1. Spirit Fanfics >
  2. One Last Night >
  3. Bônus

História One Last Night - Bônus


Escrita por: goyabinha

Notas do Autor


ola, voltei rsrs
eu editei a fic, acho que ficou melhor, e espero que gostei desse cap bonus, feito com carinho ❤
não pretendo mais escrever esta fic, então só vai ter um cap bonus mesmo

aproveitem a leitura ❤
Se puderem ler ouvindo "Untitled, 2014" eu agradeço

Capítulo 32 - Bônus


NARRADOR

 

O dia amanhecera nublado. As nuvens cinzas cobriam todo o céu, deixando tudo entediante e sem cor. Namjoon olhava para a folha em branco em sua frente e só desejava largar tudo e sair do cômodo. Sua cabeça estava cheia de diferentes pensamentos.

 

Dor, saudade, e até mesmo raiva, mas não conseguia passar nada do que sentia para o papel. Havia feito uma promessa, e sabia disso. Havia prometido de escrever todos os meses, iria escrever para o namorado pelo menos uma vez por todos os vinte e quatro longos meses, para que o outro soubesse que estava bem, que pensava nele todos os dias e que as horas se arrastavam quando não estavam perto. O Kim pegou a caneta preta e fez sua melhor letra, começando a escrever em um súbito momento de paixão e criatividade, mas logo parou, fitando as poucas frases escritas no papel branco. Segurou o mesmo com força, amassando e jogando fora a folha anteriormente usada. Tinha vontade de chorar, a frustração invadia seu corpo e o moreno considerava cada vez mais largar tudo e adiar a carta. Se levantou da mesa, dando alguns passos e caindo sobre o colchão frio. Já era inverno, e com ele o frio cortante de Seul invadia os apartamentos e casas, forçando os moradores a usar casacos e diversas roupas a mais para se manter aquecidos. Namjoon se arrastou até o canto da cama, abrindo a última gaveta do criado-mudo, pegando, escondido debaixo de algumas revistas velhas, um pequeno monte de cartas. Onze, para ser mais exato.

 

As onze cartas que Seokjin havia o escrito durante os onze meses separados.

Onze meses.

334 dias haviam passado, e em todos o mais novo havia sentido sua falta. Sentia falta do outro quando ia dormir e se virava para o lado, vendo o espaço vazio anteriormente ocupado por seu corpo quente. Sentia sua falta quando acordava pelas manhãs e ia até a cozinha, recebendo lembranças de ele e Seokjin cozinhando seus pratos favoritos, brigando pela sujeira, e sujando um ao outro de farinha, traçando linhas brancas em seus rostos. Tudo o lembrava do namorado, mas o momento que mais sentia falta do outro Kim era quando se deitava só no sofá ao anoitecer. A lembrança que vinha quando fazia isso era de longe a mais dolorosa, o momento em que todos os cinco haviam ido dormir, e ele era o único acordado no apartamento. Quando se deitava sobre o sofá não conseguia evitar de pensar sobre sua última noite juntos, na qual Namjoon havia pensado tanto sobre o que fazer, que no final acabaram por simplesmente assistir juntos filmes melosos durante praticamente a noite inteira. A dor que sentira naquela noite fora enorme, saber que sua realidade e a dos outros mudaria bruscamente, que alguém tão importante sairia de sua vida quase inteiramente por dois anos, possuindo a remota chance de talvez nunca voltar... Era insuportável.

 

Por favor, se eu pudesse ver você só mais uma vez

Está tudo bem se eu perder tudo que tenho

Nos meus sonhos, vou lhe encontrar e amar de novo

 

Separou os envelopes encima da cama e os encarou, pelo o que pareceu uma eternidade. Estava frustrado e cansado. Exausto, para ser verdadeiro. Haviam trocado todas estas cartas, e o Kim que havia partido esperava a próxima ansioso. Ainda não recebera a deste mês, a carta número 12, visto que Seokjin havia partido em uma tarde chuvosa e gelada de janeiro. Um ano desde sua ida seria completado logo, e por isso Namjoon já havia tentado começar a escrever uma carta especial, demonstrando o quanto Jin fazia falta em sua vida, e como o amava. Ficara pensando nas palavras por horas, mas não conseguira escrever mais de três linhas desde o começo. Não sabia o que dizer, como se expressar, apenas sentia tanta falta do namorado por perto, queria poder sentir seu corpo sobre o seu, o cheiro de seus cabelos, queria poder ver seu sorriso e ouvir sua risada mais uma vez, mas ainda deveria esperar um ano inteiro. Mais doze longos meses, mais trezentos e sessenta e cinco dias que deveria se contentar em papéis velhos de carta, que o mais novo já havia lido tantas vezes a ponto de poder reconhecer certas partes dos textos de Seokjin. Abriu o primeiro envelope e leu o que havia escrito sobre o papel. Lembrou-se da emoção de receber a primeira notícia do outro após mais ou menos trinta dias separados. Agora já se passara um ano desde que Namjoon jurou odiar cada um dos vinte e quatro meses que passaria com um vazio no peito. Odiaria cada um dos setecentos e trinta dias com todas as suas forças, até que tivesse Seokjin em seus braços mais uma vez.

 

Suspirou novamente, guardando a carta em seu devido envelope, e a juntando com as outras, logo as colocando em seu pequeno "esconderijo", dentro da última gaveta do pequeno móvel ao seu lado. Rolou na cama, sentindo a solidão em si mais uma vez. Estava sozinho. Tinha que se levantar, precisava ser forte. Namjoon não poderia se render a saudade mais uma vez, e ficar deitado trancado em seu quarto, em depressão, como já havia feito antes. Precisava se alegrar. Por ele.

 

Como posso dizer isso sem quebrar

Como posso colocar o que sinto em palavras

Quando é quase demais para a minha alma sozinha

 

Fechou os olhos e se levantou, ficando sentado na beira da cama. Foi até a escrivaninha e começou a escrever mais uma vez, se esforçando para que sua letra fosse a mais legível possível.

 

 

“Querido soldado,

Não acredito que já se passou um ano desde que você saiu de casa.

O tempo parece se arrastar muito mais do que apenas um ano. Sentimos sua falta, todos nós.

Me sinto ansioso para te encontrar novamente.

 

Como está por aí? Frio? Espero que se mantenha saudável, isto me preocupa.

Isto me lembra, Jimin teve um problema no joelho, durante uma apresentação, o que fez ele perder uma gravação, mas não se preocupe, ele está bem, e disse que sente saudade da sua comida, visto que eu e Tae tentamos -e falhamos miseravelmente nisso-  cozinhar, semana passada.

 

Hoje eu tive a oportunidade de passar no estúdio, venho trabalhando em uma música nova, e só consigo pensar em ti quando estou ouvindo nela. Ainda não consegui terminar a letra, mas pretendo te mandar uma parte dela mês que vem, me espere.

Você deveria tentar escrever algo, sei que não costuma compor muito, mas sempre amei seus poemas largados debaixo do travesseiro – sim, eu sei deles, e são muito bonitos, Jin.

E não se preocupe, eu irei gostar. Gosto de tudo que você faz, sempre gostei.

E não é apenas por ser seu namorado, é por que eu sou completamente apaixonado por tudo que possua você.

Espero que este último ano passe rápido, mesmo que só tenhamos um ano para ficar juntos antes de ser a minha vez de estar em teu lugar.

 

Lhe aguardo.

Com amor, Namjoon.”

 

 

Olhou o que havia escrito, e sorriu de lado, não era muito bom com palavras, mas tentou. Talvez viesse a reescrever a carta mais tarde, não sabia ainda. Guardou a caneta e folhas, assim como o envelope que havia separado para enviar a primeira carta do ano. Destrancou a porta, se arrastando até a sala, onde os outros cinco meninos se encontravam sentados no sofá, rindo entre si. Sorriu fraco, mas recebeu olhares tristes como resposta. Era difícil disfarçar o cansaço em seu semblante.

 

- Nam. - Chamou Jimin. - Você está bem?

- Estou sim. Não se preocupem comigo.

- Você parece cansado, dormiu direito? - Taehyung perguntou, parecendo preocupado.

- Não dormi muito bem, mas não estou me sentindo mal. Não se preocupem, já vou me juntar a vocês, vou só beber algo. Abram um espaço no sofá para mim.

 

 Namjoon foi até a cozinha, se apoiando na bancada da pia, suspirando profundamente. Estava cansado dos olhares de pena vindo dos outros cinco. Apreciava profundamente que estivessem preocupados, mas já haviam se passado um ano, não precisava mais de tapinhas nas costas.

 

- Nam. Tenho algo para você.

 

Hoseok chamou o mais novo, colocando sua mão direita em seu ombro. Entregou para o mais alto uma carta bege. O Kim olhou a carta, lendo o que estava escrito. Vinha do exército. Não poderia ser a sua própria carta de alistamento, afinal o próximo a ir seria o Min, e o mesmo iria apenas no final do ano, ou no começo do ano seguinte. Abriu o envelope com cuidado, mas logo parou, indo para seu quarto. Agradeceu o amigo e saiu, indo em direção ao corredor. Trancou a porta atrás de si e se sentou sobre a cama, voltando sua atenção ao papel em suas mãos. Abriu a mesma com urgência, intrigado. Passou os olhos pela folha, aos poucos entendendo o que havia acontecido, e logo se deu conta de o que aquela carta dizia era muito pior do que uma carta de alistamento. Muito pior do que qualquer outra coisa que poderia imaginar.

 

“Lamentamos informar a morte em serviço do soldado Kim Seokjin, 30 anos.

É com pesar que comunicamos que seus pertences serão enviados para o endereço colocado em sua ficha de alistamento em cerca de trinta dias.

 Solicitamos que a família Kim entre em contato o mais rápido possível.

 

Atenciosamente,

 Exército Sul Coreano.”

 

 

Namjoon estava em choque. Não se mexia, não falava, o moreno não conseguia ao menos chorar. Suas mãos tremiam, sentia que não conseguia respirar. Simplesmente não havia ideia alguma sobre o que fazer.

 

Queria gritar até ficar sem voz.

Queria chorar até que os soluços não o deixassem falar.

Queria sair correndo sem rumo, sem olhar para trás.

Mas ao mesmo tempo, queria ficar ali. Parado.

Queria ficar em silêncio, deixar toda aquela dor quieta, trancada dento de si.

Não queria sentir aquela dor. Não queria ter que processar o que havia lido.

Queria rasgar aquela carta e esperar Seokjin entrar pela porta do quarto.

Queria seu namorado de volta. Mesmo sabendo que ele não voltaria, queria ter o namorado em seus braços uma última vez, sentir seus lábios sobre os seus apenas mais uma vez.

 

Não sei se minhas reais intenções alcançarão você

Espero que você esteja feliz

Só rezo para que você volte, desculpe-me

 

 

Pegou um isqueiro, posicionando a chama pequena próxima a ponta da carta, e esperou o papel ser consumido pelo fogo, desaparecendo rapidamente em suas mãos. As cinzas caíram sobre o colchão, mas Namjoon não se importou.

“Ele voltará.”

 “Ele irá voltar. Faltam apenas mais um ano, Jin prometeu. Prometeu que iria voltar.”

 

Por favor, se eu pudesse ver você só mais uma vez...

 

Mas o Kim não voltou.

Trezentos e sessenta dias se passaram, e Seokjin não entrou pela porta. Seus pertences foram entregados algumas semanas depois de receberem a notícia, e junto a eles as cartas que Namjoon o enviara durante onze longos meses. O anel de namoro, que fora entregado ao outro em uma noite memorável, embaixo de um céu escuro cheio de estrelas, veio junto, criando uma dor inexplicável no coração do moreno. Mas ele não quis nada daquilo, apenas os entregou para os outros cinco e deixou que decidissem se iriam manter os itens ou se entregariam para a sua família. Não interessava mais. Seokjin estava morto, e não havia nada que pudesse fazer para mudar isso.

 

No enterro, Namjoon estava completamente arrasado e desolado. Os seis estavam presentes, Jimin e Hoseok não paravam de chorar um segundo sequer, Taehyung tentava e falhava em consolar Jeon, que também possuía lágrimas escorrendo por todo seu rosto. Enquanto isso, Yoongi segurava a mão de Namjoon com força, segurando soluços que insistiam em sair de seus lábios. O Kim estava imóvel, contemplando o caixão de seu namorado. Não queria ficar ali. Aquilo doía demais, ver quem mais amava, naquele estado. Conviver sabendo que Seokjin havia morrido longe de si, sem poder dizer que o amava, ou dar um último adeus, doía demais.

 

Não consigo acreditar nesse sentimento,

Não posso deixar ir

 

O enterro acabou, e aos poucos as pessoas presentes foram para suas casas, mas Namjoon continuou lá.

Sozinho finalmente, se permitiu desabar em lágrimas.

Se permitiu chorar como nunca havia chorado antes.

Por que antes, sempre que chorava, Seokjin estava ao seu lado, para lembrá-lo que nada era tão ruim, e que amanhã seria um lindo e novo dia.

Mas Jin não estava ali.

Namjoon estava sozinho. E finalmente entendia isso.

 

Eu amei, eu amei, e eu perdi você.

Dói como o inferno.

Sim, dói como o inferno.

 

Haviam se passado duas semanas desde a morte de seu namorado. O Kim não havia saído de casa nem um dia sequer. Não via ânimo nos dias, se via sem motivação alguma. Apenas se mantia trancado no quarto, se afogando nas lembranças do mais velho consigo. Por um tempo havia considerado jogar fora as cartas do outro, se desfazer de tudo que o lembrasse do amado, mas não podia. No fundo ele apenas não queria se esquecer.

 

- Nam... Preciso falar com você. - Yoongi entrou no quarto sem jeito, se sentando sobre a cama onde o amigo se encontrava deitado.

- Eu não estou afim de sair, Yoon.

- Eu sei que não. É que... A caixa de pertences do Seokjin.... Nós a entregamos para sua família.

- Eu sei. – Respondeu frio.

- A mãe do Jin me entregou isso, ela disse que era para você. - O Min colocou uma carta sobre a cama, esperando que o Kim se pronunciasse.

- Eu não quero isso. Pode ficar, jogar fora, entregar para quem quer que seja, eu não quero nada que venha do Seokjin.

- Nam, ele escreveu isso para você.

- Eu não quero, Yoongi.

- Namjoon...

- Eu quero me livrar dele, Min! Quero esquecê-lo! Mas o Seokjin não me deixa esquecê-lo, tudo me lembra dele, tudo me faz querer estar com ele! Eu só quero que ele morra de vez! - O rosto do Kim se molhava com as lágrimas de desespero que caíam sobre suas bochechas

- Namjoon, Seokjin nunca irá morrer, ele continuará vivo enquanto você ainda se lembrar dele.

- Eu não quero mais isso... Quero me esquecer dele...

- Apenas leia o que ele escreveu, Nam.

 

Por favor, se eu pudesse ver você só mais uma vez...

Está tudo bem se eu perder tudo que tenho.

 

Dito isso, o mais velho saiu do quarto, deixando o outro sozinho.

Se sentou na cama, abrando o envelope de qualquer jeito. Desdobrou a folha, lendo com calma as palavras de Seokjin.

 

“Amado Kim Namjoon,

Se está lendo isto – e eu espero que não – não consegui manter minha promessa.

 

Me perdoe. Eu juro que tentei ao máximo. 

Você não tem noção de como dói estar aqui sem ti, sem saber o que irá acontecer em seguida.

Não esperava que entrássemos em guerra agora, eu tenho tanto medo...  Eu quero voltar para casa, Nam.

Sinto tanta saudade sua...

Espero que seja capaz de me perdoar.

 

Namjoon, apesar de eu não ter mantido minha promessa, espero que seja capaz de manter a sua.

Se lembra dela? Você me prometeu alguns minutos antes de eu entrar no avião.

Não mude por minha culpa. Continue sendo a pessoa incrível por quem me apaixonei. Não chore, apenas saiba que eu te amo. Sempre te amei, e até meu último suspiro, eu te amarei.

 

Se pudesse prever que isto aconteceria, eu sinceramente teria feito tudo igual.

Pois eu sei que se mudasse algo, eu poderia não estar com você agora. E eu não me imagino sem você. Por isso espero que esta carta nunca chegue as suas mãos. Eu não mudaria nada, por que não me arrependo de nada que vivemos.

 

Ah, também diga aos meninos que eu os amo. Vou estar sempre torcendo por eles, e que desejo toda a felicidade do mundo para os cinco. Eu espero que eles sejam tudo que sonharam ser.

 

E para você, Nammie, espero que faça tudo que desejou fazer comigo mas nunca conseguiu.

Viaje bastante, vá ao parque ver as estelas mais uma última vez, faça aquelas aulas de culinária que combinamos de cursar juntos...

Mas acima de tudo, eu lhe peço que siga em frente. Seja feliz.

 

Faça isso por mim. Pois eu estarei feliz sabendo que você também está, independente de onde eu esteja.

 

Eu te amo.

Nunca se esqueça disso.

Eu sou seu, e continuarei sendo por toda a eternidade.

 

Atenciosamente,

Kim Seokjin.”

 

Por favor, se eu pudesse ver você só mais uma vez...

 

- Você prometeu voltar, Jin.

 

Se esse tempo passar e eu puder esquecer tudo,

Aquelas memórias também, aquelas memórias felizes também...

Não, na próxima vida, vou lhe encontrar para amar você de novo.

Bem como antes.

 

 

 - Mas tudo bem, por que no meu coração, você nunca partiu.

 

E pela primeira vez em meses, sorriu verdadeiramente. Finalmente o deixaria ir.

Assim como havia prometido.


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...