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História One more step - Imagine Monsta X - Kihyun - Thirty-ninth chapter


Escrita por: kando

Capítulo 40 - Thirty-ninth chapter


Kihyun encarava de longe Changkyun e Hoseok trocando palavras com um empregado do posto, depois suas faces caiam e seguiam para a loja de conveniência. Estavam naquilo há mais de duas horas, a madrugada fluía vagarosamente conforme rodeavam Seul em busca do paradeiro da pessoa que tem movido o ambiente e a relação dos membros do Monsta X nos últimos meses.


Changkyun sempre foi o início de tudo, as coisas aconteceram conforme sua intimidade com ela ia crescendo e incomodando pessoas alheias. Talvez, eles não estariam agora tão confusos e desolados se I'M não tivesse decidido ajudar uma certa garota exclusa e desamparada com quem teve o incidente de esbarrar em um dia qualquer. Mas ele não pôde ignorar, reviveu o que aconteceu consigo, não queria permitir que aquele passado tão amargoso reproduzisse naqueles brilhantes e esperançosos olhos. Ela estava diante de si, imperita e ingênua no caminho que decidiu trilhar em sua vida, tornando-se um alvo fácil para aqueles que estavam dispostos a massacrar quem ousasse entrar em seu caminho. Superiores eram chamados de "destruidores de sonhos", e pessoas com quem compartilhavam o mesmo sonho de "inimigos", era assim a vida dos trainees, sem garantias ou certezas, nunca sabendo se, no resultado final, seus esforços equivaliam-se ao suficiente. Ela era tão frágil. Espontânea e sincera, desajeitada em fazer o que achava certo, não possuía máscaras como as outras pessoas, e no meio daquela hostilidade, aquilo era levado como um descuido de personalidade. Ser transparente com o que pensava era sinal de fraqueza, ela seria facilmente arrastada, varrida como poeira, era questão de tempo. Porém, para o desgosto de alguns, ela acabou se mostrando bastante resistente após várias rasteiras. Changkyun a observava e a conhecia, havia a subestimado, e foi induzido pelo seu estranho interesse a confrontá-la, deixá-la ser empurrada para a beirada até que tivesse que estender a mão pelo precipício para pegá-la. Esse precipício, surpreendentemente, nunca chegou, e não era agora que ele acreditava ter chegado, confiava nela, mesmo que a própria não soubesse, ela era mais forte do que aquilo.


A última parada seria próxima, embora Changkyun ou Kihyun não estivessem dispostos a desistir, a busca seria dada por encerrada para os outros. Não havia mais aonde procurar, já tinham ultrapassado todos os limites de onde ela poderia ter ido com as próprias pernas, e se ela não desse notícias pela manhã, levariam o caso a polícia, mesmo que soubessem não adiantar, já que ela tinha sumido há poucas horas apenas.

Kihyun estava do lado de fora, escorado na traseira do veículo, suas esperanças diminuíam lentamente ao imaginar que ela poderia ter fugido para nunca mais ter que vê-lo. Estava assolado e perturbado. Se levasse a concluir que não teria outra chance, rejeitaria vigorosamente essa questão. Aceitar que a perdera, para ele, seria como desistir, e se tem uma coisa que Yoo Kihyun detestava era dar-se por vencido. Não era um jogo, ele sabia disso, mas desde que houvessem esperanças, mesmo que mínimas, ele não permitiria que terminasse dessa forma. Queria, ao menos, demonstrar que podia melhorar, tentar se adequar àquilo que ela desejasse. Era um pensamento altruísta, mas enganosamente errado, afinal, ninguém deveria viver a desígnio de outrem. Kihyun não sabia mesmo como fazer as coisas funcionarem, por mais que suas intenções fossem as melhores possíveis, sempre terminariam errôneas.


O celular vibrou no bolso frontal esquerdo da calça jeans, considerou que fosse Hyungwon, novamente, reclamando da histeria produzida por Jooheon e Minhyuk. Ao colocar o aparelho ao alcance dos olhos, estreitou as sobrancelhas com o que visualizou. Não falava com ele desde que solicitou que o fizesse um último serviço. Resolveu atender, a julgar pelo horário, deveria ser importante.

- Alô! - Por um longo tempo, Kihyun não obteve resposta, mas conseguia ouvir a respiração da pessoa do outro lado, e isso o deixou inquieto. - Tem alguém aí? - Esperou mais um pouco, e seja o que for, estava começando a tirar-lhe a paciência. Escutou algo antes que resolvesse encerrar a ligação.

"Kihyun." - Foi um chamado fraco e indeterminado, como se fosse um grande passo evidenciar que se mantinha ali. Kihyun puxou ar trêmulo pela boca, olhando para o céu enquanto agradecia mentalmente a quem quer que fosse por ser chamado de louco e dizendo para esquecê-la não fosse as últimas palavras que ele ouviria da boca da garota que amava.

- Jagiya? - Novamente não obteve resposta, mas ele sabia que era ela, seria incapaz de confundí-la. - Me diga aonde está. - Exigiu, foi a primeira coisa que veio a sua mente, precisava encontrá-la.

"Não posso." - Ela soava hesitante, mas não furiosa ou chateada como ele esperava. Era como se nunca tivessem tido o episódio de horas antes.

- Por quê?

"Você cometeria uma loucura e estaríamos todos nós em perigo." - 'Nós'. Ele considerou a pessoa a qual deveria possuir aquele número e estar do outro lado da linha quando respondeu a ligação. Aquilo estava confuso demais.

- Tem mais alguém aí com você?

"Sim, tem."

- E quem está aí, jagiya? - Um inciso silêncio pairou entre os dois, logo após, uma frieza apática lhe atingiu.

"Fala." - Era Seunghyun, com o comprimento da forma mais patife que Kihyun conseguiu reproduzir. Às vezes, aquele jeito imperturbável do rapaz era capaz de tirar-lhe do sério.

- O que faz com ela? - O tom afável de Kihyun foi substituído por um áspero. Aquela aproximação entre eles não soava nada bom. Seunghyun era encrenca, e Kihyun sabia disso mais do que ninguém.

"Sua namorada está na mira de um serial killer. A sequestrei para ele e estou esperando o meu pagamento. É isso." - Kihyun não saberia dizer o que ele queria com aquilo, mas considerou a brincadeira de tremendo mau gosto.

- Não sei o que você pensa estar fazendo, mas se algo de ruim acontecer com ela, eu acabo com você, me ouviu bem? Agora me diga aonde estão. - Ele falava de modo controlado, apesar de transpor furor e urgência, e até nocividade para quem não estivesse acostumado a presenciá-lo daquela forma.

"Não estou brincando, Kihyun. E como sua namorada mesmo disse, se déssemos nossa localização, você cometeria uma loucura e estragaria com tudo."

Kihyun não acreditava em Seunghyun, mas acreditava nela, e se ela dissesse que estariam em perigo, era porque estariam. E ele teve que refazer tudo o que Seunghyun lhe disse para encaixar a este fato. Sequestrada. Ela havia sido sequestrada. E algo com serial killer. Seunghyun a sequestrara a mando de um serial killer. Era isso. E agora ela corria perigo se Kihyun agisse de forma precipitada. Foi tudo o que conseguiu raciocinar.

- Me deixe falar com ela. - Sua voz falhou e as mãos trepidavam, ainda era muito para processar. Esperava que ela estivesse enraivecida consigo ou até mesmo que o odiasse, era bem melhor do que saber que algum mal lhe ocorria.

"Kihyun." - Ela permitiu que suas emoções fossem expostas após concluir que Kihyun já sabia de tudo, o que balançou com todas as estruturas dele. Ela parecia apavorada.

- Estou aqui.

"Estou com medo." - Kihyun respirou profundamente, sentindo seu coração pesar.

- O que fizeram com você?

"Nada até agora." - Um alívio percorreu-lhe internamente, mas ele não esperava nada menos de Seunghyun. Pois o garoto sabia o que Kihyun poderia fazer caso ousasse permitir que a machucassem.

- Escute, vou te tirar daí. Prometo por tudo que é mais sagrado que ninguém encostará um único dedo em você, confia em mim?

"Confio." - A concisão da resposta o pegou de surpresa. Sentia que não merecia essa confiança toda após os erros que cometeu.

- Ótimo, por isso quero que fique tranquila, te trarei de volta antes mesmo que perceba.

"Kihyun."

- Sim.

"Me desculpe por mais cedo, eu menti quando disse que Hoseok e eu fomos além dos beijos, na verdade, não ouve nada, nem mesmo um único beijo." - Aquilo o abateu, não sabia se sentia bem-estar por ela ter lhe revelado a verdade ou ânsia por acreditar que não merecia nenhuma explicação da parte dela. Achava que ela tinha todo o direito de machucá-lo.

- Sim, (s/n), eu sei.

"Sabe?"

- Hoseok me contou. - Ela soltou um murmúrio em compreensão, calando-se em seguida. Parecia desajeitada.

"Kihyun." - Era a quarta vez que dizia seu nome. Kihyun concluiu que estivesse nervosa, mas queria muito acreditar que era por que ela necessitasse dele.

- Oi?

"Ainda me ama?"

- Céus, (s/n), como pode me perguntar algo assim? É claro que eu te amo, mais do que tudo ou qualquer outra coisa.

"Obrigada." - E foi tudo.

Por que ela está me dizendo obrigada? - Kihyun confundiu-se, sempre considerou seu amor um peso a mais a lista de problemas que ela possuía, não fazia sentido algum agradecê-lo por algo tão pungente. Mas, consequentemente, havia alimentado a pequena faísca que Kihyun insistia em manter acessa.

- (S/n).

"Hum?"

- Ainda me ama?

"Claro." - Ele havia sido autêntica, mas Kihyun encontrou um grande vácuo naquela persuasão.

- Então diga.

Ela não expressou nada por um tempo, e ele esperou ansiosamente, até que as primeiras palavras que escutou o fizesse perder momentaneamente a perspectiva.

"Estou cansada, Kihyun. Meus sentimentos estão confusos e não sei no que pensar. Cheguei perto de descobrir o quão longe você seria capaz de ir em um ato de loucura. Estou insegura e amedrontada, em um local sujo e escuro, não sabendo se conseguirei sair viva daqui. Mas, se ainda assim, eu consigo me desarmar por simplesmente ouvir sua voz, então sim, eu lhe amo. Amo com todas as minhas forças que eu já não sei se tenho. Já lhe dei tudo o que eu tinha de mais precioso, meu mundo e minha vida, você os tem. Mas estão desabando, e não sei se vou conseguir sair inteira depois de tudo.

A cabeça vertia para o alto, buscando naquele vasto céu a solução para todos os problemas que os obstruíam de serem felizes juntos. Impedir as lágrimas já era inútil. Kihyun também desabava lentamente.

- Vou te tirar daí.

"Sei que vai." - Foi a última coisa que ouviu dela, ainda com o molesto desejo de que tudo não passasse de um opresso pesadelo que terminaria assim que abrisse os olhos. Kihyun ansiava veemente que esse dia nunca tivesse existido realmente.


- Por que ela ainda está aí? Qual o problema com você?? - Não evitou vociferar com toda aflição reprimida em seu peito quando a ligação passou para Seunghyun. Ela era capaz de tocar-lhe de uma maneira impensada. Protegê-la de todo mal que ameaçasse aterrá-la, era e ainda é sua função mais tenaz. Kihyun sentia-se sufocado com o mínimo sentimento de angústia que ela demonstrava.

"Calma aí, sabemos que sou influenciado fácil, e a grana oferecida não é de se tacar fora. Mas tem um porém, Kihyun. Apesar do que você pode supor, não estou pensando apenas em mim. Se eu soltá-la agora, não acha que ele desistirá, certo?! Pense bem, ele não a deixará em paz, só tem uma solução para isso."

- Não. Com a (s/n) não. Ela não irá ser usada de isca.

"E que outro meio temos? No local em que eu e a sua garota estamos, há câmeras do lado de fora, ele está nos vigiando. Se fizermos qualquer movimento fora do comum, não acha que ele desconfiará? O sujeito tem tudo planejado, Kihyun. O mais seguro é seguirmos com o meu plano."

- E qual é a porcaria do seu plano?

.

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.

                         ~★~



- Hey! Garota. Acorde. - Seunghyun não era uma pessoa gentil, e ela sentiu o quanto era incômodo acordar após pouquíssimas horas de sono com seu corpo dolorido sendo balançado exageradamente.

- Ele já chegou? - Ela assentou apressadamente, esquecendo até mesmo da coluna maltratada pela noite mal-dormida em um sofá escasso, espiando a luz fraca pela fresta da porta. Já amanhecera, e não tinha ideia do que podia ter perdido em seu tempo inconsciente.

- Não, mas mandou alguém enviar isso. - Ela tirou o foco da porta para encarar Seunghyun, que lhe estendia uma bolsa. Seu olhar não era um dos melhores. - É pra você.

Ela pegou a bolsa, espiando para dentro. Seu estômago se embrulhou e lembranças recentes corrompeu com todas as suas espectativas de que aquilo terminasse bem.

- Ele quer que eu vista isto? - Perguntou, tirando o tecido da bolsa para analisá-lo melhor.

- Tem um banheiro do lado de fora. Você pode banhar e se trocar lá. Tudo o que precisa está aí dentro. Ele aparecerá depois do café da manhã, então sugiro que se apresse.

Ela o encarou, estagnada. Procurando por qualquer sustento em seu olhar que dissesse que não seria obrigada à fazer aquilo, que não precisaria chegar àquele ponto. Mas Seunghyun demonstrava indiferença, era até difícil de acreditar que o garoto que lhe prometera segurança tivesse existido.


Com o sentimento de ter sido atraiçoada, ela desviou o rosto na direção oposta, erguendo os braços para que ele desfizesse as algemas, e assim que o fez, tomou a bolsa em mãos e seguiu caminho a porta cinza. Estava com raiva, furiosa. Não foi isso que ele havia prometido a Kihyun, se lembrava perfeitamente de todas as palavras. Ela não seria forçada a nada e o Kwon não tocaria nela, mas agora, era como se estivesse sendo entregue em uma grande bandeja para que a devorasse. Imaginava que nada sairia como o planejado, e temia alarmadamente que Kihyun estivesse sendo conduzido para uma emboscada.

~


- Está tudo bem aí? - O banho havia sido rápido, água gelada nunca foi seu forte, ainda mais em uma manhã tão gélida como aquela. A bolsa continha tudo para uma produção total. Escova de dente nova, acompanhada pelo creme dental, escova de cabelo, desodorante, loção corporal, maquiagens, acessórios para pescoço e orelhas, além de um único perfume em especial, e tudo a fazia se sentir ainda mais enjoada.

- Não posso usar isso. - Retrucou para a pessoa do outro lado da porta. O que mais a engulhava era a peça de roupa que carregava nos braços.

- Será que posso entrar? - Seunghyun demonstrou preocupação depois de distinguir a voz embargada. Demorou um pouco, mas a tranca do banheiro foi girada e ele pôde presenciá-la sobre a tampa da privada. Usava as mesmas roupas de antes, exceto a escova e a pasta de dente, nada dentro daquela bolsa havia sido utilizado.

O banheiro era demasiado estreito, por isso, parte do corpo de Seunghyun ficou para fora quando ele se ajoelhou na frente dela, sendo visível para uma das câmeras a qual ele falara para Kihyun e mostrara para a mesma.

- Olhe, sei que é difícil. Essa merda toda deve soar muito assustadora pra você. Mas tudo vai acabar em poucas horas, você apenas tem que cooperar para que nenhum mal lhe aconteça. Lembra do que eu disse sobre o temperamento do Kwon e o quartinho do castigo? - Ela anuiu com a cabeça, os olhos estavam tampados com o pulso, secando as lágrimas que não tiveram permissão de descerem. - Então, isso é apenas um jogo dele, o único o qual você terá que jogar. - Ele olhou para fora, em direção a câmera, e depois de conferir um ângulo que não seria visto, enfiou a mão para dentro da calça, puxando um objeto de lá, pegando uma mão dela para agarrá-lo. - Tome. Sairei daqui assim que ele chegar e trarei Kihyun até você em menos de duas horas. Caso não tivermos tempo até lá... Sabe como se usa? - Ela negou, avaliando o objeto na palma da mão, aterrorizada.

Seunghyun lhe explicou perfeitamente, desde o destravamento até o descarregamento. Uma parte dela ainda se mantinha assustada conforme aprendia o manuseamento daquela arma de pequeno porte e nome desconhecido por ela, já que nunca teve interesse em coisas do tipo, mas a outra parte sentia-se mais segura, afinal, havia um meio de se defender, diferente da última experiência que teve.

- Preciso que coopere, tudo bem? - Fungando, ela assentiu, colocando-se de pé com a peça de roupa em mãos. - E use o perfume, foi uma das coisas que ele exigiu. - A resposta dela foi fechar a porta fortemente em sua cara, ainda estava furiosa por ter que se submeter àquilo.


Minutos depois, ela saiu pela porta com a cabeça baixa, tremendo levemente pela falta de proteção às leves rajadas da manhã. Ele olhou para ela, analisando-a de cima a baixo, amargurado por aquilo ser sua culpa.

- Venha, coloque isto. - A empurrava de volta para a sala enquanto lhe jogava um casaco grande pelos ombros, o qual ele estava antes, mas tirara pois sabia que ela iria precisar.

Guiou-a com cuidado até o sofá, temendo que desmonorasse em prantos outra vez, mas ela parecia mais confiante ao segurar o objeto frio entre os dedos, ele até chegou a crer que ela não hesitaria em efetuar um disparo se fosse necessário. Afastou aqueles pensamentos da cabeça como também o revólver da mão dela ao colocar uma xícara quente no lugar. - Beba. É chá. Irá te acalmar.

Ela aceitou de bom grado e encolheu as pernas ao peito, esquentando o próprio corpo. - Quantas vítimas o Kwon já fez?

- Uma ou duas por ano, não sei há quanto tempo. Acho que a intenção dele não era matá-las. Mas o Kwon tem um pavio curto, além de ser um pouco maluco da cabeça. Suponho que tenham sido em tentativas de fuga, ele não deve ter perdoado. - Era um aviso, ela conseguira decifrar, Seunghyun lhe dizia claramente "não cometa uma burrice".

- Por que está me ajudando? - Era um fator que queria saber, não entendia ao certo.

- Tenho um pacto com o Kihyun.

- Que tipo de pacto?

Ele mostrou os dentes desproporcionais mas estranhamente bem conservados, surtindo olhos brilhantes e incautos, que produziam uma perceptível linha tênue brilhosa por entre as brechas das pálpebras comprimidas. Algo como Naruto ou One Piece, ela pensou, não sabendo por que exatamente aqueles animes lhe vieram a mente, talvez fosse a personalidade do sorriso. Era reconhecível. Sonhador, o sorriso de um sonhador.

- Éramos um grupo. Sete, se não me engano. Era a época do colegial e agiamos como adolescentes renegados. Não seguiamos regras, maltratavamos os nerds e não levávamos nenhuma garota a sério. Sei que vai parecer infantil, mas eu adorava aquilo tudo. - "Na verdade, não é nada infantil, soa maldoso", ela pensou, mas se considerou desapropriada para dizer como um indivíduo deveria rever suas atitudes do passado, cada um vivia e racionalizava da maneira que bem entendia. - Tínhamos um tipo de diário, não pense besteiras, era apenas um caderno, mas a palavra diário soava um pouco melhor e apropriada.

- Não vejo problema algum em terem um diário. - Comentou, pessoas que consideravam coisas assim de menina a irritava. Não havia nada demais em escrever sobre seus sentimentos em um pedaço de papel, eles não deixariam de serem homens por causa disso.

- Bem, como eu disse, era apenas um caderno. - Ela revirou os olhos, não intencionada a entrar em uma discussão sobre aquilo. - Colocavamos nele juramentos, desafios, desejos, besteiras assim. Por exemplo, como a lista das garotas as quais Kihyun magoou. Você deve saber quais são, já que se encontrou com todas elas há poucas horas atrás. Suponho que tenha pedido para que Kihyun as pedisse perdão. - A ideia dele saber sobre o que acontecia em sua vida a incomodava. Era bastante desagradável ter que ouví-lo com aquele tom de escárnio. - Mas naquele caderno, antes de tudo, prometemos sermos fiéis uns para com os outros, e por mais incrível que possa parecer, eu não sou um homem de quebrar promessas, mesmo que elas já não valham mais ou percam seu sentido.

- E não me ajudar seria como se quebrasse?

- Você deve saber o que significa para o Kihyun. Ele te sobrepõe até mesmo a vida dele. E seria uma hipocrisia se eu desse de mão beijada para um psicopata algo tão precioso para ele, não acha?

Ela não gostava de afirmar sobre a intensidade dos sentimentos de Kihyun por si, pensava ser o mesmo que mensurar a intensidade da loucura dele, por isso seguiu em frente. - O que mais escreviam naquele caderno?

- Tinha um tópico especial, algo que todos nós dedicavamos nossas esperanças ali. - A inclinação dela àquele assunto o deixou satisfeito. Ele mesmo adorava quando as pessoas mostravam-se interessadas em algo que foi tão importante para si em sua vida. - Eram as nossas aspirações para o futuro, coisas como as que sempre desejamos desde crianças. E devo dizer que, nesta parte, o Kihyun era o mais caçoado entre todos nós.

- Por quê?

- Considerávamos o desejo dele algo distante, impossível de se tornar realidade.

- E qual era? - Não conhecia aquele Kihyun, era uma passagem nova para ela, e se mostrou bastante entusiasmada.

- Tornar-se um cantor. - Seunghyun engoliu em seco, como se precisasse aceitar este fato até hoje. - E surpreendentemente, Kihyun foi o único dentre nós que conseguiu completar todos os seus desejos.

Amargoso. Aquilo pesava em sua consciência. O trazia sentimentos ruins. E ele foi descuidado ao deixar que ela percebesse.

- E quais eram os seus desejos? - Ele negou, parecendo transtornado ao lembrar do que havia se perdido por todos esses anos, e ela se levantou, estendendo a mão para alcancá-lo. Era um extinto brasileiro, sabia que contato corporal não era comum na região em que se encontrava, mas foi assim que aprendera a confortar as pessoas, e não conseguia evitar. - Seunghyun, você sabe que é melhor do que isso, sabe que pode... - Quando tocou-lhe o rosto, ele se afastou bruscamente, rejeitando qualquer ato benévolo direcionado a si.

- Não, eu sou apenas um viciado ordinário. Você deve achar que sou bom, mas eu poderia não ter te colocado nessa. Jiyong teria seu fim e você nunca precisaria ter tido essa experiência. Mas claro, o egocêntrico aqui só pensou em seu bel-prazer, na recompensa que teria caso te sequestrasse. Eu não me importo com você, apenas sei que o que faço é errado, por isso tento te tranquilizar, para amenizar minha culpa. Essa é a verdade. - Descarregou, saber que ela possuía compaixão ou qualquer sentimento de pena pela pessoa que ele era o cabulava.

- Tudo bem. Somos seres humanos. Nem sempre fazemos a coisa certa. - Como se não se importasse com o que ele disse, ela permaneceu firme na intenção de se aproximar, e quando Seunghyun deu por si, estava aninhado nos braços dela, estranhando quando algo molhado desceu por suas bochechas. - Você só precisa tentar fazer com que dê certo. As coisas não precisam ser assim. Sabe que tem escolhas. - Ela não sabia muito sobre a situação de um dependente, mas sabia que eles podiam ter ajuda se buscassem. Ela mesma já ouviu relatos assim, e nada nunca foi realizado sem auxílio de pessoas que estivessem dispostas a tornar a vida de outros melhor.

- Eu achava ridículo o Kihyun ter se apoixado por alguém como você. Agora eu entendo. Você amolece as pessoas, deve ter derretido aquele gelo que ele mantinha no peito. - Se afastou, era embaraçoso ser abraçado por uma garota com aquela veste. Deixou apenas que suas mãos pousassem nos ombros dela, mantendo contato visual. - Não se engane, ele pode parecer dominador e maníaco às vezes, mas é apenas medo. Kihyun ainda tem um passado mal resolvido, algo que ele nunca contou a ninguém, e você esteve prestes a descobrir. Mas vejo que já tomou uma decisão, e ela não consiste permanecer ao lado dele, estou errado? - Ela permaneceu em silêncio, e Seunghyun considerou a resposta. - Não desista dele, ainda não...

O barulho do portão azul sendo aberto os pegou de surpresa. Seunghyun rapidamente se estabilizou e ela se retirou, ficando na ponta mais afastada do sofá, encarando com os olhos arregalados o portão cinza há poucos metros à frente de si.

- Esconda a arma e, - Seunghyun tentava lhe passar segurança ao que viria a seguir, mas suas palavras seguintes tornou a situação ainda mais incerta. - boa sorte.



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