História One more time, one more chance; - Just one more;

"chanyeol

me encontra no parque em 5 minutos

por favor"

Os apitos do meu celular me despertaram do ócio. Assim que li aquelas mensagens, me levantei da cama em um pulo e fui correndo para o nosso ponto de encontro. 

O vento frio, o tempo nublado, até umas gotinhas que, vez ou outra, caíam sobre o meu ombro. E nunca que eu havia corrido tão rápido daquela forma. Queria abraçá-lo, sentir o cheiro de seus cabelos, até ouvir o som de sua voz. Eu queria vê-lo, saber de suas histórias novas ou somente ter aquelas conversas sobre a vida em geral. 

A primeira visão daquela noite foi dos seus pézinhos chutando uma pedra qualquer, a cabeça baixa, suspiros fundos. Era tão fofo, tão pequeno. Sorri e diminui meus passos em direção a ele, que levantou seu olhar assim que viu minha aproximação. Capturei sua mão e entrelacei à minha, tentando esquentá-lo e mostrando que eu estava ao seu lado. 

Lembro que Baekhyun não havia olhado diretamente em meus olhos; ele apenas contemplava o barulho do vento batendo nas folhas da árvores, do nosso silêncio. E eu também não tive coragem de falar nada. Na verdade, acho que vivíamos bem em silêncio, não era como se precisássemos das palavras. O que era um completo engano. De qualquer forma, eu só pude ouvir sua voz quando passei a brincar com seus dedos. 

— Chanyeol, eu sou alguém importante? 

— O quê? — Eu sou um completo babaca. — Sim, claro que você é, Baek.

Ele soltou uma risada baixinha, um tanto fraco, mantinha um sorrisinho no rosto, mas seus olhos percorriam as folhas mortas no solo. Ficamos mais um tanto em silêncio.

— Eu não sou importante. 

— Pare de dizer isso. 

— Mas é verdade, você sabe que é. — Mais uma vez, aquele risinho. 

Puxei seus ombros para que ficasse de frente a mim, de modo que eu pudesse ver suas expressões. Deixei também que minhas mãos largassem as dele para erguer seu rosto. 

— Baekhyun, para. Você é muito importante pra mim e, com certeza, deve ser para outras pessoas também. — Seus olhos me encaravam com pressa, levemente angustiados. — Eu te amo. Te amo tanto que às vezes não consigo suportar

Ele me puxou para um abraço, escondendo o rosto no meu peito, e eu só consegui acariciar seus cabelos, sentindo aquele cheirinho bom que corria com o vento. Afastei-o para então depositar beijos ternos por todo o seu rosto, vendo-o se encolher assim que apertei suas bochechas e pressionei meus lábios contra os dele. 

Lembro também da boca de Baekhyun ter gosto de saudade, seus beijos faziam falta no minuto seguinte de acontecerem; lembro de noites mal dormidas toda vez que seus lábios apareciam como carinhos em minha memória. Ah, aquela saudade...

Nem percebemos quando aquelas gotículas tornaram-se grossas ao ponto de ficarmos ensopados. Eu o perguntei se estava tudo bem, ele apenas assentiu com a cabeça e me mostrou um sorriso sem dentes, um daqueles adoráveis. Agarrei mais uma vez sua mão e saímos debaixo daquela árvore já que não queríamos ser mortos eletrocutados por um raio. 

Rimos da possibilidade, mas seu sorriso se tornou ainda mais presente quando eu pisei numa poça d'água e só faltei xingar o mundo inteiro. Mas aí ele o fez também e começamos a nos divertir daquela maneira tão ridícula. Como crianças. E eu nunca quis largar sua mão. 

Ele deu uma olhada em seu relógio e eu sabia que teria que dizer tchau. E eu disse. E ele me respondeu com um "até amanhã". E eu esperei por aquele amanhã. Mas foi então que eu percebi que o dia seguinte não era o amanhã. 

O dia seguinte foi um inferno. 

Foi acordar e ter a pior notícia do mundo. 

De primeira, a ficha não tinha caído. Seu número ainda era o primeiro da lista de ligações, suas mensagens continuavam sendo as minhas favoritas, sua foto permanecia em cima do criado-mudo, o seu cheiro impregnado na minha camiseta continuavam lá. 

Queria que fosse mais uma brincadeirinha sem graça. Tipo aquelas frases que você desejava morte. Eram brincadeira, não é? Eu sempre achei que fosse...

Minha mãe tinha seus olhos inchados, mas eu não conseguia soltar uma lágrima sequer. Eu olhei pro relógio e chequei o celular mais uma vez, vendo o seu último horário online. 

"Ontem às 17 horas"

Suspirei fundo e torci os dedos, esperando por uma mensagem sua. Aquelas que marcavam nossos encontros. Aquelas engraçadas. Aquelas que vinham com fotos suas. Qualquer uma. Eu esperei. E esperei mesmo sabendo que nunca viria. 

Me tranquei no quarto e me joguei na cama. Meus olhos focavam o teto branco, vazio, monótono, triste. E eu me senti como aquele teto. Eu não conseguia nem derramar algumas lágrimas. Porém eu sabia que, uma hora, elas viriam. E eu sabia que não conseguiria parar. 

O seu velório foi algo inexplicável. Me mantive calado o tempo todo. Não tive coragem nem de chegar perto do caixão. Na verdade, eu não queria vê-lo daquele jeito, Baek. Porque, pra mim, você ainda tinha cor. E eu não queria que você virasse mais uma parte de uma escala de cinzas. 

Esperei que todos depositassem todas suas flores antes de me aproximar da sua lápide. Suas flores eram brancas, Baek, mas eu queria que tivessem milhares de cores. Porque branco não era você. Você era o arco-íris. 

Desabei sobre o monte de terra que o cobria. Foi a primeira vez que eu consegui chorar depois daquilo. E eu não consegui me sentir melhor. Queria abraçá-lo novamente, sentir o cheiro de seus cabelos novamente, até ouvir o som de sua voz. Eu queria vê-lo de novo, saber de suas histórias novas mais uma vez ou somente ter aquelas conversas sobre a vida em geral. 

Só mais uma vez. Só mais uma chance. Só mais uma.