História One (Diley) - Tell the truth

– Miley... – A voz da Selena saiu quase sussurrada devido a sua falta de ar. Sua respiração estava pesada, sua pele estava um pouco pálida e seus lábios secos, e seu braço direito engessado e uma máscara respiratória pulmonar estava em seu rosto.

– Não Selena, eu já falei que não vou embora. – Sentei na cadeira que estava do lado da maca. – E também está chuvendo muito lá fora.

– Você está de... de carro. – Deu uma pequena risada.

– Mesmo assim.

– Eu não quero que... – Inspirou forte, recuperando o ar que lhe faltava. — Que você fique neste hospital... por causa de... de mim.

– Mas eu vou ficar você querendo ou não. – Cruzei os braços causando um rolar de olhos dela.

– Você tem uma mulher... uma mulher grávida em casa... não... não devia estar aqui. – Insistiu, segurando a máscara que estava em seu rosto.

– Steven e Madison estão com ela e além do mais, foi Demi que pediu para eu ficar aqui com você. – Falei e ela deu uma risada fraca.

– Não é à toa que a... Dj, Marissa, Laur e a Megan te chamam de... de pau mandado. – Falou rindo e eu revirei os olhos.

– Vocês não perdem tempo. – Bufei mas acabei rindo também.

– É claro! – Sorriu, tirando a máscara do seu rosto. – Vamos fazer um trato. Você fica aqui até... até eu e Megan entrarmos em cirurgia e depois... você vai embora, ok? – Falou, levantando uma sobrancelha sugestiva.

– Estou começando a achar que você não me quer por perto. – Fingi estar magoada , mas ela riu da minha mal interpretação de mágoa.

— Para de ser dramática. Você e as meninas... vêm aqui todo dia desde que... que eu estou neste hospital, ficam revisando os dias entre vocês e ficam... horas aqui, e vão para casa só para tomar banho. Vocês... as vezes vocês até passam a noite aqui. Eu não quero ser um... um problema para você e para as meninas. – Falou, colocando a máscara de volta para poder respirar melhor. Neguei com a cabeça sorrindo de lado e peguei a sua mão, apertando de leve.

– Nunca diga isso, você não é um problema para nós.

– Mas estou sendo. – Rolei os olhos novamente. – Não revira os... os olhos. — Me repreendeu, tirando a máscara para me responder melhor. – Megan vai doar metade do seu pulmão para... para mim. Dinah deixa de ir para... o restaurante para... para vir aqui e com isso... Mani tem mais... trabalho com a Liz e Raven. Camila agora só dá... aulas nas sextas e Lauren adiou suas... suas consultas. Ally abre a sua loja só nos finais de... semana. Você passa dia e... e noite aqui e deixa de... ficar com Demi e falando nela... mesmo grávida de... de cinco meses e cuidando da empresa, ela não... não deixa de vir aqui. Eu estou sendo um... peso para vocês.

– Selena para com isso! – Bati de leve no colchão da maca. – A gente te ama, não estamos aqui porque estamos sendo obrigadas e sim porque queremos. — Neguei com a cabeça, suspirando. Não acredito que Selena pensa que está nos atrapalhando.

Não estamos fazendo isso por obrigação e nem nada e sim porque queremos. É cansativo vir para o hospital todos os dias? Sim, mas isso é de menos. Estamos juntas para o que for preciso.

– Não vou deixar você falar isso. – Ela ia falar algo mas levantei um dedo a pedido que ela não falasse, o que causou outro rolar de olhos dela. – Nem tente protestar. Eu vou ver como está a Megan. – Levantei da cadeira. – Depois eu volto. – Peguei o meu casaco que estava jogado em um pequeno sofá que tinha ali e andei em direção à porta abrindo a mesma e saindo.

Caminhei calmamente pelo o corredor longo e branco, olhando cada porta, pois ainda não tinha decorado em que quarto Megan estava, apenas sei que é nesse corredor.

Depois de mais três portas da onde eu estava encontrei Megan e me surpreendi quando vi Ally com ela. As duas nem perceberam a minha presença, estavam muito entretidas com o jogo de damas que elas estavam jogando.

– E mais três jogadas, roubo a sua dama e ganho essa partida! — Megan falou, fazendo a jogada dita pela mesma. – Ganhei! Me deve um beijo pequena Ally.

– Cala a boca, te devo nada. – Ally bufou cruzando os braços. – Eu não aceitei essa sua aposta, sua pervertida. E você roubou! – Acusou apontando o dedo perto do rosto de Megan, o que causou um olhar incrédulo da mesma.

– Como?! Você estava aqui me olhando o tempo todo! – Falou com a boca entreaberta e o cenho franzido.

– Eu não sei, mas roubou. — Murmurou brincando com os próprios dedos.

Megan ia respondê-la mas se interrompeu quando me viu parada na porta, o que fez Ally olhar em minha direção também.

– Loira azeda! – Rolei os olhos por causa do apelido. — Entra aí! – Fez um movimento com a mão para que eu entrasse e assim eu fiz, sentando em um pequeno sofá que tinha ali. – Como está a latina sem ar? — Eu já disse o quão ridículos são os apelidos que Megan inventa pra gente? Se não, pois bem, são terrivelmente ridículos.

– Está bem. – Suspirei. – Só quer fazer essa cirurgia logo para poder ir embora o mais rápido possível. Ela acha que está nos atrapalhando em algo.

– Típico dela. – Riu sendo acompanhada por mim.

– Não querendo te expulsar desse quarto e nem nada mas Ally, o que faz aqui? – Perguntei para a mini Demi.

Está bem, confesso que eu também dou apelidos ridículos, inclusive fui eu que dei a ideia de chamar a Demi de mini Ally e a Ally de mini Demi. Eu sei, bem ridículo, mas é porque eu amo as minhas baixinhas, de modos diferentes claro.

– Hum... Essa coisa me ligou arrumando a desculpa de que ela estava sozinha e que você a abandonou com a Selena. – Estreitei os olhos para Megan e a mesma se encolheu na maca. – Ela me pediu para eu vir aqui, na verdade ela implorou, e como eu não estava fazendo nada decidi vir.

– Eu falei que você ia me amar um dia pequena Ally. – Megan falou sorrindo para a loira e a mesma transferiu um tapa em sua coxa.

– Não se iluda. – Resmungou.

– Você que não aceita o fato de que gosta de mim. – Ally bufou revirando os olhos.

– Se continuar com essa palhaçada eu levanto e vou embora. – Ally deu um olhar ameaçador para Megan e a mesma se encolheu mais ainda.

– Está bem, não precisa ser grossa, sua grossa. – Murmurou sem olhar nos olhos dela.

– Com licença. – Uma enfermeira entrou no quarto. – Mas já estamos prontos para a cirurgia. – Na hora Megan arregalou os olhos e engoliu em seco.

– Mas eu não estou pronta. – Falou rápido demais, apertando o lençol do colchão.

– Pare com isso, vai ficar tudo bem. – Toquei de leve o seu braço sorrindo de lado. – Não é? – Olhei para a enfermeira.

– Acredito que temos os melhores cirurgiões e também que eles vão fazer o possível para que nada aconteça.

– Viu? Não tem o que se preocupar. – Megan suspirou e olhou para Ally.

– Você vai estar aqui quando eu acordar? – Perguntou calma, porém insegura. Ally deu um suspiro baixo e sorriu de lado.

– Sim Megan, eu vou estar sim. – Falou assentindo com a cabeça. Megan sorriu segurando a mão de Ally e a mesma não recuou, o que fez aumentar mais o sorriso da morena.

– Agora eu estou pronta. – Olhou para a enfermeira e a mesma assentiu vindo em nossa direção e começou a prepará-la.

– Eu vou ver a Sel. Até depois da cirurgia Gaspar 2.0. – Baguncei os seus cabelos o que causou um olhar de reprovação dela, mas nem me intimidei.

Sai do quarto e no meio do corredor encontrei Selena sendo empurrada numa maca pelo um enfermeiro e alguns médicos do lado. Ela estava com uma toca e a máscara respiratória ainda estava em seu rosto.

– Miles... — Ela começou a falar quando me viu mas a interrompi.

– Shiiu, não fala nada. – Comecei a andar do lado da maca pois o enfermeiro não parou de andar. – Vai lá e volte com um pulmão novinho em folha. Aí sim você pode falar a vontade, aproveitar ele. – Ela assentiu sorrindo e deitou melhor na cama de hospital.

Andando mais um pouco e não demorou muito para encontrarmos Megan no corredor que também estava em uma maca e Ally estava andando do seu lado.

– Hey latina sem ar! – Selena rolou os olhos quando ouviu o apelido. — Pronta para receber o meu pulmão perfeito, assim como eu claro. — Ela ia jogar o cabelo para trás, mas fez uma careta ao perceber que seu cabelo estava prendido na toca.

– Mais do que... do que pronta. – Selena respondeu.

Andamos mais um pouco e paramos em uma entrada de duas portas. Olhei para a Selena e Megan e as mesmas estavam encarando a entrada com o semblante preocupado.

– Hey vai ficar ficar tudo bem! – Ally disse quebrando o silêncio. – Tirem essa cara de luto, não aconteceu nada e nem vai acontecer. – Sorriu fraco.

– Na verdade aconteceu sim. – Megan falou e nós olhamos para ela. — Selena ficou aleijada do pulmão e agora eu vou arriscar nos duas dando um pulmão novo à ela, foi isso que aconteceu. – Falou calma e eu dei um peteleco nela. – Aí! Pra que isso?!

– Pra ver se você para de falar besteiras! – Ela massageou onde eu bati resmungando algo inaudível.

– Miley. – Selena me chamou e eu olhei para ela. – Me prometa que... que vai pra casa e... e vai descansar? – Rolei os olhos por ela ainda insistir nisso. – O mesmo vale... vale para você Allycat. – Continuou encarando a Ally.

– Selena...

– Miley é sério. – Me interrompeu e eu suspirei me dando por vencida.

– Ok, vamos embora assim se soubermos se a cirurgia ocorreu bem e que vocês vão ficar bem. – Sorri fraco. – Não é Ally? – Olhei para a baixinha que assentiu.

– Não! Minha pequena Ally disse que vai estar aqui quando eu acordar! – Megan falou, agarrando o braço de Ally. – Ela tem que estar aqui, você que vai sozinha Miley.

– Tudo bem! Calma! – Ally falou, colocando a mão encima da mão da Megan. – Eu vou ficar aqui. – Sorriu.

– Meninas está na hora. – O médico que estava com nós falou chamando a nossa atenção.

– Então... Está preparada latina sem ar? – Megan perguntou, dando um sorriso de lado.

– É claro! Eu faria tudo para... para que você parasse... de me chamar assim. – Riu fraco. 

– Ok então. – Megan se ajeitou na cama, de modo que ela ficasse sentada com a costas ereta. – Me levem meus servos, se não eu desistirei. – Falou de um jeito engraçado. A enfermeira empurrou a maca atravessando as portas e suspirei quando perdi Megan de vista.

– É isso... – Selena falou chamando a nossa atenção. – Até depois loirinhas. – Sorriu para a gente e logo o enfermeiro empurrou a sua maca também atravessando as portas e sendo acompanho com os cirurgiões.

– Vai querer café? – Ally perguntou enquanto encarávamos as portas.

– É tudo o que eu mais quero agora. – Sorri a encarando e caminhamos em direção contrária das portas, indo para em direção à área do café que ficava no último andar, então tivemos que pegar o elevador. Ally apertou o botão do primeiro andar quando entramos no elevador e as portas de metais se fecharam e senti o movimento do mesmo.

Percebi que Ally não parava quieta. Tirava e colocava as mãos no bolso do seu casaco o tempo todo, pressionava os lábios um no outro e mexia as pernas freneticamente que estava até me dando agonia.

– Está com pilha no rabo? – Perguntei rindo e a baixinha olhou para mim com uma cara nada boa.

– Ahahahaha muito engraçada você. – Falou sarcástica.

– Desculpe, é que você não para quieta e isso já estava me irritando. — Dei de ombros mas ela nem se quer me olhou e continuou a se mexer sem parar.

Suspirei e segurei os seus ombros com as duas mãos e a virei para mim a fazendo ficar quieta e dar a atenção pra mim.

– Se aquieta aí smurfette! – Balancei seus ombros de um lado para o outro e depois a soltei. – Vai, me conta. O que foi? – Perguntei e ela me encarou indecisa, parecia em dúvida em me contar o que tanto a deixa nervosa.

Por uns instantes achei que ela ia me dizer algo mas ela apenas se virou para frente me ignorando totalmente.

– Está bem, não me conte. – Dei de ombros e as portas de metais foram abertas e saímos do elevador em silêncio.

– Eu só... – Ally começou a falar enquanto caminhávamos em direção ao refeitório. – Eu só estou preocupada.

– Eu sei, eu também estou mas também sei que tudo vai ficar bem, não tem porquê eu me desesperar. – Falei e ela abaixou a cabeça, encerando seus pés. Pensei um pouco e arregalei os olhos quando liguei os fatos. É claro! Como eu não tinha pensado nisso antes? – Você gosta dela! – Pensei alto de mais e ela olhou para mim com os olhos arregalados e parou de andar, o que fez eu parar de andar também.

– O quê?! Claro que não! Eu não gosto da Megan. – Deu uma risada forçada, como tivesse forçando a si mesma a acreditar na sua própria palavra.

– Mas eu não disse Megan. – Dei um sorriso convencido.

– Bo-bom agora você sabe que não gosto dela e de mais ninguém. – Falou sem olhar nos meus olhos, sinal de nervosismo. – Eu apenas gosto do Troy.

– É falando nele, cadê ele? – Perguntei com o cenho franzido e com os braços cruzados abaixo dos seios.

– E-eu nã-não sei. – Elas continuou a não olhar em meus olhos e se encolhia cada vez mais. – E-ele ainda está na tal viagem com os amigos. Tentei ligar pra ele e mandar mensagem mas ele não retorna e apenas visualiza.

– E isso já faz quantos tempo? – Perguntei calma porém séria pois essa conversa já foi para outro rumo.

– Alguns dias, eu não sei. Mas já faz alguns meses que estamos distantes, não como antes. Na verdade ele que está distante, pelo menos eu estou tentando. – Ela finalmente me olhou nos olhos e percebi que os seus estavam marejados.

– Ally...

– Não Miley, eu sei que ele não fez isso, eu não quero acreditar nisso. – Me interrompeu com a voz rouca.

– Ally você merece coisa melhor. – Falei séria, mostrando que eu estava sendo sincera com ela. – Vem cá. – Eu a puxei para um abraço e a mesma se desmontou em meus braços, chorando baixo. – Você não é uma boba, então por favor não se faça de uma. – Murmurei acariciando o seu cabelo.

Ela se separou de mim limpando o rosto e eu tirei alguns fios rebeldes de seu rosto, para logo depois acariciar o mesmo.

– Vem, vamos tomar um bom e forte café preto. – Eu a abracei pelo o ombro e ela me abraçou pela a cintura e começamos a andar até o refeitório. – E você vai ter uma conversa séria com ele se não eu vou conversar e ainda por cima termino com ele, entendido? – Ela riu e assentiu com a cabeça.

Compramos o nosso café e fomos para a área de espera, esperando que as duas cirurgias acabassem, o que sei que vai demorar horas. Ficamos conversando coisas aleatórias até que eu passe os meu olhos pelo o hospital e encontro Ariana e Wilmer.

Ariana estava sentada enquanto Wilmer falava algo para ela. Olhei bem e percebi que ela estava chorando, provavelmente a notícia que Wilmer está dando à ela não é muito boa.

– Você a conhece? – Ally perguntou fazendo eu vou voltar o meu olhar para ela.

– Sim. – Dei um gole do meu café que já estava acabando. – É a Ariana.

– Ariana? Tipo, aquela Ariana? – Perguntou um pouco surpresa.

– Sim, aquela Ariana. – Confirmei terminando de tomar o meu café.

Eu já contei para as meninas sobre o rolo que tive com a Ariana, na verdade Megan abriu a enorme boca dela e contou para Deus e o mundo, mas eu nem me importei.

– Ela é bonita. – Falou e eu apenas concordei com a cabeça. Ariana é uma mulher bela, a sua pele morena um pouco dourada deixava qualquer louco. E sem contar que acho os seus olhos lindos, seu castanhos prende qualquer um. – O que será que aconteceu? – Ally perguntou e eu dei de ombros.

– Não sei mas vou descobrir. – Disse sem pensar.

Levantei e joguei o copo de café vazio fora e fui em direção à Ariana. A mesma estava sozinha com a cabeça baixa e com um olhar triste, isso me fez lembrar do dia em que ela foi lá na minha casa. Ela só queria conversar e eu fui desnecessariamente grossa com ela, o que resultou ela com os olhos marejados. Me arrependo amargamente por ter a tratado de tal forma.

Com a coragem que eu tinha andei em passos largos e calmos até ela e parei na sua frente, mas parece que ela nem notou a minha presença. Eu sentei do seu lado e ela finalmente olhou para mim e deu um sorriso fraco.

– Ele era um homem bom. – Começou a falar e eu franzi o cenho não entendo, mas resolvi deixar ela continuar. – Quando minha mãe se foi eu prometi à ela que cuidaria do vovô pra ela. Eu confesso que eu não era muito chegada à ele, o máximo era algumas visitas de quinze minutos na sua casa, apenas isso. – Sorriu fraco, brincando com o cordão do moletom que usava. – Mas esse tempo que eu passei com ele percebi o quão bom é o homem que eu não dei o valor merecido. Mas agora é tarde, ele se foi e eu não posso lamentar por isso, eu não posso sentir.

– Hey! Não diga isso. – Acariciei a sua costas. – Você tem o todo direito de sentir, é o seu vô!

– Mas eu não o tratei como um. – Suspirou. – Não nos últimos anos da minha vida.

– Mas se esforçou para ser uma boa neta nesses últimos meses e recompensar o tempo perdido, certo? – Perguntei e ela assentiu. – Então! Eu sei que ele tem orgulho da neta que teve e também sei que ele não quer te ver assim. Ele te ama e apesar de tudo, você vai continuar sendo a netinha dele. – Ela deu uma risada fraca e me abraçou me pegando de surpresa mas acabei retribuindo.

– Obrigada. – Murmurou contra o seu pescoço e eu sorri acariciando o seu cabelo.

– Não precisa agradecer. E eu queria pedir desculpas por aquele dia. Não sei no que deu em mim.

– Tudo bem. – Senti ela sorrir entre o meu pescoço.

Relaxei os meus braços em volta da sua cintura e quando eu ia quebrar o abraço ela me puxou de novo, só que para um beijo, mas demorou milésimos de segundos pois ela se afastou rapidamente e levantou.

– Aí meu Deus! – Colou a mão na testa e arregalou os olhos. – Merda! Me desculpe Miley, e-eu não... – Elas começou a andar de um lado para o outro falando rápido demais.

– Hey! Calma! – Levantei e segurei o seu braço a fazendo parar de andar.

– Miley me desculpe, não sei no que deu em mim, eu não queria na verdade eu queria desde da última vez que ficamos mas isso não vem ao acaso. Você tem a Demi e eu estou ficando com outra e...

– Ariana pelo o amor de Deus calma! – Pedi mas ela me ignorou totalmente.

– E-eu tenho que ir. – Ela pegou a sua bolsa que estava no pequeno sofá e passou por mim em passos rápidos saindo do hospital. Segui o olhar por onde ela saiu e acabei vendo Ally que me encarava com fúria nos olhos.

Engoli em seco e caminhei em passos lentos até ela. Sentia negatividade vindo dela da onde eu estava, sinal que ela estava muito, muito brava mesmo. Estou fodidamente fodida.

– É assim que você descobre o que aconteceu com as pessoas avançando nos lábios delas?! – Perguntou assim que eu cheguei perto dela e começou a me estapear.

– Ai! Ai! Para com isso! – Tentava desviar de seus tapas fortes mas não conseguia. Céus porque toda baixinha tem que ter tapas fortes?! – Por Deus Ally está me machucando! – Finalmente ela parou com sequência de tapas em mim e respirou fundo ajeitando alguns fios de cabelo que caíram em seus olhos.

– Qual é da sua sair por aí beijando todo mundo?! – Perguntou brava.

– Hey! Primeiro. – Ergui o dedo indicador. — Ai! Os seus tapas dói! – Falei massageando o meu braço. – Segundo. – Ergui o segundo dedo. – Eu não saio por aí beijando ninguém, apenas a minha mulher e terceiro: eu não beijei ela, ela me beijou e praticamente não foi um beijo e sim um selinho.

– Foda-se! Beijo é beijo! – Ela cruzou os braços e eu revirei os olhos. – Você vai contar à ela. – Imediatamente arregalei os olhos.

– Não! Por quê?! Eu não fiz nada! – A olhei incrédula.

– Exatamente! Mas alguém fez e fez com você. Você vai contar à ela sim. Você sabe que deve contar à Demi e também você sabe que Demi odeia mentiras e ser a última a saber das coisas.

– Mas...

– Quer um relacionamento saudável? Então seja sincera, diga a verdade.

– Mas...

– Sem mas Miley. — Eu ia protestar mas ela não deixou. – Se não contar eu conto, você decide. – Ela deu de ombros e eu suspirei me dando por vencida. 

– Tudo bem, eu conto. Mas se ela me bater, ficar brava ou fazer greve de sexo eu fico uma semana sem falar com você.

– Impossível. Você não vive sem mim. – Sorriu convencida.

– Veremos então pequena anã. – Estiquei a minha mão em sua direção para ela apertar a mesma mas ela não fez.

– Veremos uma ova. – Deu um tapa na minha mão desviando dela. – Você não vive sem mim e pronto. Oxe, agora eu vi. – Murmurou cruzando os braços e olhou pro lados como se eu tivesse dito a coisa mais insânia do mundo.

– Humildade mandou lembranças. – Falo com a voz carregada de sarcasmo.

– Cala a boca, senta aí e sossega. – Me empurrou me fazendo sentar no pequeno sofá que estava atrás dela. – E não fale comigo, ainda estou brava com você. – Ela pegou o seu celular na sua bolsa e um fone de ouvido conectando o mesmo no celular e colocando no ouvido. Ally deu a última olhada mortal para mim antes de se ajeitar no sofá e fechar os olhos.

Rolei os olhos e fiz o mesmo me ajeitando no sofá de modo que eu ficasse confortável e fechei os olhos pronta para tirar um belo cochilo. Hoje acordei mais cedo que o canto do galo.

Acordei com alguém cutucando. Murmurei para que parasse mas parece que essa pessoa é muito insistente.

– Miley... Senhorita Cyrus. – Uma voz masculina me chamou e eu quase xinguei o indivíduo por ter me acordado bem na hora quando Angelina Jolie ia me beijar. Não me julguem! Demi sonha com o Brad Pitt sempre mesmo ela nunca ter visto ele, mas ela vai na ondas das pessoas que dizem o quanto Brad Pitt é bonito e blá blá blá.

Abri os olhos devagar para me acostumar com a luz e a primeira coisa que vi foi Ally praticamente deitada no sofá, com o fone de ouvido pronto para cometer um enforcamento nela, alguns fios de cabelo fora do lugar e uma saliva se preparando para cair da sua boca. Com certeza foi uma cena mais engraçada e pouco agradável que eu já vi.

– Senhorita Cyrus. – Olhei em direção para a pessoa que me chamou e vi o doutor ainda com a roupa da cirurgia. – Me desculpe por te acordar mas é porque as cirurgias já acabaram. – E como um passe de mágica já estava em pé na sua frente pronta para ouvi-lo.

– E então?! – Perguntei com a voz rouca.

– Então que está tudo bem. – Sorriu me deixando mais aliviada. – As duas cirurgias ocorreram muito bem e acredito que elas acordaram ainda hoje. – Falou sorrindo e eu sem pensar o abracei o pegando de surpresa mas ele logo tratou de retribuir o abraço. – Bem, agora eu preciso ir. – Falou assim que nos separamos e eu assenti freneticamente vendo ele sair.

Olhei para a baixinha que ainda estava dormindo e decidi acordá-la para poder dar a notícia. Com calma sentei do seu lado e toquei seu braço de leve chegando a minha boca perto do seu ouvido

– Allycat... – Sussurrei calma. – ACORDA! – Gritei atraindo atenção das pessoas mas eu nem me importei com isso. A baixinha se levantou em um pulo olhando para os lados assustada, com o cabelo bagunçado e o fone de ouvido pendurado em seu ombro. Nessas horas o celular dela já foi pro chão.

– Para de rir sua imbecil! – Me deu vários tapas seguidos mas eu só sabia rir.

– Ti-tinha que ver a s-sua cara! – Falei entre risos e ela bufou irritada parando de me bater e pegou o seu celular que caiu e ajeitou o seu cabelo sentando do meu lado.

– Quebrou o meu celular. – Murmurou e eu parei de rir e olhei seu celular. Tinha quebrado mesmo. – Vai me dar outro sua idiota. Por que me acordou? – Perguntou brava olhando ainda para o seu celular.

– Porque as cirurgias já acabaram. – Ela finalmente me olhou.

– E aí?!

– E aí que está tudo bem. – Falei sorrindo e ela sorriu também.

– Obrigada Deus! – Ela olhou e levantou as mãos pra cima.

– Eu falei que elas iam ficar bem, não falei? – Ela me abraçou e eu imediatamente retribui o abraço.

– Sim você falou. – Disse separando o abraço.

– Agora não se preocupe que o seu amor vai ficar bem. – Provoquei e levei mais tapas. Hoje literalmente eu virei um saco de pancadas.

– Idiota. – Me deu mais um tapa só com mais força.

– Ai Ally! – Passei a mão aonde ela bateu. – Vou embora antes que eu seja mais agredida. – Levantei do pequena sofá.

– É melhor ir mesmo, ainda estou brava com você. – Me olhou séria cruzando os braços.

– Já já essa raiva passa. Você me ama. – Me aproximei dela e dei um beijo no topo da sua cabeça.

– Infelizmente. – Murmurou ainda emburrada.

– Fale para as meninas que depois eu volto para vê-las. – Pedi e ela assentiu. – Tchau anã. – Dei outro beijo só que agora na bochecha.

– Tchau idiota. – Mostrei a língua pra ela a fazendo rir. Caminhei em direção à saída do hospital e vi que ainda chovia. Eu adoro frio e chuva, mas só é bom quando estamos em casa de baixo de um coberto assistindo alguma série na Netflix.

Respirei fundo me preparando para fazer uma corrida que pode custar a minha vida, está bem, eu exagerei, talvez custe o meu cabelo. Por sorte não estacionei o meu carro longe. Suspirei e sai correndo que nem uma louca naquele estacionamento, quem me vê pensa que eu estou fugindo de alguém.

Parei bruscamente em frente ao meu carro e procurei desesperadamente as minhas chaves que nesse momento em que eu mais preciso delas resolveu brincar de esconde-esconde.

– Inferno! – Bravejei irritada. Não acredito que gastei a minha energia para vir até aqui à toa, já estou mais que molhada. Finalmente achei as minhas chaves e não me pergunte onde estava.

Destravei o carro e entrei nele no estilo flash. Passei a mão pelos os meus cabelos molhados tirando toda umidade, coloquei o cinto de segurança e coloquei a chave na ignição girando o mesmo.

Sai daquele estacionamento e andei pela as ruas de Los Angeles pensando em como contar para a baixinha brava vulgo a minha mulher Demetria Devonne Lovato que Ariana Grande me beijou. Ally me mete em cada coisa. Se eu estou com medo? Não! Só muito.

Sério, Demi é uma pessoa vingativa e imprevisível, pode esperar de tudo daquela baixinha. Aquela carinha de anjo engana ninguém, na verdade engana sim mas só quem a conhece bem sabe que aquela rosto angelical pode se transformar no próprio Lúcifer quando quer. Mas apesar de tudo amo esse lado temperado dela, é excitante.

Estava tão perdida em meus pensamentos que nem percebi que já tinha estacionado em frente da minha casa. Respirei fundo e desliguei o carro, destravei o cinto de segurança e sai do carro, por sorte tinha parado de chover, apenas chuviscava.

Andei em passos lentos até à minha casa e percebo que o carro da Steven ainda está aqui, menos mal, pelo mesmo assim Steven me salva das mãos de Demetria, eu acho.

Girei a maçaneta da porta e percebo que ela estava aberta. Arrastei os meus pés no tapete na tentativa inútil de seca-los e entrei na minha casa encontrando Maddie e a minha irmã jogando vídeo game e Steven lendo algum livro.

– Fala branquela! – Rolei os olhos. Amor de irmã é tudo.

– Oi Miley. – Maddie largou o controle do Xbox e veio em minha direção para me abraçar mas parou assim que viu que eu estava molhada. – É melhor não.

– Também acho. – Ri sendo acompanhada por ela. – Oi Steven. – Fui até a senhora de cabelos loiros e beijei sua bochecha.

– Oi. – Ela nem olhou para mim, apenas sorriu.

– Nossa magoou. – Me fiz de magoada.

– Tá, tá tanto faz. – Gesticulou a mão em desdém.

– Nossa! Quanto amor. – Me ignorou novamente. Ok, agora eu estou ficando magoada. – O que tá fazendo aqui? Cadê mamãe e papai? – Perguntei para Noah, tentando esquecer o bolo que acabei de levar.

– Eles foram almoçar fora. – Falou revirando os olhos. – E eu pedi para eles me trazerem pra cá.

– Hum. Eu vou me trocar. – Fui em direção à escada e corri na mesma orando à todos os deuses para que eu não caísse e batesse com a cara no degrau. Felizmente eles ouviram as minhas preces.

Andei pelo o corredor e fui para o meu quarto. Percebi que a porta estava entreaberta e a voz que eu amo cantava uma música acompanhada por um violão e logo percebi que ela estava cantando Like I'm Gonna Lose You da Meghan Trainor.

Entrei no quarto tentando não fazer barulho algum e fiquei admirada com o que eu vi. Floyd e o Batman estavam com ela na cama e um violão estava em seu colo e seus dedos dedilhavam calmamente nas cordas do mesmo, nem parecia que ela era cega, é admirável a sua capacidade de fazer as coisas que necessitam da visão.

Demi sempre foi muito guerreira, nunca desistiu de fazer o que gosta por causa de uma coisa. Já conheci pessoas que desistiram de aproveitar a vida por causa de sua deficiência, o que é horrível de se ver pois é possível viver normalmente e Demi é a prova disso. Claro que, no começo ela se fechou para o mundo mas com paciência e calma ela foi se abrindo aos poucos, e hoje é uma inspiração para muitas pessoas.

– Por que não tira uma foto? – Demi perguntou me tirando do transe.

– Eu estou quase tirando mesmo, pena que certo alguém quebrou a minha câmera.

– Não tenho culpa se você deixou ele em cima do balcão. – Murmurou colocando o vilão do seu lado.

Um dia eu tinha acabado de chegar do parque e como o dia estava lindo eu aproveitei para tirar algumas fotos. Cheguei em casa morrendo de fome e fui para cozinha fazer um lanche para mim e deixei o meu bebezinho em cima do balcão. Demi chegou na cozinha e sentou no balcão derrubando a minha câmera e o resultado vocês já sabem qual foi né.

– E você sabe muito bem que balcão não é lugar de sentar. – Fui até ela e me agachei ao lado da cama para lhe dar um selinho.

– Não diga como se não fizesse o mesmo e eu já pedi desculpas. – Ri e a puxei para outro beijo e ela logo tratou de aprofundá-lo. Demi tocou os meus ombros e braços para depois me empurrar de leve. – Você está molhada. – Falou quando quebrou o beijo e fez uma careta.

– Eu sei. – Beijei o seu pescoço e percebi o pelos da sua nuca se arrepiarem.

– E como foi as cirurgias? Elas estão bem?

– As cirurgias ocorrem bem, as meninas estão bem e Ally está agressiva e apaixonada. – Falei indo para o closet e pegando uma roupa qualquer.

– Quê? Ally apaixonada? Espera aí, não me diga que...

– Sim, Ally está gostando da Megan só não quer admitir isso. – Falei saindo do closet e colocando a roupa na cama.

– Uau! Disso eu não esperava. – Falou rindo.

– É eu também. – Concordei sentando na cama. É agora. – E eu encontrei a Ariana lá no hospital e...

– E... – Incentivou para eu continuar.

– E eu... Eu te amo. – Tentei mudar de assunto rapidamente.

– Eu também te amo, mas agora me diga o que você aprontou. – Ergueu as sobrancelhas.

– Como assim o que eu aprontei?! – Me fiz de ofendida.

– Miley... – Rosnou, acariciando o pelo do Batman.

– Tá tá eu conto. – Suspirei. – Bo-bom, aarianamebeijou. — Falei rápido demais. Era nítido o meu nervosismo.

– O quê? Fala devagar. – Franziu o cenho.

– Amor, você sabe que eu te amo muito né? – Falei praticamente chorando de medo.

– Conta logo Cyrus! – Exclamou e eu engoli em seco. É agora ou nunca. Ally Brooke você me paga.

– A Ariana me beijou. – Ela imediatamente parou de acariciar o Batman e estreito os olhos.

Fodeu.