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História One Life For Another - Capítulo 4.


Escrita por: Just__Imagine

Capítulo 4 - Capítulo 4.


Deixei que os sons das folhas estalando sob meus pés levassem as palavras de Bellamy enquanto eu seguia para o bosque envolto pela noite. 

- Cuidado com seus olhos azuis. - Disse baixo em alerta. Olhando em direção a porta antes que eu me juntasse ao Grounder.

 Pobre Bellamy, será que o medo havia lhe causado algum daltonismo pós traumático? Fiquei em dúvida se realmente houvesse um diagnóstico como aquele, mas , seria a única coisa que justificaria essa sua confusão com cores. Ele sempre identificou cores normalmente até aquele momento. Nem de longe os olhos verdes poderiam ser confundidos com azuis.

 Uma vida por outra... Era a única coisa que ecoava em minha mente. Tudo bem que eu desde sempre estava disposta a correr risco para proteger quem eu amo. Mas , nunca que eu pensei que terminaria em uma situação como aquela. 

 A poucos passos à frente o ser caminhava em silêncio. Sua respiração era pesada. E somente ela já era o suficiente para que eu ficasse arrepiada. Só o que pude pensar em sua suposta despreocupação em me deixar para trás, era que me achava insignificante o suficiente para fazer qualquer coisa que pudesse lhe ferir , ou até mesmo , era que esperasse que inutilmente eu tentasse fugir para ter uma razão para me estraçalhar.

 Tendo isso em mente eu afastei qualquer idéia absurda que estivesse pairando em minha cabeça. Eu fugiria assim que existisse uma real chance. Enquanto isso , eu caminhava para um destino que eu havia infligido , sem querer , a eu mesma. 

As sombras tomaram minha visão ao adentrar por entre as árvores. O ar já não era denso . A minha frente a única coisa que eu enxergava era a silhueta. Algo me chamou a atenção. Parecia diferente. Mas, logo minha atenção se voltou a dois cavalos, seus pêlos brilhavam sob a luz da lua. 

O Grounder parou ao lado de um. O animal não se moveu. Se quer se incomodou com a sua presença. Foi inevitável não pensar o quão corajoso - ou inocente - o animal era. O grounder fez um gesto para que eu montasse em um deles. 

Parei. Um nó se fez em minha mente. Dois cavalos? Como ? O Grounder com seu tamanho provavelmente seria capaz de esmagar o pobre animal se o que restasse fosse destinado a ele. E além do mais, para quê asas? Olhei incrédula em sua direção. Antes que eu pudesse proferir qualquer coisa , o ser me olhou de canto de olho . Entendi aquilo como um aviso para que eu parasse de perder tempo e fizesse o que silenciosamente foi mandado.

 Fazia anos desde que eu montara, e só o fiz em um pônei, mas aproveitei o calor do cavalo contra meu corpo enquanto tentei subir na sela. Não foi tão difícil como eu imaginei. Ainda enquanto eu ajustava minha posição sob o animal , eu vi um vulto ao meu lado . O Grounder estava sobre o cavalo que restara.

 Era inacreditável como o animal não parecia se incomodar com o que estava sobre si. Será que o cavalo dispunha de tamanha força? Ou só era mais um incapaz de fazer algo por conta do medo ? Preferi acreditar na segunda opção, era estranhamente reconfortante saber que eu não estava sozinha.

 Enquanto eu estava absorta nessas questões sem respostas, o solavanco que o meu cavalo deu ao começar a andar , me fez segurar as rédeas com mais força. Me assustei. Pois mesmo não sabendo muito sobre montar , o pouco que eu sabia era que o animal precisava de alguma ação externa para caminhar. O que não houve. Não por mim. 

 Sem luz para me guiar , deixei que o animal seguisse o grounder. Não fiquei surpresa quando seguimos para o norte, embora meu estômago estivesse tão apertado que doia. 

 Viver em Polis. Eu poderia viver o resto de minha vida mortal em suas terras. Talvez aquilo fosse misericordioso, mas o grounder não havia especificado de que forma , exatamente , eu viveria. E se seu povo tivesse uma visão deturpada sobre para sempre ? 

 Minha garganta secou. Eu havia matado um grounder. Mas, ela parecia e dava a impressão de uma mulher.... Uma mulher como eu. Como minha mãe. Não conseguia me sentir mal por aquilo. Não com tudo o que deixara para trás - não que houvesse muito , além de minha mãe e meus amigos, mas... - , não quando significava menos uma criatura cruel, terrível , no mundo.

 Meu sangue gelou ainda mais conforme o tempo se passava e uma distância maior tomávamos da Vila e do Campo Jaha.

 Polis. A palavra era como um prenúncio de morte que ecoava dentro de mim sem parar. 

Meu estômago se revirou.

 Viver com ele. Eu me lembrei, diversas e diversas vezes. Viver , não morrer.

 Embora eu imaginasse que também poderia viver em um calabouço. Provavelmente me trancafiaria e esqueceria de minha existência, se esqueceria sequer de me alimentar , se esqueceria que preciso de coisas como comida água e calor.

 Observei o modo como o Grounder se movia , tentando encontrar qualquer - qualquer - fraqueza. Não encontrei nenhuma.

 - Que tipo de grounder é você? - Perguntei, as palavras quase engolidas pelo escuro e pelas árvores e pelo céu carregado de estrelas. 

Não se deu ao trabalho de se virar. Não se deu o trabalho de dizer nada. Justo. Eu havia matado sua amiga , no fim das contas.

 Tentei de novo.

 - Você tem nome? - Ou qualquer coisa que eu pudesse usar para xingá-lo.

 - Isso se quer importa para você?  

Não respondi. O grounder poderia muito bem mudar de ideia a respeito de poupar minha vida.

 Mas, talvez eu escapasse antes de decidir me estripar. Talvez eu tentasse matá-lo , independentemente da futilidade do ato, independentemente de isso ser outro ataque não provocado, apenas por ser aquele que reclamou minha vida - quando aqueles grounders davam tão pouco valor a nossas vidas. Talvez eu pudesse sobreviver. Talvez.

 Eu ainda não conseguia entender porque aquela aparência, quando a grounder da floresta aparentava ser uma mulher. Abri a boca para questionar mais uma vez que tipo de grounder era , mas um grunhido de irritação saiu de dentro de si. 

Imediatamente os cavalos cessaram seus passos. 

Eu quase me engasguei com a pergunta que me não tive coragem de concluir. 

 Se eu morresse ali, minha boca seria a culpada. Senti o frio tocar minha pele. Eu não consegui sequer virar meu rosto em sua direção. Eu quis questionar o porquê paramos , mas , não o fiz , não por falta de vontade.

 Ouvi quando desceu de seu cavalo.

 O desespero fez com que eu puxasse as rédeas, mas ele permaneceu parado , mesmo quando enfiei os calcanhares em seus flancos. O animal não me obedecia . 

 - Desça. - A voz do grounder soou ao meu lado.

 - Eu não fa...

 - Desça. - Grunhiu alto , fazendo minhas pernas tremer. 

Torcendo para que minhas pernas me mantivessem em pé. Eu desci do animal.

 Será que se eu tivesse ficado calada eu teria vivido algumas horas a mais ?

 Expirei fundo quando o grounder deu a volta em mim. Parou diante o meu rosto, com sua aparência letal. 

Fechei meus olhos automaticamente.

 - Pergunte. - Bufou.

 Abri um olho ainda confusa. 

 - O que? - Questionei receosa . Tive receio de que minha voz despertasse sua fúria.

 O grounder bufou novamente.

 - Tudo bem... - Suspirei. - É... Que tipo de grounder é você? 

 O seu silêncio fez minhas mãos tremer.

 - O que você vê? - Perguntou me olhando. 

Que tipo de jogo era aquele? Fiquei em silêncio. Eu não participaria daquilo. Eu fiz uma pergunta afim de respostas e aquilo não era uma. O grounder deu um passo em minha direção. Recuei instantaneamente. Tudo bem, era melhor eu responder.

 - Um grounder... - Respondi cuidadosamente avaliando a coisa parada à minha frente. - Mas você não é como a mulher da floresta. - Após concluir a frase me arrependi , temendo ter sido um erro mencionar aquela que eu tirei a vida. 

 Ele ficou em silêncio.

 Sua face não era composta por muitas expressões. Nenhuma que eu pudesse ler.

 - O que me torna diferente?

 Apertei minhas mãos.

 Como eu diria que ele era um ser horrível?

 Eu gostaria de ter tido mais tempo para filtrar minhas palavras. Mas...

 - Você não é humano. É um pesadelo... Um ser horrível. - Arregalei os olhos ao tomar noção das minhas palavras.

 Ofender uma coisa como aquela , provavelmente é uma das coisas que você só faz uma vez na vida.

 - Eu sou um pesadelo... Eu sou o seu medo... Eu sou o seu receio. - Suas palavras soaram firme ao me intimidar. 

Rapidamente ele rasgou uma parte da minha camiseta. 

 Meu coração acelerou drasticamente. 

- Eu não tenho medo de você. - As palavras falhando. Sua prepotência fortalecia minha ira, superando até mesmo o medo.

 - Esse é o problema de vocês. - Disse de forma arrogante. E eu duvidei que se referia de fato a minha - falsa - afirmação. Era pouco provável que tivesse acreditado em minhas palavras. 

Meu sangue queimava por minhas veias. Me contive para não furar seus olhos. Nem que fosse necessário utilizar minhas próprias unhas. E eu os manteria guardados somente para tê-los como triunfo , apenas por ele ter ousado olhar para mim , para meus amigos e para o meu povo. Aqueles olhos não mereciam pertencer a tal coisa. De maneira nenhuma.

 - Faça. - Me instigou, como se pudesse ler meus pensamentos.

 Não pensei que a situação chegasse a tanto. Talvez meu ódio contra ele estivesse nítido em todo lugar do meu rosto. Isso era o suficiente para denunciar minhas intenções. Minhas terríveis intenções.

 Permaneci parada. Era isso que ele queria. Um motivo. Um mísero pretexto para acabar comigo. Então, nada eu fiz. Negou em silêncio quando eu não tive qualquer reação. Permaneceu me avaliando minuciosamente. Deu mais um passo em minha direção, como se a pouco distância que já existia entre nós, não fosse o bastante. Pensei em recuar , mas sua mão em meu braço me impediu. 

Mão... O seu toque era como o de uma , embora o que eu pudesse ver me provasse o contrário. Era quente. Por alguns segundos minha atenção ficou no seu toque persistente em meu braço. E, finalmente tive voragem de me desvencilhar. 

 - Cuidado com aquilo que você crê. Seus olhos podem tem enganar. - Disse olhando fixamente em meus olhos , antes de fazer menção de venda-los com o tecido de minha própria roupa que rasgou momentos antes. - E qual é a coisa que você mais teme , até mesmo mais do que eu ? - Indagou próximo o bastante para que eu sentisse o calor que emanava de sua direção.

 Não tive tempo de responder. Não que eu fosse responder. Não que eu soubesse o que responder. O escuro tomou minha visão. Senti o nó que fez no tecido.

 - O que... O que está fazendo? - Eu disse com medo de me mover. E com medo de permanecer parada. Levei minhas mãos até minha cabeça com o intuito de me livrar da escuridão. 

 - Não. - Uma voz soou. Tão rápida e certeira. 

E foi o suficiente para que eu desistisse do que eu pretendia fazer. Não era uma voz grossa , embora as circunstâncias fizesse que eu a temesse tanto quanto. Mas , em nenhum momento me remeteu à voz que eu ouvi até então.

 - Quem é você? - Questionei movendo minha cabeça para alguma direção qualquer. 

 - Um ser horrível. - Murmurou extremamente baixo.

 Senti mãos segurando nas minhas . Puxei ao tentar me desvencilhar, mas o contato se tornou mais firme, até mesmo doloroso. Contra meus protestos sem sucesso, guiou minhas mãos para a altura do meu rosto .

 - Emoção é energia em atividade. É a força que atraí. Você experimentara aquilo que teme muito. - A voz feminina disparou. - Então, não me diga que não tem medo , Clarke ! - Disse entre dentes , próximo a minha orelha. 

Clarke? Como sabia meu nome ? Tremi. O que queria dizer com aquilo ? E quem era ela ? De onde havia surgido? Onde estava o grounder? Eu quis questionar, mas as palavras morriam antes mesmo de chegar em meus lábios. 

Tentei acalmar minha respiração. Meu coração congelou. Eu não conseguia ver nada. Forcei o rosto até ficar inexpressivo. Tentei engolir em seco, Mas minha garganta tinha se fechado. 

 Sem delicadeza alguma puxou uma de minhas mãos, enquanto manteve a outra imobilizada. A mão que era guiada involuntariamente , tocou uma textura macia. Pele. Era isso que era . Imediatamente quis me afastar . Eu quis correr, mesmo não sabendo exatamente qual era a direção mais segura . Eu só precisava me afastar daquilo. Uma dor aguda apontou em meu ombro , a dor ainda estava ali.

 Sutilmente suavizou o contato da mão que tocava a pele. Sua pele eu deduzi. Porém, quando tentei lentamente afasta-la, a minha outra mão sofreu a consequência , quando fortemente foi pressionada. Mesmo contra minha vontade um gemido de dor escapou por meus lábios. Solitário e contido.

 Incerta eu voltei minha mão para a mesma posição e comecei - cegamente - a tatear . Não precisei de muito para perceber do que se tratava. Era um rosto. Com a mão trêmula eu toquei suas pálpebras e logo seu nariz. Mesmo sem poder vê-lo eu automaticamente imaginei reproduzindo aqueles traços delicados para alguma folha. Logo sua respiração quente me puxou para a realidade. A estranha e temerosa realidade. 

 Senti o suor pendendo na altura da minha testa. Eu me senti desconfortável somente por imaginar seus até então desconhecidos olhos observando minhas feições. Tentando conter o nervosismo, desci dois dedos , descobrindo o volume que antecedia seus lábios, que se mostraram ao toca-los que eram cheios, mas não exageradamente, era como se tivessem sido distribuídos cuidadosamente. Eu sentia minha respiração audível. Prendi por um instante na expectativa que ela pudesse normalizar. 

 Logo , minha mão foi guiada para a altura de seu queixo . Entendi aquilo como um aviso que eu deveria prosseguir. Voltei a tatear , desta vez , pela linha que estava delineando sua mandíbula . Subi para sua orelha que estava fria. E senti seus fios de cabelo roçarem no dorso da minha mão. Toquei seus fios , eram finos e macios. Ousei tentar adivinhar qual era sua cor. Mas, meu coração falhou quando ela abruptamente retirou minha mão de perto de si.

 O susto fez com que meu coração soasse como dezenas de tambores em meus ouvidos.

 - E agora , o que você vê , Clarke?

 Sua voz soou em um tom que me assustava.

 Eu queria olhar...eu precisava ver quem era.    


Notas Finais


Eu sei que tudo está meio louco e tal... Eu sou meio louca ai reflete na fic. Sorry. Haha

Teorias? Haha
O que me dizem desse capítulo? 👀

Obrigada por acompanharem!


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