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História One me two hearts - Romeu é gay


Escrita por: unkn0w

Notas do Autor


Boa leitura :)

Capítulo 2 - Romeu é gay


Fanfic / Fanfiction One me two hearts - Romeu é gay

WILL

A ideia de modernizar Romeu e Julieta foi simplesmente genial. Teria sido mais se não tivessem colocado Will como Ramon, a representação de Romeu, e Leo como John, a representação de Julieta.

— Desculpa galera, mas eu prefiro não fazer isso. — disse Leo. — Acho que o Jason vai se sair melhor no meu lugar. Não sou bom com papéis principais, o Jason é mais... Sabe?

Que antiprofissional, Will pensou. Leo podia ser cheio dos complexos, mas um ator de verdade precisa saber lidar com essas situações. Ele teria que superar isso se quisesse crescer como ator. 

— Ok — Tomás suspirou e anotou algo em seu celular. — Jason como John, Will como Ramon, Piper como a mãe de Ramon, Drew como a mãe de John, Leo como o primo de John... Dylan como o prefeito da cidade. Perfeito.

— Quando vai ser a peça? — perguntou Will.

— Final do mês. Temos quatro semanas para trabalhar — Calipso respondeu, colocando seu cabelo caramelo atrás da orelha.

— Isso, — continuou Cath, que segurava a mão do loiro. Ela parecia bem animada. — Você vai ser o representante do elenco. Eu vou fazer as coreografias, Nico vai ser o representante da cenografia e Joelma vai organizar o pessoal de sonoplastia.

Nico era um assunto delicado naquele grupo. Ninguém o entendia e ninguém tinha coragem de chegar muito perto, fora Catharina. 

Will não via nada de muito especial nele. Uma pessoa meio morta que se arrastava: grande coisa. Nico era um menino lindo e seria carismático se não insistisse em ser antipático. Aquela melancolia parecia tão superficial e frágil...

Tão superficial que dá vontade de quebrar.

Will acariciou a mão de Catharina antes de dizer que precisava tomar água.

De repente, o ar se tornara espeço no auditório. Ele reprimia isso todo santo dia, reprimia os pensamentos que tinha sobre aquele garoto que  tentava se convencer repudiar. Estava ficando pior, gradualmente o consumindo. Will não era bom em esconder sentimentos, muito menos em mentir para si mesmo.

Ele tinha esse desejo estranho que o corroía por dentro. Uma olhada aqui e ali, uma postura diferente. Nico era tão ordinário, tão discreto. Não tinha destaque no colégio, não tinha presença. Sua voz mal ressoava. Ele mal existia.

"Nada demais"?

Quem Will queria enganar?

O que Nico escondia?

O que Nico escondia?

O que Nico escondia?

As próximas semanas seriam, definitivamente, o inferno. Mas ele tinha que ser positivo, afinal, a negatividade jamais resolveria nada.

 

Will acordou extremamente cansado, era um sábado. Aquela semana toda fora lotada de ensaios. Aulas pela parte da manhã, a tarde dedicada à peça e, de noite, tinha que estudar e fazer tarefas. E, como o esperado, seu sábado também estava lotado. As atividades começariam às nove da manhã, quando se reuniria com Cath, Calipso e Jason para treinar as coreografias e os duetos que seriam deles dois.

A agenda de todos do grupo estava tão lotada quanto à dele, então Catharina nem poderia reclamar de ele não estar dando atenção para ela. 

Todos pareciam ocupados, mas Nico em particular não parecia empenhado. Uma peça daquele modo animava todos os alunos da Olympus Academy, menos Nico. Sim, é claro que ele não se animaria. Ele nunca se anima.

Will pegou a lista que havia anotado dos integrantes e suas funções, leu-a ainda sonolento:

Cath – dança (coreógrafa)

Nico – artes plásticas (planejamento do cenário e revisão da peça)

Alice – artes plásticas

Jass – artes plásticas

Tomás – letras (e plásticas) (escrever peça, planejamento do figurino)

Anna – letras

Calipso – compositora

Brian – música

Raphael – música

Jason – teatro (John)

Leo – teatro (Julieta/John) (primo de John)

Drew – teatro (mãe de John)

Piper – teatro (mãe de Ramon)

Will – teatro (Romeu/Ramon)

Dylan – teatro (prefeito)

Amy – teatro (noiva de Ramon)

 

Will suspirou e olhou no espelho; logo daria oito e meia. Deu duas tapas em suas bochechas e foi lavar seu rosto. Sua aparência continuava radiante, mesmo que estivesse estudando como um condenado. Seu cabelo ondulado, tão loiro que quase chegava ao branco, estava um pouco maior do que o de costume.

Como sempre, ao olhar-se no espelho, ele se achou belo.

Não era nem bom nem ruim. Apenas era.

Arrumou-se colocando qualquer roupa. Eles ensaiariam dentro do colégio, mas como não assistiriam aula, poderiam usar qualquer roupa. Colocou suas sapatilhas na bolsa, sorrindo um pouco, e pegou uma garrafa de água.

Will não morava no dormitório do campus. Como seu pai era coordenador de lá, eles tinham uma casa pelas redondezas. Gostaria de morar com seus amigos, no entanto.

Quando estava para sair de casa, o telefone tocou.

— Fala, Anabeth.

— O que você vai fazer hoje? — ela foi direto ao ponto.

— Ensaiar, de tarde vou treinar piano e de noite... De noite acho que estou livre.

— O ensaio é para a peça?

— Aham.

Annabeth, a melhor aluna de letras do terceiro ano, também conhecida como namorada do Percy Jackson ou a Atena do colégio. Seus pais, dela e de Will, se conhecia, já que Apolo era um verdadeiro recrutador. Ele caçava talentos para convidar para a escola, Annabeth e Percy haviam sido dois deles, assim como Piper, Jason, Leo, Calipso e mais alguns. Era comum visitarem as casas uns dos outros.

— Entendo. Imagino que de noite você vá estar cansado para sair.

— Depende — segurou o celular entre a orelha e o ombro enquanto fechava a porta de casa. — Sair tipo festinha ou sair tipo comer besteira e assistir filme na casa de alguém?

— Sair tipo seu pai vai vir aqui conversar com Atena e Poseidon, imaginei se você gostaria de vir também.

— Ok, acho que dá certo. Vou falar com Apolo.

— Certo. Você traz o refri?

— Aham.

Despediram-se e Will seguiu seu caminho para o colégio. Deu um bocejo longo, afastando os pensamentos tentadores de matar ensaio.

— Bom... Dia.

 “Por que o intervalo entre bom e dia?” talvez você tenha se perguntado.

Na verdade, a palavra “dia” mal saiu da boca de Will. A cena que viu a sua frente foi mais forte.

Nico se contorcia no chão, rindo como não parecia ser possível para ele; os fios negros bagunçados e puxados num rabo de cavalo curtinho. Seus olhos estavam fechados com força e seu sorriso era muito branco. O som da gargalhada... Se Will acreditasse em anjos, provavelmente aquele seria o som que eles fariam se rissem.

Sua blusa estava um pouco levantada, mostrando o tronco magro e pálido do garoto. Will não desceu o olhar para a calça, que estava meio abaixada. Sentiu que seu rosto já estava vermelho o suficiente.

Mas que absurdo poderia fazer Nico rir daquele jeito?

Foi só então que percebeu a garota baixinha e morena cutucando com seus dedos pequenos a cintura de Nico e o pescoço dele.

Will a puxou pelo braço. Por um momento, seu olhar estava mortal.

Não toque nele.

— Will?

Por que não?

Relaxou a expressão, sorrindo. Ele não tinha nenhuma resposta e apenas sorria porque não sabia mais o que fazer.

— Vamos, temos que ensaiar — Will tentou disfarçar.

— Okay — Catharina sorriu um pouco desconfiada.

Nico fechou a expressão assim que viu Will. Ajeitou suas roupas, desamarrando o cabelo e o puxando para amarrá-lo de novo.

— Você fica fofo assim — Will brincou, se referindo ao penteado.

Brincou?

— É tudo que sempre quis ouvir — Nico revirou os olhos e, depois de un tempo, admitiu: é mais fácil me concentrar assim.

— Aliás, por que você veio? — Piper levantou-se do chão e perguntou.

Will notou que apenas o pessoal do teatro estava lá e, fora eles, Calipso e Catharina. Era lógico.

— Não me leve a mal, a sua companhia é sempre bem vinda, mas...

— Vim tirar as medidas do palco e começar a esboçar o cenário com Tomás — respondeu sem muita tempestade. Ele não parecia incomodado.

— Tomás está aqui? Onde?

— Do seu lado — o garoto deu um peteleco na testa de Will e apertou o passo para alcançar Catharina. Por cima do ombro, deu um sorriso suspeito.

Ele havia percebido?

Chegando na sala de dança 202, Will notou a insistência de Drew em ficar perto de Jason, por mais que as cenas que eles iriam ensaiar fossem apenas com John e Ramon, e a primeira dança não necessitasse dela. Era tão ridículo, na opinião dele. Se ele gostasse de alguém e essa pessoa simplesmente não correspondesse, não ficaria em cima dela o tempo todo. Isso só causaria o efeito oposto. Com Catharina deu certo pensar assim.

Nico também era esse tipo de pessoa.?Ele afasta tanto os que ficam muito atrás dele quanto os que não ficam? Ou será que ele tinha as suas próprias exigências? Talvez ele já gostasse de alguém, Will pensou. Talvez Nico escondesse muito mais do que parecia.

— Ei, você pode parar de olhar pro nada e se concentrar aqui? — Catharina estalou os dedos na frente dos olhos de Will — Então pessoal, eu montei a coreografia da morte e da abertura, que foram as músicas que Calipso me enviou, o resto nem eu nem ela tivemos tempo para pensar. Mas hoje vocês têm pelo menos que decorar os passos dessas coreografias.

— Sim, senhora — Will deixou um beijo em sua bochecha e foi se juntar a Jason para ensaiarem a dança da morte.

Jason era simplesmente perfeito no que fazia, quase tanto quanto Will. Ele usava óculos e tinha um ar cético e responsável, apesar de ser muito brincalhão. Seu cabelo loiro era brevemente mais escuro que o de Will, e seus olhos eram de um azul mais azul.

Era difícil não rir enquanto dançavam. Cath parecia ter feito algumas partes como uma brincadeira. Mas, no fim, aquilo virou uma competição de perfeição, onde Will e Jason rodopiavam e se doavam para ver quem sabia ser melhor.

Não os culpe. Se não existisse nenhum senso de competição naqueles artistas, então eles estariam no caminho errrado.

Durante uma pausa, Will percebeu Nico irritado, jogando seu caderno de um lado para o outro. Em certo ponto, ele saiu marchando da sala de dança sem dizer palavra.

— O que tem com ele? — Leo perguntou com uma suave cara de ranço.

— Nico... É diferente — respondeu Tomás, hesitante. Ele estava sentado encostado na parede, esperando seu parceiro de cenografia voltar. — Ele é um verdadeiro prodígio. Digo, todos nós somos incríveis, mas ele é diferente. Ele tem algo que nós não temos, algo que ou você nasce com ou não. E isso o torna especial. Uma pessoa com habilidades especiais e dores especiais. Esse tipo de gente não funciona como nós. Não basta ser bom, ele tem que esboçar o melhor e mais inteligente cenário de todos.

Will estranhou. Até onde sabia? Nico era um aluno mediano. Pelo menos, era o que suas notas diziam.

— E não somos todos perfeccionistas? — perguntou Calipso.

Tomás riu.

— Para ele, não basta ser perfeito. Tem que ser original.

Alguns momentos de tensão silenciosa se passaram antes de Nico abrir a porta com força. Ele estava muito frustrado.

— Catharina, estou indo para casa. Ou pra qualquer lugar. Tomás, segunda feira eu trago algo pra você, prometo.

— Ok, sem pressa. Mentira, é bom ter pressa.

Catharina assentiu e pegou a mochila de Nico para entregar a ele.

— Só um milagre pra tirar você dessa, não é? — ela brincou.

— Gostaria de acreditar em milagres.

Poucos segundos depois de Nico ir embora, Catharina se reuniu com Leo, Drew e Dylan para discutirem suas opiniões sobre as coreografias em que ela ainda pensaria, e sobre a letra da música em que Calipso trabalhava.

Will tentou não pensar muito no assunto, mas sua namorada parecia... Um pouco próxima demais de Dylan. Como se, de repente, ela tivesse reparado nele. Ela quase agia como Drew. Não que isso o irritasse, ele queria que Cath fosse livre para gostar de quem quisesse. Mas, de repente, ele só não sentia como se fosse realmente especial o lance que eles tinham.

Talvez namoro fosse muito exagero.

Will, então, saiu mansamente. Assim que colocou um pé para fora da sala, correu feito um alucinado, explodiu a toda velocidade.

E na entrada do colégio, alcançou Nico.

— Di Angelo — chamou um pouco ofegante.

— Solace?

— Você quer inspiração, certo? Posso te mostrar algo incrível.

— Ainda não estou desesperado — Nico deu às costas, agindo meio irritado e sem interesse.

Will sabia que era odiado. Mas também sabia se aproveitar disso. 

Basta ser insistente, não?

— Então prometa — não conseguiu evitar de sorrir, e respirarou fundo para conseguir falar. — Quando você estiver desesperado...

Nico olhou-o por cima do ombro.

— Quando você chegar ao desespero, me prometa que vai me deixar te mostrar algo incrível.

Nico fez que sim com a cabeça, como se pensasse sobre outra coisa no momento e só concordasse sem sequer entender. Mesmo assim, Will comemorou.

 

Era noite. Piper tinha enviado uma mensagem dizendo que como o elenco era escasso, o pessoal de letras e artes plásticas teriam de ficar como substitutos no caso de alguém adoecer. Dentre todos os nomes e papéis correspondentes, Will achou graça quando notou que Nico era o substituto de John, o papel de Jason. Imaginou como seria engraçado ele e Nico atuando como um casal.

Riu baixinho e passou a prestar atenção na voz de seu pai, que cantava Twist and Shout junto com o som dos Beatles no carro.

A voz de Apollo era realmente bonita e existia uma pequena inveja nessa afirmação. Ele poderia ser o primeiro do colégio em tudo, mas nunca superaria seu pai em nada. O homem era uma lenda viva.

— E então, meu dengo, conta pro papai como foi o ensaio hoje de manhã.

— Foi bom, eu acho. Calipso está bem sobrecarregada e eu sinto pena, mas ela não me deixa ajudar. Fora que o pessoal de cenografia não está muito inspirado.

— E a sua gatinha? Estava por lá?

— Sim — Will olhou a noite pelo vidro do carro. — Mas acho que estava mais interessada em Dylan do que em mim.

Apolo gaguejou alguns conselhos positivos e mal dados. Não que ele não quisesse ser útil, mas Will sentia que ele tinha que resolver a sua própria vida antes de tentar consertar a do filho.

Ele tinha sido pai cedo, aos 24 anos, e quando sua mãe se foi, a vida deles dois simplesmente se desestabilizou. Ambos tinham a personalidade parecida, como se sentissem a obrigação de manter um sorriso no rosto o tempo inteiro — seja ele sacana ou gentil.

Will entendia que seu pai se esforçava, mas não era como se precisasse disso. Ele estava bem. Sempre esteve e sempre estaria.

 

Chegaram à casa de Annabeth um pouco mais tarde do que o combinado. Desceram do carro e da porta já era possível ouvir a clássica discussão de Atena com Poseidon.

— Espero que Percy esteja aí — Will comentou em voz baixa.

Da última vez que conversaram, as coisas estavam estranhas

Will levantou o olhar para o seu pai. Ele devia ter quase 1,90 m, o que seria intimidador se não tivesse aquele ar jovial e vívido.

No entanto, apesar de estar estonteante como sempre, tinha algum tipo de segredo nas olheiras arroxeadas de Apolo. A sua pele estava pálida e isso não parecia certo.

Percy abriu a porta e Will o cumprimentou tentando não deixar as coisas estranhas.

Apolo fez menção de entrar, no entanto, seu celular tocou instantaneamente e ele pediu licença para atender ali, do quintal.

Foi só por uma fração de segundo, mas Will viu. O rosto de seu pai clareou e um sorriso bobo surgiu, de repente ele era um adolescente recebendo uma ligação da namorada.

Infelizmente, percy fechou a porta antes de Will poder escutar:

— Boa noite, Sr. Hades. Como posso ajudar?


Notas Finais


Obrigado por lerem, vejo vocês nos comentários :D


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