a um beijinho de bom dia?

 

Minho fez também beicinho e Jonghyun arqueou uma sobrancelha divertido, sabia que a filha bem tinha a quem sair, e olhava para a interacção do seu alpha com a sua cria em perfeito deleite. Heemi piscou os olhos mirando a cara do seu appa e depois não resistindo ao charme de Minho, acabou por sorrir e lançou os seus braços para abraçá-lo, distribuindo vários beijos sobre a sua face.

 

- E eu também tenho direito a um beijinho? - Perguntou Jonghyun aproximando a sua face da da filha.

 

- Mamã! Bom dia! - Desejou entusiasticamente dando um grande beijo na bochecha de Jonghyun e agarrando o seu rosto com suas duas mãos para que ambos ficassem com os seus olhares entre-ligados. Era um gesto que ele fazia com ela desde bebé. Eles trocavam olhares e eram como se ligassem as suas almas. E Jonghyun beijou também o rosto da sua filha mais velha.

 

- Ah estou a começar a ficar com ciumes! - Fingiu Minho. - A ver todo esse amor a sair pelos vossos olhos!

- Papá, não sejas tonto! - Ralhou Heemi pedindo depois a sua panqueca com mirtilo. Naturalmente que o mel era apenas para Jonghyun, já que pai e filha gostavam de doce de mirtilo e a bebé queria apenas a sua papa.

 

Ele já tinha levado muitos chutos no traseiro, merecidos ou não, certamente apenas lições completas ou incompletas, mas ele era uma pessoa feliz. E era assim que a família Choi passava uma bela refeição em família. Jonghyun tinha e pertencia a uma família feliz.  


Notas Finais


Isto no máximo terá três partes, embora eu ache realmente que só terá mais uma, afinal só falta o Kibum aparecer e... BOOOOM vou calar a boca para não dar spoiler... O que será que vai acontecer quando Kibum regressar? O que vcs acham?
Beijos


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