História One Last Night - Papel de Carta (CE)

SEOKJIN

Fui até a sala, me sentando ao lado de Jungkook, que ria fraco para algo no celular. Respirei fundo, sorrindo a uma foto nossa que eu não olhava a o que parecem séculos. Na mesma, Kook e Taehyung se abracavam, ambos com grandes sorrisos estampados em seus rostos. Eu sorria feliz, fazendo um coração com a mão. Hoseok, com seu sorriso que ilumina e alegra qualquer ambiente, tirou a foto com os braços para cima, balançando-os. Yoongi e Nam estavam em um abraço meio desengonçado, visto que Namjoon não parava de rir na hora de tirar a foto.

Fui invadido por um sentimento de nostalgia, foram poucas vezes que eu percebi aquela foto na sala. Naquela época éramos aspirantes a cantores, torcendo para que algum dia fôssemos reconhecidos por fazer bem o que amamos. Estaria mentindo se dissesse que nós nunca passamos noites conversando sobre como seriam nossos shows, em um estádio lotado, com pessoas gritando nossos nomes. Naquela época isto não passava de um sonho distante, algo que sete crianças gostariam de realizar, e hoje é nosso presente. 

Alguns anos haviam se passado desde que eu e Namjoon começamos a namorar. Jimin e Jungkook, assim como Taehyung e Hoseok, continuavam firmes no namoro, mais felizes do que nunca. Assim como Yoongi que, para nossa surpresa, entrou em um relacionamento sério com nossa boa amiga Hyuna, há alguns meses atrás.

Os pais de Namjoon, nas poucas vezes que tivemos oportunidades de os visitar, lançavam indiretas, que para falar a verdade não eram nem um pouco sutis, sobre casamento para nós dois, o que rendia risadas e fofas histórias de como os pais de Nam se conheceram. Eles eram pessoas maravilhosas, realmente maravilhosas. Meus pais chegaram a conhecer o outro Kim, e não aconteceu exatamente como eu queria, mas aos poucos os dois se acostumaram com a ideia, e puderam finalmente ter uma segunda impressão de Namjoon. A vida, para resumir, estava indo maravilhosamente bem. Os meninos em harmonia, o Bangtan fazendo cada vez mais sucesso, meu relacionamento indo de bem a melhor... Apesar da rotina exaustiva, eu seria um idiota se reclamasse de algo.

Em uma tarde nublada, porém, fui até o correio, e peguei algumas cartas endereçadas ao apartamento. Joguei-as na mesa de centro da sala e fui me arrumar para sair com os outros membros, troquei rapidamente de roupa, visto que minha ida aos correios me atrasou um pouco, e me sentei no sofá da sala, esperando que os outros acabassem de se arrumar. Peguei a pilha de cartas e olhei uma por uma, separando na mesa as minhas das dos outros meninos. Uma carta se destacou no pequeno monte de papéis que eu segurava. Uma carta que eu esperava há um certo tempo, e que doeu em meu peito finalmente tê-la em minhas mãos. Tentei segurar o nervosismo e a dobrei diversas vezes, colocando a carta amassada no bolso de minha calça, fingindo que, assim, o grande problema que ela carregava fosse desaparecer. Por algum motivo senti que se eu abrisse a carta estaria fardado a lidar com o que eu queria ao máximo evitar.

- Jin! - Jimin me chamou, me tirando do pequeno transe que eu me encontrava.

- Sim?

- Vamos para o estúdio, os meninos já estão esperando no carro.

- Claro, vamos sim.

[...]

Chegamos em casa, Nam atendeu uma ligação no celular e os meninos foram para seus respectivos quartos. Fui até a cozinha, matando um tempo bebendo um copo d`água. Andei até o quarto e abri a porta, me assustando ao ver Namjoon com o rosto inchado, olhos vermelho e lágrimas no rosto, que escorriam sem parar.

- N-Nam! – Corri até o outro, preocupado com o porquê de o encontrar neste estado. – O que aconteceu? Você está bem? – Levantei o rosto do menor, fazendo-o olhar para mim.

- M-Meu pai.... Aconteceu um acidente...

Cheguei mais perto do mais novo e limpei suas lágrimas com minha mão.

- O que houve?

- Ele teve uma parada cardíaca, Jin!

- Nam...! Eu.... Eu sinto muito... - O trouxe para mais perto e o abracei forte, sentindo em mim toda a tristeza transmitida pelo mais novo.

- M-Minha mãe o levou p-para o hospital, - Disse entre soluços. - Eu não sei c-como ele vai ficar, Seokjin, e se... E se ele...

- Namjoon! - O repreendi. - Nem ouse pensar nisso! Eu prometo que vai ficar tudo bem. Eu prometo...

Prometi algo para ele sem saber se seria verdade. Não é algo que eu goste de fazer, mas vê-lo assim simplesmente me mata, eu apenas queria manter nem que fosse uma pequena gota de esperança no coração de meu namorado.

- Vai dar tudo certo, seu pai é forte, Nam. Ele vai passar por isso. E sua mãe, ela irá ajudar na recuperação dele, nós podemos pedir para o visitar também, te ver o fará bem. - O maior sorriu fraco para mim, um sorriso trêmulo e um pouco forçado, mas mesmo assim - nem que fosse apenas um pouco - esperançoso. 

Com Namjoon tomado em meus braços, coloquei o papel de carta amassado mais fundo em meu bolso, e com um aperto no peito decidi informar meu namorado sobre minha ida para o exército em outro momento.