História One Night - Dúvidas & Despedidas

Bem não sei quanto tempo se passou, estava em um quarto com uma luz bem forte, passei a mão no rosto e senti um fio passar pelos meus braços. Me levantando um pouco pude ver Helena se aproximando.
Helena: Finalmente!
Kate: O que aconteceu?
Helena: Os médicos disseram que você apareceu com Ross aí na porta e desmaiou logo em seguida. Sua pressão tinha aumentando e seu nível de estresse estava alto. Bem, está internada.
Kate: E Ross?
Helena: Bem... Ele não está nada bem e está precisando de sangue e a maioria dos Lynch tem tatuagens e já tiveram alguma doença que impede e o jeito está sendo ligar para alguns parentes.
Kate: Eu posso doar, não posso?
Helena: Os Lynch, não querem nos ver nem pintadas de ouro. À não ser Rocky que aparece aqui de vez enquando.
Kate: Porque?
Helena: Pensam que você que machucou Ross de algum jeito, por causa da confusão com Courtney
Kate: E nem desconfio de quem tenha inventado isso.
Helena: Pois é, a própria. Kate, Ross não tem muito tempo, ele perdeu uma boa quantidade de sangue, eles vão arranjar um jeito.
Kate: Tente falar com Rocky que eu posso doar, meu sangue é O positivo, doador universal.
Helena: Vou chama-lo
Kate: Onde ele está?
Helena: No quarto ao lado.
Assenti.
Fiquei parada um pouco para pensar e quando Helena fechou a porta pelo reflexo do vidro pude ler, unidade para pacientes em coma induzido. Ross não podia ficar assim, por uma besteira.
Rocky e Helena entram pela porta. Rocky beija o topo da minha cabeça.
Rocky: Como está?
Kate: Bem, como ele está?
Rocky: Piorando - sua expressão triste tomou conta e ele olhou para Helena.
Kate: Eu posso doar sangue para ele Rocky.
Rocky: Você tem tatuagens? Teve alguma doença transmissível pelo sangue?
Kate: Não
Ele saiu do quarto como um raio.
Eu respirei fundo. Não acreditava que estava sendo acusada de fazer algo contra ele.
Rocky voltou com os pais.
Stormie: É verdade o que Rocky me disse?
Assenti
Kate: Senhora Lynch, eu não fiz nada para Ross, apenas o trouxe para o hospital, eu estava apavorada, a senhora sabe como eu gosto dele, nunca faria nada para machuca-lo.
Stormie: Sua doação já é o bastante para mim.
Helena: O médico precisa aprovar tudo isso primeiro.
Rocky: Vou chama-lo
Ele saiu pela porta. A expressão se Stormie e Mark era dura em relação a mim, bem diferente de alguns dias atrás em que jogávamos baralho, eles todos me odeiam, pra sempre. E o que mais importa não esta acordado nem pra  não acreditar em mim.
Bem, logo o médico veio para saber se estou adequada para doar.
Depois de uma bateria de exames, foi tudo aprovado. Quando a agulha foi injetada, não rejeitei a lágrima que queria cair. Isso desencadeou outras.
Médico: Tudo bem?
Assenti, enxugando as lágrimas.
Depois do sangue retirado, tiver de ir comer algo e voltar para o meu quarto. Antes dei uma passada no vidro que podia ver Ross recebendo meu sangue. Pelo menos agora ele poderia ficar bem. Eu espero... Será que os Lynch deixarão que eu o veja.
Sobre meu vôo que deveria ter sido hoje pela manhã, Helena remarcou para amanhã às 10, vou tomar alta daqui a pouco, e vou deixar uma coisa com ele que ele nunca vai poder se desfazer.
Bem, Rocky e Helena vieram me buscar aqui no hospital, depois que me deixaram em casa com mil prescrições, eu burlei todas precisava sair, fui a pé mesmo, andei muito até Santa Mônica, no parque onde Ross me levou aquele dia. Na entrada muitas pessoas felizes, muito barulho e tudo da mesma forma que naquela noite, fui até o tiro ao alvo, demorando um pouco para acertar.
Moço: Qual vai querer senhorita?
Kate: Ah, o leão por favor!
Moço: Aqui está.
Kate: Obrigada.
Andei mais um pouco, pegando um táxi para ir até o hospital, seria minha despedida. O táxi não demorou muito e nem muito caro. Na entrada não havia ninguém familiar e nem na sala de visitas, ou seja, eu tinha tempo. Aquele vidro refletia ao mesmo tempo minhas olheiras e expressões cansadas e aquele rosto sem expressão alguma, branco como os lençóis na maca, esse era Ross naquele momento.
Entrei no quarto, seu quadro parecia estar igual, sua mão gelada e sem vida fez meus olhos encherem de lágrimas quentes, os bips e seu pulso eram tão fracos quanto eu naquele momento. Sua cabeça enfaixada me trazia reflexos da noite anterior, apenas peguei o leão coloquei a seu lado e beijei sua bochecha novamente, saí correndo tentando fugir de todo aquele drama. Voltei para casa, com olhares repreensivos de Rocky e Helena. Pedi desculpas aos dois, realmente estavam preocupados, sabe aquela típica cena de drama de se encostar na parede e descer vagarosamente reproduzi com perfeição, já não chorava, só um olhar vazio e perdido... Eu estava apaixonada. Sem saber muito o que fazer, sendo que em menos de 12 horas voltaria para o Brasil. Drama... Drama... Drama, era o quanto vinha na minha cabeça, o que fazia tudo ser pior ainda.
Logo amanheceu, se dormir muito foram alguns minutos, se é que eu pude ter noção do tempo que havia passado. Simplificando, estava no aeroporto, aquele clima pesado pairava, Rocky não queria se separar de Helena, eu via, muito menos ela. Eu esperava no ponto de embarque enquanto Rocky travava uma batalha consigo mesmo e a mão que segurava a de Helena.
Rocky: Não acho que deveria ir.
Helena: Rocky, já remarquei isso muitas vezes.
Rocky: Então é porque não quer ir, sabe, a gente pode tentar algo aqui se você quiser, não precisa ir, eu não quero que vá - ele dizia fazendo cara de criança abandonada.
Helena olhou para mim no ponto de embarque.
Helena: Se você vai pode ir, eu vou ficar.
Kate: Tu acha que eu vou te deixar sozinha com esse menino? - olhei para Rocky com desprezo.
Rocky: Sou melhor que você viu fofa! - ele dizia superior.
Voltamos para casa.
Se passaram dois meses... Rocky se alojou aqui em casa, dizendo não suportar o clima familiar em sua própria casa, Ross não acordou, eu não tenho ido visitar ele com frequência, pois das últimas vezes que eu tentei Courtney estava lá e eu preferia não encontra - lá. Bem, eu e Helena conseguimos montar um negócio com o apoio de Rocky de comida brasileira. Os pais de Ross e Ryland, uma vez ou outra aparece por lá, Rocky e Helena estão namorando firmemente. Mas eu e Rocky discutimos quase o tempo todo mas não dura muito tempo.
Kate: Você vai CONTINUAR aí?
Rocky: Enquanto você não sair da frente, eu vou CONTINUAR sim.
Kate: Rocky, o sofá não é só seu. Eu estava aí primeiro, Helena!
Helena: Rocky deixa ela sentar aí também.
Rocky: Helena! Ela pode muito bem sentar no chão também é deixar eu assistir.
Helena! - falamos ao mesmo tempo.
Helena: Eu não to nem ouvindo vocês.
Brigas bobas, mas eu não deixava passar nada.
Hoje eu vou tentar ver Ross, Rocky disse que o quarto vem melhorando e que ele está " até pegando uma cor".
Rocky e Helena inventaram um jantar para eles dois, então me deram uma carona até o hospital. A entrada foi um pouco pesada, Rocky me afirmou que ninguém estaria aqui. Fiz todo o trajeto com cautela. Ao encarar o vidro novamente pude ver a cor que ele havia pegado era real. Ross estava mais... Vivo realmente.
Abrir a porta, peguei logo em sua mão, pulsação forte e mãos quase que na temperatura normal. Ele estava "bem".
Tomara que acorde logo. O leão continuava lá mas quase que escondido por alguém. Ajeitei um pouco seu travesseiro e os bips aumentaram um pouco, não acreditava que ele sentisse a minha presença não, mas é um bom sinal as "bipadas".
Conversei um pouco com ele, num monólogo bem extensivo e o admirei um pouco depois indo para casa.Mais uma das minhas noites, comendo pipoca, assistindo séries e tendo que ignorar barulhos estranhos vindo do quarto de Helena. Eu não me sentia à vontade de ir atrás de outros garotos, era como se eu congelasse no tempo tanto quanto Ross estava, por mais que Rocky e Helena pudessem me divertir, tinha uma parte minha naquele hospital que sempre me faz pensar.