O dormitório do Monsta X nunca esteve tão silencioso. A tensão rondava a todos ali, junto a olhares indiferentes cá e lá, e era até clichê o motivo por trás daquilo, o velho caso entre a amizade e o amor.
Kihyun não demonstrava, mas sofria com aquilo, vê-los dividos daquele jeito lhe partia o coração. Porém, ele fez uma decisão, e não arredaria o pé dela. A conclusão, quem tiraria, seria o tempo - talvez os membros pudessem se conformar e aceitarem lá na frente - mas Kihyun não tinha muitas expectativas em relação ao futuro.
Ela, o motivo, a causadora de tudo, também não poderia dizer que aquela revelação se agregou para o lado positivo. Estava sendo ainda mais menosprezada pelas colegas de dormitório, e por mais algumas na sala de prática. O fato de estar namorando um Idol, acabou sendo motivo para mais ofensas e humilhações - "Aproveitadora, aposto que está fazendo tudo isso para conseguir sair afrente de nós." "É feia e não tem talento algum, é lógico que teve que apelar." "O Kihyunnie não merece alguém como você, pare de o importunar e o deixe em paz." Palavras do tipo se seguiam durante todo o dia, o lado bom era que Yangmi estava consigo, e impedia qualquer garota de tentar tocâ-la para descontar a raiva com as próprias mãos, e também impedia que continuassem com aquelas chacotas feitas injustamente.
E como todos acabaram descobrindo? Ninguém sabia. Tinham falado apenas com os membros do Monsta, mas em uma semana, o prédio inteiro parecia tomar conhecimento do novo casal que se formou na Starship, e não seria nada bom quando a notícia chegasse aos ouvidos do CEO.
- (S/n)? - Kihyun estava em um local não muito convencional para o seu sexo, angustiado com a idéia que se passava pela sua cabeça.
- Ki...? - A voz dela estava embargada e baixa, e mesmo ele querendo ter ficado feliz ao escutar o apelido o qual ele obrigou que ela o desse, não conseguiu.
Uma das portas do banheiro coletivo foi aberta, e ele pode observar sair de lá uma garota com o semblante confuso, o nariz vermelho e os olhos cobertos por lágrimas. Como ele previa, ela chorava.
A garota logo o tomou pelos braços, não se contendo em desabar ali mesmo, molhando a camisa de Kihyun pela cachoeira que jorrava de seus olhos.
- Todos sabem, Ki. Elas vivem dizendo para mim te deixar em paz, que eu não sou o tipo ideal para você, e que... - Antes que a garota continuasse com o desabafo, ele a interrompeu, exclamando de modo severo.
- Jagiya! - Levantou o rosto dela, a repreendendo com o olhar. - E desde quando você se importa com esses comentários fúteis e insignificantes? Onde está a garota prepotente e corajosa que eu conheço?
- Ela foi embora, e não volta nunca mais. - Respondeu, afogando novamente o rosto entre o peitoral dele.
- Qual é, Jagiya?! Você sabe que aquelas garotas tem gliters e maquiagens no lugar do cérebro, vai mesmo permitir que elas te deixem assim?
- Eu não concordei que me chamasse de Jagiya. - Ela falou séria, até demais, fazendo Kihyun rir ao perceber que tinha conseguido fazê-la voltar ao normal com uma simples palavra.
- Por que não? Você é, certo?! A minha Jagiya. Somente minha.
- Omo, que obsessivo. - Ela deu um tapa em seu ombro o fazendo estreitar as sombrancelhas.
- O que está acontecendo com você?
- Como assim?
- Está sendo fofa demais, mais do que o normal, quer dizer, você nunca tenta ser fofa, e agora está sendo demasiadamente fofa, já que nunca foi fofa, não que você nunca tenha sido fofa, mas não fofa desse modo, sabe.. Aish, o que eu estou dizendo? - Kihyun se embolou todo, falando a palavra 'fofa' mais vezes do que possa ter contado.
- Não gosta, oppa? - Ela tombou a cabeça, com uma expressão inocente, soltando a última palavra apenas para provocá-lo mais.
- O-o quê? - O rosto dele se enrubesceu, e ela estranhou. Um Kihyun acanhado? - C-claro que gosto. M-mas é que, eu prefiro a minha Jagiya de volta.
- A sua Jagiya de volta diria que isto está grudento demais, e que você deveria se retirar do banheiro feminino. - Ela o olhou sugestiva, desconfiando se ele preferisse mesmo a 'outra'.
- Pensando bem, eu não me importo de continuar com essa Jagiya por enquanto. - Ele a apertou mais contra si, apoiando a cabeça sobre o ombro dela, exalando sem perceber a região do pescoço da mesma.
Ambos soltaram um longo suspiro, o qual demonstrava o quanto essa semana teria sido exaustiva, o quanto precisaram um do outro nesse meio tempo, e o quanto estavam angustiados por todos que conheciam terem lhes dado as costas, apesar de haver exceções entre Yangmi e Hyungwon. Tudo parecia desabar sobre eles.
- Vamos conseguir passar por isso, okay? Eu sempre vou estar aqui, então não tente segurar as pontas sozinha, me entendeu? - E como se ele lesse os pensamentos dela, a reconfortou, demonstrando que aquela não era uma luta somente dela.
- ...Entendi. - Ela concordou, enfraquecendo sua insegurança, e a deixando confiante pelo que vinha a seguir, como se fosse capaz de aturar qualquer coisa se Kihyun estivesse consigo.
Eles apenas esperavam que tudo aquilo terminasse.
~★~
- O que você acha disso tudo, Jooheon? - Junto ao qual a pergunta foi direcionada, estavam apenas Minhyuk e Shownu dentro daquele quarto.
- Sinceramente, eu não faço a mínima idéia do que pensar. - Ele se dirigiu ao ex-loiro, que agora tinha tingido os cabelos na cor natural.
- E você, Hyunwoo? - O garoto calado em um canto, parecia o mesmo de sempre, mas poucos sabiam que algo dentro dele possa ter mudado.
- Acho que, se o Changkyun tiver mesmo razão, não podemos deixar a (S/n) ser enganada pelo Kihyun.
- Eu também penso isso. - Minhyuk assentiu. - Ele nem gostava dela antes, o que o fez mudar de idéia? E como foi que eles se aproximaram?
- Se lembram daquele dia em que vimos ele falar com ela pela primeira vez, dizendo que tinha evitado que ela caísse? - Ambos assentiram a pergunta de Jooheon. - Parece que foi nesse dia em que as coisas começaram. O Kihyun começou a sair bastante depois disso.
- Tem razão. E eu também me lembro do dia em que ele me pediu o número dela, enquanto fazíamos aquela viajem para o Japão.
- Acham que ele gosta mesmo dela? - Shownu trouxe a questão que realmente importava.
- Só sei que teremos de agir rápido, pois não seria melhor descobrirmos depois da coisa toda ter sido feita. - Jooheon até poderia acreditar que Kihyun estivesse sendo sincero, mas achava que a garota tinha o direito de saber, assim ela própria concluiria o que deveria fazer.
- Acho que estamos exagerando. Olha o que acabou de acontecer com a (S/n), o Kihyun não seria capaz de piorar ainda mais o estado psicológico dela. - Shownu não via segundas intenções no Kihyun, como o restante, por isso era ele quem se encontrava mais dividido em relação àquele assunto.
- Não se lembra do que ele disse que fez com aquela garota, a que quase se suicidou por causa dele? - Todos se silenciaram, concordando, aquilo tinha sido realmente terrível.
- ... Eu tive uma idéia. - Minhyuk se levantou, apressado. - Temos que falar com o Changkyun, rápido.
~★~
- Tenho novidades. - Um homem, trajado com um terno preto e discreto, trazendo consigo uma bolsa com alimentos em mãos, pronunciava enquanto adentrava em um balcão pouco iluminado e empoeirado.
Um sujeito saiu daquela escuridão ao seu encontro, tomando abrupto as coisas de sua mão, como se fosse um animal exasperado para saciar a fome.
O homem encarou o sujeito com repulsa, se considerando maior do que aquele ser diante dos seus pés, devorando como um bicho a comida que lhe foi oferecida.
- Vá com calma, você é importante demais no meu plano para que morra de indigestão logo agora. - Seu tom de voz indicava que ele não dava mesmo a mínima para a vida daquele sujeito, apenas se importava com a utilidade que ele lhe poderia servir.
- Disse que tinha novidades, qual foi a da vez? - O sujeito pareceu desconhecer o comentário, se tornando ainda mais repulsivo ao falar com comida transbordando de sua boca, e o homem tentou ignorar aquela cena repugnante, se focando no que realmente importava.
- Minha garotinha acabou caindo na lábia de um aproveitador, e agora, está compromissada...
- 'Minha garotinha'? - O outro riu. - Você consegue ser até mais doente do que eu. - Um olhar cortante foi direcionado ao dono daquela fala, que se encolheu, como um cachorrinho medroso.
- Não ouse me comparar a você. - Rosnou, impondo ainda mais frieza em seu olhar. - Logo estaremos colocando o plano em prática, e até lá, tente não abrir essa sua boca imunda.
E assim, o homem arrastou o pé para fora dali. Ainda teria de resolver bastante problemas quando voltasse para a Starship.
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