História One-shot - Lovely Dream - Oneshot - E se...

Acordo, sonolenta, numa bela manhã de sábado, um dia ensolarado, com pássaros cantando e flores desabrochando. Só que não.

Lá fora tava um breu, cara. Mas...

Eu adoro dias chuvosos.

Eles...

...me inspiram.

Começo a sorrir, tristemente.

Mas...

...me lembram daquele dia.

Flashback ON

Era uma tarde chuvosa, onde minha família e eu, fazíamos um piquenique improvisado numa casa de campo em São Paulo.
Era a primeira vez que eu visitava o Brasil, e vim direto pra cá.

Ouvi falar que alguns youtubers que eu gosto são daqui.

Tive uma pequena dificuldade em me comunicar com esses paulistas, pois, apesar de saber português, era muito difícil entender essas gírias deles.

Apesar disso, acabei me apegando a esse lugar.
Diferente da minha cidade natal, consegui muitos amigos aqui. Inclusive, alguns "amigos" estranhos, assim como eu era taxada na escola.

Sorrio, observando meu irmão comer desengonçadamente o pedaço de carne no prato dele.
Olho à minha direita, e vejo minha mãe mastigando cuidadosamente uma coxa de galinha frita.

Depois, lá está ela, dizendo que não quer engordar.

Suspiro, olhando para o lugar vazio à minha esquerda. Ele não estava lá.

Novamente, atrasado, não?

Claro, atrasado.

Rio fracamente, recebendo apenas um olhar repreensivo da minha mãe.

Ouço um barulho de motor. Dou um pulo, olhando para a estrada que vinha até nossa casa, com um largo sorriso animado.

Finalmente, hein.

Ouço um suspiro cansado e uma porta sendo aberta.
Saio correndo, e num pulo, abraço meu pai.

-Konnichiwa, daddy!~

-Yo, pequena. Como foi esse tempo todo sem mim?
Encaro o mesmo, que continha um sorriso gentil.

-Uma merda!

-Rafaela! Vai lavar essa boca, menina!
Berrou minha mãe, enquanto os outros dois apenas riam.

Nós duas acabamos por rir também.

À noite, acabei  ficando com insônia, mas não lembro o que aconteceu.
Apenas sei, que no dia seguinte, acordei com barulhos de sirenes tanto da polícia quanto das ambulâncias.
Acabei por descobrir, que pela primeira vez...
...testemunhei uma morte de alguém muito querido.

Flashback OFF

Após esse dia, eu virei esse monstro depressivo que sou hoje em dia.
Ele era alguém muuitooo, mas muito mesmo, especial para mim.
Após esse dia, eu me revirei diversas vezes na minha cama sem conseguir dormir.

Após esse dia... Acabei por começar a ter esses tipos de alucinações...

Mas a partir de quando ele chegou, meu mundo se coloriu novamente, mesmo sem eu nem perceber. Eu me sentia feliz com ele ao meu lado, mesmo que suas atitudes me machucassem toda vez que ele dirigia uma palavra a mim.

Dou um pulo ao ouvir a minha porta ser aberta, vendo um rosado entrando sem nem me cumprimentar.

-Seu... Não sabe bater não, Todo-chan??
Uma gota surgiu na minha cabeça, vendo o mesmo se jogar em cima de mim ignorante completamente minha pergunta.

-Ohayoo, Hik-nee-chaaan~
Ele me abraçou com a maior força que já senti, até me sufoquei, socorr'.

-O-Ohayo...
Sussurrei, com dificuldade, me sentando ao lado do de moletom rosa.

-Preparei um café da manhã pra você, porque Choro-nii e Kara-nii não estão em casa!
Exclamou, ignorando completamente a existência dos outros três.

-A-Ah, valeu, Todo-chan, mas...
Murmurei, lembrando da última vez que o rosado me alimentou.

-Eu vou para a sala, Ichi-nii e Jyushi-nii estão lá. Não se preocupe com Oso-nii, ele está dormindo~
Eu acho que tô alucinando, porque vi coraçõezinhos saindo de seus olhos.

-Eu já vou pra lá...
Sussurrei, observando cada passo do Todo-chan, que andava em pulinhos até a porta do meu quarto.

Credo...

Levanto, com calma, me arrastando com meus olhos semi-abertos até o banheiro.
Tomo um banho rápido, trocando de roupa logo em seguida. Escovo meus dentes e me dirijo à sala.

-Ohayo...
Sussurrei, coçando meus olhos sonolentos com minha manga, já que ela era comprida demais para o meu braço.

-Ohayo, nee-san!
Jyushi berrou, enquanto Ichimatsu acenava, em silêncio, com uma expressão desinteressada.

Sorrio cinicamente para Ichimatsu, me que lançava um olhar frio.

Sinto pena desse rostinho bonito, fazer parte dessa personalidade fria~

Apesar de que, é melhor assim.

Sorrio fracamente, abaixando minha cabeça enquanto me sentava ao lado do moreno, sentindo o olhar do de rosa sobre mim.

Permanecemos todos em silêncio por alguns minuto. Até estranhei Jyushi estar calado, mas ele estava sorrindo, então né?

Ele tá sempre sorrindo, isso não conta...

...eu acho.

Bom, não importa.

-Ichi, quer ir beber um pouco comigo?
Perguntei, vendo a expressão perplexa do emo. Tinha que ser, né?

-Ahn... Tudo bem.
Ele sussurrou, levantando e andando em silêncio até a porta, enquanto vestia seu gorro e cachecol pretos.

Pego meu gorro, colocando-o rapidamente e andando até a porta.

Assim que saímos, demos de cara com uma nuvem bem grande de chuva, mas Ichimatsu ignorou, seguindo em frente.
Poucas gotas caiam em nós, mas, era chuva, porra.

-Ahn... Não tem problema em nos molharmos?
Sussurrei, meio confusa.

-Não.

Que seco...

-Ah... Tudo bem.
Coloquei minhas mãos nos bolsos do meu moletom, sentindo uma onda de frio passar por nós. Meus dentes começam a bater uns nos outros.

-Você... Tá com frio?
Ouvi sua voz rouca, mas ao mesmo tempo preocupada, mas disfarçada.

-N-Não, idiota...
Sussurrei, me afastando, corada, do moreno.

-Tch.
Ele me puxou pela cintura, me abraçando de lado e dividindo o cachecol comigo. Dei um gritinho fino de susto.

-B-Baka!
Ouvi ele rir sadicamente, me abraçando mais forte ainda.

Acabo ficando em silêncio, mas depois de alguns minutos, percebo que nós não estávamos indo até o bar.

-Onde a gente tá?
Sussurrei, apenas vendo ele sorrir levemente.

De repente, flashbacks do meu pai morto surgem na minha cabeça, e eu começo a chorar instantaneamente.

-Que foi, loira?
Ele perguntou, se fingindo de desinteressado.

-Nada, apenas flashbacks clichês do passado.
Murmurei, encarando o idiota que me olhava preocupado.

-Tch, para disso, é perda de tempo.
Ele sussurrou, mudando sua feição rapidamente pra uma carranca fria, enquanto secava as minhas lágrimas.

-Ok...

Voltamos a andar e, após alguns minutos, chegamos num caminho no meio de árvores, que entrava na floresta.

Será que ele...?

Pensei, lembrando dos serial killers estupradores que pegavam colegiais e levavam pra florestas.
Suspiro fortemente, contando até dez.

Um...

Andamos até um canto escuro pelo meio do mato.

Dois...

Ouvimos um barulho no meio do mato.

Três...

O moreno continuou me guiando pela escuridão.

Quatro...

Permanecemos em silêncio, andando lentamente por um caminho escuro cobertor por árvores cheias de folhas.

Cinco...

Arregalei os olhos no momento que passamos por um caminho cheio de flores de cerejeira caindo lentamente.

Seis...

Comecei a ficar ofegante, ele quer mesmo me estuprar num cenário foda desses?

Sete...

Ele ria fracamente, enquanto eu ficava mais frenética ainda.

Oito...

Acabamos parando num lugar que era cheio de flores de cerejeira em volta de um lago cristalino com suas águas calmas.

Nove...

Ele senta, me puxando para seu colo, na beira do lago, dando um sorriso gentil.

Dez.

Começo a vomitar arco-íris com essa paisagem.

QUE HOMEM!!!!

-Eu encontrei esse lugar ontem à noite, achei que você fosse gostar.
Senti ele sorrir, me abraçado com força.

Cara, que sonho é esse?

-Ahn... Obrigado, eu realmente gostei...
Sorri, nervosa, sentindo meu rosto esquentar.

-Tem mais uma coisa... Mas... Vamos ficar um pouco aqui.
Assenti, confusa.

Começamos a conversar sobre bobagens aleatórias, e essa foi a primeira vez que vi um  sorriso sincero vindo dele... Do Ichimatsu.

Após alguns minutos... Ou horas, ele se calou e começou a olhar pro céu, fiz o mesmo.
De repente, várias luzes rosas e verdes surgiram, iluminando o céu que antes estava nublado e chuvoso.

Vaga...lumes?

Eu nunca vi um ao vivo antes...

É muito lindo...

Comecei a sorrir boba, com o moreno me abraçando em silêncio.
Viro para ele, o abraçando com minhas pernas e encarando aquele rosto sério, mas ruborizado.
Dei um sorriso, dando um selinho na boca do mesmo, que deu um pulo, surpreso, mas logo sorriu.
Ele me derrubou no chão, ficando por cima de mim com um sorriso malicioso.

Dou um outro selinho dele, fazendo ele perceber que eu não tava tão pronta assim, pra algo tão sério. Cara, nós nem estamos namorando!

Ele dá um sorriso desanimado, mas logo toca seus lábios nos meus, de um jeito carinhoso.

Nunca pensei que você tivesse esse lado fofo...

Sorri, entre o beijo, fechando meus olhos e retribuindo o mesmo.
Após alguns minutos, separamos o beijo com apenas um filete de saliva conectando nossos lábios.
Solto um risinho, percebendo que o moreno desviou seu olhar envergonhado.

-V... Você...

-Hm...?
Murmurei, curiosa.

-Quer... Namorar comigo?
Observei em silêncio, o mesmo fechar seus olhos com força.

-Claro!
Abracei o pescoço do moreno com muito carinho.

É assim que tudo deve terminar.

O casal feliz, juntinho...

Seria uma pena se tudo fosse apenas um sonho.

Sonho OFF.