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História One Life For Another - Capítulo 6.


Escrita por: Just__Imagine

Capítulo 6 - Capítulo 6.


Eu aguento a dor e me sento sobre onde antes eu estava deitada. Seu olhar em minha direção é persistente a ponto de me causar um terrível incômodo. Ela se mantém silenciosa , com aquelas suas órbitas verdes frias me estudando cuidadosamente. Eu poderia até ter falado algo a respeito , mas o meu corpo dolorido e a fome me impede de arrumar forças para abrir a boca.

 Anya... Lembro-me da conversa que a pouco eu ouvira. Será que eram grandes amigas? Não posso evitar de pensar o quão deve ser difícil ter que me encarar , embora o seu olhar não seja capaz de demonstrar nada , além de uma frieza que eu só costumava encontrar nas mais frias noites do inverno. 

Ela se retira e poucos segundos depois o mesmo homem que me deixou na barraca na noite anterior me obriga a levantar e me guia para fora , me fazendo andar pelo acampamento para uma construção de concreto. A coisa mais próximo da civilização que eu havia visto até então.

 Paramos diante à porta e ele segurou na maçaneta antes de me dar passagem. 

 - Se olhar para ela de maneira errada, eu degolo você. 

 Tudo bem. Ele foi bem direto. Em um mínimo aceno eu assenti e ele me deu passagem , permanecendo ao lado de fora. 

Fiquei tensa ao entrar no cômodo. 

Uma mesa longa ocupava maior parte do espaço. Estava coberta de comida e vinho , tantas comidas , algumas com fiapos de vapor , que minha boca se encheu d'água. Pelo menos eram familiares, e não alguma bizarra iguaria grounder.

 E a mesma que me observava quando eu acordei , caminhou até a cadeira imensa na ponta da mesa. 

Fiquei ao portal , encarando a comida , toda aquela comida quente e maravilhosa... que eu não poderia comer.

 Ela afundou na cadeira . E ergueu o olhar em minha direção. 

- Você deveria comer alguma coisa. - Disse ela. 

Enquanto isso ela encheu um copo com vinho de um encantador e bebeu com gosto. Como se precisasse.

 Eu me aproximei da porta, o coração batendo tão rápido que pensei que vomitaria. O metal frio das dobradiças atingiu meus dedos. 

 - Quem é você? - Consegui perguntar, embora já tivesse feito uma pegunta semelhante antes. 

- Sente-se. - Ordenou a grounder , bruscamente, gesticulando com a mão para indicar a mesa. - Coma. 

 Repassei os perigos na cabeça diversas vezes. Não valia a pena... aplacar minha fome voraz definitivamente não valia o risco. 

Ela soltou um grunhido baixo. 

- A não ser que prefira desmaiar ?

 - Não é seguro. - Fui capaz de dizer, pouco importava se a ofendesse.

 - A comida é adequada para você comer. - Aqueles estranhos olhos verdes se fixaram em mim , como se a grounder pudesse detectar cada músculo em meu corpo que estava ansioso para fugir. - Saia se quiser. - Acrescentou ela , exibindo os dentes.

 Não fiz nenhum movimento em direção à comida. 

 - Tudo bem . - respondeu ela , a palavra entrelaçada em um grunhido, e começou a se servir. 

Eu não precisei enfrentar as consequências de uma segunda recusa , pois alguém passou por mim , dirigindo-se para a cabeceira da mesa.

 - Então, Heda? - Falou o estranho , outro grounder , cabelos negros , barba grande e com vestes semelhantes. Ele também usava uma tintura no rosto, mas não era a mesma que ela usava. O estranho fez um gesto de reverência para a grounder sentada , então cruzou os braços. 

De alguma forma, ele não me viu onde eu estava , ainda pressionada contra a parede. 

 - Então o quê? - Minha captora inclinou a cabeça. 

 - Anya está morta , então? 

 Um aceno de cabeça de minha captora...ou salvadora , o que quer que ela fosse.

 - Yu gonplei odon ste. -  Disse ela , em voz baixa , para o estranho.

 - Como ? - Indagou o estranho, os nós dos dedos esbranquiçados quando ele os fechou sobre os braços musculosos. 

- Com sua própria lâmina. - Respondeu. O homem em pé sibilou. - O rastro me levou à quem o fez . Dei refúgio a ela. 

- Uma garota... uma garota matou Anya. - Não foi uma pergunta , mas uma cadeia de palavras envoltas de veneno. O estranho olhou para a ponta da mesa, na qual minha cadeira estava vazia. - E o rastro indicou a garota como responsável. 

A que estava sentada apontou para mim. 

 - Me levou direto à porta dela.

 O estranho se virou . Em seu rosto um cicatriz cruel , que cortava desde a testa até o maxilar. Mesmo do outro lado da sala , eu podia ver o olho , se arregalar. Retraiu um pouco os lábios para revelar seus dentes , e então se virou para a outra.

 - Está brincando. - Disse o estranho , baixinho. - Aquela coisa matou Anya? 

Desgraçado; completo desgraçado. Uma pena eu não ter a lâmina , para que eu pudesse acertá-lo. 

- Ela admitiu. - Explicou a de cabelos castanhos rispidamente , passando o dedo na borda do cálice. Lutei para manter a respiração calma. Principalmente quando ela acrescentou: - Ela não tentou negar. 

- Bem. - Começou o homem, com raiva. - , agora estamos empacados com aquilo , graças a sua misericórdia, e você destruiu...

 Dei um passo adiante... apenas um passo. Não tinha certeza do que diria , mas ao falarem de mim daquela forma... Mantive a boca fechada, mas o passo adiante bastou. 

- Gostou de matar minha amiga ? - Perguntou o de pé. - Hesitou, ou o ódio em seu coração a guiava com força demais para que considerasse poupá-la ? Deve ter sido muito gratificante para uma coisa pequena como você abatê-la.

 A que estava sentada não disse nada , mas seu maxilar se contraiu. 

Enquanto me avaliavam, tentei alcançar com as mãos uma faca que eu já não possuía.

 - De toda forma - Continuou ele, encarou a outra grounder , com um olhar de desprezo. Provavelmente riria se algum dia eu sacasse uma arma contra ele. - Talvez haja uma forma de... 

- Gustus. - Interrompeu minha captora , baixinho , o nome ecoou com um leve grunhido. - Comporte-se. 

Gustus ficou rígido.

 - O nome dela é Clarke. - Disse aquela que estava no comando. Devia ter descoberto meu nome em casa, em algum momento. Escutar meu nome sair de seus lábios , me causava uma estranha sensação. Aqueles olhos penetrantes encontraram os meus de novo , e então se voltaram para a porta. - Niko levará você de volta para a barraca. Você precisa de um banho e de roupas limpas. 

Eu não consegui decidir se foi um insulto ou não. Senti a mão firme em meu cotovelo e encolhi o corpo. Qualquer idéia de tirar satisfações devido ao que fora falado se esvaiu e eu me deixei ser guiada para longe.

                  [********] 

Embora meu corpo desejasse um demorado banho , eu me recusei a seguir com aquele grandalhão para uma cachoeira que mencionaram. Nem se eu estivesse louca eu iria me despir perto daqueles estranhos, nem que isso resultasse em ficar sem me banhar por um bom tempo. 

Argh! Eu sei que isso não era nada higiênico , mas há coisas mais importantes quando você tem que prezar por sua vida a cada segundo , como por exemplo , não ser morta de calças arriadas.

 Lá estava eu sentada novamente, dentro da mesma barraca. Meu ombro doía. E meu estômago parecia estar se contraindo, parecia que se alimentaria de si mesmo para amenizar a falta de alimentos. Eu sofria em silêncio. De maneira nenhuma eu iria demonstrar fraqueza, isso só os fariam se alegrar com a minha desgraça. 

 Com os olhos fechados eu senti uma presença adentrar no local. Engoli em seco enquanto pensava se eu deveria ou não abrir meus olhos. Quando os abri , encontrei a comandante parada em uma distância que me deixou completamente desconfortável. 

 Era estranho. Pelo pouco que eu pude ver ela não era muito de falar. Talvez isso a fizesse parecer ainda mais amedrontadora. Confesso que eu não sei dizer o que me deixa mais receosa , seu olhar enquanto me observa em silêncio ou sua voz fria .

 - Sem se alimentar você não durará muito. - Disse ela após alguns segundos. 

 Fiquei em silêncio. A indiferença na sua voz só mostrava que não era por se preocupar que estava me dizendo aquilo.

 - Niko disse que você se recusa a tomar banho. - Completou me encarando. 

Aquilo soou tão constrangedor, provável que eu tenha corado no mesmo instante.

 - Não vou ficar nua perto dele. - Respondi sem conseguir manter o olhar em sua direção.

 - Eu te acompanho. - Disse ela se afastando. - Para caso seja estúpida o bastante para tentar fugir. 

Não me movi. Aquilo parecia muito pior , se é que era possível. Por um momento achei que não seria tão ruim continuar sem um banho. 

Logo sua atenção se voltou em minha direção quando eu não fiz menção de me mover. 

- Precisa de ajuda ? - Sua sobrancelha arqueada mostrou o verdadeiro sentido de sua indagação.

                   [******]

Estávamos andando a alguns minutos . Antes de se afastar do acampamento ela recusou qualquer escolta e seguiu em silêncio. Aquilo só mostrava o quanto ela era letal , se quer precisava de alguém para fazer sua segurança. 

 Em um momento eu pude ouvir o barulho da água correndo em algum lugar a frente.

 Andamos alguns minutos a mais por entre as árvores até que eu fosse surpreendida por uma visão estonteante. Por alguns segundos fiquei parada observando a água cair. Ao me virar pude encontrar ela me olhando. Ela acenou para que eu seguisse em frente.

 Tirei a jaqueta e junto uma expressão de dor se formou em meu rosto. Eu estava prestes a erguer minha camiseta , mas , não concluí. 

- É... Eu não vou fugir. - Eu disse incomodada , sem consegui olhar em seus olhos. 

Ela escutou e se distanciou alguns metros e parou , posicionada ao lado de uma árvore. 

Inspirei fundo e tirei minhas botas e caminhei descalça beirando a borda de onde a água em abundância estava acumulada , senti as pedras frias sob meus pés. Eu estava a tanto tempo com aquele calçado que tinha me esquecido da sensação de qualquer coisa ao tocar meus pés.

 Parei mais próxima da água e após um rápido olhar em direção à minha captora eu ergui minha camiseta , deixando-a cair próxima aos meus pés.  

Em seguida retirei minha calça e deixei próximo a camiseta. 

 Meu corpo seminu se arrepiou ao sentir a brisa do fim da tarde vir de encontro a mim. Estiquei meus pés e coloquei na água para testar a temperatura e dei um pulo para trás quando senti a água fria. 

 Criando coragem entrei na água, logo meu corpo se acostumou com a temperatura. Fechei os olhos afundando , embora não fosse um banho de fato, era um alívio sentir a água em meu corpo. Tentei aproveitar ao máximo. Em um momento olhei por sobre as pedras e a vi parada no mesmo lugar , como uma estátua.

 Qual seria sua idade ? Percebi que nem mesmo seu nome eu sabia.

 Com um pesar eu saí da água. Antes de me vestir eu me livrei das minhas roupas íntimas . Como eu não tinha nada para vestir além das mesmas roupas eu iria vestir as mesmas. Porém, me virei rapidamente ao sentir a presença . 

- Pegue. - Disse ela me estendendo o que pareciam ser roupas. 

Automaticamente arregalei os olhos e me senti envergonhada. Ela manteve o braço esticado em minha direção, esperando que eu aceitasse. Ela não parecia se importar com a minha nudez , porém vi seus olhos descendo do meu rosto e rapidamente cobri meus seios com um de meus braços. 

- Por favor... - Sussurrei sem jeito. Eu não sabia bem o que eu queria dizer. - Obrigada. - Eu disse puxando o que ela estava oferecendo e o usei para cobrir meu corpo. - Dá para você olhar para o meu rosto? 

 Ela levantou o olhar e franziu o cenho levemente, por um momento pareceu tentar entender algo, mas logo voltou a sua falta de expressão costumeira e assentiu.

 - Agora ficará melhor. - Disse dando um olhar para meu ombro. 

Eu assenti. 

 - Eu vou me vestir agora. - Ela pareceu entender o que eu quis dizer e se distanciou. 

Quando ela se afastou suspirei. Rapidamente terminei de me vestir coloquei minha bota. E fui até onde ela estava. 

Eu precisaria ser esperta e silenciosa, e tomar meu tempo até poder escapar.   


Notas Finais


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Obrigada por acompanharem!


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