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História One me two hearts - Taqueopariu


Escrita por: unkn0w

Notas do Autor


Will é um babaca? Sim. Eu continuo amando ele? Aham.

Capítulo 9 - Taqueopariu


Fanfic / Fanfiction One me two hearts - Taqueopariu

WILL

— Ah, Sr. D, admita logo, eles são incríveis! — Apolo falava ao celular. — Sim, tudo bem que ainda não vimos os outros, mas eles superaram até mesmo aquela peça que foi feita pelo terceiro ano no último semestre do ano passado. E eles são do segundo! [...] Ok, conversamos em outra oportunidade, mas seja mais aberto com o seu coraç... Uh, ele desligou.

Will coçou os olhos e apoiou-se em suas mãos, suspirando mais uma vez.

— Nós fomos tão bem assim? Só no talento? — riu.

— Você está brincando? Ficou inacreditável. E o Nico... Meu Deus, eu e a direção vamos ter uma conversa séria com ele. Como pode um ouro desses ter ficado escondido por tanto tempo?

— Todos ficamos... bem surpresos.

Will não estava ali.

— Ok, Will, o que está te deixando assim? — Apolo tirou uma mão do volante por um instante para bagunçar os cabelos de Will. — Não é algo com aquele beijo técnico que você deu no Nico, é?

Will olhou para cima e negou com a cabeça. Apertou bem os olhos, como que impaciente ou frustrado.

— Beijos técnicos têm língua? Eles continuam depois de acabar a cena. Continuam por minutos, pai?

— Você não fez isso, Will Solace.

— Fiz. E ele também. E a gente saiu do palco pra continuar — Will fechou os olhos, lambeu os lábios.

— E... como foi?

O garoto sorriu e deu uma risadinha leve.

— Foi maravilhoso.

— Você ficou duro?

— Pai!

Will o fitou transtornado.

Apolo encarou de volta e levantou as sobrancelhas, com um sorriso maroto.

— Sim. Eu fiquei. Satisfeito?

— Grito.

— Hã?

— Morri. Alguém me segura.

— Pai, você tá bem?

— É o meu shipp, porra, claro que não tô bem! E alguém viu vocês dois?

— Não.

— Vocês falaram sobre isso depois?

— Ele pediu perdão. Ele disse que somos pecadores.

— E você?

— Eu dei graças a Deus.

— Você não fez isso. Você não disse nada fofo e romântico pra manter o clima?

— Não.

— Taquepariu, você está matando lentamente suas chances.

— Pai, eu não estou tentando ter alguma coisa com o Nico.

— Eu te criei pra ser um mentiroso, por acaso?

— Não, mas criou pra gostar de gente problemática, não é? Tal pai, tal filho.

Apolo riu. Ás vezes nem Will conseguia ser tão positivo quanto ele.

— E Catharina? Você ainda gosta dela? Digo, sempre tem a opção do poliamor para aqueles de nós que têm amor demais para dar.

— Eu a amo. Como amiga.

— Foda. Quando você se tornou tão babaca?

— Nico é exatamente o que podemos chamar de má influência.

Apolo riu, mas calou-se. Recusava-se a julgar seu filho.

Will avisou que colocaria fones, que não conseguia mais raciocinar direito. Ele não sabia se tinha pensado descentemente uma vez sequer naquele dia. 

Colocou Sad Boy, da Laila, e deitou a cabeça no banco com os pensamentos a mil.

Estava com a cabeça no seu garoto triste.

Ou no garoto triste que queria que fosse seu.

Não vou deixar você ir.

Não vou deixar você ir.

Não vou deixar você ir.

 

 

 

O nascimento está sempre maculado pela morte, e a morte, por sua vez, é só um elemento do nascimento. E nem sequer é o mais dramático.

As pessoas têm uma necessidade estranha de sempre ser um extremo. Em todas as conversas, é um falando por cima do outro, tentando gritar que eles são diferentes, que são especiais. Todo mundo quer ter um dom, quer ser o protagonista, e isso vem com a irritante constância de se reinventar, reafirmar e aloprar.

— Ei, Will, vamos terminar.

Ele pensou que ela estava apenas se reafirmando, sendo um extremo, quando disse isso.

Aloprando.

Olhe pra mim, veja como perdi meu juízo.

Will riu.

— Estou falando sério — Catharina amassou a embalagem de seu sanduíche e jogou-a no lixo ao lado deles. — Vamos terminar.

Will franziu o cenho. Estava surpreso. Achou que teria de fazer isso ele mesmo, mas agora as coisas ficaram mais fáceis.

— Posso saber o motivo?

— Sabe, Will, o problema é você, não eu.

Eu sei, amor. Eu sei.

— Já começou bem.

— Você claramente mudou comigo. Não sei se só deixou de gostar de mim ou se tem outra pessoa em mente, mas você não é o mesmo. Eu não quero que você continue se enganando e me enganando.

— Tudo bem. — Will se forçou a não sorrir. — Amigos?

— Amigos? Você não vai falar nada? Acabou e pronto? Pelo visto eu realmente não significo muita coisa para você.

— A gente não funciona mais, Cath. Simples assim.

— Mas é porque você não se importa com nada, Will! Se eu estiver acabada, sem falar contigo ou se eu decidir terminar, você não se importa! Como acha que eu me sinto quando você nem tenta argumentar e logo sugere amizade? Por acaso você já gostou de mim algum dia?!

Era mentira, ele precisava contar. Ela tinha que saber que ele a amava. Ele falaria que ela era brilhante e especial, que queria acima de tudo ser seu amigo, não dava para perdê-la. Não te quero mal, só não te quero mais.

Mas Will não chegou a falar nada disso, porque Cath simplesmente grunhiu um “quer saber? Tanto faz” e saiu andando furiosamente.

De longe, ele a viu limpando o rosto.

 

NICO

— “Mas no outono de 1934, uma tão subitânea quanto estranha melancolia se apossara dele." — leu Hazel — "Essa melancolia, pelo fim de novembro, revestiu-se de todas as características da tristeza.”

— Perdão, estou brigado com literatura italiana — Nico murmurou.

— Como você sabe que é italiano?

— Já li esse livro. É bom.

O Belo Antônio. Um dos zilhões de livros que Hades guardava em sua biblioteca particular. Por volta de metade do lugar era dedicada à teologia, o resto continha livros de Hazel, Nico, livros acadêmicos, pesquisas de Maria (que era bióloga) e algumas coisas até mesmo de Bianca.

Vez ou outra, os fantasmas pediam para que Nico fosse lá buscar algum livro para eles, Hades sempre chamava sua atenção por deixar livros abertos na mesa. Uma vez, o mordomo pegara uma cena um tanto perturbadora e peculiar — que eram duas palavras significativas a respeito da personalidade de Nico di Angelo: o garoto estava sentado numa das mesas redondas da biblioteca, com outras quatro cadeiras ao redor dela e livros a frente desses lugares abertos em páginas aleatórias. Nico tentara dizer que ele estava pesquisando em todos ao mesmo tempo, mas, na frende do mordomo mesmo, um livro de repente foi fechado e outro teve uma página virada.

Foi naquele dia que Salon percebeu que havia algo de errado. Errado com aquela família. Errado com ele por amá-los.

Agora ambos os irmãos estavam entretidos na biblioteca. Era a noite do dia da peça, Nico precisava relaxar. Ele não iria mais para a Olympus naquela semana, já que as aulas haviam sido suspensas para a apresentação das peças. Os alunos poderiam ficar para assistir, mas ele não tinha interesse.

Ele tinha medo.

Medo de  estar caindo por Will.

Não posso enfrentar esses pensamentos de o quanto você me quer mas não pode me ter.

— E quer ler o que hoje, Neecks? — perguntou Hazel, depois de um tempo em silêncio.

— Paraíso Perdido, de John Milton — ele saiu a procura do livro na parte de teologia.

— Eu tô lendo um livro que se baseia muito nesse aí. O Demonologista. É só muito incrível. Tem esse cara, que é teólogo e demonologista. Ele precisa salvar a filha dele que foi sequestrada por Belial, se não me engano.

— Interessante.

— A história é brilhante! O que acontece é o seguinte...

Hazel ficou contando sobre Deus e Diabo e Nico apenas murmurava “hm” e “wow” quando achava que deveria.

Nico não estava ali.

Sua cabeça estava no beijo. No pecado. No gosto de Will.

Ele não ficara histérico. Nico já beijara outras bocas, e até já amara alguns corpos, mas essa era uma história que ele preferia deixar decantando.

Com certeza, Will também havia tido essa experiência várias e várias vezes. Com Catharina. Sua namorada. E provavelmente com outras meninas, nada de garotos. Will provavelmente não gostava de garotos.

 Nico gostava de garotos. Gostava mesmo.

E agora eles tinham aquele problema. Will se deixou levar pelo ímpeto do ato e, assim, levou Nico à condenação. Agora, Nico queimava. Queimava na pele, onde Will havia o tocado. Queimava no peito, onde a culpa batia. Queimava na boca, onde ainda podia sentir o gosto mais doce que a chuva. 

O que estava acontecendo com ele?

Será que não tinha aprendido que as pessoas vão embora e te deixam para apodrecer?

O que mais ele precisava perder para entender que sentimento é sinônimo de dor?

— Pare com isso — Hazel disse, de repente, ao seu lado.

— Desculpe?

— Vocé está fingindo que tá interessado pela minha conversa quando não tá. E você também tá fazendo aquela cara de quem quer se matar.

— É só o que eu faço.

— Sei disso.

— E desde quando isso é preocupante?

— Desde que você parece ter um problema e se recusa a contar para a sua irmãzinha.

Ficou em silêncio.

— Nico, eu sei que você não precisa de palavras para viver no mundo, mas às vezes... Guardar guerras dentro de si faz mal.

— Vai me mandar para uma psicóloga, também?

— Vai se foder.

— Cara, é que eu tenho essas noções vagas do que é certo, do que é errado, do que eu quero e não deveria querer.

— Tem a ver com outra pessoa além de você?

— Sim.

— Quem?

— Will Solace.

— E o que você quer?

Nico ficou em silêncio, e depois respondeu:

— Eu não tenho ideia.

— Então para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve.

— Reconfortante.

Nico desistiu de procurar o livro. Ele meio que queria ir para a Olympus naquele instante. Queria saber o que sentiria quando encarasse Will, e queria deixar as coisas um pouco mais claras. Queria ver o que havia nos olhos dele. Desprezo? Culpa? Arrependimento?

O único problema era que a sua covardia superava seu masoquismo.

 

 

No dia seguinte, Nico foi ao colégio.

Will estava sentado duas fileiras atrás dele, no bloco de cadeiras ao lado. Eles acabaram fazendo contato visual quando Nico esticou a cabeça para procurar o seu pai em volta.

A pontada no coração veio, o estômago embrulhou. Precisamos conversar, gritava os olhos de Will Solace.

Nico não sabia o que sentir. De repente ele estava muito cansado.

Sentiu Bianca se apoiando em seus ombros.

"Ele é bonito. Será que continuaria bonito se fosse quebrado?"

"Cale a boca."

"Se não quer ver isso, então se afaste dessa criança. Amar é destruir."

De pirraça, Nico levantou. Foda-se a peça, foda-se Bianca. Se Will quiser falar comigo, que me siga. Vamos desenhar a linha uma vez por todas.

— Se está procurando o seu pai, eu acabei de vê-lo entrando no auditório com Apolo.

Um arrepio subiu pela espinha de Nico.

Ele veio.

Ele veio.

Ele veio.

— Eu vim comprar uma bebida, na verdade — respondeu para Will.

Andou até a máquina e vasculhou seus bolsos, mas lembrou que havia deixado seu dinheiro com o pai.

— Aqui — Will estendeu-lhe uma nota. — Chá preto para mim.

Eles estavam atuando. Era uma peça. Uma realidade onde as coisas eram simples feito comprar uma bebida.

— E o que você está fazendo aqui? — Nico perguntou, efetuando a compra.

— Você me chamou.

— Não chamei não.

— Não se faça de louco.

— Tudo bem.

— Podemos conversar?

Nico entregou-lhe a lata.

— Acho que sim.

— Eu gosto de você.

— Meus pêsames.

Will não riu. E também não disse nada.

— Acho que não — respondeu Nico.

— O quê?

— Acho que você não gosta de mim.

— Quem te dá o direito de decidir os meus sentimentos?

Nico deu de ombros.

— Perdão.

— Não me peça perdão, me beije — Will revirou os olhos.

— Will, a gente não pode.

— Duvido que você seja cristão.

— Na verdade a) sim, eu sou e b) você sabe do que estou falando. Não se faça de louco.

— Touché.

Nico suspirou. Terminou seu refrigerante em duas goladas e jogou a lata no lixo. Will ainda estava com a sua fechada.

Will estreitou os olhos, seu sorriso era inteligente demais para ser bondoso. Colocou a lata em cima de um batente.

Aproximou-se de Nico. Estavam ao lado da máquina de bebidas, perto dos banheiros, um corredor de distância das portas do auditório. Ninguém passava ali, os banheiros eram para o outro lado.

Então Will colocou as mãos na nuca de Nico, segurando sua cabeça de forma firme e gentil. Olhou-o nos olhos. Olhou-o de tal jeito que Nico não conseguiu se libertar.

— Eu te quero. Catharina e eu terminamos. Me beije. Eu não estou apaixonado por ela. Eu gosto de você. Eu quero te beijar. Eu te quero muito. Preciso deixar mais claro? Quer que eu desenhe?

Nico levantou uma sobrancelha. Olhou para o vazio e de volta para Will Solace. Assentiu levemente e uniu suas bocas famintas.

 

"Oh, garoto triste, garoto triste, quem te machucou tanto?

Passeava como se você estivesse sempre azul

Mas ao toque do amor, você se tornou um tom escarlate

E isso é tudo que eu sempre quis fazer

Você disse que se eu não te deixasse eu não sobreviveria

Oh, querido, deixe-me ser quebrada com você

Ah, garoto triste, garoto triste, quem fez isso com você?"

 

Laila - Sad Boy

 


Notas Finais


Essa música é boa mas agora em 2020 parece meme


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