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História One me two hearts - Você me daria a honra?


Escrita por: unkn0w

Notas do Autor


Alerta: esse capítulo tá absolutamente perfeito. Apreciem sem moderação.

Capítulo 6 - Você me daria a honra?


Fanfic / Fanfiction One me two hearts - Você me daria a honra?

NICO

 Nico não entendia dança. Afinal, há alguma coisa de errado com aqueles de nós que usam o corpo para expressar alguma coisa. Porque o corpo é uma coisa tão esquisita, tão abstrata. Nico realmente não entendia. Era bonitinho e tal, digo, ver um monte de gente correndo pra lá e pra cá num palco, ou então ver um cara musculoso fazendo algumas coisas na ponta do pé que a maior parte da população não conseguiria fazer nem com uma corda na cintura. Podia ser sexy, podia ser engenhoso, podia ser bonito.

Mas, para Nico, nunca fora algo realmente interessante.

— O que diabos você está fazendo, Will Solace?

— Roubando o seu coração — o loiro revirou os olhos. — Apenas cale essa boquinha linda e assista.

— Olha, Will, eu sei que você é incrível no que faz, mas...

— Depois do "mas", as coisas sempre ficam sem sentido. Sim, eu sou fantástico, então me deixe te mostrar um pouco do que eu criei.

Nico sorriu, incrédulo.

— Esse negócio todo para me ajudar foi só uma desculpa pra você poder me convencer a gostar de dança, não foi?

— Você que está dizendo — Will sorriu.

Luz do sol entrava pelas enormes janelas. Aquele lugar era uma espécie de deposito vazio, ou ao menos era o que parecia. Pertencia à avó de Will, que gentilmente dera ao neto o espaço para que ele pudesse se arrastar pelo chão e dar umas piruetas.

E lá estava ele, sem camisa, um short colado, as sapatilhas gastas, os cachos volumosos. Ele, com seu sorriso irritantemente perfeito e sua coluna ereta. Naquela posição, Will exibia cada músculo de seu braço, cada quadradinho em sua barriga, cada centímetro de diâmetro da sua coxa.

Not now, gay thoughts. Not now.

— Muito bem. O que vai me mostrar? — perguntou Nico de braços cruzados e olhar cético.

— Eu... Eu venho pensando num projeto. Não um projeto, mas um estilo que eu queria apresentar à professora...

Will parecia envergonhado, então ficou em silêncio por alguns segundos.

— Vá em frente, me conte sobre ele.

Ele parecia ponderar alguma coisa. Seus olhos azuis tinham um brilho que só olhos de crianças deveriam ter, e ele mordia o lábio inferior como se estivesse pronto a tomar uma decisão muito, muito louca.

Will colocou a música para tocar num som velho, daqueles que ainda funcionam com CD. Quando voltou, estendeu sua mão.

Take me to church?

— Deixa eu te mostrar.

— Você quer que eu pegue sua mão?

Sim, take me to church.

— Não, quero que você engula. Claro que sim, idiota.

Desconfiado, Nico segurou a mão firme do loiro gentilmente. Direita com direita, seus braços eram uma diagonal. Will sorriu para ele com os olhos semicerrados e o puxou para perto, de forma que seus ombros se encostassem.

O único paraíso para o qual eu serei enviado será quando eu estiver sozinho com você.

E pela primeira vez na vida — ou pelo menos pela primeira vez que sua memória lembrasse — Nico dançou.

Ele foi levado, conduzido. Primeiro devagar, depois com raiva, e então com desespero. Leve-me pra a igreja, estou desesperado. E ele sentiu o que Will queria que sentisse. No começo estava todo desengonçado, mas de repente seu corpo estava solto e completamente à mercê daquele garoto. 

Em alguns momentos, estavam no chão. Raiva, raiva, bata no concreto. Vou te idolatrar como um cão no santuário das suas mentiras, vou te contar os meus pecados para que você possa afiar a sua faca. Levante, Nico, se entregue. Vamos girar, queremos nos matar. Vem, nos meus braços, eu vou te segurar. Isso não é uma coreografia, nem eu nem você ensaiamos, mas se entregue e minhas mãos vão te dizer o que fazer. 

Não existem mestres ou reis quando esse culto começa.

Não existe inocência mais doce do que nosso gentil pecado.

Na loucura e no pilar dessa triste cena mundana,

Só assim eu sou humano, só assim eu estou limpo.

Hozier gritava amém e Will segurava o rosto de Nico perto do seu. Amém, amém, amém. Num sussurro calmo, o loiro pediu para ir à igreja. Nico prometeu, também num sussurro, que um dia o levaria ao paraíso.

Quando a música acabou, o ambiente parecia muito vazio. Ambos estavam no chão, ainda segurando-se um no outro. Ofegantes, olhavam-se nos olhos. Por alguns momentos, os olhos de Nico tinham o brilho que os das crianças têm também. E esse momento foi único e perfeito e maravilhoso.

A música acabou tão cedo. A música acabou quando mal tinha começado. Era muito triste.

 

"Seria um pecado

se eu me apaixonasse por você?"

 


WILL

            — E eu sei que ele é pastor, mas... Mas ele é diferente, sabe? Ele tem um lado tão sábio, outro dócil... E é tantos os lados que ele esconde, Hades é tão inteligente. E, que Deus me perdoe, mas você já viu aquele rosto, aquele corpo, aquele homem?

— Eca, pai — Will jogou um travesseiro em Apolo. — Você não precisa me falar dos seus desejos íntimos!

Apolo estava deitado em sua cama, algumas latas de cerveja repousavam no chão ao seu lado. Ele e Will vestiam pijamas, e o propósito inicial era assistir ao jogo de sabe-se-lá-o-quê que passava na televisão. Will bebia suco, porque era politicamente correto demais para beber refrigerante, e escutava as lamentações de seu pai em relação a Hades.

— O que você acha? Eu deveria realmente tentar ficar com ele? Ele é inteligente demais, já deve ter percebido isso tudo. Eu tenho medo de estragar esse ínfimo contato que a gente tem...

— Estar com Hades te deixa mais feliz?

— Definitivamente.

— Acho que você deveria fazer o que sempre me ensinou: viver como se fosse morrer amanhã.

— Eu sei. Apenas tenho essa impressão de que eu não seria o suficiente pra ele pensar em abandonar tudo em que acredita. Digo, eu tenho sim noção de que sou incrível, mas... 

Will sorriu e abraçou o pai.

Desde sempre, os dois eram muito próximos. A morte de sua mãe apenas os aproximou mais, e eles sabiam praticamente tudo um do outro. Era lindo.

— Eu sinto algo muito diferente perto dele, Will — Apolo murmurou, de repente parecendo cansado. — Eu queria poder quebrar aquele ar de tragédia que ele veste, e queria que ele também nutrisse algum interesse por mim. Queria socar meus sentimentos no seu peito. Queria entendê-lo.

Apolo suspirou. Talvez estivesse um pouco bêbado.

— E como foi com Nico hoje?

— Eu não sei — franziu o cenho.

— Como não sabe?

— Ele é estanho. Eu sou estranho.

Will se calou.

— William Solace, eu acabei de abrir meu coração e te contar alguns dos meus desejos mais profundos — Apolo falava rindo. — Então acho bom que você fale mais, mocinho.

Will então deu aquele sorriso hesitante de novo, os mesmos olhos estreitos.

— Nós dançamos. Ele odeia dançar, mas eu o fiz dançar. Foi... Intenso. Eu o desejei, e tenho certeza de que ele me desejou. Eu o fiz sorrir e essa foi a melhor coisa que me aconteceu nas últimas semanas. Ele se entregou a mim, entregou seu corpo. Eu o fiz arte e ele me fez arte. Mas... Mas quando acabou, depois de alguns minutos, ele ficou quieto. Guardou-se em si mesmo e não me deixou entrar de jeito nenhum. Tenho a sensação de que ele me odeia desde o dia em que ouviu meu nome.

— Mas se ele veio com você, quer dizer que não te odeia.

— Eu não sei de mais nada.

Apolo sorriu e passou a mão na cabeça de Will.

— Eu te entendo.

— A diferença é que eu não estou gostando do Nico. Foi um desejo momentâneo, ao contrário de você.

— É claro que não está — Apolo carregou o tom de ironia.

— Sei lá, não quero pensar nisso agora. Temos que nos concentrar naquela peça que vocês fizeram o favor de nos passar, fora todo o trabalho que já temos. É muita coisa para pouco Will.

Apolo respirou fundo e encarou seu filho no fundo da alma. Pobre criança em negação.

— Você tem um crush por ele, não tem?

— É muito difícil mentir pra você! — Will riu e afundou o próprio rosto no travesseiro. — Eu não posso, eu tenho namorada. Uma namorada incrível, diga-se de passagem.

— E deixa eu adivinhar. Você não sente mais paixão por ela, sente?

— Ela é uma mulher maravilhosa, mas não. Eu não estou mais apaixonado.

— Se te consola, eu sempre soube.

Levantou o rosto.

— Que ela merece algo melhor?

— Não, que de hétero você não tem nada. Assim que você nasceu e chorou eu soube, amor.

Will caiu na gargalhada.

— Eu poderia muito me apaixonar por Nico — disse ele, por fim. — Mas não vou. Não posso fazer isso com Catharina e nem com ele. Não posso entregar meu coração na mão de alguém com tanta cara de quem vai me machucar.


Notas Finais


Vocês querem ver mais ou menos alguns passos da dança que eu imagino eles fazendo e o galpão onde estão?
https://www.youtube.com/watch?v=c-tW0CkvdDI


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