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História One More Time - My first, his last.


Escrita por: hellojnfpdgo

Notas do Autor


Heeeeeey, finalmenteeee!
1º Me desculpem a demora para postar esse capítulo!
2º Me desculpem por ter ficado tão grande! Sei que algumas pessoas não gostam de capítulos enormes, mas não foi minha intenção.
3º Queria agradecer por todos os comentários fofos, eu fico extremamente feliz de saber que gostam da história. ♥ ♥

Aproveitem o capítulo gigante, e espero que gostem!

❁ Plágio é crime! Caso vejam alguma fanfic com conteúdo igual, por favor, denunciem. ❁

Capítulo 8 - My first, his last.


“Deveria ser eu, sentindo seu beijo.” – That Should Be Me – Justin Bieber

 

Depois de uma semana do ocorrido com o Gabriel, eu não vi nenhum dos meninos, mas agora precisava da ajuda deles. Queria organizar uma festa surpresa para o Gabriel antes de ele ir, quase como a minha mas sendo uma surpresa.

Eu só tinha o número do Arthur, o que é uma droga porque a nossa última conversa não foi uma das melhores. Se eu ligasse para o Gabriel pedindo o número do Matt, Logan ou Anthony, ele certamente perguntaria o motivo.

Juntei toda a cara de pau e inocência que eu tinha e liguei para o Arthur.

Ele atendeu no terceiro toque.

— Oi! — falei um pouco sem jeito forçando uma voz alegre.

— Oi? — não sabia definir o tom de sua voz, talvez fosse confusão ou um “Não enche!”.

— Tudo bem? — meu Deus, Julie! Você não sabe mesmo agir normalmente.

— Julie, o que você quer? — ele perguntou com impaciência.

— O que faz você achar que eu quero alguma coisa? — retruquei, mesmo querendo.

— Porque na última vez em que nos falamos a gente praticamente discutiu.

— Que grande novidade a gente discutir, né, Arthur? — falei e o ouvi rir fraco.

— Ok, mas você quer alguma coisa. — ele concluiu.

— Sim… — falei receosa.

— Fala, Julie.

— Quero fazer uma festa de despedida para o Gabriel e não consigo organizar tudo sozinha, preciso de ajuda.

— Claro que tinha a ver com ele. — ele murmurou num tom baixo mas que foi o suficiente para que eu ouvisse. — Me encontra lá embaixo.

Desci e ele estava em frente à sua casa, encostado em um carro.

Fui até ele e dei um beijo em sua bochecha, estranhando um pouco.

— Desde quando você tem carro? — perguntei curiosa.

— Não é bem meu. — ele revirou os olhos. — Meus pais não têm toda essa confiança em mim, mas só eu uso esse, então é, faz um tempo que eu tenho. — ele deu de ombros.

Entramos no carro e seguimos para o centro.

— Eu compro as bebidas, e você as coisas da festa. Ok? — ele perguntou quando chegamos.

Concordei com a cabeça.

— Você convida as pessoas também.

— Por que eu?

— Deve ser porque eu não conheço ninguém. — falei num tom óbvio.

— Ah é, tinha esquecido. — ele riu. — E aonde vai ser?

— Estava pensando na minha casa, mas…

— Você vai enfiar um monte de desconhecidos na sua casa? — ele me interrompeu surpreso.

— Exatamente, eu ia falar isso.

— Você é doida! Vai ser na minha.

— Ok. — concordei rindo.

Depois de andar muito e comprar tudo o que precisávamos, estávamos voltando para casa e eu brincava com o brinquedo de fazer bolhas de sabão, que eu insisti muito e depois de muita relutância, ele comprou para mim.

Fazia todas para fora do carro e ele me olhava rindo às vezes.

Fiz bolhas em sua direção e ele me olhou de canto, zangado.

— Dentro do carro não, Julie! — ele exclamou com certa braveza, sacudindo a mão no ar com a intenção de estourar as bolhas.

Fiz mais.

— Não sei porquê comprei isso pra você. — ele mantinha a cara emburrada.

— Porque você é muito legal. — sorri e logo estranhei o que disse.

Eu falando que o Arthur era legal? Esse dia poderia ser considerado um feriado!

— Não me bajula.

Ele me olhou de canto escondendo o sorriso que se formava em seu rosto e eu voltei a minha atenção para o brinquedo.

— Nossa, eu tô cansado! — ele falou parando o carro em frente sua casa.

— De que?

— Você me fez andar muito procurando coisinha besta. — ele revirou os olhos. — Por mim, só comprávamos bebida.

— Mas eu queria luzinhas! — justifiquei.

— Larga de ser frescurenta.

— Larga de ser preguiçoso. — retruquei descendo do carro e o ouvi bufar.

Ele pegou as sacolas no banco de trás e travou o carro.

— Entra. — ele chamou. — Vamos guardar as coisas.

Não fazia sentido ele me chamar já que estava com todas as sacolas. Ele ia em direção a porta e eu estava prestes a negar quando uma sacola estourou e algumas garrafas caíram no chão e rolaram pela grama.

— Merda. — ele falou rindo olhando para o chão, estava com as mãos muito ocupadas.

Fiz a boa vontade e peguei as garrafas, agora cedendo e entrando para guardá-las.

Passamos pela sala e ele desceu as escadas de uma porta perto da cozinha, deduzi que fosse uma espécie de porão. Estava escuro e eu parei na ponta da escada.

— Entra aqui! — ouvi sua voz distante lá de baixo.

— Arthur, tá escuro, acende a luz. — pedi.

— Você tem medo de escuro? — ele perguntou rindo.

— Não!

E lá estava eu indo enfrentar mais um medo por culpa dele.

Desci as escadas com o braço deslizando na parede, minhas mãos ocupadas com as garrafas de bebida.

— Julie! Me ajuda! — escutei Arthur gritar e quase larguei tudo no chão, mas fiquei estática, com o coração acelerado.

— O que foi?! — gritei também.

— Socorro! — ele continuava gritando.

Me obriguei a sair do lugar e desesperada comecei andar pelo cômodo. Andei pouco pela escuridão até esbarrar com a cintura em alguma coisa e gritar mais uma vez pelo susto.

A luz se acendeu em cima de mim e o som da gargalhada de Arthur invadiu o porão. Ele estava com a mão no interruptor.

— Idiota. — reclamei brava.

Coloquei as garrafas na mesa, que era onde eu havia batido minha cintura.

— Que bonitinha, ficou preocupada comigo, foi? — ele veio até mim e me abraçou.

— Arthur? — escutamos a voz da mãe dele chamar na sala.

— Oi, mãe! — ele gritou em direção a escada e me olhou com um sorriso torto.

Arthur pegou na minha mão e me levou até a sala. Sua mãe colocava a bolsa na poltrona e logo desviou sua atenção para nós.

— Oi, filho. — ela sorriu e me olhou estranho. — Oi, Julie.

— Oi, Lia. — falei tímida.

O que será que ela estava pensando que a gente estava fazendo?

— O que vocês estavam fazendo lá embaixo?

O tom de sua voz me informou o que ela estava pensando.

— É que esse é o último fim de semana do Biel aqui, decidimos fazer uma festa. — Arthur explicou. — Tem problema?

— Sem problema nenhum, filho! — o pai dele falou adentrando a sala. — Desde que tenha juízo.

Não tínhamos nos conhecido no dia do almoço, só de vista. Hoje ele parecia mais formal, usava um terno e segurava uma maleta de trabalho.

Como pode o Arthur ser tão largado?

— Não nos apresentamos, né? — ele sorriu. — Sou Jack, pai do Arthur. — ele bagunçou –mais ainda– o cabelo do Arthur e me cumprimentou.

— Sou Julie. — ele provavelmente já sabia disso.

— É, eu escutei os meninos falarem de você. — ele olhou pro Arthur e eu me segurei pra não perguntar o que eles falaram.

Imaginei que ele sabia meu nome, mas não desse jeito.

— Pai! — Arthur esbravejou e todos riram, menos eu que provavelmente estava vermelha demais para isso, e Arthur, que mantinha a cara de bravo.

— Eu vou pra casa. — falei.

— Já? Por que não fica pra janta? — Lia me perguntou.

Ela é sempre muito simpática, diferentemente do Arthur.

Eu não queria ficar, sentia como se quisesse correr dali, e eu realmente queria.

— Pode ser outro dia? — disse com o sorriso mais amigável que eu tinha e ela riu.

— Pode sim. — ela balançou a cabeça.

Me despedi dela e de Jack, Arthur me levou até a rua.

— Desculpa o mico lá dentro. — ele disse quando paramos.

— Imagina! Seus pais são uns amores.

— Ah, — ele sorriu fraco, desanimado. — é porque você não conhece a peça.

— Como assim?

— Outro dia eu te explico. Vem aqui amanhã pra gente arrumar a casa antes de anoitecer. Eu já vou chamar algumas pessoas.

— Ok. — me despedi dele e entrei.

Cheguei em casa e jantei com os meus pais. Em momento algum falei que estava na casa do Arthur, mas Lia provavelmente falaria.

Deitei e claro, antes de dormir fiz aquela reflexão. Arthur estava diferente hoje, diferente do seu normal. A chatice não prevalecia o tempo inteiro, e eu gosto quando ele fica assim, gosto quando estamos nos dando bem.

 

####

 

Acordei 9a.m e fiz minha higiene matinal, logo teria que ir arrumar a casa do Arthur para a festa. Não sei se ele já falou com o Gabriel, então decidi não arriscar mandando mensagem.

Depois de tomar café, subi para me arrumar e vi uma bolinha de papel perto da minha cama. A janela estava aberta, mas depois de ver o Arthur com uma menina eu passei a deixar a cortina fechada.

“Não se esquece de vir pra cá! :D” estava escrito no papel.

Abri a janela e o quarto dele estava vazio.

 

####

 

— Oi! — ele disse sorridente quando abriu a porta. Parece que alguém acordou com o pé direito. Ou teve uma noite muito boa… droga.

— Oi! — sorri afastando aquele pensamento da minha cabeça.

Entramos e começamos arrumar algumas coisas. Tiramos do alcance tudo o que poderia ser quebrado, ele disse que a mãe dele mataria ele –e eu– se algum de seus enfeites aparecesse em mil pedaços.

— Todo mundo vai ficar na sala? — perguntei.

— Vou deixar o porão aberto, assim dá pra ficar pela sala, cozinha e porão.

— Porão?! — perguntei inconformada.

— Você nem o viu direito ontem. — ele fez uma careta.

— Por que será que eu não vi? — perguntei lembrando do susto e ele riu.

— Vamos lá, vou te mostrar meu lugar preferido da casa. — ele sorriu.

Descemos a escada e a luz estava acesa. Olhei pelo cômodo inteiro me perguntando se era o mesmo lugar de ontem. Hoje parecia maior e mais aconchegante. Tinha um sofá grande, televisão e um videogame. A mesa estava lá quase no centro do cômodo, e ao lado do sofá, uma geladeira. Eu realmente não prestei atenção da primeira vez.

— Bem-vinda ao meu lugar de diversão. — ele falou abrindo os braços e eu o olhei estranha. — É assim que eu chamo.

— Você fica aqui o tempo inteiro? — perguntei. Eu moraria nesse porão tranquilamente.

— Não, fico mais quando os meninos estão aqui. — Ou meninas, pensei.

— Posso colocar luzinhas aqui? — perguntei empolgada.

— No meu porão, Julie? — ele fez uma cara de bravo e automaticamente eu desanimei, sabia que ele não deixaria. — Tá, pode. — ele disse bufando e eu dei uns pulinhos.

Estava pegando umas bebidas da geladeira e levando para o andar de cima enquanto o Arthur desenrolava um pisca-pisca. Ele disse que chamou um amigo DJ e que ele traria luzes de verdade. Eu podia apostar que enquanto eu subia para guardar as bebidas na geladeira da cozinha, ele molhava meu pisca-pisca para dizer que estava queimado.

Senti ele passando o fio em volta do meu corpo e virei para ele, fechando a geladeira. Comecei rir e ele me girava.

— Chega, eu tô tonta! — parei cambaleando um pouco.

— Mais? — ele arqueou uma sobrancelha e riu. — Vem cá, deixa eu ligar.

Torcendo para não ser eletrocutada, seguimos para uma tomada e ele ligou. Meu corpo estava todo coberto por luzes e ele sorriu me olhando. Os olhos iluminados pelas luzes tinham um brilho surreal, aliás, todas as vezes que ele sorria seus olhos brilhavam intensamente, e não dá para negar que é lindo.

— Pode falar que eu estou linda.

— Vai ser o brilho da festa, literalmente.

— Desliga e tira isso de mim, vai. — pedi e ele concordou.

Escutamos alguém tocar a campainha.

— Deve ser o Kevin. — ele falou e eu o olhei como quem dizia “Quem?” — O DJ. — ele explicou.

— Sobe lá, eu termino de tirar isso.

Estava terminando de me desenrolar quando escutei vozes. Vozes familiares. Era a voz do Arthur e… do Gabriel?!

 

Point of View Arthur.

Abri a porta dando de cara com o Gabriel e automaticamente gelei. A festa era surpresa, ele não sabia de nada. A cozinha estava cheia de copos espalhados, a geladeira cheia de bebida.

— E aí, cara. — ele falou entrando e se sentando no sofá.

Eu olhava perdido pela casa me certificando de que nada estava a vista. Se ele resolvesse descer no porão, além de encontrar as coisas, encontraria Julie.

— E aí. — falei seguindo ele. — O que você tá fazendo aqui?

— Ué, não pode vir aqui?

No momento, não.

— Pode, claro.

— Eu vou embora daqui três dias! Quero fazer alguma coisa com vocês antes de ir.

Você vai, mas antes, tem que ir embora para terminarmos de arrumar a casa.

— O que você quer fazer?

— Sei lá, vamos reunir os meninos, jogar um pouco.

Sério, cara? Jogar? A gente vai beber a noite toda!

Ele estava indo em direção ao porão e eu não sabia o que fazer.

— Não! — gritei e ele parou na ponta da escada. — Quer dizer, não quer conversar? Tomar alguma coisa? Comer alguma coisa?

Eu parecia a minha mãe oferecendo coisas para as visitas, só faltava pegar a xícara e servir um chá.

— Arthur, você tá bem? Tá estranho.

Achei a minha deixa.

— Eu estou bem, estou ótimo! Mas você não, né? Vai embora e tal. Vamos andar por aí, esfriar a cabeça e mais tarde você e os meninos vêm pra cá. — falei me enrolando totalmente nas palavras e passando o braço pelo seu ombro, o afastando do porão.

 

Point Of View Julie.

Escutei o momento em que Gabriel quase desceu aqui e me escondi atrás do sofá, mesmo que tudo estivesse a mostra, pelo menos ele não me veria e Arthur arrumaria uma desculpa.

Eles saíram e eu continuei na função, pendurei meu pisca-pisca com a maior felicidade do mundo enquanto Arthur não estava. Ele provavelmente brigaria quando visse tudo isso.

Escutei meu celular tocar e fui olhar.

Arthur: Estou com o Gabriel, vou demorar um pouco. Se o Kevin chegar, não abre a porta, ele é meio maluco.

Maluco é você.

 

####

 

Depois de algum tempo, Arthur chegou e o DJ ainda não tinha aparecido. Estava um pouco cedo para a festa.

— Quer jogar? — ele perguntou.

— Não sei jogar.

— Vem cá, eu te ensino. — ele se esparramou no sofá.

— Prefiro só olhar mesmo. — falei e ele riu.

Me sentei no sofá, não tão perto dele.

— Arthur, por que seu pai disse aquilo ontem?

Por que eu tenho que ser tão curiosa?

— Aquilo o que? — ele perguntou sem desviar a atenção do jogo.

— Que já tinha ouvido falar de mim.

— Ele é louco.

— Eu tô falando sério.

— Eu também! — ele riu e eu continuei séria. — Só conto se você jogar comigo.

Revirei os olhos.

— Ok, conta primeiro.

— É porque teve um dia… — ele começou falar e a campainha tocou. Só pode ser brincadeira! — Kevin! — ele disse alto apontando para a escada. Ele largou o controle e saiu correndo.

Minutos depois ele e mais um menino de óculos desceram as escadas. Arthur nos apresentou.

— Oi, você tem namorado? — Kevin me olhou com uma cara engraçada e Arthur deu uma cotovelada em seu braço. — O que foi, cara?

Arthur só o olhou emburrado.

— Oi. — tentei não rir. — E tchau, já vou pra minha casa. — não respondi aquela pergunta.

Olhei para a escada e pensei em quão vergonhoso seria subir sabendo que tem dois garotos aqui, quase na ponta dela.

Encarei.

— Nossa! — escutei Kevin falar e apressei o passo.

— Fica na sua. — a voz de Arthur soou com irritação.

Depois de tomar banho e me trocar, decidi que era a hora de ligar para o Gabriel. Torci para que tudo estivesse pronto na casa de Arthur. O plano era eu ligar, trazê-lo para cá e depois ir para a casa do Arthur.

— Oi, Julie! — ele falou quando atendeu.

— Oi, Gabriel. — falei. — Você pode vir aqui?

— Agora não dá.

— Por que?

Ele não podia ter marcado alguma coisa, supostamente ele e o Arthur tinham combinado de se encontrar com os meninos para jogar.

— Porque não, desculpa. — ele desligou.

Eu não acredito que ele desligou na minha cara! Será que estava ocupado? Ou estava triste por ir embora? Eu preciso trazer ele pra cá!

Fui até a casa do Arthur.

— Cadê o Biel? — ele disse quando olhou para os lados e percebeu que eu estava sozinha.

— Eu não sei o que aconteceu, ele disse que não pode vir. — disse desanimada. — E também desligou na minha cara.

— Sério? — Arthur disse rindo. — Ok, vamos na casa dele.

— Você fica bem com essa camisa. — disse involuntariamente.

Era uma camisa branca de gola V, ele ficava realmente muito bem. Arthur não faz o tipo musculoso, mas também não é magro, tem um físico bonito. E seu cabelo sempre desajeitado completa o visual.

— Só com essa? — ele sorriu de canto.

Muito convencido.

Pouco tempo depois paramos em frente a casa de Gabriel, e pra falar a verdade eu estava com medo de ele agir do mesmo jeito que foi no telefone. Talvez agora ele batesse a porta na minha cara.

— Você vai chamar ele sozinha. — Arthur falou.

— Por que?

— Porque se ele ver eu e você juntos e arrumados, ele não vai querer vir.

— Por que?

— Ai, Julie! Só chama ele! — ele falou com impaciência apontando para a porta.

— Tá. — bufei.

Parei em frente a porta e Arthur ficou perto da lateral da casa, ele tinha visão da porta e caso Gabriel saísse, era só ele se esconder. Não sei pra que isso, vamos todos para o mesmo lugar depois. Arthur me apressou e eu toquei a campainha.

— Oi! — falei sorrindo descaradamente quando ele abriu.

— Oi. — ele disse e analisou minha roupa. — Aonde você vai?

— Aonde nós vamos! — corrigi.

— Nós quem? — ele perguntou confuso.

— Eu e você.

Olhei discretamente para o lado e Arthur fez joia com a mão.

— Julie, eu não quero sair.

Como não quer? Ele falou pro Arthur que queria fazer alguma coisa. O problema deve ser comigo e eu não sei o porquê. Arthur que deveria estar aqui.

— Por que? — perguntei desanimada.

— Como está a sua cabeça? — ele perguntou receoso e eu fiquei confusa. É cada pergunta repentina que esse menino faz.

Olhei mais uma vez e agora Arthur estava com as mãos na boca segurando a risada.

Estava começando achar que isso era um joguinho dos dois.

— Está bem, por quê?

— Você não entendeu, né? — ele perguntou sorrindo fraco. — Vou ser claro, eu não quero sair com você.

Meu coração acelerou. O que eu tinha feito de errado?

— Por que, Gabriel? — minha voz vacilou um pouco.

— Julie, eu só não quero passar do meu limite outra vez.

— O que? — perguntei confusa. — Do que você tá falando?

— Do nosso beijo. — ele deu um passo para a frente saindo um pouco de dentro da casa, e colocou uma mão em meu rosto. — Eu vou embora, e mesmo querendo, não posso fazer de novo e depois pensar o quanto eu queria ficar e fazer mais vezes.

Droga, Gabriel, cala a boca!

— É… — tentei falar mas a palavras sumiram, eu não conseguia pensar em alguma coisa.

Segurei sua mão em meu rosto e sem pensar olhei para o Arthur, que estava com uma cara nada boa e foi embora sem hesitar. Tirei a mão do Gabriel do meu rosto.

— Esquece isso, ok? — tentei aliviar a tensão. — Vou te levar para um lugar que vai ter várias meninas lindas e você vai poder escolher quem quiser! — ele riu e mexeu a cabeça negativamente.

— Você é hilária!

— Vai se arrumar.

Entramos e ele subiu. Fiquei na sala com a cabeça atordoada. Queria ir atrás do Arthur, queria dizer que “Foi um momento de confusão”, “Foi um erro”, “Foi sem querer”, mas todas essas desculpas eram mentiras. Eu só sentia uma vontade louca de me explicar, mesmo que eu não tivesse obrigação disso.

O que ele estaria pensando após saber que eu beijei o amigo dele?

Mandei uma mensagem.

Julie: Aonde você foi???

Mas sem resposta.

Eu olhava alguns quadros na sala quando o Gabriel apareceu.

— A Anne é linda! — disse sem tirar os olhos do quadro, observando aqueles lindos olhos azuis.

— Com esses olhos não dá pra não ser, né? — ele riu. — Ela puxou a minha mãe.

— É, eu vi aqui na foto. — eu disse e ele riu.

— Curiosa.

— Sempre.

 

Point Of View Arthur.

— Você não entendeu, né? Vou ser claro, eu não quero sair com você. — Gabriel disse.

Por que ele estava tratando a Julie dessa forma?

— Por que, Gabriel? — ela perguntou claramente triste.

— Julie, eu só não quero passar do meu limite outra vez. — a voz de Gabriel amoleceu um pouco.

— O que? Do que você tá falando?

Percebi que Julie estava tão perdida no assunto quanto eu.

— Do nosso beijo. Eu vou embora, e mesmo querendo, não posso fazer de novo e depois pensar o quanto eu queria ficar e fazer mais vezes. — agora Gabriel estava tão próximo dela que eu tive que me esconder um pouco.

Como assim eles se beijaram? Que porra tá acontecendo aqui? Por que eu não sabia disso?

— É… — Julie gaguejou, ela estava tensa.

Torci para ela negar tudo e dizer que Gabriel tinha apenas sonhado ou que estava ficando louco, mas quando Julie me olhou, eu sabia que era verdade.

Saí nervoso sentindo meu sangue esquentar.

Por que eu estou assim?

Quando vi Julie sair de sua casa, no dia em que todos a conhecemos, lembro de pensar “Será que ela é bonita?” e também lembro da minha pergunta se confirmando, quando a vimos de perto. Mesmo toda molhada de refrigerante, ela ria e exalava beleza. Sua risada soava como uma criança de dois anos rindo, e não vou falar que sua beleza me encantava, não era isso, sua beleza apenas me atraía.

Depois de algumas semanas de convívio, nós percebemos o quanto a presença um do outro era insuportável. Não podíamos ficar cinco minutos sendo simpáticos. E mesmo ela sendo chata pra caralho, aquilo ainda estava dentro de mim, alguma coisa nela me atraía. E eu adorava vê-la brava quando eu falava alguma merda. O problema é que ela é do tipo durona, ela não abaixa a cabeça pra mim ou pra qualquer outra pessoa. Se mexer com ela, pode ter certeza que ela faz duas vezes pior. E eu até sou grato por isso, são nossas implicâncias que nos ligam, mas às vezes eu queria poder apertar um botão de “mudo” nela.

Eu cheguei a falar para o Gabriel, falei exatamente como eu me sentia e ele riu, dizendo que eu estava apaixonado. Mas não era isso, chegamos a essa conclusão depois de uma conversa com várias perguntas idiotas.

 

— Seu coração dispara quando você está com ela? — Gabriel me perguntou.

— Não. — respondi entediado.

— Você se sente nas nuvens quando está com ela?

Só se for nuvem negra de tempestade.

— Não. — respondi ainda entediado. — Que merda de perguntas são essas?

— Espera. — ele gesticulou com a mão. — Você quer vê-la o tempo inteiro?

— Tá maluco?! — perguntei inconformado. — Se eu passar mais do que duas horas com ela, vou precisar de calmante!

Gabriel riu.

— Já conversou com ela sobre algo mais sério?

— Tipo?

— Seus pais, sua vida, a vida dela, até mesmo sentimentos. — ele fez uma pausa rápida e uma cara cínica. — Ah, espera, você não tem sentimentos.

Mostrei dedo do meio e ele riu.

— Ah, qual é? Eu até estava cogitando a ideia de você estar apaixonado pela Julie, mas depois deste teste, o resultado é negativo.

— É ridículo você pensar isso de mim. — eu ri fraco.

— Eu sei, cara. A gente não nasceu para se apaixonar.

 

Para ser bem sincero, eu nunca me apaixonei. Devo ter tido alguma paixãozinha de escola quando beirava meus nove anos de idade, mas não me lembro de alguma vez ter me apaixonado de verdade. Eu simplesmente cresci e caí no mundão de festas e várias garotas.

Mas depois que eu vi a Julie beijando aquele cara na festa, eu percebi o motivo da minha raiva, e também descobri o que eu sentia. Era desejo, um desejo de tê-la daquele jeito. Uma vontade carnal. Uma atração física. Nenhum outro sentimento. Eu não estava apaixonado, só queria poder ter a sensação de senti-la. Eu só queria fazer com ela o que eu fazia com as outras.

E agora, depois de saber que ela e o Gabriel se beijaram, depois de ver por diversas vezes como os dois são quando estão juntos, eu percebo que ela não merece ser uma dessas garotas. Gabriel apesar de também nunca ter se apaixonado, sabe tratá-la melhor do que eu. Eu senti de verdade um desejo incontrolável desde o momento em que a vi, mas era –e ainda é– carnal e eu não soube transformar isso em algo maior, em sentimento. Gabriel possivelmente se dá melhor com sentimentos, e se for esse o caso, eu entendo. Julie é muito boa para apenas uma noite e depois ser descartada. Qualquer um enxerga que ela merece mais.

Eu não gosto dela, não estou apaixonado por ela, só fiquei realmente nervoso de saber que ela beijou o meu melhor amigo. Entendo que eles se dão bem, mas aquele desejo ainda está aqui, e eu não suportaria vê-los juntos sem sentir uma pontinha de raiva.

 

Point Of View Julie.

Paramos em frente a casa do Arthur e Gabriel me olhou estranho.

— É aqui que você queria me trazer?

— Sim. — falei sorrindo empolgada e toquei a campainha.

Uma ruiva abriu a porta e logo sorriu para Gabriel. Típico.

— Sua festa está ótima! — ela exclamou para ele.

— O que? — ele perguntou confuso. — Minha festa?

Então ela o puxou pela mão para dentro da casa. Entrei em seguida, sozinha mesmo.

Meu pisca-pisca ainda estava em duas das paredes da sala, exatamente onde eu tinha colocado, mas agora também havia a iluminação do DJ e uma máquina que soltava uma fumaça de cheiro enjoativo. Kevin estava com sua mesa de equipamentos perto da escada. As pessoas circulavam pela sala, cozinha e porão. Porão! Quero ver como está.

Procurei pelo Arthur enquanto caminhava, mas nenhum sinal. Aonde ele foi?

Desci as escadas e o porão não estava tão cheio, não quanto eu imaginei. O som aqui embaixo era mais abafado, e acho que era esse o motivo de ter outro som com música distinta da que tocava no andar de cima. Arthur também não estava aqui, acho que ele foi para outro lugar.

Como ele abandona a casa dele cheia de pessoas desse jeito?

Estava dançando ao som de Crazy in Love, aquela versão mais lenta com uma batida boa, e podia escutar um pouco de The Hills vindo lá de cima. Não sei se era coisa da minha cabeça, mas era como se as músicas se misturassem.

 

I look and stare so deep in your eyes

I touch on you more and more every time

When you leave I'm begging you not to go

Call your name two or three times in a row

Such a funny thing for me to try to explain

How I'm feeling and my pride is the one to blame

'Cuz I know I don't understand,

Just how your love can do what no one else can

 

I only call you when it's half past five

The only time that I'll be by your side

I only love you when you touch me, not feel me

When I'm fucked up, that's the real me

When I'm fucked up, that's the real me, yeah

I only call you when it's half past five

The only time i'd ever call you mine

I only love it when you touch me, not feel me

When I'm fucked up, that's the real me

When I'm fucked up, that's the real me, baby

 

Quando as músicas acabaram, saí daquele amontoado de gente e vi Arthur descendo as escadas de mão dada com uma loira. Tirei meus olhos da escada antes que ele me avistasse.

Fui até a geladeira à procura de uma bebida, e depois de analisar todos os cantos, me conformei que não tinha nenhuma ali que eu gostasse. Fechei a porta da geladeira e caminhei até a escada, Arthur estava encostado no fim do corrimão, e a loira não estava mais com ele. Quando nossos olhares se cruzaram, ele travou o maxilar. Ele está bravo comigo? É isso mesmo? Que idiotice!

Desviei meu olhar, não queria encará-lo.

Já estava pensando que ia conseguir passar “sem ele me notar”, quando ele segurou meu braço, me fazendo parar antes do primeiro degrau da escada.

— Depois quero falar com você. — ele falou próximo do meu ouvido e soltou meu braço.

Olhei os degraus adiante e subi sem olhar para ele, sentindo meu coração acelerar.

Droga.

Eu sei que é sobre o Gabriel.

 

####

 

Eram quase quatro da manhã quando as pessoas começaram ir embora, e as que insistiam em ficar, o Arthur tentava colocar para fora de um jeito não muito grosso, nem muito educado.

— Julie, obrigado pela festa! Que ideia ótima! — Anthony falou enquanto se direcionava para a porta.

— Eu que devia agradecer, a festa foi pra mim, palhaço. — Gabriel disse dando um soco leve no braço de Anthony.

— Minha ideia foi realmente ótima. — disse sorrindo.

— Se acha essa garota, né?! — Matt disse.

— Vamos embora, Logan! — Anthony gritou em direção ao porão, onde estava Logan e Arthur.

Pouco tempo depois Logan subiu, mas Arthur não veio junto, o que achei estranho.

— Cadê o Arthur? — perguntei.

— Tá lá embaixo ainda com aquela loirinha que ele passou a festa inteira. — Logan revirou os olhos e nós rimos.

— Ela vai dormir aqui? — perguntei curiosa. Eu devia parar.

— Julie, vou falar pra você a mesma coisa que me disse sobre seus pais aquele dia. — Gabriel disse com um sorriso brincalhão no rosto. — Eu não diria bem dormir.

O comentário do Gabriel perturbou minha cabeça e eu tive que forçar um sorriso enquanto todos sorriam também.

— Vamos? — Matt perguntou.

— Podem ir, eu preciso pegar minha jaqueta lá embaixo. — falei.

— Faz um barulho na escada antes de descer, vai que alguém está pelado. — Anthony falou.

— Pode deixar. — dessa vez eu ri mesmo, Anthony é o pior!

Eles saíram e eu relutei um pouco em descer, estava mesmo levando em consideração o que o Anthony me disse. Contei mentalmente até três e fui.

— Arthur? — chamei na ponta da escada, me recusei a descer. — Arthur! — chamei mais alto quando percebi que ele não tinha ouvido da primeira vez.

— Oi! — ele disse apressado. — Oi, oi, oi! — ele apareceu rápido na escada.

— Vim buscar minha jaqueta, estou indo embora. — falei um tanto quanto nervosa batendo impacientemente o pé no chão.

— Ah, sim! Vou buscar, fica aqui. — ele gesticulou com a mão.

Acho que ele não esperava que o Logan falasse que ele estava com alguém. Todo esse esforço para me manter longe do porão era desnecessário.

Fui para a sala e ele voltou com a minha jaqueta na mão.

— Agora que estamos sozinhos, podemos conversar?

— Não.

Estava realmente incomodada com a situação.

Fui dar um beijo no rosto dele para me despedir e ele esquivou com a cabeça para trás.

— Você gosta dele? — ele perguntou me olhando sério.

— Dele quem? — enrolei.

— Gabriel.

— Por que quer saber?

— Responde.

— Não.

— Não que não gosta ou não que não vai responder?

Depois eu que sou a lerda.

— Para de ser babaca! — perdi o controle da paciência. — Tem uma garota te esperando lá embaixo e você tá incomodado se eu beijei ou não o Gabriel?! Faça-me o favor, né. — fiz minha melhor cara de deboche e saí.

 

####

 

Hoje é o meu primeiro dia de aula, meu ânimo é zero! Depois da escola, vamos levar o Gabriel no aeroporto.

É normal estar nervosa no primeiro dia de aula, mas do jeito que eu estou, com certeza, não.

Avistei o gramado da frente do colégio e caminhei nervosa até lá. Assim que coloquei os meus pés lá, pude ver algumas pessoas me olhando estranho, deve ser notável que sou nova aqui.

Peguei os meus horários na secretaria e Adeline me levou até minha sala, eu estava meio perdida, pra variar. Os dois primeiros tempos eram de história.

Me sentei na última carteira e me afundei na mesa, eu não queria mesmo ser notada. Peguei o celular e fiquei vendo minhas fotos antigas com os meus amigos da Califórnia. Se fosse há um ano atrás, eu já estaria fazendo farra na sala de aula com eles e contando as novidades, mas eu estava aqui, completamente fora da minha zona de conforto, com medo do que viria e nervosa pelo primeiro dia.

Vi quando Arthur entrou na sala e passou o olhar pelas pessoas que já estavam sentadas. Ele me viu e caminhou na minha direção, logo jogando sua mochila duas carteiras a frente da minha e se sentando.

O professor tinha acabado de nos mandar formar grupos, faríamos uma competição, segundo ele isso seria bom para que nos conhecêssemos, mas já era claro para todos que aquilo se tornaria uma nova edição dos Jogos Vorazes. Dei uma olhada pela sala e vi alguns grupos já formados de pessoas que já se conheciam, me senti desconfortável de estar tão fora do meu habitat natural.

— Arthur, — escutei uma voz feminina enojada o chamar e automaticamente olhei para ver quem era. Era uma menina dos cabelos castanhos escuros lisos lambidos. — vem fazer com a gente. — ela o chamou para o grupo dela, que só tinha meninas.

Seria algum tipo de preconceito se eu falasse que todas elas tinham cara de oferecidas?

A menina enrolava uma mecha de cabelo no dedo e mascava um chiclete enquanto encarava Arthur. Alguém poderia avisar que ela estava parecendo uma lhama.

— Não, valeu! — Arthur agradeceu fazendo um gesto com a mão.

Ele se levantou da carteira e a arrastou para perto, a colocando de frente para a minha.

Percebi a menina o encarando, inconformada.

— Vamos fazer.

— Não temos um grupo.

— Vamos fazer. — ele repetiu franzindo o cenho, como se fosse óbvio.

— Não sei se você percebeu, mas eu só conheço você aqui.

— Porra, Julie, aprende a se enturmar. — ele disse sério, mas não mostrava estar bravo.

A última vez em que nos falamos eu o chamei de babaca, era estranho ele não estar irritado.

— Ow, garoto! — Arthur chamou um menino que estava sentado na carteira ao lado. — Tá sem grupo? Passa pra cá.

O menino se sentou próximo a nós.

— Fala, aí! — ele cumprimentou o Arthur. — Oi. — e sorriu pra mim. — Sou Joe.

— Julie. — sorri.

— Arthur.

— Grupos formados? — o professor perguntou enquanto escrevia os números de um à oito na lousa, que era a quantidade de grupos

— Tá faltando aqui, professor! — Arthur reclamou.

— Devia ter vindo pra cá, mas preferiu dar assistência para a novata. — a tal menina falou encarando Arthur. Senti meu sangue esquentar.

Arthur me olhou e sussurrou um “Relaxa”.

Vimos a porta se abrir e Matt entrar sorridente. Que ânimo para esse horário da manhã.

— Matthew sempre atrasado. — o professor o olhava com um ar brincalhão.

— Paul! Que saudade que eu estava de você! — Matt deu um sorriso largo e abraçou o professor.

— Senta lá no grupo do Arthur para completar. — ele apontou para nós.

— Julie, sua linda! Não acredito que está aqui! — ele falou enquanto caminhava para o nosso grupo. Senti meu rosto queimar um pouco.

Estávamos um de frente para o outro, eu de frente para o Arthur, e Joe de frente para o Matt. A competição ia começar.

— Então, alunos, vamos lá! — o professor começou falar enquanto andava pela sala distribuindo papeizinhos nas mesas, que tinham o número de cada grupo. — A competição será com perguntas de conhecimentos gerais, não sobre a minha matéria.

Escutei alguns alunos reclamarem. Eu particularmente gostei.

— Eu vou perguntar e vocês só levantem a mão se souberem a resposta. Quem levantar a mão primeiro, responde. Se errar, passo para o segundo. — ele explicou enquanto pegava uma folha em sua pasta. — Todos de acordo?

— Ah, não, eu não gostei. — Matt reclamou brincando.

— Então, vamos lá! — o professor disse. — Primeira pergunta: Quantos litros de sangue um corpo humano costuma possuir em média?

Levantei a mão depressa e o professor apontou para o nosso grupo.

— Espero que você saiba mesmo. — Arthur sussurrou.

— Cinco litros. — respondi e sorri vitoriosa para ele.

— Correto! — o professor marcou um ponto na lousa para o “Grupo 5”.

— Qual o elemento mais leve da natureza?

Matt levantou a mão, mas alguém de outro grupo foi mais rápido.

— Hidrogênio. — o menino respondeu.

— Correto! — o professor marcou o ponto.

— Droga, queria ter respondido. — Matt resmungou.

— Em quais cidades japonesas foram jogadas em 1945 duas bombas atômicas?

Quase todos os grupos levantaram a mão.

— Mary. — o professor apontou para a menina do cabelo lambido.

— Hiroshima e… — ela parou para pensar. — Qual o nome da outra cidade mesmo? — ela olhou para a amiga que fez uma cara de desentendida. — Tóquio. — a resposta soou mais como pergunta.

— Errado. — o professor falou e apontou para o nosso grupo, que era o segundo. — Seu grupo, Arthur.

— Responde, Julie. — Arthur falou para mim que tinha levantado a mão, mas eu sabia que aquele sorriso de canto significava um “mostra pra ela”.

— Hiroshima e Nagasaki. — falei alto sem tirar os olhos de Arthur.

— Correto!

Sorri para Mary, que me fuzilava.

Já tinha passado umas sete perguntas e estávamos em segundo lugar por dois pontos.

— Qual filósofo foi professor de Alexandre, o Grande?

Arthur levantou a mão rápido.

— Aristóteles.

— Certo!

— Arthur é muito esperto mesmo. — Mary falou num tom amigável.

— Qual animal é considerado mudo? — o professor perguntou.

— Com certeza não é a Mary. — sussurrei e Arthur riu.

— Girafa. — algum grupo respondeu, agora empatando com o nosso.

— Qual é a função da meiose?

Joe levantou a mão e eu esperava mesmo que ele soubesse. Eu sou péssima em biologia.

O professor apontou para nós.

— Formação de gametas.

— Correto!

Joe comemorou e Arthur fez um toque de mão com ele.

— Aproveitando que temos dois grupos empatados, vamos para a última pergunta. — o professor falou. — Quem criou o modelo atômico que ficou conhecido como “pudim de passas”?

Matt e um menino levantaram a mão.

— Matthew.

— Ah, professor. — Matt sorriu abrindo os braços. Droga, ele não sabe a resposta. — O excelentíssimo J. J. Thomson.

O professor riu fraco balançando negativamente a cabeça.

— Está certo, Matthew. Vocês ganharam.

O pessoal do outro grupo fez cara feia e Mary revirou os olhos quando Arthur bagunçou meu cabelo, numa forma de comemorar e me irritar ao mesmo tempo.

— Tenho uma boa notícia para o grupo vencedor. — o professor falou. — Vocês ganharam 2 pontos extras.

A turma então começou reclamar dizendo que isso era injusto, o professor não deu bola. Nós sorríamos vitoriosos enquanto todos se irritavam.

 

####

 

Depois de um primeiro dia de aula cheio, cheguei em casa morrendo de fome.

Estava almoçando e escutei meu celular tocar. Era uma mensagem do Arthur.

Arthur: Vamos levar o Biel no aeroporto. Você vai no meu carro.

Julie: Por que no seu carro?

Arthur: Coincidência da vida.

Não respondi e ele mandou outra.

Arthur: Esteja na rua daqui 10 minutos.

Ia xingar ele por me apressar desse jeito, mas usei o tempo que eu tinha para engolir minha comida e escovar os dentes.

Saí apressada de casa e olhei para a casa do lado, Arthur já estava no carro com o som alto tocando Animals do Martin Garrix, que de longe eu escutava. Andei até lá e o olhei pela janela, ele batucava o volante de olhos fechados e mexia a cabeça freneticamente. Abri a porta e entrei já abaixando o volume, ele me olhou feio.

— Sabe, eu estou olhando aqui, — ele disse ligando o visor do celular. — e você está dois minutos atrasada.

Peguei meu celular e também liguei o visor.

— E eu estou olhando aqui, e vi que ninguém pediu sua opinião.

Ele riu fraco e acelerou o carro.

Paramos na casa de Gabriel para buscar ele, Anne e Logan. Eles colocaram algumas malas no porta-mala e eu brincava com Anne no banco de trás do carro.

Gabriel entrou atrás e Logan foi na frente com Arthur.

— Quantos anos você tem? — Anne me perguntou.

— Eu tenho 17, e você?

Gabriel nos olhava sorrindo.

— Tenho 5. — ela fez cinco com a mãozinha.

— Que linda! — eu sorri admirando a beleza e carisma de Anne.

Eu passava a mão nos cabelos dela e ela segurava um ursinho.

— Tia?

— Oi, meu amor.

— Você namora? — Anne perguntou me olhando com aqueles olhos azuis penetrantes.

Sem pensar olhei para o retrovisor do carro e Arthur me olhava, esperando a resposta. Gabriel só sorria e Anne continuava me encarando.

— Eu disse que ela é esperta. — falou Gabriel.

— Não namoro, Anne.

— Eu queria que você namorasse o Biel. — ela disse manhosa.

Anne, por favor, não me complica.

Arthur olhou mais uma vez pelo retrovisor.

Lembrei do momento em que Gabriel e eu nos beijamos.

— O Biel é incrível, Anne, mas nós somos só amigos. — respondi, e parecia ser mais para o Arthur do que para Anne.

— Eu sei quem quer namorar você. — ela deu uma gargalhada. — É isso que acontece quando uma pessoa é apaixonata? — ela perguntou para Gabriel.

— Apaixonada. — ele corrigiu.

— Quem, Anne? — perguntei.

Anne abriu a boca para me responder mas Gabriel a interrompeu.

— Anne, vamos brincar de vaca amarela? — ele perguntou empolgado. — Valendo!

— Quem, Anne? — insisti.

Ela tampou a boca com as duas mãozinhas. Olhei furiosa para Gabriel e ele colocou o dedo na boca, como quem dizia “Xiu”.

Todo mundo ficou em completo silêncio durante o caminho todo.

Eu olhava ansiosa para todos os lados, para Anne e Gabriel, para Arthur pelo retrovisor e até para Logan, que estava tão perdido quanto eu.

A frase de Anne repetia na minha cabeça, e eu sentia medo por pensar que o Gabriel podia gostar de mim, como ela mesmo disse, estar apaixonato por mim.

Chegamos no aeroporto e encontramos os pais de Gabriel com os outros meninos.

Ficamos um tempo esperando por eles, até que chegou a hora da ida. Senti todo o meu corpo estremecer quando lembrei do dia da minha viagem. Gabriel me abraçou e então eu não aguentei, chorei feito criança.

— Molhei sua camiseta, desculpa. — eu ri fraco.

— Eu nem percebi! — ele brincou com ironia. — Se cuida, hein?! Eu não quero receber notícias de que você está aprontando.

— Tem certeza que quem apronta sou eu? — perguntei e ele riu, mas seus olhos entregavam a tristeza.

Ele me abraçou forte mais uma vez.

— Obrigada por tudo, você foi a porta de entrada para eu ter me enturmado aqui. — disse lembrando do dia em que fomos na sorveteria. — Se não fosse você, agora eu estaria assistindo Gossip Girl e desejando a vida e o closet da Blair Waldorf.

Quando ele me soltou e me olhou, eu vi seus olhos vermelhos.

— Você me fez chorar! — ele disse rindo. — Tchau, Julie! — e fingiu irritação.

— Tchau, Gabriel! — falei no mesmo tom.

Gabriel me beijou no canto da boca e me encarou, balancei a cabeça negativamente e ele saiu.

Me despedi dos pais dele e dei um abraço bem apertado em Anne, enquanto ela falava que ia conhecer seu príncipe na Alemanha. Ela beijou minha bochecha e se juntou com os pais. Gabriel terminou de conversar com os meninos, que claramente faziam um esforço para não chorar.

Voltamos para o carro. Logan foi com Anthony, eu fui no carro com Arthur.

— Finalmente sozinhos. — Arthur disse.

— E sem loira te esperando?

— Sem loira me esperando. — ele confirmou. — Agora vai responder minha pergunta?

— Sobre o beijo? — perguntei calma, não queria acabar a conversa do mesmo jeito que acabamos no dia da festa.

Ele afirmou com a cabeça.

— Sim.

— “Sim” o quê? — ele perguntou confuso.

— Sim, a gente se beijou.

Ele apertou o volante.

— Por que?

— Por que a gente se beijou? — perguntei inconformada com a pergunta. — Ué, Arthur, por que duas pessoas se beijam?

— Porque se gostam.

— Ah, então você gosta da loira de sexta-feira?

— Não.

— Então.

— Você sabe que a Anne estava falando dele, né?

— Ela não citou nomes.

— E precisa? — ele riu fraco.

— A gente não se gosta! — afirmei.

— E por que se beijaram? — ele insistiu, irritado.

— Foi de momento, sei lá, aconteceu. — respondi confusa e apressada. — Por que quer tanto saber?

— Só curiosidade.

Eu não sabia o que falar, então preferi ficar em silêncio. Era estranho o fato de ele se incomodar tanto com o que eu fazia.


Notas Finais


GENTE! Eu amei escrever aquele POV do Arthur, achei fofo, apesar de ele confessar não sentir nada pela Julie, além de uma atração física. Vamos ver quando ele vai confessar que gosta né hahahaha.
Me digam o que acharam!

Beijooosxsxxs, até o próximo! ♥


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