1. Spirit Fanfics >
  2. One (Diley) >
  3. Love does not combine with me

História One (Diley) - Love does not combine with me


Escrita por: dileycoud

Notas do Autor


Oie guys, sorry (not sorry) a demora. Estou ocupada com a escola e agora estou fazendo um curso militar, então piorou tudo..... Mas está aí um lindo cap

OBS! A capa é um recadinho (atrasado) para os homofóbicos de plantão.

Boa leitura!

Capítulo 36 - Love does not combine with me


Fanfic / Fanfiction One (Diley) - Love does not combine with me

Dallas, Texas 

Abril, 2007

Residência dos Lovato's/De La Garza's

As pessoas sempre falam que a fase da adolescência é a melhor fase que alguém poderia viver. Amores, amizades, conhecimentos, descobertas, aventuras, festas e etc. Essas coisas fazem que as pessoas pensam que a adolescência é melhor fase de vida de um ser humano, a melhor fase que alguém poderia vivenciar, mas eu acho que quem inventou isso é um completo mentiroso.

Vejamos: Quantos adolescentes já se sentiram sozinhos? Quantos adolescentes já entraram em depressão ou suicidaram por causa de um problema que eles não conseguiram resolver? Quantos adolescentes se fecharam para o mundo por causa de um fato que aconteceu em sua vida? Bom, são muitos.

E quantos adolescentes são compreendidos e ouvidos pelos os pais ou qualquer adulto? Quantos adolescentes conseguem se abrir para as pessoas? Quantos adolescentes se sentem a vontade de sentar com alguém e contar os problemas que vem enfrentando? São poucos.

Muitos adolescentes passam por problemas que eles não conseguem resolver, mas que são obrigados a resolver sozinhos. Muitos adolescentes não são ouvidos, e quando os ouvem o julgam como os culpados. Eles falam: "é só um fase.", "está querendo chamar atenção." ou até " é falta de surra.". Certo, pode até ser isso, pode até ser uma fase, ou falta de atenção, ou só "falta de surra". Mas vocês já pararam para pensar que eles apenas querem serem ouvidos? Compreendidos? Serem ajudados? Pois eles sabem que o problema que estão enfrentando agora, no futuro, pode lhes dar problemas e consequências maiores, e muitas pessoas, adultos para ser mais exata, não enxergam isso e nos julgam. Pois bem, muitas das vezes pode ser isso.

– Eu já disse que não vou fazer consulta nenhuma! – Me exaltei, batendo as mãos no balcão da cozinha.

– Mas Miles é preciso! Quantas vezes você acordou desesperada a noite? E sem falar que você anda muito desconfiada.

– Dallas eu estou bem, ok?! – Bufei e sentei na banquinho do balcão, ficando de costas pra ela.

Eu já estava cansada. Não desta discussão, mas sim do que vem acontecendo. Eu já não sou eu mesma, não me reconheço. Eu ando muito estressada, irritada e cabisbaixa. A noite eu venho tendo pesadelos que me fazem acordar no meio da noite desesperada, e são sempre os mesmo pesadelos. Alguém tentando tocar em mim, me usando e me abusando, enquanto eu lutava como se a minha vida dependesse daquilo. Então vocês já devem ter ideias o porque disso tudo, não?

Eu odeio aquele moleque, ela faz a minha vida um verdadeiro inferno e eu não posso fazer nada, fico de mãos atadas. Quantas vezes ele ameaçou Demi, Marissa e até mesmo a Selena. Ele falava que ia atrás delas e cometeria o pior e "melhor" erro se eu contasse alguma coisa para alguém. Antes eu não acreditava, mas agora, depois de tudo o que ele vem fazendo em mim nessas últimas semanas não duvido mais dele. Então fico calada enquanto ele me fazia de saco de pancadas todos os dias na escola. O pior que o desgraçado nem deixa marcas.

– É, eu estou vendo. – Dallas foi irônica. – Você acha que eu não percebi que todas as vezes que vou buscar Demi na escola eu vejo você assustada, olhando para os lados como se um doido fosse te pegar? – Fiquei calada, não me preocupei em respondê-la, sabia que ela estava certa. – Você não está bem Miley.

– Eu estou bem. – Menti novamente e pude ouvir ela suspirar pesado. Senti seus braços abraçarem a minha cintura e ela apoiou o rosto em meu ombro, fazendo-me sentir a sua respiração bater em minha bochecha.

– Não, você não está. – Respira pesado me causando arrepios.

Dallas virou o meu corpo e encarou-me colando uma mão na minha coxa, mas de um jeito singelo, e a outra sua mão foi para a minha bochecha acariciando a mesma.

– Mas se você não está pronta para me contar o que está acontecendo, saiba que eu vou estar aqui, te cuidando e te ajudando no que for preciso. – Falou sem parar de me encarar, o que me deixou um pouco sem graça.

– Ok. – Desviei o meu olhar pra qualquer canto daquela cozinha, quebrando a nossa troca de olhares. – Obrigada Dallas, por tudo.

– Só me agradeça quando eu realmente puder te ajudar. – Riu fraco. Virei o meu rosto para encará-la mas foi um erro. Dallas me deu um selinho. Eu acho que ela ia beijar a minha bochecha, já que ela tem essa mania, mas como acabei virando o rosto acabou virando um selinho.

Encarei-a um pouco surpresa e a mesma tinha as suas bochechas coradas e a expressão assustada.

Fofa. 

Era a palavra certa para descrevê-la. E isso a deixou mais bela, já que ela é muito linda, então corada ficou mais ainda. 

Ok, talvez não foi um erro virar o rosto.

– Me desculpe, eu não...

– Tudo bem. – Corto sua fala. Segurei a sua cintura com as duas mãos e puxei-a para mim, já deixando o meu lado cafajeste tomar conta do meu corpo. – Eu até gostei. – Brinquei erguendo as sobrancelhas várias vezes, o que a fez rir.

– Para Miley! – Me empurrou pelos os ombros, me afastando dela. – As vezes você é muito safada, já te falaram isso? – Me olhou fingindo estar brava. Ri e ergui os ombros.

– As meninas da minha escola não reclamam. – Falei sorrindo de lado e puxando-a para mim novamente, deixando ela entre as minhas pernas.

– Mas eu não sou as meninas da sua escola. – Colocou as mãos em meus ombros e meu olhou divertida. Ela já tinha entrado na brincadeira.

– Bem que você podia ser. – Brinquei novamente. 

Dallas riu e mordeu os lábios. Fiquei estática quando ela sorriu e aproximou o seu rosto do meu. Sentia a sua respiração batendo em meu rosto e seus lábios roçando nos meus, o que me fez automaticamente fechar os olhos sentindo aquele pequeno contato. Em um só movimento eu poderia beijá-la, mas eu não fiz, fiquei parecendo uma estátua enquanto ela rosava sua boca na minha. 

Deus! Cadê aquele mulher tímida de alguns minutos atrás?!

Senti seus dedos tocarem a pele do meu pescoço de forma lenta, me arrepiando por causa do seu toque quase sensual. Apertei mais o meu aperto em sua cintura e a trouxe mais para mim. Eu estava pronta para quebrar a pequena distância dos nossos lábios quando ouvi sua risada. Abri os olhos e Dallas me encarava divertida, quase debochada.

– Pro seu azar... – Sussurrou perto da minha boca. – Eu não sou as vadias que você come na sua escola. – Riu novamente e deixou um beijo molhado em meu pescoço antes de se afastar ainda rindo. Quando finalmente sai do meu transe, levantei do meu lugar e a pressionei contra o balcão, aproveitando a vantagem de que eu era maior que ela.

– Não devia ter me provocado. – Murmurei perto do seu ouvido.

– Eu não provoquei. – Sua expressão de inocência se formou em seu rosto no mesmo instante em que ela levantou seu quadril, roçando sua bunda em meu membro coberto pela a calça. O que me deixou completamente louca.

Quando eu ia revidar, ouvimos passos vindo da sala e ela rapidamente se afastou de mim e foi para o outro lado do balcão com um sorriso malicioso por ter me deixado em um estado nada apropriado. Bufei frustrada e sentei no banco novamente.

Logo Dianna entrou na cozinha, com Maddie em seu colo que assim que me viu, desceu do colo da sua mãe e correu até a mim. Peguei ela no colo e beijei várias vezes o seu rosto, a fazendo dar uma gargalhada gostosa.

– Miley!

– Oi minha segunda pequena preferida! Como você está? Gostando da escolinha nova? – Perguntei animada, mas ela fez uma careta.

– Não. Os meninos de lá são muitos maus. – Falou com os braços cruzados e um bico enorme nos lábios.

– Não liga para eles pequenininha. – Coloquei uma mecha de seu cabelo pra trás do seu ouvido. – Eles são bobos e você é uma menina muito linda e inteligente. Nunca deixem eles falarem ao contrário.

– Pode deixar Miley. – Fizemos um hive-five e pude ouvir Dianna rir.

– Com certeza ela não vai deixar. – Falou parando ao meu lado. Dianna deu um beijo no topo da minha cabeça e Maddie saiu correndo quando ouviu a porta da sala sendo aberta, provavelmente Demi tinha chegado da consulta.

– Bênção Di. – Pedi a bênção dela. Já era costume, pois a nossa família tem costumes religiosos e são religiosos.

– Deus te abençoe. – Sorriu, afagando o meu cabelo. – Como vai Miley? E a sua mãe está bem?

– Sim. – Sorri fraco. – E a senhora?

– Você sabe que não gosto quando me chamem assim.

– Ok Dianna. – Enfatizei o seu nome a fazendo rir.

– E o que veio fazer aqui, Miley? – Ela perguntou enquanto abria a geladeira e pegava uma garrafinha d'água.

– Dallas me chamou para conversar. – Falei encarando a ruiva, que me olhava com aquele sorriso malicioso, aproveitando que ela estava de costas para Dianna.

– Conversar sobre o quê? – Perguntou enquanto sentava no banco ao meu lado, o que fez Dallas desmanchar o sorriso na hora.

– Nada de mais mãe. – Dallas deu de ombros, com a maior cara de inocente.

– Hum, ok então. – Dianna murmurou. Ela terminou de beber a água e se levantou. – Eu vou voltar para o escritório, preciso resolver alguma coisas. – Pelo o canto de olho pude ver Dallas revirar os olhos e fazer uma careta, o que me fez rir baixo. – Qualquer coisa me chamem. – Assentimos e então ela saiu da cozinha deixando nós duas sozinhas novamente.

– Você não presta Dallas! – Olhei séria para a mulher a minha frente. Dallas riu e veio até a mim beijando o meu rosto.

– Você que começou. – Sentou no banco que Dianna estava antes, assim ficando de frente pra mim, já que ela sentou de lado.

– Mas eu não peguei pesado. – Resmunguei irritada. Dallas falou nada, apenas piscou para mim e abriu um pacote de bala que estava dentro de um pote em cima do balcão, e passou a chupá-la de forma lenta, quase erótica. – As Lovatos ainda vão me matar desse jeito. – Pensei alto de mais, encarando a sua boca.

– Lovatos? Então quer dizer que a minha irmãzinha mexe com você? – Perguntou com as sobrancelhas erguidas. Sai do meu transe e a encarei.

– O-o quê?! Não! – Forcei uma risada falsa, desviando o meu olhar para o pote de balas. 

– Aham. – Ela revirou os olhos e cuspiu a bala no lixo que estava perto dela. – Miley, desembucha. Você não sabe mentir.

– Ok... – Suspirei derrotada. – Digamos que eu tenho uma queda por ela, na verdade é o Grand Canyon... na verdade eu a amo. – Falei por fim. Dallas ficou em silêncio, mas o que veio a seguir estourou os meus tímpanos.

– Não creio nisso! – Exclamou com um sorriso enorme. – Por que não me disse antes?!

– Por que ela é sua irmã? – Rebati óbvia.

– E daí meu amor? Eu podia ser o cupido de vocês, e vocês agora poderiam estar casadas, com filhinhos lindos e com um cachorro chamado Spike.

– Isso me pareceu bem convincente. – Falei sarcástica.

– Mas então? – Indagou, apoiando os cotovelos no balcão e apoiou sua cabeça em suas mãos, me olhando atentamente.

– Mas então o quê? – Perguntou quando percebi que ela ficaria só me encarando. Dallas bufou e me fitou como se eu fosse a pessoa mais lerda que existe.

– Me conta como tudo aconteceu!

– Ah, você sabe. – Dei de ombros. – Apenas aconteceu. Quando percebi, não dava mais para negar o que eu sentia por ela.

– Aawwnn! Que fofo! – Bateu palmas animada. Parecia uma adolescente. – Você vai contar a ela?

– É claro! — Ironizei, sorrindo falso. Mas como a lerdeza vem de família ela não tinha percebido o meu sarcasmo e sorriu abertamente. – Que não, né Dallas! – Completei e ri por causa da sua lerdeza.

– Por quê?

– Você sabe que a palavra amor nunca entrou no meu dicionário, nunca amei alguém de verdade. Esse sentimento é novo pra mim, e para eu estragar tudo é em um piscar de olhos.

– Que bobagem Miley. Se você sabe que a ama não há o que temer.

Quando eu ia respondê-la, Demi entra na cozinha me fazendo calar na hora. Olhei para Dallas que tinha um sorriso divertido nos lábios

– Cale a boca. – Falei apenas mexendo a boca, sem sair nenhum som e Dallas fez um movimento como se tivesse fechando a boca com um zíper.

– Do que vocês estavam falando? – Demi perguntou quando percebeu a nossa presença.

– De você. – Antes que eu pudesse respondê-la, Dallas respondeu por mim, o que me fez estreitar os olhos em sua direção. – Miley quer te dizer uma coisa. – Mas que filha da...

– Dizer o quê? – Eu estava pronta para xingar Dallas quando Demi pergunta pra mim.

– Na-nada, quer dizer... – Me calei tentando achar palavras certas, mas não conseguia. – Érr... eu...Steven! – Gritei o seu nome quando ela entrou na cozinha. – Steven quanto tempo! – Abracei-a e a mesma me olhou estranho.

– Mas não faz nem três horas que nos vimos. 

– Miley, o que você está me escondendo? – Demi rosnou, já impaciente. 

Baixinha brava.

– Na-nada, por que está me perguntando isso? – Me fiz de desentendida.

– Você está pálida. – Steven tocou o meu rosto, me olhando atentamente. Nessas horas Dallas estava quase desmaiando de tanto rir. – Você está bem? Está passando mal?

– E-eu estou be-bem. – Tirei as suas mãos do meu rosto e sorri forçado. 

Eu vou desmaiar. 

– Pois não parece. – Desta vez Dallas falou, rindo de mim. Se olhar matasse ela já estaria morta.

– Demi! – Maddie entrou correndo na cozinha, chamando a nossa atenção e eu quase me ajoelhei ao seus pés. – Demi, mamãe comprou barbies pra mim. Quer brincar comigo?

– Mas Maddie...

– Por favor! – Madison choramingou, batendo os pés. O que fez Demi suspirar derrotada.

– Ok, eu brin... – Ela nem terminou de falar e já fui puxada por Maddie a tirando da cozinha. Suspirei aliviada e soltei o ar dos meus pulmões que eu nem percebi que havia prendido.

– Tem certeza que está bem, Miley? – Steven perguntou preocupada, o que fez Dallas rir novamente e Steven a olhar sem entender.

– Tenho, tenho. 

– Hum. – Murmurou desconfiada. – Bem, eu vou fazer o almoço e vocês sabem que eu não gosto que ninguém fique na cozinha enquanto eu trabalho.

– Está expulsando a gente? – Dallas colocou a mão no peito fingindo estar magoada.

– Sim. – Respondeu séria. – Agora vazam. – Steven começou a empurrar eu e Dallas para fora da cozinha, enquanto nós protestávamos.

– Isso é agressão! – Dallas resmungou quando já estávamos na sala.

– É isso ou você vai ficar sem o almoço. E se reclamar, vai ficar sem o jantar.

– É por isso que eu digo que você manda aqui. – Dallas forçou um sorriso e fez uma dancinha estranha, causando um revirar de olhos da Steven.

– Interesseira. – Murmurou antes de voltar para a cozinha.

– Eu não tenho mais respeito nesta casa. – Dallas resmungou com um bico enorme nos lábios. 

Olhei-a séria, quase a agredindo com os olhos. Dallas franziu o cenho, mas depois ela arregalou os olhos já entendendo as minhas intenções e saiu correndo pela a sala.

Comecei a correr atrás dela para descontar o papelão de trouxa que ela me fez passar na cozinha, mas claro, o que eu fiz com ela não passou de cócegas e brincadeiras.

Los Angeles, Califórnia

Dias atuais

Residência da Cyrus

Carinho, afeto, amor. Isso nunca combinou comigo. Há um motivo para dizer que eu seria mais feliz sozinha. Não foi porque eu pensei que seria mais feliz sozinha. Foi porque eu pensei que se eu amasse alguém e depois acabasse, talvez eu não conseguisse sobreviver. Pra mim é mais fácil ficar sozinha. Porque, e se de repente você descobrir que precisa de amor? E se você gostar? E se você dependesse dele? E então… um erro seu e ele acaba. Um erro e as chances de ele voltar para os seus braços são mínimas.

Mas quando eu menos esperava, eu estava me apaixonando. E isso estava me assustando. Amar alguém não é fácil, e amar alguém no qual você conviveu desde sempre é pior ainda. O afeto no qual essa pessoa tem por você já era grande, e conseguir amá-la e fazê-la te amar piora, pois, um erro seu vai ser como dar um tiro nas costas da sua amada. E fazê-la tentar esquecer do seu erro vai ser como tentar fazer alguém esquecer de como andar de bicicleta. É inútil.

Foi o que aconteceu comigo; um erro e tudo desmoronou. Mas é porque eu nunca soube lidar com esse tipo de amor. Eu não sabia o que era amar; eu o sentia, mas não o colocava em prática. Comigo era se apegar, ficar e largar. Eu estava com medo de amar e o resultado disso foi drástico. Eu consegui superar, consegui aprender a amar, consegui esconder o meu maior segredo por anos, mas segredos foram feitos para serem revelados. E quando ele se revelou, eu entendi porque eu tinha tanto medo de amar, pois quando você se apega ao amor, ele escapa de você, e sentir essa perda é como a morte. Só que a morte termina, mas a perda pode ficar para sempre. O amor nunca combinou comigo, mas eu a amava.

– Ela está bem. Não apresenta nenhum sinal de depressão, ansiedade ou agressividade.

Selena falou assim que saiu do quarto. Sua expressão mostra que os resultados dos exames não são nada bons.

– Mas ela está com o comportamento infantil e com amnésia. Então, tudo o que ela se lembra ou retrata são momentos vividos na sua faixa etária dos sete ou até os seus doze anos de idade. Ela pensa como uma criança de sete anos ou mais. Poucas vezes ela volta a sua idade mental normalmente, mas como desta vez a crise está mais avançada do que a última vez a maior parte do tempo é infantilidade. Ela é uma criança agora.

– Eu posso vê-la, ou ainda...

– Ela chama por você. – Me interrompeu antes de eu terminar a pergunta. Um sorriso fraco escapou dos meus lábios ao ouvir o que ela disse. Sei que a Demi em que ela se referia é a Demi de muitos anos atrás, mas mesmo assim não deixei de sorrir. – Ela chama por você e por Dallas. – Corrigiu sua frase, me olhando triste.

– E-eu vou vê-la. – Minha voz falhou, me fazendo engolir em seco na tentativa falha de interromper o choro se formando em minha garganta.

– Tudo bem. – Respirou fundo. – Só não se altere ou algo parecido, sempre mantenha o tom de voz firme porém suave. Qualquer coisa pode fazê-la mudar de personalidade rapidamente ou até adquirir agressividade, e isso pode fazer mal a ela e principalmente ao bebê por causa das mudanças de humor consequentemente.

Assenti devagar, quase desistindo da oportunidade de vê-la ao ouvir os riscos. Mas eu precisava vê-la. Já faz dias que eu não a vejo.

– Qualquer coisa me chama. – Sussurrou antes de abrir a porta e entrar no quarto. Respirei fundo e entrei no quarto a encontrando.

Ela estava na cama, sentada de pernas cruzadas como um índio e tinha uma expressão confusa enquanto mexia em sua barriga com a mão. Aquela cena apertou o meu coração, porque com certeza ela não se lembra que está grávida.

– Hey Demi. – Selena falou calma, porém Demi não deu atenção a ela. – Sou eu, Selena. Eu trouxe alguém que você gosta muito. – Finalmente Demi levantou a cabeça, e deu um sorriso muito lindo.

– Quem?! – Perguntou animada.

– Miley, sua amiga. – Selena me olhou de relance, em um pedido mudo para eu dissesse algo.

– O...– Me interrompi quando percebi que a minha voz sairia fraca. Limpei a garganta ante de voltar a falar. – Oi Demi.

– Mily! – Sorri ao ouvir o apelido que ela usava quando éramos crianças. – Vem cá! – Bateu de leve do seu lado na cama. – Você sumiu. Não conversou comigo mais e eu fiquei com medo porque estou sozinha no escuro.

– Selena, deixa a gente sozinhas por favor? – Pedi para a latina, que apenas assentiu e saiu do quarto.

Andei até a Demi e sentei do seu lado na cama. Peguei a sua mão e entrelacei os nossos dedos fazendo sorrir. Pra ela foi um ato tanto quanto inocente, mas para mim me fez sentir turbilhões sentimentos.

– Me desculpe pequena. Eu estava ocupada. – Sorri fraco e ela franziu o cenho.

– Sua voz tá grossa. – Falou ainda com o cenho franzido.

– Estamos crescendo, Dê. – A chamei pelo o apelido que eu usava quando eu era criança.

– Você tem razão. – Sorriu. – Mamãe me disse que já tô virando mocinha... mas não quero virar mocinha. – Não pude deixar de rir da careta que ela fez. – Eu quero continuar com oito anos. Ser adulto deve ser muito chato. Muitas coisas pra fazer e para se preocupar. – Suspirou, acariciando com o polegar a minha mão que ainda continuava entrelaçada com a sua. – Eu já ouvi Steven dizer que adultos sofrem muito, em todos os sentidos.

– Você nem faz ideia o quanto. – Murmurei baixo, para que ela não ouvisse.

– Sabe onde tá Dallas? – Perguntou depois de um breve silêncio.

– E-ela saiu. – Minha voz saiu trêmula. Levei a minha mão até o seu rosto e acariciei sua bochecha. – Mas daqui a pouco ela volta.

– Eu quero que ela volte logo porque eu quero contar pra ela que consegui amarrar o meu tênis sozinha, sem a ajuda da mamãe. – Sorriu orgulhosa, como se isso fosse a coisa mais incrível do mundo. Olhei para os seus pés, e os mesmos estavam cobertos por um par de tênis esportivos e estavam amarrados de um jeito desajeitado, um laço em cima de vários nós.

– Eu tenho certeza que ela ficaria orgulhosa. – Senti uma lágrima solitária descer pelo o meu rosto, e eu rapidamente limpei.

Demi começou a se mexer desconfortável ao meu lado e fazia caretas, como se algo a tivesse incomodando.

– Mily, eu acho que tô doente. – Resmungou, ainda se mexendo desconfortável na cama.

– Por quê? – Me fiz de desentendida, mesmo já sabendo do que ela se tratava.

– Porque a minha barriga tá dura e tô sentindo alguma coisa se mexer dentro de mim e isso já tá me irritando. – Rosnou e quando vi que ela ia apertar sua barriga em sinal de raiva segurei a sua mão a impedindo.

– Não faça isso! – Quase gritei, fazendo arregalar os olhos assustada. – N-não faça isso. Você pode machucar a sua barriga e piorar mais o incomodo. – Me xinguei mentalmente porque ter dado uma desculpa tão estúpida.

– Bom, tudo bem. – Deu de ombros. – Mas ainda continua incomodando. Aqui, sente! – Ela pegou a minha mão que estava entrelaçada com a sua e a colocou na sua barriga. Passei a acariciar a sua barriga e sorri ao sentir a minha filha se mexer. Por instinto, me agachei deixando um beijo em sua barriga, o que foi completamente um erro.

Senti as mãos de Demi tocarem a minha cabeça com curiosidade e em seguida ela me empurrou, quase me fazendo cair da cama. A olhei assustada e seu cenho estava franzido e seu nariz torcido indicando raiva.

– O que você pensa que está fazendo?! – Sua voz enfurecida soou no quarto me fazendo engolir em seco. 

– De-Demi... – Tentei dizer algo mas ela me interrompeu.

– Espera! O que você faz aqui? Eu pensei que você estivesse presa. – Franziu a testa em confusão, mas sua expressão séria continuava em seu rosto.

– Demi, e-eu posso explicar. – Falei enquanto levantava da cama. – Eu fui solta e...

– E então você achou que pode vir como se nada tivesse acontecido?! – Me interrompeu novamente.

– Demi, vamos conversar por favor. – Tentei me aproximar dela e segurar a sua mão, mas ela se desviou de mim.

– Não toque em mim. – Rosnou. – E eu não quero saber nada que venha de você!

– Demi me ouça. Você está com...

– Eu não quero ouvir mais nada de vindo de você Miley! – Demi me interrompeu. – Eu preciso de mais tempo, de preferência longe de você! Eu quero você longe de mim! – Ao ouvir aquilo foi como uma facada em meu peito. Talvez uma facada doeria menos.

Demi começou a andar em direção a porta, mas eu fui mais rápida e segurei-a pelo o braço fazendo ela parar de andar.

– Me solta Miley! – Praticamente gritou, tentando se soltar. Ela me empurrava com força, mas soltava lufadas de ar irritada por não conseguir se soltar de mim. – Me solta se não eu vou gritar!

– Demi me escuta...

– NÃO! Me solta agora Miley! – Seu tom de voz nunca deixava de ser alterado. Eu a todo custo tentava acalmá-la mas quase não adiantava nada.

– Pequena, por favor... – Pedi em um sussurro. Nessa hora eu já não controlava as minhas lágrimas que desciam livremente pelo o meu rosto.

Demi aos poucos parou de se mexer e ficou calada, parecia pensar. Froxei o meu aperto em seu braço e permiti que ela conseguisse se soltar. Quando ela ia finalmente quebrar o silêncio entre nós alguém entrou no quarto chamando a sua atenção.

– Eu ouvi gritaria, está tudo bem? – Selena perguntou preocupada e Steven estava do seu lado.

– Não, não está nada bem. – Demi respondeu ríspida antes de sair do quarto. Selena logo tratou de sair do quarto, seguindo-a. 

– O que aconteceu? – Steven me perguntou.

– E-eu não sei... e-eu... eu estava... e-ela estava. – Eu não conseguia completar nenhuma das frases. Alguns soluços baixos escapavam da minha boca facilmente e me interrompendo.

– Ei! Calma.

Steven veio até a mim e foi quando seus braços se envolveram em volta do meu corpo que os meus soluços aumentaram e eu me permitir chorar em seu ombro. Abracei sua cintura e fiquei ali, chorando como uma criança indefesa, como uma criança que acabou de perder seu doce. Não entendia porque eu estava assim. Talvez porque os pesadelos do meu passado esteja voltando aos poucos e eu tenha que enfrenta-lo novamente.

Depois minutos, que mais pareciam uma eternidade fui me acalmando, mas ainda deixei minha cabeça em seu ombro. Naquele momento eu precisava de alguém, de um ombro amigo de vários anos. Eu não entendia porque eu estava tão sensível e indefesa agora, só sabia que precisa de alguém para me confortar.

Depois de alguns minutos ali, levantei o meu rosto e a encarei. Steven tinha um olhar sereno mas preocupado. E decepção não passou despercebidos por mim ao encarar seus olhos. Nunca vou me acostumar com isso.

– Está melhor? – Perguntou enquanto limpava o meu rosto molhado com suas mãos.

– Sim, eu só... – Respirei fundo, me recuperando do choro recente. – Sim, eu estou melhor.

– Quer me dizer o que aconteceu?

– Ela só... só estava um pouco nervosa. – Sorri fraco, dando de ombro. – Eu acho que ela não está pronta para conversar.

– Com licença. – Ouvimos duas batidas na porta e depois ela foi aberta, revelando Selena. – Miley podemos conversar?

Assenti com a cabeça em concordância. Steven me deu um beijo em minha testa, sussurrando algo semelhante a "tudo bem". Apenas sorri em resposta antes de ir em direção a Selena que me esperava no corredor. Quando cheguei perto dela ela já foi me puxando para sala. Olhei em volta e percebi que a mesma estava vazia.

– Ela está no escritório, não se preocupe. – Falou, como tivesse lido os meus pensamentos. – Ela acha que trabalhando pode fazer esquecer um pouco de tudo.

– Então, por que quer conversar comigo? – Sentei no sofá e ela sentou do meu lado.

– Bom, é meio óbvio, não? – Sorriu sarcástica, me fazendo revirar os olhos. – Mas enfim. Demi me contou o que aconteceu...

– Olha foi por impulso, me desculpe. Ela pediu para eu tocar a barriga, eu toquei, senti a minha filha se mexer e quando vi eu já estava beijando a barriga dela. Foi instinto materno, sei lá.

– Calma! Eu não vou brigar com você. – Falou rindo por causa do meu desespero. – Não é por causa disso que eu te chamei. Na verdade eu quero pedir um favor.

– Claro. Mas qual?

– Bom, como eu já te expliquei, o transtorno da Demi voltou mais avançado do que antes e as mudanças de personalidades dela vão ser mais constantes, e muitas das vezes, as personalidades vão dominá-la mais, como você tenha percebido.

Assenti concordando. Quando Demi começou a ter as crises, não era como hoje. Ela conseguia controlar suas personalidades, não a deixavam dominar por completo. Mas agora, como pude perceber, elas estão mais dominantes.

– E por causa disso sempre devemos lembrá-la quem ela é e o que está acontecendo. – Selena voltou a falar. – E é aí que você entra. Você precisa ficar vinte e quatro horas com ela.

– Como? Você sabe que ela nem me quer pintada de ouro.

– Mas você é a única opção. – A olhei sem entender.

– Selena, me explica isso direito. – Movi o meu corpo para o lado, ficando com o meu corpo totalmente de frente pra ela. Eu não entendia aonde ela queria chegar, e eu queria entender.

– Você sabe que não só graças a terapia, mas também a convivência com a música, amigos e familiares a ajudou bastante na recuperação. No entanto, como ela tem a ausência da família agora, você e Steven são as pessoas mais próximas a familiaridade dela. O que isso significa que vocês tem que ser a família dela agora.

Franzi a testa não entendo. Se é pra ajudar com a recuperação dela, é melhor ser com alguém que não lembre a morte da sua irmã e a causa da volta de seu transtorno. Demi está imprevisível, suas atitudes não podem ter um lado positivo agora. E acredito que a minha presença não irá ajudar com isso.

– Você deve estar pensando "que ideia absurda", não é? – Selly voltou a falar,recuperando a minha atenção a ela novamente. – Porém, Demi já sabe que seu transtorno voltou, portanto, ela não quer ir para a psicoterapia. Então, como eu não posso força-lá a fazer a consulta pensei que eu mesma poderia trata-la, mas pra isso preciso da sua ajuda. – Assenti com a cabeça, em um pedido mudo para que ela continuasse. – Apesar de acontecer o que aconteceu, eu tive uma breve conversa com Demi e ela me explicou que você foi umas das poucas pessoas que mais a ajudou. Com isso, eu fiz uma pequena conclusão e conclui que, pelo o fato de que vocês se conhecem desde da infância, com a sua presença isso pode a ajudar a controlar suas personalidades. Isso mostra que, apesar do que você fez, você continua do lado dela mesmo ela não querendo, e com isso, as personalidades dela e ela mesma criam a ideia de que você só quer o bem dela, não é?

– É tudo o que eu mais quero. – Falei com sinceridade. Nunca quis causar mau a ela, nem a ninguém. 

– E isso pode contribuir para que as personalidades se tornem uma só. Mas para que isso aconteça da forma mais otimista, você vai precisar ser sincera com ela e ter conversas sérias; mas não se esqueça de ser sensível. Ela é uma mulher de temperamento forte, a gravidez e o transtorno só vai contribuir para que ela aja da pior forma possível em relação a tudo isso. Você precisa ser compreensível e paciente. Você consegue fazer isso Miley?

– Sim! Eu consigo fazer isso. – Rapidamente concordei, fazendo Selena sorrir.

– Ótimo. – Ela levantou e eu automaticamente também levantei. – Vai ser como antigamente, só que sem os medicamentos por causa do bebê. Então, o tratamento vai ser um pouco mais demorado. – Assenti, suspirando. Ela pegou o seu celular do seu bolso e começou a digitar nele. – Vou ligar para o Eddie e convencê-lo a ficar mais algumas semanas aqui. Ligue para as meninas e avisa pra elas. Elas também precisam saber e vão ser muito essenciais no tratamento, vamos precisar delas.

– Está bem. – Falei já pegando o meu celular do meu bolso.

Alguns minutos depois Selena encerrou a sua chamada e eu já guardei o meu celular no bolso da minha calça jeans quando já tinha avisado a meninas e elas confirmaram que viriam até a minha casa para podermos conversar melhor.

– Eddie vai ficar mais algumas semanas junto com Maddie, mas Mimaw e Sam vão ter que ir embora. – Suspirou pesado se jogando no sofá.

Selena parecia cansada. Suas olheiras e seus olhos pensados, quase se fechando, indicava que ela teve pouco tempo para descansar. Sentei do seu lado e deitei a minha cabeça em seu ombro respirando pesado.

– Selly, quanto tempo você está sem dormir? – Perguntei em voz baixa, enquanto brincava com a pulseira que estava em seu pulso.

– Isso não importa. – Respondeu em um murmuro. Levantei a cabeça e a encarei séria.

– É claro que importa. – A repreendi. – Você precisa ir para casa e descansar.

– Eu não preciso descansar. Eu estou fazendo o meu trabalho, já estou acostumada. E além disso, eu decidi ser psiquiatra por causa de Demi. – Isso era verdade. Selena ajudou bastante na recuperação de Demi, e com isso ela acabou se apaixonando pelo interesse de ajudar as pessoas com os mesmo transtorno ou dos outros tipos. O que no final, resultou ela se formando em psiquiatria. – Eu preciso ter certeza de que ela vai ficar bem. – Finalizou, cruzando os braços e estreitando os olhos. Sinal de que nada vai fazer ela mudar de ideia.

– Tudo bem. – Ri, levantando as minhas mãos em sinal de rendição.

(...) (...)

– Então ela é esquizofrênica? – Megan perguntou, o que fez Selena bufar irritada por a morena não ter entendido a sua explicação pela a terceira vez

– Não Megan! – Selena rosnou, passando as mãos pelo o rosto irritada. – Os dois transtornos são completamente diferentes; as pessoas que sofrem de esquizofrenia são propensas a delírios, alucinações e sentem dificuldade em terminar pensamentos e frases completas. O transtorno dissociativo de identidade acontece quando mais de uma personalidade existe na mesma pessoa, geralmente sem a pessoa estar ciente disso, o que é o caso de Demi!

– Ah então ela não é esquizofrênica?

– Não. Entendeu agora?!

– Eu já tinha entendido antes. Era só para confirmar mesmo. – Deu de ombros e se não fosse por eu ter segurado Selena, ela estaria no pescoço de Megan agora.

– E por que nós nunca soubermos disso? – Ally perguntou desta vez.

– Porque Demi odeia falar sobre isso. – Respondi. – Ela declarou essa parte da sua vida deletada, como se nunca tivesse existo. E nós decidimos respeitá-la e também escondemos esses momentos que ela viveu.

– Mas agora não dá para esconder. – Selena voltou a falar. – E está mais avançado. Então as variações bruscas de humor vão ser mais frequentes; ela pode ter quadros de ansiedade e depressão, consciência alterada, ou até eventos de automutilação. Uma luta interna é travada entre ela e suas personalidades. Então precisamos ser muitos delicadas sobre ela, e é por isso que preciso da ajuda de vocês. – Selena olhou para nós, deixando claro que ela estava falando com todas.

– E o que quer que a gente faça? – Perguntou Camila.

– Simples, faça o que vocês faziam antes. Sejam as amigas dela. – Selena falou fazendo todo mundo franzir o cenho, até eu. – Sejam as amigas, sejam mais presentes na vida dela, ajam normalmente, porém, como eu disse a Miley antes, sejam sensíveis e pacientes. A lembram quem ela é e fazê-la viver dentro da normalidade com suas personalidades. As vezes Demi pode estar agindo normalmente e segundos depois ela pode estar agressiva, com raiva, sensível, alegre ou qualquer outra personalidade. É provável que na maior parte do tempo ela aja como uma criança ou como uma adolescente, pois foi a época que Dallas estava viva.

– Então a gente tem que estar com ela o tempo todo e tipo lembrá-la de quem ela é? – Lauren perguntou e Selena assentiu com a cabeça – A gente pode fazer isso. Podemos ajudar, não é meninas? – Todas concordam em um uníssono.

– Mas espera. – Megan falou, e eu já sabia que vinha merda. – Ela não é esquizofrênica?

– Fique quieta Megan!

(...) (...)

– Letra M! – Ally gritou, depois que terminamos de contar os dedos. Com uma velocidade da luz passei a escrever no caderno qualquer palavra que começa com a letra M. Estávamos sentadas na mesa da sala de jantar jogando Stop, ou Adedanha como você preferir, e eu só sabia rir das palhaçadas das meninas.

Pelo o incrível que pareça eu estava conseguindo completar as tabelas, mas não fui rápida o suficiente.

– Stop! – Me assustei pelo o grito que Dinah deu, batendo as mãos na mesa com uma força desnecessária. Todas param de escrever, inclusive eu, menos Lauren que estava concentrada no seu caderno. – Eu falei stop! É pra parar de escrever pó de arroz!

– Calma aí! Eu estava terminando de escrever sua gigante. – Rosnou, jogando o caderno na mesa.

– Ok, todas preparadas? – Perguntei e elas assentiram. – Nome.

– Megan né, meus humildes servos. – Megan falou, jogando o cabelo pro lado. Revirei os olhos, mas ri da sua atitude. Todas falaram os nomes que escolheram e ninguém repetiu, então fomos para a próxima coluna.

– Gente eu não consegui pensar fruta com M! – Megan bufou, batendo o seu caderno na mesa.

– Como não? – Mani a olhou com o cenho franzido. – Tem melão, melancia, mamão, manga...

– Ah não! – Exclamou indignada, interrompendo Normani. – Podemos recomeçar?

– Não temos culpa se você é burra. – Lauren provocou.

– Burra é o teu c...

– Hey! Temos crianças aqui! – Selena repreendeu ela.

– Eu ia falar cutovelo Liz. – Sorriu para a pequena Elizabeth que parou de rabiscar uma folha e a olhou.

– É cotovelo, e não cutovelo. – Dinah corrigiu.

– O CUtovelo é meu! — Deu ênfase nas duas primeiras sílabas. – Se eu quiser eu chamo ele até de bucet... – Ally tampou a sua boca antes de ela terminar de falar.

– Olha a boca Megan! – Repreendeu, fazendo Megan revirar os olhos.

– Podemos continuar? – Perguntei e todas assentiram. – Objetos.

– Macaco. – Olhamos para a Camila sem entender, e a mesma olhava para o caderno com a testa franzida.

– É objetos e não animais sua anta! – Dinah diz entre risos. – Devemos chamar o Ibama para te prender.

– Quieta Cheche! Eu só troquei os nomes aqui, me confundi. – Camila cruzou os braços e fez beicinho.

– Eu também não achei objetos.

– Caramba mas você também é muito lerda! – Exclamei, olhando para Megan.

– Quer saber? Chega! Eu não quero mais brincar dessa merda! Acabou!– Megan levantou irritada. Começamos a rir, o que a irritou mais ainda. – Pau no cu de vocês! E Elizabeth não repita o que eu acabei de falar! – Apontou o dedo para pequena que assentiu com a cabeça assustada.

– Senta aí! – Selena puxou Megan para sentar na cadeira novamente, e a mesma sentou emburrada.

– Vamos jogar outra coisa. – Pediu Normani.

– Vítima, polícia e ladrão? – Sugeri.

– Ah não! Neste jogo não consigo ficar séria, fico rindo que nem uma retardada. – Ally negou com a cabeça, cruzando os braços.

– Eu conheço um. – Lauren pronunciou, fechando o caderno e guardando a caneta. – Se chama perguntas e respostas. Você me faz uma pergunta e eu respondo, e vice-versa.

– Olha, o nome disso aí é conversa. – Selena disse óbvia e Lauren mostrou a língua, fazendo Selena revidar a atitude infantil.

– Verdade ou desafio?

– Pra alguém sair toda fodida no final? – Megan pergunto debochada. – Não obrigada.

Então elas engataram em uma briga de que jogo irão jogar desta vez, e eu só sabia rir. Elas só tem tamanhos mesmo, quer dizer, Ally não tem tamanho mas vocês me entenderam.

Vi a minha empregada, Patrícia, passar perto de nós e eu a chamei, logo ela venho em minha direção.

– Sim Miley. – Falou parando ao meu lado.

– Demi acordou? – Perguntei fechando o caderno que estava usando para o jogo e lhe dei atenção.

– Sim, já faz um tempinho. Ela estar conversando com o Paul sobre a sua empresa. – Assenti desviando o meu olhar para a caneta em minhas mãos.

– E ela almoçou? – Voltei a olhar para ela.

– Não. Levei o almoço pra ela mas ela se recusa a comer. – Suspirou.

– Patrícia faça ela comer. – Desta vez Selena falou, entrando na conversa e fazendo as meninas prestar a atenção na nossa conversa também. – Ela não pode ficar de estômago vazio.

– Sim senhora. – Patrícia ia sair mas eu segurei o seu braço a fazendo parar.

– Não, deixa que eu vou. Faça um lanche que eu levo pra ela, por favor. – Pedi e ela assentiu voltando pra cozinha.

– Tem certeza? – Camila perguntou, me olhando preocupada.

– Sim. Aliás, como a Selly disse; temos que estar com ela sempre. – Dei de ombros. Parecia que eu estava calma, mas na verdade estava com medo. Não sabia o que pode acontecer naquele quarto, provavelmente ela me atacaria de todas as formas. Mas a pior delas é atacar com palavras, nunca vou estar pronta para ouvir palavras duras vindo dela.

– Miley tem razão. – Selena falou. – Só não esquece de manter a calma. Lembre-se qualquer coisa pode fazê-la mudar de personalidade, e das maiores hipóteses, até agressividade. – Assenti devagar, meio receosa.

Patrícia apareceu do meu lado segurando uma bandeja que continha um prato com sanduíche e copo de suco. Levantei do meu lugar e peguei a bandeja das suas agradecendo.

– Podem continuar jogando, não vou jogar mais. – Olhei para as meninas e elas concordaram com a cabeça.

– Qualquer coisa nos chama. – Dinah apressou a falar, me olhando preocupada.

Não a respondi, apenas sai da sala de jantar e fui para a escada, subindo a mesma, tentando o máximo possível não derrubar as coisas em cima da bandeja. Meus passos eram lentos, estava pensando o que dizer e o que fazer quando eu entrar naquele quarto, por mais que não tenha nada a ser feito. Apenas deixá-la quieta, deixá-la desabafar da forma que ela quer e escutar, encarar tudo de cabeça baixa.

Parei em frente a porta e respirei fundo. Com um pouco de dificuldade, por eu estar a bandeja nas mãos, eu consegui abrir a porta, que por sorte estava destrancada. Entrei na quarto em silêncio e coloquei a bandeja em cima da cama.

Suspirei e a encarei. Ela estava sentada no meio da cama de casal, várias folhas estava a sua volta - mas de forma organizada. – estavam tudo escrito em braille. Um mini fone Bluetooth estava em seu ouvido, acredito que ele estava conectado com o seu celular e ela conversa com o Paul através dele.

Soltei o ar dos meus pulmões e limpei a garganta na intuição de chamar a sua atenção, mas nada adiantou, ela continuou de cabeça baixar, concentrada nos papéis em suas mãos.

– Demi, eu trouxe algo para você comer. – Minha voz saiu baixa, mas um bom som. – Você não pode fica sem comer, vai te fazer mau. – Novamente fui ignorada.

Respirei fundo e fui até ela, sentando do seu lado da cama. Um silêncio reinou no quarto, não sabia o que dizer. Apenas as nossas respirações eram ouvidas.

– Como você está? – A pergunta saiu da minha boca sem eu saber. Droga Miley, é claro que ela não estava bem.

Demi deu uma risada sarcástica que arrepiou o meu corpo inteiro, mas mesmo assim não me deu atenção.

– O que está fazendo? – Novamente fui ignorada. Isso já estava me matando. Ser ignorada é bem mais pior do que ser atacada com palavras. – Demi, por favor, fale comigo. – Minha voz saiu fraca, tentei pegar a sua mão que estava do lado do seu corpo mas ela colocou a mesma em cima da sua coxa, se desviando de mim.

Me levantei da cama e peguei a bandeja que tinha trago. Votei a sentar do lado dela e deixei a bandeja entre nós.

– Se quer me ignorar tudo bem, mas você sabe que não pode ficar sem comer. – Me surpreendi quando a minha voz saiu firme e séria. Demi suspirou e deixou as folhas caírem um sua coxa.

– Não, eu quero que fique. – Disse de imediato, negando com a cabeça. A fitei, confirmando se ela realmente estava falando comigo.

– O quê? – Perguntei desentendida.

– Eu não estava falando com você. – Me respondeu friamente. Provavelmente ela estava falando com o Paul e eu sendo trouxa, pensei que era comigo.

– Demi, come pelo menos um pedaço desse sanduíche. – Eu realmente estava preocupada com ela. Desde hoje de manhã ela não comeu nada, e já está anoitecendo. Isso pode fazer mau a ela e o bebê.

– Desde quando você se importa? – Perguntou séria, tirando o fone do seu ouvido, finalmente dando atenção para mim.

– Eu sempre me importei, nunca deixei de me importar com você. Eu me preocupo com você. – Respondi séria. Por instinto levei a minha mão até o seu rosto, na intuição de acariciá-la, mas ela se afastou bruscamente.

– Não toque em mim. – Rosnou irritada.

– Creio que Selena te explicou o tratamento. – Demi ergueu as sobrancelhas e riu fraco.

– Sim, explicou. E eu achei esse tratamento uma merda. – Riu novamente. – Preferia ter ficado com amnésia. – Murmurou.

– Não fala assi...

– Não falar como Miley? Hum? – Me interrompeu sarcástica, porém séria. – Quer que eu fale que eu vou adorar passar vinte e quatro horas com a mulher que matou a minha irmã?! – Se alterou. Engoli em seco e me mexi desconfortável ao ouvir acusação. Eu era culpada pela a morte de Dallas, mas eu não a matei. Muitos agora podem achar que eu a matei, mas eu não a matei. Eu a amava.

– Agora, por favor, saia daqui. – Demi quebrou o breve silêncio. A olhei e a mesma tinha colocado o fone de ouvido novamente e voltado a prestar atenção aos papéis.

– Tudo bem, eu saio. – Suspirei derrotada. – Mas eu vou deixar o lanche aqui, está do seu lado a direita e eu espero que você come ele. – Levantei da cama e a encarei pela a última vez. Sua mandíbula estava trincada e a expressão séria, a frieza radiava em seu rosto.

Com o máximo de silêncio fui em direção à saída, abri a porta mas eu não sai do quarto, fiquei parada em frente a porta. Eu a olhava, me certificando que ela realmente iria comer o sanduíche. Demi então, suspirou pesado e procurou pelo prato de sanduíche e quando encontrou passou a comer o mesmo. Era nítido a sua fome, e agradeço a Deus por ter insistindo se não ela passaria a noite com fome, e eu com certeza não desejaria isso.

Certamente o amor nunca combinou comigo. Mas agora eu estou amando e realmente sentindo esse sentimento. E não é por causa de um erro, por mais maior que ele seja, que eu vou deixar que esse sentimento único escapasse de mim facilmente, pelo ao contrário, eu irei lutar; irei lutar para ter esse sentimento de volta, mesmo que talvez ela não sentisse o mesmo por mim. Porque, por mais que o amor não combinasse comigo, eu realmente a amava.


Notas Finais


O que será que vai acontecer nesses dias, hum? Será que Diley vai voltar ou Demi vai continuar odiando Miley?

Gente, vocês estão preparados para os tiros amanhã? Pois eu não! Demi e Miley ainda vão me matar desse jeito.

Desculpem qualquer erro, e se vocês quiserem tirar uma dúvida sobre a fic podem me perguntar, ok? Ok

Um beijo e um queijo nas bundas de vocês.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...