1. Spirit Fanfics >
  2. One Chance In a Million >
  3. Capítulo Único

História One Chance In a Million - Capítulo Único


Escrita por: SweetChild33

Notas do Autor


oi, eu meio que queria escrever isso a mt tempo mas n sabia como ent n julguem
espero q gostem, bjs

Capítulo 1 - Capítulo Único


 

 

Jem  caminhava lentamente pelas ruas de Londres a caminho da Blackfriars bridge, andava como se tivesse todo o tempo do mundo, mesmo que seu encontro fosse dali à uma hora. Observava, encantado, a rotina de todas aquelas pessoas que caminhavam alheias à sua presença,  preocupadas com suas próprias vidas. O  garoto que esperava ansiosamente alguém,  provavelmente uma garota, e segurava uma rosa, vez ou outra conferia se ainda estava apresentável, e parecia incapaz de se manter parado; ou a velhinha, que estava sentada em um café,  tomando um chá que já devia estar frio. Todas as pessoas que cruzavam as ruas com passos rápidos,  desatentas ao ambiente ao seu redor, focadas em seus objetivos.

Continuou seu caminho, pensado em tudo que o levara até ali. Lembrou-se dos anos ao lado de Will, que ficou ao seu lado, o garoto solitário que baixou suas barreiras para ele, que amava daquele seu jeito único, com tudo e com todas as suas forças. Pensou nos anos que passaram lutando um ao lado do outro, do desespero nos olhos do amigo durante suas crises, nas noites que dormia em uma cadeira ao lado de sua cama, ou os dias que passavam no parque debatendo sobre a dieta canibal dos patos. Pensou em Henry e Charlotte, que há muito já haviam partido, e tomaram conta dele, o amaram. Pensou até em Jessamine, a garota emburrada que se recusava a aceitar o que era, e morreu em uma cela na cidade do silêncio, iludida por um amor não correspondido. Por fim, pensou em Tessa, a garota que cativou seu coração com seus olhos cinzas, que o fez querer permanecer vivo apenas para descobrir as pequenas coisas do mundo, as coisas um do outro.

Ainda era fresco na sua memória a noite em que perdeu o controle perto dela, a noite em que se não tivesse derrubado a caixinha com sua droga, teriam ido até o fim. Mesmo após todo esse tempo, Jem era capaz de sentir as curvas da morena em suas mãos, até os pequenos detalhes, como o impacto de seus ossos contra os dela, ou a maciez de sua pele, até mesmo o pequeno relevo de uma cicatriz de infância naquela pele imaculada. Gostava de como ela não o olhou com pena, disse que ele era lindo e juntou seus lábios mais uma vez para outro beijo ardente. Mal sabia Tessa que já naquele momento ele sentia por ela uma adoração que nunca sentira antes, sentia-se como se ela fosse o sol e ele fosse Ícaro; o quanto mais alto voasse, chegando perto daquela estrela radiante, maior seria sua queda. Parecia ser incapaz de conquistar o seu coração sem dar o próprio. Sabia que havia encontrado um amor que o consumiria, algo tão intenso que queimava, remexia e torturava sua alma e pensou que talvez ele finalmente tivesse achado algo que valesse a pena viver os anos que passou sendo torturado pela droga.

Também se recordava do dia em que ouviu Will falar que amava Tessa. Partiu seu coração,saber que o amigo também a amava e tinha mais chances que ele. Primeiramente encheu-se de um sentimento mesquinho, ciúmes ou raiva, depois veio o arrependimento e a tristeza, como poderia culpá-lo? Fizera o mesmo e a pedira em casamento mesmo sabendo que não poderiam ficar juntos, fora sincero em cada palavra dita à ela durante o pedido, não sabia quantas vezes seu coração ia bater, quanto sua vida ia durar, mas fez a proposta mesmo assim, apenas por egoísmo, tentando fazer seus últimos momentos felizes. Sentiu raiva de si mesmo, raiva da doença e do amigo, pela primeira vez amaldiçoou Deus por ser incapaz de salvar a garota que amava. Então permitiu que Will fosse, salvasse sua garota e ficasse com a donzela no final, permitiu-se partir, aceitou a morte sabendo que estava rodeado por pessoas que o amavam, aceitou-a sabendo que agora tanto Tessa quanto Will, as duas pessoas que ele mais amava, teriam uma chance de felicidade.

Foi somente quando ele se encontrava resignado que apareceu a proposta dos Irmãos do Silêncio, tornar-se um deles, viver aquela vida isolada e silenciosa. Pensou em recusar, achava aquele prolongamento cruel, ser preso por uma eternidade à uma vida que não se encaixava com ele, uma vida solitária e sem música,  sem Will e sem Tessa, uma meia vida, talvez menos que isso. Mas aceitou mesmo assim, não sabia o por quê, mas o fez, aceitou a meia vida, talvez quisesse ver tudo o que sua curta vida não tinha permitido, mesmo que com outros olhos.

Viu Will e Tessa se casarem, viu a alegria que ele quase teve, e para sua surpresa, não sentiu nada de ruim, ficou feliz por seus amigos, percebeu que havia aceitado que tinha que deixá-los ir, não que tivesse parado de amar Tessa, ainda a amava com tudo que tinha, mas agora que era um Irmão do Silêncio, sentia tudo de uma forma diferente. Havia aceitado que a vida ao lado dela seria uma vida linda, mas que não era para ele. Assistiu o nascimento dos filhos de seu Parabatai,  filhos que ele pensava não poder ter; recordava-se da avalanche de sentimentos ao saber que Tessa estava grávida de um menininho, James, nomeado em sua homenagem. Quando ouviu a notícia colocou o rosto entre as mãos e chorou, chorou por um garoto que nem havia nascido e ele já amava, chorou por não ser capaz de passar por aquela experiência ele mesmo, chorou como não não chorava há muito tempo. Sentiu os braços do antigo Parabatai lhe envolverem, receosos, estranhos e completamente familiares ao mesmo tempo. Naquele momento foi a primeira vez que se arrependeu de sua decisão, uma coisa que nunca questionara, Jem pensava que seria capaz de viver daquele jeito, assistindo sua antiga vida a distância, mas em momentos como aquele queria ser capaz de abraçar seu Parabatai sem medo, poder tocar seu violino e viver livre, decidindo o que queria.

Sempre soube que era diferente dos outros Irmãos do Silêncio, que sentia tudo com mais força. Os mais velhos diziam que era porque sua vida nunca teve um encerramento, nunca teve que sentar e assistir as pessoas que amava morrerem, ainda vivia com elas, apenas de uma forma diferente. Tinha vezes em que não sentia nada, ficava oco, vivendo apenas no automático,  não sabia o quanto essa sensação durava, podiam ser meses ou anos, ele não saberia a diferença,  tudo parecia diferente naquelas catacumbas. Havia , também,  as vezes em que sentia demais, sentia todos os sentimentos que conteve durante sua vida conturbada se libertarem, sentia uma saudade esmagadora que o fazia chorar por horas, sentia falta de todas as pessoas que faziam do Instituto o seu lar, sentia falta de conversar com Tessa, ou apenas ouvi-la falar, tinha saudade de Will e de sua acidez, a forma como se protegia do mundo e abria suas barreiras somente para ele. Pensava que estava preso àquela vida, que existiria por uma eternidade sem realmente viver.

Permaneceu indo em direção ao seu encontro anual com Tessa, caminhava com passos vagarosos, como se não soubesse para onde ia. Todo ano ele sentia-se assim, não sabia que queria ir até estar lá,  e aproveitava cada segundo da vida na superfície,  olhava para o mundo como se tivesse sido privado de ar, absorvia as cores e cheiros, colecionava as sensações e imagens. Não passava todo o seu tempo na Cidade do Silencio, haviam as vezes que saiam para atender algum chamado, mas não era a mesma coisa, nessas ocasiões ele tinha oportunidade de andar na velocidade que quisesse e de apreciar o mundo que estava perdendo.

Sempre era doloroso quando se encontrava com Tessa, todos os anos assistia como ela tinha mudado e ao mesmo tempo tinha permanecido a mesma, ouvia suas dores de estar sozinha no mundo, um sentimento que ele compartilhava. No início do encontro a olhava como se fosse uma estranha, observava os pequenos detalhes que haviam mudado, como um hábito seu ou seu corte de cabelo, e ouvia ela falar, muitas vezes sobre memórias,  especialmente as com Will, falavam sobre livros e música,  e voltavam a ser os dois jovens que existiam a décadas atrás,  os dois adolescentes que se apaixonaram, mas acima de tudo, viraram amigos. Nessas ocasiões Jem gostava de guardar cada detalhe do rosto da amiga, mesmo que tivesse permanecido imutável ao longo dos anos, sabia que  nunca encontrava a mesma Tessa, e que durante as horas escuras seriam esse pequenos detalhes e suas conversas que o manteriam vivo.

Agora estava no seu destino, esperando Tessa, que mesmo depois de tanto tempo vivendo em Londres, nunca adquirira o hábito da pontualidade britânica. Estava ansioso, seria a primeira vez que se encontrariam desde o acidente que o transformara em humano novamente. Às vezes pensava que essa foi uma segunda chance que o destino deu a ele, uma oportunidade de amar e viver novamente. Ele não sabia se Tessa ia o aceitar de volta, se poderiam compensar todos os anos separados, se poderiam superar tudo que haviam passado juntos, as vezes em que Tessa o implorou para viver um pouco mais, as vezes em que ela o assistiu definhar, não sabia se ela estava disposta a viver esse tipo de coisa mais uma vez.

Ele a avistou primeiro, seus cabelos castanhos flutuavam ao seu redor devido ao vento, e seus olhos, os olhos que ela dizia não serem nada demais, retratavam uma perfeita imagem de um céu tempestuoso, algo que sempre encantou Jem. Viu o pingente de jade em contraste com sua pele branca e sentiu-se um pouco mais esperançoso. Permitiu-se admirá-la durante os segundos em que ela o procurava, havia permanecido a mesma, mas ao mesmo tempo era uma Tessa completamente nova, que ele mal podia esperar para conhecer.    

-Tessa? - Jem falou hesitante. Viu o rosto dela se abrir em surpresa, pensou mais uma vez se tinha tomado a decisão certa de ir até ali, mas continuou.

-Jem?- Ela varre os olhos pela multidão à procura do manto branco familiar e fica surpresa ao encontrar o mesmo garoto de 130 anos atrás, agora com cabelos pretos  e olhos castanhos escuro, com pequenas faíscas douradas, apenas uma lembrança do mal que a droga lhe fazia através de uma mecha grisalha.

E ele soube, na hora em que seus olhos se encontraram, que eles ficariam juntos. permaneceriam assim até o fim, ambos sabiam que aquele não era o tipo de amor que passa, é o que deixa marcas, cria raízes e pode ser ouvido mesmo que à anos de distância, o tipo que queima, transforma e se retorce, um que não pode ser ignorado, uma chance em um milhão.

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...