1. Spirit Fanfics >
  2. One me two hearts >
  3. Não sendo o Jackson

História One me two hearts - Não sendo o Jackson


Escrita por: unkn0w

Notas do Autor


Chorei sangue pra conseguir escrever esse cap mah

Capítulo 39 - Não sendo o Jackson


Fanfic / Fanfiction One me two hearts - Não sendo o Jackson

NICO

Você: Vocês estão afim de assistir algum filme na minha casa sábado, dia 27?

Tomás Turbando: É fucking pós natal

McCath: Eita, Nico... Agora estou no aeroporto para voltar para o Brasil. Acho que não vamos nos ver até janeiro :/

Você: Você nem avisou?????

McCath: Desculpaaaa!! Foi quase que de última hora. Achei que não teria dinheiro para voltar pra casa, mas acabou dando certo. Vamos tentar na volta às aulas, sim?

Tomás Turbando: Ei, vacilou. Mas acho que não vou poder também, Niquito.

Você: Não me chame assim. Me dá arrepios.

Tomás Turbando: Não fique chateado

Você: Ha! Não vou. Prometo.

Tomás Turbando: Não seja assim. Não estou indo para a França ou algo parecido. Vou voltar logo depois do natal, aliás.

Você: Tá indo pra onde?

Tomás Turbando: San Francisco. Nada demais.

Você: Que chato. E o ano novo? Vai passar sozinho?

Tomás Turbando: Eu, meus gatos e minha mãe no Skype.

Você: ...

Você: Weirdo.

Nico, inexpressivo, bloqueou a tela do celular para parar de visualizar as mensagens.

Eu cantei um hino para me trazer paz”

Até mesmo sua família estranha e desmembrada fazia algo junto nos feriados de fim de ano. Pensar em alguém que tinha se transformando num amigo tão próximo nesses últimos meses passando o ano novo sozinho fazia Nico se sentir mal. Seria estranho se ele tentasse fazer algo no ano novo, como uma festa entre seus amigos próximos? Pareceria condescendente? Alguém iria gostar da ideia?

Rapidamente desistiu apenas de pensar em todo mundo ignorando e fingindo que ele não sugerira nada. Isso seria muito vergonhoso.

Olhou pela janela do táxi. Era dia. Era dia e eles estavam no meio do nada, exatamente o caminho que tinham de pegar para ir para o fim do mundo, onde ficava sua casa. Apertou os olhos, pois estava muito claro, e meteu a cara no sol que entrava pela janela. Tinha cheiro de calor. A luz penetrava o ar frio e a sensação em sua pele era familiar e aconchegante. Respirou fundo e por um segundo quase sentiu os dedos de Will tocando as maçãs de seu rosto, contornando suas sardas com delicadeza.

Ele era tão lindo e tão precioso.

“E então veio uma melodia.”

Seu telefone vibrou. Abriu no grupo “squad”.

Babe: Calma que

Will sempre chegava desorientado depois das conversas.

Babe: Como assim você tá indo pro Brasil Catharina

Babe: Como assim você vai passar o ano novo sozinho Tomás

Babe: Como assim você nos convidou pra fazer alguma coisa Neecks

Nico riu. De repente sentiu como se estivesse com o corpo inteiro no sol.

Você: Não fale como se eu nunca fizesse isso.

Babe: Ora se não. Bom, se eles não forem, eu ainda posso ir. Hehe.

Você: Não que eu ache ruim ficar só com você aqui, mas não deixe Apolo sozinho. Ele não parece estar muito bem recentemente

Jasão: Oi oi, quem quer fazer resuminho das 253 mensagens??

Babe: Nico e eu terminamos, Catharina desistiu da Olympus e vai voltar pro Brasil, e o Tomás vai passar os feriados sozinho e com frio nas ruas, porque ninguém quer receber ele em casa.

Jasão: OMG!!! SÉRIO??? Gente, calma, o que tá acontecendo

Nico soltou uma gargalhada alta, que fez o motorista o olhar enraivecido pelo retrovisor. Desculpou-se, ainda risonho, e digitou revirando os olhos:

Você: Will, o que eu te falei sobre brincar com os poucos neurônios do Jason?

Jason mandou uma série de mensagens que Nico não teve a oportunidade de ler, pois finalmente estava na rua de casa e tinha que se preparar para descer. Pagou o táxi rapidamente, se desculpando pelo barulho.

Quando estava na metade do caminho para chegar até a porta da mansão, ela se escancarou. Hades e Hazel estavam lado a lado, sorrindo com seus moletons e rostos de quem dormiu até tarde. Assim que entrou, Salon pegou sua mochila e Hazel o abraçou. Com um sorriso, percebeu que em pouco tempo ela ficaria mais alta que ele. Depois de todos os gritos confortáveis dela em seus ouvidos, foi como se a hora obrigatória de dar oi ao seu pai chegasse.

“Foi tão doce, foi tão forte”

Só que daquela vez ele realmente queria fazer isso.

Só que daquela vez Hades não vestia um sorriso forçado e amargo.

Ele estava em sua postura ereta de sempre, mas seu rosto era cansado, seu sorriso verdadeiro. O tipo de sorriso quebrado que um pai com cicatrizes doloridas deveria ter. O tipo de acolhimento de que Nico mais precisava, que sempre precisou.

Pela primeira vez, sentiu que aquele lugar era uma casa, que ele estava voltando para a sua família, e não para uma prisão pessoal.

“Fez-me sentir como se eu pertencesse a algum lugar

Hades o abraçou com força e ternura. Beijou o topo de sua cabeça como não fazia em anos. Sua voz era áspera, ele tinha cheiro de coisa guardada. Mas era tão doce, tão delicado. Ele estava tão quebrado quanto Nico. Quanto todo mundo.

Porque em tudo há uma rachadura. E de alguma forma isso pareceu reconfortante.

Entraram na casa cuja temperatura tinha como única diferença em relação à da do lado de fora a ausência de vento. Era frio e assombroso, mas de repente não tão solitário. Os funcionários tinham feito um bom trabalho. Enfeites pendiam das paredes, uma enorme árvore enfeitava o canto perto do piano, casinhas de cerâmica com velas coloriam a lareira. Era quase cômico, naquela mansão sombria. Mas isso não causou sentimento ruim em Nico, que andava abraçado com o pai e com a irmã. Na verdade, o fogo crepitando na lareira — porque o termostato estava quebrado e eles precisavam de calor —, o cheiro de frango assado e chocolate, os enfeites natalinos... Tudo soava como um fantasma horripilante colocando lacinhos e passando perfume para parecer bonitinho. O cômico passava a ser fofo.

“E toda a tristeza dentro de mim derreteu, como se eu fosse livre.”

Naquela tarde, houve música. Depois de desfazer as malas, almoçar, tomar um banho e dormir um pouco, Nico sentiu vontade de colocar uma melodia naquela casa que parecia incomumente estranha. Encontrou seu piano em perfeito estado, sem um pó sequer, as teclas de marfim branquíssimas e polidíssimas. Mas o som do piano estava triste, meio desafinado, por isso ele pegou o violão que estava encolhido em sua capa preta, disfarçada no canto da sala. Cantarolou uma música ou duas, sempre tendo Hazel como plateia animada. Hades escutava sentado em sua poltrona perto da televisão. Ele fingia ler um livro, mas tinha um sorriso sutil nos lábios que denunciava o quanto amava a cena.

No fim da tarde, com os dedos cansados, Nico estava ensinando Hazel os acordes de diminuta quando seu telefone tocou. Ela fez uma cara emburrada, pois estava quase pegando o jeito. Mas quando viu que era Will Solace a ligar, tratou de enxotar o irmão para algum lugar com mais privacidade. Ele acabou entrando na biblioteca.

Andou por entre as prateleiras e conversou com Will até muito depois de escurecer. Suas pernas já estavam doloridas de ficar de pé, quando encerrou a ligação. Ao retornar para a sala, sentiu cheiro de pão caseiro. Hazel tirava uma canção simples no violão, e Hades entoava a melodia fora do tom. Nico observou os dois por um tempo até que eles o percebessem. Ambos pararam de tocar e cantar, envergonhados.

E foi nessa paz que as coisas seguiram até de noite.

“Encontrei uma vida digna para ser vivida por alguém

Nunca pensei que poderia ser feliz”

Aquela madrugada foi a mais agitada em muitos anos, desde que a tragédia começou a assombrar a família, mais especificamente. Um bêbado apareceu no meio da noite, um adolescente insano queria a todo custo viajar de uma cidade para a outra no meio da madrugada, um pastor abandonou suas crenças abruptamente e, pela manhã, tudo estava de cabeça para baixo. O que era um de repente era outro e todos os outros viraram um.

Os preparativos foram corridos, ainda mais com a ausência dos empregados por conta do feriado. Ter dois adultos e uma garota madura resolvendo tudo foi de grande ajuda. Nico era um peso morto, e sua única serventia foi arrumar a mesa com Will, já quase na hora da ceia — e eles ainda conseguiram quebrar dois pratos e uma taça.

“Não saio, não muito. Não sou do tipo que alguém convidaria para alguma coisa”

— Vocês deram sorte de essa taça ser do conjunto da Noruega, não da Romênia. Se vocês tivessem quebrado uma das minhas taças romenas... — Hades praguejava em tom ameaçador, enquanto limpava os cacos do chão.

— Não ia acontecer nada, porque é apenas vidro — Hazel repreendeu, na atitude mais severa que jamais havia tido com Hades.

— Yep — Apolo sorriu e agachou ao lado do pastor. — Agora vá tirar o pernil do forno que eu termino isso aqui. Não queremos você chorando pelas suas taças norueguesas, certo?

Hazel gargalhou e comentou despretensiosamente:

— Vocês são iguaizinhos a um casal casado já. Quando vai ser a cerimônia?

O que rendeu um Apolo sorridente e um Hades envergonhado demais para sair da cozinha até a hora da ceia.

Apesar de ser uma casa elegante e requintada, com uma família elegante e requintada morando nela, a ceia foi desastrosa. A carne queimou, o grão de bico que Hazel fizera ficou, de alguma forma, amargo, e as frutas em calda que Apolo comprara caíram no chão junto da vasilha de vidro em que estavam. A única coisa que deu certo quanto a comida foi pedir um lanche do McDonalds — sugestão de Nico — que, impressionantemente, estava aberto em pleno natal.

Quando Hades voltou com os pacotes de lanche para viagem, todos sentaram em frente à lareira, porque dessa forma parecia mais com natal e menos com uma noite aleatória de porcaria e televisão. Nico arrumou os sanduíches numa vasilha enfeitada, as batatas em potes vermelhos. A bebida era chocolate quente, porque ninguém tinha garganta de beber refrigerante ou suco em pleno inverno.

Conversa, comida, risada, piadas. Humanidade. Era bom. Era morno.

— Will, toque alguma coisa pra gente — Apolo pediu, quando terminaram de comer e as risadas sessaram e um pequeno silêncio se instalou.

— É, Will! — Hazel pediu, com um grande sorriso. — Não te escuto cantar ou tocar há muito tempo.

“Percebi que para ser feliz, preciso de alguma companhia”

— Tudo bem — Will os encarou de expressão suspeita. — Mas só se o Nico tocar alguma música antes de mim.

Nico revirou os olhos.

— Não seja bobo. É a você que eles querem ouvir.

Sem palavras e com um sorriso torto, Will o convenceu. Nico, negando com  a cabeça, pegou o violão. Olhou bem nos olhos do namorado antes de respirar fundo e começar.

“(...) Então agora você sabe

Você sabe de tudo

Que eu estive

Desesperadamente sozinho

Eu não encontrei a pessoa certa para mim

Mas eu acredito na divindade

Encontrei uma vida digna para ser vivida por alguém

Nunca pensei que eu poderia ser

Feliz

Eu acredito, acredito na possibilidade

Eu acredito, acredito que alguém está cuidando de mim

E finalmente, eu encontrei uma maneira de ser

Feliz”

A melodia trazia paz. Na voz de Nico, ela deixava o ambiente com um ar melancólico e bonito. Hazel bateu palmas, Apolo lhe deu um sorriso encorajador. Ele sabia, porque conhecia música. Ele sabia, porque também conhecia Nico.

Nico di Angelo ainda não superara seus traumas, mas estava começando. Nem que fosse com uma música simples de entoar e tocar, nem que fosse com apenas um meio passo. Se ele saísse do lugar, já estava bom. Por isso Nico também sorriu. Esperava que um dia pudesse voltar a ser devoto.

Em seguida, depois de deixar um beijo em sua bochecha, Will pegou o violão. Ele ia começar a cantar, mas Hades o olhou estranho.

— Ah não! — exclamou Nico e bateu a mão na própria testa, rindo. — Você não vai bancar o pai ciumento agora, vai?

Hades corou e olhou para o lado, para Apolo. Soltou um meio sorriso.

— Apenas não estou acostumado — sorriu e encarou Will. Deu de ombros. — Não sendo o Jackson, está ótimo por mim.

Will deu um sorriso sedutor.

— Não sou Percy Jackson, isso eu garanto.

 

HADES

Olhou para os rostos de seus filhos e de Will adormecidos. Eles eram um emaranhado de lençóis e travesseiros encolhidos perto da lareira. Will abraçava Nico, que estava com o rosto voltado para o seu peito e as pernas entrelaçadas nas dele. Hades os cobriu com uma manta escura, checando se Hazel também estava confortavelmente coberta.

Ele não sabia se sorria ou se ficava desconfortável com o seu filho dormindo abraçado com um garoto. Não tinha nada a ver com Nico ser homossexual — depois da noite anterior com Apolo, tinha alguma possibilidade  de o ser? Na realidade, antes de cursar teologia, ele nunca tinha se importado com coisas de gênero e sexualidade. Mas agora era como se toda a igreja, sua segunda casa, lhe dissesse que era errado, que ele estava sendo um pai ruim se aceitasse.

Mas  vendo seu filho parecendo tão sereno, tão feliz, ele não conseguia sequer se imaginar acabando com isso.  Se propagar o ódio e a intolerância fosse ser um bom pai, então preferia ser o pior pai de todos.

Preferia virar as costas para o puritanismo do que para o seu próprio filho.

Levantou, pois antes estava ajoelhado, e pegou as canecas que Apolo não conseguira levar. Foi até a cozinha.

— As crianças estão dormindo — disse Hades, colocando a louça na pia e se virando para o outro, o qual estava na porta, prestes a ir arranjar um sofá para dormir. — Levamos eles para o quarto?

Apolo franziu o cenho e andou de costas, até conseguir ver a sala. Sorriu, certamente percebendo Will e Nico abraçados.

— Não sei pra você, mas eles parecem felizes ali pra mim. 

— Mas eles podem pegar um resfriado. Ou alergia. A casa não foi limpada hoje...

— Hades... — Apolo sorriu com ternura e foi até ele, colocando uma mão em seu ombro. — É uma gracinha o fato de você querer cuidar deles, mas, vamos, ninguém morre por dormir uma noite fora da cama.

O pastor assentiu e, vendo o nervosismo de Apolo, abraçou sua cintura, puxando-o para perto. Seus olhos cristalinos brilharam. No entanto, sua expressão logo se fechou em algo pesado. Foi como se tivesse envelhecido alguns anos.

— E agora? — o loiro murmurou. Não o abraçou. Sua voz tremeu. — Da noite para o dia, só porque te forcei a dormir comigo quando eu estava bêbado, viramos um casal? Simples assim?

Hades respirou fundo, o encarando nos olhos. Em vez de ficar abraçado a sua cintura, passou a segura-la com as mãos.

— Talvez agora eu não consiga te amar do jeito que você quer. Talvez eu não seja bom o suficiente. Talvez eu esteja quebrado — deu um sorriso torto. — Mas se tem uma coisa que eu não sou é um babaca — meneou com a cabeça. — Bom, agora eu não sou babaca. Eu cresci, e posso tomar minhas próprias decisões sem que um bêbado imaturo que não sabe cuidar nem do próprio nariz me force a nada.

Apolo tentou ficar sério, mas acabou soltando um sorriso.

— Isso não significa que você não possa ter escolhido dormir comigo por pena ou, sei lá, pra satisfazer seus desejos homossexuais oprimidos.

Hades gargalhou uma risada silenciosa.

— Desejos homossexuais oprimidos?

Apolo o acompanhou, um pouco envergonhado. Acabou enlaçando sua nuca com os braços, cedendo um pouco sua armadura rija.

— Um dia de cada vez — Hades disse suavemente, a expressão calma. Não era fria, não era melancólica. Era a serenidade pela qual Apolo estava perdidamente apaixonado. —  Se um dia for muito, então uma hora por vez. E se até uma hora for muito, vamos levar cada minuto de cada vez.

O diretor concordou com a cabeça, um sorriso atingindo seus olhos. Deitou em seu ombro e deu um beijo delicado em seu pescoço. Em tom de deboche, sussurrou:

— Por favor, cuida do meu coração. Porque metade dele está morta e a outra metade é mais ou menos sua.

Hades o abraçou apertado sem conseguir deixar de sorrir.

— Vou fazer o meu melhor.


Notas Finais


Se eu nao respondi seu comentário no cap passado, man, me perdoa, mas é que eu gosto de responder coment grande com muito amor e carinho
Entao comentem ehueheu
Ah eu to morta de sono, devo ter escrito alguma besyeira entao nals


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...