Depois de eu comer cinco pedaços e meio de pizza e passar mal, Smiley e eu estamos sentadas no banco de um parque perto da minha casa.
Miley me disse que o parque está cheio de crianças correndo e brincando, dá para ouvir suas risadas e isso me alegra muito. Amo crianças, se eu não amasse o meu trabalho eu seria babá ou trabalhasse numa creche, mas por conta da minha deficiência isso não foi possível.
Como queria poder ver novamente, tudo o que eu vejo é um breu, tudo o que eu imagino quando acordo é se algum dia eu vou poder ver algo, me sentir viva, completa, poder ver o rosto da minha mãe e do meu pai, ver o como esta a minha irmãzinha Maddie que já está com quinze anos, ver o Wilmer, ver o novo visual da Miley, ela deve estar linda.. ela é linda. Sabe Miley sempre me ajudou e ficou ao meu lado, na escola quando as pessoa me zoam ou jogavam coisas em mim, ela me defendia e quando a minha irmã mais velha, Dallas morreu, Miley foi o meu refúgio, nunca me abandono, ela sabe do que eu preciso, agradece-la não será o suficiente, nunca vai ser.
Com ela me sinto viva, completa e segura, só ela me faz me sentir assim. O que eu sinto por ela é algo intenso e ninguém nunca me fez sentir isso. É bom
- Vai querer um sorvete? - Perguntou Miley interrompendo o meus pensamentos.
- Ah não, se eu comer mais alguma coisa eu explodo.
- Bem que eu te avisei. – Reviro os olhos. – Bom vou comprar um pra mim, já volto.
- Ok. - Estava imaginando as crianças brincando quando senti alguém sentar do meu lado. - Smiley já voltou?
- Olá. - Respondeu uma voz masculina desconhecida por mim. - Tudo bem?
- Tudo sim e você? - Cadê a Miley!
- Melhor agora. Você é muito bonita, aceita um café ou uma bebida?- Pronto, era o que me faltava.
- Obrigada, mmas eu estou acompanhada. - Engulo em seco.
- Eu não estou vendo ninguém aqui. Vamos lá só uma bebida! - Falou e acariciou a minha coxa coberta pela calça.
- Eu falei que não! - Me levanto rapidamente.
- Com licença. Perdeu alguma coisa? - Miley! graças a Deus.
- E você é..? - Perguntou o homem.
- A namorada dela e você, o que quer com ela?
Namorada?
- Nada, eu já estava indo. - Falou o homem provavelmente se levantando.
- Acho bom mesmo. - Falou Miley segurando a minha mão.
- Tchau moça.. qual é o seu nome? - Ele ainda teve a audácia de perguntar o meu nome.
- VAI EMBORA! - Gritou Miley, duvido nada que agora temos plateias. O homem falou nada, deve ter ido embora. - Você está bem? - Perguntou Miley.
- Sim.. namorada? Sério Miley?
- Ué, é era o único jeito de ele ir embora. Tem certeza que esta bem? Ele não tentou nada né? - Perguntou num tom de preocupação.
- Sim Smiley, tenho sim. Está tudo bem. - Falei sorrindo. - Vamos embora? Estou cansada e preciso de um banho.
- Ah mas nem terminei o meu sorvete ainda. - Falou Miley com voz de criança.
- Vamos logo. - Falei rindo.
Miley me levou até o seu carro, abriu a porta pra mim e entrei no mesmo agradecendo. Sempre agradeço. O caminho todo a gente ficou em silêncio, não um silêncio desagradável, muito pelo contrário. Senti o carro parar, ouvi a porta sendo fechado e Miley abriu a porta para mim, segurei a sua mão e ela me acompanhou até a porta.
- Você não vai entrar? - Perguntei virada para ela
- Não, tenho treino com as meninas hoje. Mas hoje vou jantar com vocês. - Falou segurando a minha mão.
- É assim? fala que vai jantar aqui sem ser convidada? - Falei num tom de brincadeira.
- Tá bom. Querida suprema Deusa dona do universo, posso jantar na sua casa hoje?
- Não. - Falei séria e depois ri. - Você nem precisa pedir.
- Ok. Tenho que ir, até daqui a pouco gata. - Beijou a minha bochecha.
- Até gostosa.- Sorrio. Ela soltou a minha mão e saiu. Eu entrei em casa e senti uma coisa pular nas minhas pernas. - Batman! Oi meu bebê. – Peguei ele no colo e acariciei o seu pelo.– Mama cheguei!
- Estou aqui na cozinha. - Falou e fui direto para cozinha. Não preciso de ajuda e nada, conheço muito bem a minha casa, sei exatamente onde fica os móveis. As vezes tropeço em coisas que ficam jogadas no chão, mas nada de mais.
- Oi Steven, tá fazendo o que? - Perguntei me sentando.
- Só um sanduíche que o Wilmer pediu. – Bufo ao ouvi-la
- Já falei para o Wilmer parar de te pedir as coisas, você é da família e não nossa empregada. - Falei brava. Odeio quando Wilmer pede para Steven fazer as coisas para ele, como lavar roupa, fazer lanches, arrumar o quarto. Steven é da família, ela mora comigo, ela como uma segunda mãe para mim e Wilmer a trata como uma empregada. Já brigamos várias vezes por causa disso.
- Tudo bem, eu já estou acostumada. Agora deixa eu levar isso daqui se não o mandão fica bravo. - Falou rindo e eu a companhei. - Vai subir também?
- Sim, só vou ficar brincando um pouco com Batman.
- Tudo bem.
Fiquei brincando com Batman, eu amo tanto esse lindinho. Dallas me deu ele algumas semanas antes de sofrer o acidente de carro. Sinto tanta falta da minha irmã, saudades de suas broncas, conselhos, brincadeiras, seu jeito de pentear o meu cabelo, suas piadas, as ameaças que ela mandava para os meus namorados, até das nossas brigas. Como queria voltar ao tempo e passar mais tempo com ela.
- PORRA STEVEN VOCÊ NÃO FAZ NADA DIREITO! - Ouvi gritos e barulhos de pratos quebrando vindo do meu quarto, soltei o Batman e corri para o meu quarto tentando evitar esbarrar ou bater em algo. - Um, dois, três, quatro.. - contava cada degrau em voz alta para não me esquecer. Cheguei no último e fui direto para o meu quarto que é o segundo á direta.
- Mama?! - Gritei assim que entrei no quarto, eu ouvia alguém chorar baixinho. - O que houve aqui? - Perguntei mas ninguém falava nada e isso já estava me irritando. - Será que dá para alguém me dizer que merda aconteceu aqui? - Senti alguém passar por mim e sair pela porta que estava atrás de mim, pelo perfume feminino deve ser Steven, com certeza deve ser ela.
- Wilmer.. o que você fez? - Perguntei o mais calma o possível.
- O que eu fiz?! Essa empregada idiota que não serve para nada, só faz besteira! - Falou alterado. Segui o som da sua voz e fui até ele, quando cheguei perto dele senti um forte cheiro de álcool.
- Wilmer você bebeu? - Falei e ele ficou calado. - Responde!
- Sim! E daí? Só bebi um pouco.
Um pouco?
- O que você fez com a Steven? Por que ela estava chorando?
- Se for pra ficar defendendo a empregadinha é melhor sair.
- Já falei que é para parar de chama-la ou trata-la como uma empregada, você sabe muito bem que ela mora comigo e é a única família que eu tenho aqui em Los Angeles. – Tento soar calma. – E eu saio a hora que eu quiser, o quarto é meu, a casa é minha. Se você estiver incomodado com alguma coisa pode ir, não estou te obrigando a ficar.
- Ok então. - Ouvi ele abrir o guarda roupa e uma coisa cair no chão, provavelmente uma mala.
- Aonde você vai? - Perguntei.
- Ué você não disse que eu posso sair daqui quando quiser? Então! Estou indo para o meu antigo apartamento. Vou embora.
Já vai tarde. Sinceramente não aguento mais brigar com Wilmer, é melhor ele voltar a morar no seu apartamento.
- Acho melhor, ultimamente brigamos muito e não tô afim de aturar outra.
- Brigamos muito porquê você fica defendendo aquela empregada e vive com a Miley!
- Já falei para você parar de chamar a Steven assim! E não meta a Miley nisso! Não tenho culpa se o meu namorado não me dá a atenção, até quando não esta ocupado. Pelo menos Miley fica comigo, me ouve, conversa comigo e você? É um "Oie, tchau e boa noite" nem um bom dia ouço de você mais porquê quando acordo toda manhã, você não esta na cama. – Repsiro fundo. – Você acha que eu vou ficar solitária andando por aí Wilmer? É claro que não! Não sou otária para ficar correndo atrás da sua atenção não. Cansei de fazer papel de trouxa ou você muda o seu jeito e volta a ser o homem que eu conheci à um ano atrás ou esse namoro acaba.
Ele não falou nada. Eu ouvi a mala sendo e então ele me empurrou me fazendo cair em cima de.. vidros quebrados? Não sei dizer.
Ouvi a porta bater com força, ele foi embora.
- Ai... Merda. - Gemi assim que senti o meu braço doer, toquei o meu braço e ele estava cortado. Parece que não foi tão profundo assim. Menos mal.
Me levantei e fui para sala.
- Mama! - Chamei Steven assim que cheguei no andar de baixo.
- Estou aqui! - Sua voz estava vindo do quintal.
- Mama, tudo bem?
- Sim... O que houve com o seu braço?! - Perguntou desesperada.
- Não foi nada, está tudo bem. - Tentei fingi que não estava doendo.
- Como nada? Está sangrando muito, Demetria. - Pegou no meu braço e eu gemi de dor. - Vamos, eu vou fazer um curativo nesse braço, ainda bem que o corte não foi muito profundo. - Ela me levou para dentro de casa, me sentei no sofá e esperei ela voltar com o kit de primeiros socorros.
Suspirei ao me lembrar do acontecido. Não acredito que Wilmer esta virando um babaca. As nossas brigas nunca passou do limite, sempre brigávamos, acalmávamos e depois nos entendemos. Era sempre assim, mas hoje ele foi bem bruto, não sei se vou perdoa-lo tão cedo.
- Deixa eu ver esse corte. - Falou Steven me tirando do meus pensamentos. Ela fez o curativo e depois enfaixou o meu braço. - Pronto, agora você vai me contar o que houve?
- Só se você contar o que ele fez com você. - Rebato.
- Quando cheguei no quarto ele tava sentado na cama tentando se manter firme, ele estava bêbado. Chamei ele e entreguei o lanche que ele me pediu, aí do nada ele começou a gritar comigo. Falando que não queria aquele sanduíche, que não eu servia para nada, mandava fazer outro, sei lá, ele começou a gritar sem motivo nenhum. Tentei acalma-lo mas ele me empurrou e derrubei tudo que estava na bandeja no chão, e foi aí que ele gritou mais ainda e depois ele me.. - Ela mesma se interrompeu
- O que ele fez Steven?
- Ele me deu um tapa no meu rosto e cai batendo a cabeça, não foi nada, só deu um pequeno corte. E você chegou e eu sai dali. - Ela terminou de falar e eu fiquei e silêncio. Não sabia o que falar, Wilmer nunca foi de agredir alguém, até mesmo uma mulher.
Ouvi a campainha tocar, eu ia levantar para atender só que Steven me segurou me impedindo de levantar.
- Eu atendo, deve ser a Miley. Não sei se devia ter chamado ela mas eu não sabia o que fazer, estava com medo do Wilmer te machucar ou algo assim. - Ela falou em um só fôlego
- Tudo bem Mama. - Sorri fraco e senti ela passar por mim para atender a porta.
Ouvi vozes e depois senti um corpo se chocar com o meu em um abraço. Miley. Como é bom sentir o seu abraço, tão bom.
- Demi está tudo bem? O que aconteceu com o seu braço? Wilmer te machucou? Pra onde ele foi? - Perguntou tudo de uma só vez.
- Está tudo bem Miley, calma. Esquece o meu braço foi nada de mais e o Wilmer foi embora. Ele vai ficar no apartamento dele agora.
- Eu vou acabar com esse babaca. - Me tirou do seu abraço e levantou.
- Não Miley! Apenas fica aqui comigo. Por favor. - Puxei ela de volta. Eu precisava dela agora, precisava de seu carinho, precisava da minha amiga.
Ela não me responde, só me abraçou, me deu um beijo em minha testa e começou a acariciar o meu cabelo me permitindo descansar em seus braços.
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