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História One me two hearts - Vibrante, se é que você me entende


Escrita por: unkn0w

Notas do Autor


olhaí quem ta postando rapido (pelo menos esse cap aushau)

Capítulo 28 - Vibrante, se é que você me entende


Fanfic / Fanfiction One me two hearts - Vibrante, se é que você me entende

NICO

            Quando terminou de falar, pensou que seria bombardeado de perguntas. Se tivesse que ser sincero, confessaria que não conseguia dizer mais uma só palavra sobre a sua vida naquele dia. Ele não queria lidar com tudo de novo, não podia.

            Mas Will nunca agia nada como o esperado, e isso era reconfortante: sentou na cama, o puxou e o abraçou. O abraço era mais íntimo do que qualquer outro toque poderia ser, porque era mais do que a necessidade física. Era tudo que Nico precisava para saber que estava tudo bem, que Will entendia e não cometeria o erro de ser impulsivo de novo, falando a primeira coisa que viesse na mente sem pensar nem um pouquinho.

            Naquela noite, eles não trocaram mais palavras, porque nada precisou ser dito.

 

Voltar para casa, dois dias depois, foi uma tortura para os seus nervos. Cada pedaço de pele em seu corpo se arrepiava em agonia, cada músculo estava cheio de nós e de contrações por causa do frio e caminhada intensos, seus pés pareciam ser feitos de chumbo.

            O ar quente e abafado, com cheiro de sabão em pó, tecido e criança do apartamento de Apolo o abraçou e ninou assim que entrou no lugar. Sentiu seu nariz, extremamente vermelho por conta do clima, de repente esquentar e a sensação era deliciosa.

            Tudo estava exatamente como antes: extremamente iluminado, nem de longe impecável e muito aconchegante. Hazel lia no sofá quando Nico e Will entraram em casa, perto das duas da tarde. Ela estava tão concentrada que nem olhou para o lado com o barulho da porta sendo aberta e trancada.

            Seu cabelo estava alisado, coisa que Nico odiava. Ela usava os óculos (de grau pequeníssimo) recomendados — “pelo menos”, como dissera o oftalmologista — para leitura. Usava uma camisa enorme, que Nico desconfiou ter pegado do guarda-roupa de Will, porque nem ele e nem ela usavam esse tamanho todo.

            Eles dois apoiaram suas mochilas no chão e começaram a se desagasalhar. Vendo que ela não teria a concentração quebrada tão facilmente, Will a cumprimentou:

            — Olá, Haaaazz...

            — PELO NOME DO SANTO CRISTO JESUS — ela gritou, jogando o livro no sofá.

            Levantou.

            — Pelo amor de Deus! — correu até Nico e o abraçou. Sussurrou a última parte. — Você está em casa. Amém.

            — Qual foi o motivo dessa blasfêmia? — Apolo gritou de algum lugar da casa. — Você sabe que aqui não toleramos esse tipo de coisa — riu alto.

            — Oi, pai! — Will gritou de volta.

            Nico olhou para ele e levantou a mão. Gesticulou com a boca sem emitir som: um, dois, três...

            No quarto segundo, Apolo apareceu encharcado correndo pelo corredor enquanto enrolava uma toalha na cintura. Ele corria engraçado, com o andar de quem tem medo de cair.

            — Puta que me pariu de quatro numa banheira — falou como se prendesse um grito no fundo da garganta. — Will Solace e Nico di Angelo!

            — De castigo até a morte? — Will especulou numa fala medrosa e pequena.

            Apolo se jogou nele. Literalmente, se jogou. Os dois caíram no chão, Will tentou desesperadamente impedir que o pai se machucasse na queda, mas Apolo apenas gargalhava.

            — Vocês estão completamente fodidos na escola — disse entre risadas. — Já é castigo o suficiente.

            — Não está com raiva?

            — Estou furioso — Apolo falava com um sorriso, mas ele não parecia ter nenhuma intensão oculta.

            Nico se agachou do lado dos dois, curvou a boca para baixo com um ar debochado.

            — Reencontros entre pais e filhos: sempre ridiculamente emocionantes.

            Apolo riu alto e o puxou para o abraço molhado.

            — Estou feliz que vocês voltaram em segurança.

            Deu uma olhada significativa no fundo dos olhos de cada um deles. Por fim, bagunçou seus cabelos e levantou, deixando a toalha cair acidentalmente.

            — Urgh! — Hazel grunhiu. — Poupe essa visão pro papai!

***

 

Hades apareceu pela noite, depois de resolver assuntos da empresa. Ele vestia um paletó cinza com uma blusa branca por baixo e um rosto de tédio cansado, como se estivesse com tédio do tédio. Nico e Hazel estavam sentados no carpete; a menina mexendo no celular e o garoto escrevendo freneticamente num caderno. Will trazia alguma coisa da cozinha e Apolo estava ainda parado junto à porta, esperando para poder fechá-la. Tudo congelou quando Hades chegou, como se até mesmo as partículas de poeira pudessem congelar no ar exatamente como estavam.

            Entrou no apartamento com presença esmagadora. Ele era apenas um centímetro e meio mais alto que Apolo, que já não era tão alto, e mesmo assim parecia enorme, como se tivesse dois metros de altura. O ar a sua volta era puro terror, fez Will dar tremores visíveis, e Nico levantar num salto, derrubando o celular e tudo. À medida que ele se aproximava de Nico, Apolo ia ficando empolgado como uma criança prestes a ver um filme pelo qual esperou o ano todo. E Nico, por outro lado, a cada passo que seu pai dava, ia se encolhendo e encolhendo, como se quisesse desaparecer.

            A figura aterrorizante de Hades, com a postura digna de um deus, — se o fosse, seria o deus do Mundo Inferior, decerto — parou a pouco mais de um metro de Nico. Abriu os braços; por um momento todos se prepararam para uma explosão, que não veio.

            — Venha aqui — falou em tom de ordem. Impassível. Imponente.

            Nico, ainda com os ombros tensos e olhos assustados, foi até Hades. Oscilou um segundo antes de abraça-lo, mas a expressão convicta no rosto de seu pai praticamente o obrigou a dar o passo final.

            Antes mesmo de seus braços magros e pálidos contornarem com timidez o tronco forte de seu pai, sentiu o aperto dele o puxando e se curvando para envolve-lo por completo.

            — Hades? — chamou com a voz mais aguda do que esperava.

            Nico não pôde ver por motivos óbvios, mas Hazel e Will, que estavam de frente para Hades, simplesmente não conseguiram desviar os olhos da expressão de dor e alívio que ele fazia.

            — Você não tem ideia... — estava sem forças, a voz falhando. — do quanto me assustou. Do quanto me preocupou.

            Nico abriu a boca para falar, mas desistiu. Ainda estava extasiado; fazia tempo que Hades não o abraçava. Por isso apenas aproveitou a sensação de proteção definitiva que apenas o abraço de um pai pode oferecer.

 

Will e Nico prometeram que a madrugada de segunda feira seria insone. Will estava ferrado em teatro e na aula de harmonia. Como não estaria na cidade na época de natal, o professor Hedge (de teatro) passou milhões de trabalhos extras pra compensar sua ausência na peça de natal. E sobre harmonia, a única justificativa era que ele era um lixo na matéria mesmo.

            Nico parecia muito mais despreocupado. Tinha finalizado seu trabalho de história da arte moderna e não havia nada com o que se preocupar em relação à música. Além do mais, a professora de teatro o adorava. No entanto, recebeu uma ligação um tanto quanto alarmada de Piper, lembrando que eles tinham perdido quinta, sexta e sábado de ensaios para a apresentação em Nova York. “Que apresentação?” ele perguntou. “Porra, como tu esqueceu o convite pro show da Adele? Você deu sorte de ter saído da aula de artes plásticas e não precisar cuidar da cenografia” recebera como resposta.

            Então, às duas da manhã, Will ainda estava enterrado nos livros e Nico nas partituras. Como todos dormiam, ele as decorava para mais tarde testar se conseguia tocá-las ou cantá-las. Decidiu não incomodar muito Will com aquilo, apenas passou para ele o recado, mas disse que os dois poderiam ensaiar em casa em tempo integral, diferente dos outros. Não se preocupe, eu sou um gênio das artes, deixe tudo comigo... Ou algo assim.

            Às quatro da madrugada, Nico desmaiou na cama, pois estava exausto.

            Dormiu com ele o segredo de que Angie ainda estava estre eles, velando os estudos de Will como nunca pudera fazer em vida. Pela manhã, ela havia desaparecido.

 

WILL

            Sete horas da manhã, estava mais disposto que Nico, que havia dormido três horas de sono. Bom, Will havia tirado meia hora de cochilo antes de sair de casa, o que já estava de bom tamanho. No caminho para a escola, dava gargalhadas com o seu travesseiro que vibrava.

            — Cale a boca, estou morrendo de dor de cabeça — disse Nico, de mal humor.

            — Mas meu nariz tá vibrando! — soltou mais uma risada. — Olha só! — apontou para o próprio rosto.

            — Você bebeu?

            — Claro que não, meu travesseiro é de massagem — franziu o cenho. — Por quê? Você não tá o vendo tremer?

            — Amém, o travesseiro vibra. Que empolgante.

            — Vibrante! — Will gargalhou. — Entendeu? Entendeu?! Vibrante... HAHA.

            Nico apenas revirou os olhos e pegou a mochila, se preparando para descer do carro em trinta metros.

            Ah, ele percebeu. Will não estava bem. E Will notou que ele percebeu.

            — Eu vou levar Hazel na escola e depois volto — disse Apolo enquanto os dois tiravam os cintos.

            — Tchau, Apolo — Nico suspirou, abrindo a porta. — E obrigado pela carona.

            — Por nada. Tenha um bom dia, Rei das Trevas.

            Hazel colocou a mão na boca para não rir.

            — Que Deus te abençoe, te proteja e te guarde, Neeks.

            — Fica com Deus, Hazz.

            Will e Apolo se entreolharam e deram de ombros, achando a despedida... Um tanto quanto inesperadamente esperada. Will beijou a bochecha do pai e saiu do carro.

            Nico andava um pouco a frente, o vento jogava os seus cabelos para trás, o que fez com que abrisse os braços para sentir melhor a brisa fresca pelo seu corpo. Estava frio. Um frio do cacete. E mesmo assim, ele caminhava na neve como se passeasse por um bosque em plena primavera, sentindo o ar como se ele estivesse morno e com cheiro de jasmim.

            Will preferiu assistir em silêncio, de longe. Como dito antes, ele gostava de apenas observar esses cenários, como um bom espectador. Sem estragar aquela beleza fria com o seu calor.

            A escola estava um espetáculo, se é que esse já não é o normal de uma escola de artes. O pessoal de artes plásticas devia ter tido muito trabalho, já que a decoração de natal estava incrível. Eles provavelmente tinham colocado naquele fim de semana, pois todos estavam impressionados, olhando para as paredes e para o teto, absorvendo os enfeites.

            De repente, quando seu olhar pousou aleatoriamente em Nico — ainda um pouco a sua frente —, notou que ele estava com os músculos tensos, contraídos. Parecia desconfortável. Logo entendeu o motivo: Catharina, com um olhar que poderia matar e um andar que poderia causar um terremoto, andava em sua direção. Seus punhos estavam cerrados.

            — Nico. Di. Angelo. — grunhiu. — e WILL SOLACE — dessa vez, gritou.

            Will sentiu o reflexo de dar dois passos e por o seu ombro suavemente a frente do de Nico, de uma forma protetora. Porém, antes mesmo de seu corpo poder completar o primeiro passo, Nico já tinha se colocado completamente a sua frente, levantando um pouco os braços, flexionando os joelhos e espalmando as mãos, como se estivesse pronto para receber o ataque de um jogador de futebol americano.

            — Eu sei, eu sei, eu sei — falou o mais rápido que podia. Era muito rápido. — Mas Will passou a noite inteira em branco estudando igual um condenado, então por favor, por favor, mantenha um pouco a calma — ela suavizou levemente a expressão, sem deixar de aparentar furiosa. Nico se aproximou um passo e meio, Will contornou-os para chegar mais perto também. — Olhe, eu decorei as partituras, incluindo as que não são minhas. Decorei a programação, e decorarei qualquer coisa que for preciso. Sei que três dias de ensaio são muita coisa uma semana e meia antes do natal, ainda mais se tratando do show da Adele, mas...

            Catharina o calou com um abraço.

            — No início eu realmente estava preocupada com isso — ela falou baixinho, contra a sua camisa. — Mas eu soube da sua irmã. Quando você de repente sumiu, e com o Will... Todo mundo ficou desesperado.

            Nico a afastou delicadamente e, ainda segurando em seus braços, arqueou uma sobrancelha como se duvidasse de sua palavra.

            — Até o Tomás? — zombou.

            — Já checou o seu celular, por acaso?! Ele foi o que mais ligou pra vocês o fim de semana inteiro!

            Mal terminou de falar, e Will e Nico foram bombardeados por Jason e Leo. Por um momento, Will pensou ter sentido algum olhar intimidador vindo de Jason, mas julgou ser só sua imaginação... Era, não era?

            Leo Valdez o atormentou com mil e uma histórias. Perguntou se eles tinham saído em lua de mel, se estavam namorando, se tinham se casado em Las Vegas... Inconveniente, para dizer o mínimo.

            Foi quando Tomás apareceu.

            Passou meio segundo de olhos arregalados, as lentes brancas dando um aspecto assustador ao seu rosto. E então ele estreitou o olhar, falando em palavras afiadas e calculistas:

            — A viagem foi divertida?

            Nico engoliu em seco. Quando Will abriu a boca para falar, já ouvia as palavras saindo de Nico:

            — Desculpe pela preocupação — deu um meio sorriso automático, que pareceu terrivelmente legítimo. Mesmo assim, Will se sentiu um pouco desconfortável em ver Nico sorrindo para Tomás. Só um pouquinho. Nem chegava a incomodar... Ele achava. — Mas não fique assim. Vai ser perfeito em Nova York, ok? Porque é claro que você não estava preocupado nesse nível de desespero por nossa segurança, certo? — desafiou-o com o olhar. — Você não se afeta com essas coisas.

            Tomás sustentou seu olhar como se eles mantivessem uma discussão silenciosa.

            “Você fumou?” Will imaginou Tomás começando mentalmente.

            “Tenho cara de quem fuma?”

            “Tem”

            “Vai se foder”

            “...Ele te dopou?”

            “Não!”

            “Então por que foi com ele?”

            “Quem se importa? Você, por acaso?”

            “Ahn... Eu... Mas que merda!”

            Aparentemente, Tomás perdeu a discussão, pois revirou os olhos numa expressão ensaiada para ser indiferente e respondeu:

            — Claro. Eu não me afeto com essas coisas.

            O desconforto de Will cresceu.

            Quando o sinal que avisava quando faltavam dez minutos para as aulas começarem bateu, cada um seguiu o seu rumo. Calipso não apareceu antes do primeiro tempo, então o grupo que acabou se reunindo foi Nico, Will, Catharina, Tomás, Jason, Piper e Leo. Cath e Jason foram para a aula de dança. Piper e Leo seguiram para o teatro, enquanto encenavam avidamente os papeis, respectivamente, de Nico e Tomás na discussão silenciosa que acabara de acontecer. Tomás com a cara amarrada, foi para letras.

            Por fim, Nico e Will andaram juntos até a sala de música. Will foi na frente, o puxando pela mão.

 

E no meio da névoa você vê cores

E de repente os problemas fazem sentido

Mas do jeito que você está indo

Você vai estar em um túmulo precocemente

5AM – Amber Run


Notas Finais


sim, amo o tomás
sim, o momento nico e hades foi fofíssimo
sim, eu ganhei um travesseiro que vibra da imaginarium e coloquei samerda na fic
não, will e nico não transaram na viagem


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