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História One Shot - Quarenta Dias with Wonwoo. - Capítulo Único.


Escrita por: Catherinn

Notas do Autor


Eu já disse na ultima história, porém irei dizer agora para que vocês realmente saibam.
Alguns devem conhecer essa história. Eu a postei há um mês, porém,por um deslize meu, perdi a história, pois não seguia uma das regras.
Espero que vocês gostem.
Beijons!

Capítulo 1 - Capítulo Único.


Fanfic / Fanfiction One Shot - Quarenta Dias with Wonwoo. - Capítulo Único.

A sala de aula está muito cheia hoje, duas turmas haviam sido migradas para a minha por causa da falta de alguns professores, pense comigo, como é ter cerca de noventa alunos em um ambiente próprio para trinta? Estou me sentindo em um elevador que aguenta apenas nove pessoas mas que esta levando quarenta, é horrível.

Olho para o lado e vejo Tao, meu querido melhor amigo olhando de um lado para o outro como se estivesse perto de dar um ataque e explodir ali mesmo.

— Oppa? — Pergunto levando minha cadeira até perto dele, com um pouco de dificuldade pelo tanto de gente por metro quadrado, mas consegui. – Está tudo bem?

— Sim S/N — Ele respira e pega a minha mão, começando a desenhar as veias do meu pulso e relaxando um pouco. — É só um pouco da minha claustrofobia atacando, vamos beber água? — Ele diz voltando a olhar para mim e dando um pequeno sorriso que me fez suspirar.

Em meus poucos anos, dezessete para ser mais exata, nunca conheci alguém que me fizesse tão bem quanto ele. Seus pais são grandes pessoas, minha mãe é amiga da mãe dele e meu irmão namora a sua irmã. Somos uma família prontinha.

— Vamos, faz uma cara de dor que falarei para o professor que você está passando mal, tudo bem? — Pergunto me desvencilhando de suas mãos e vejo ele confirmar, fazendo uma cara de cão doente que caiu da mudança.

Me levanto e passo por um interminável labirinto de pessoas que conversavam até finalmente conseguir chegar na mesa do professor.

— Sr. Kim, posso levar o Tao para beber um pouco de água? Ele está tendo um ataque de claustrofobia, e pode piorar... — Pergunto ao homem loiro a minha frente, ele não era muito velho, na verdade, acho que não passava dos seus trinta e cinco anos.  Kim Seokjin era um homem bonito, e muito educado. Seu marido que o diga...

— É claro, se ele ainda estiver passando mal, diga ao Nams... quer dizer, ao senhor Kim lá na enfermaria, ele sabe o que fazer. — Ele sorri, e fica envergonhando ao dizer o apelido do marido, me fazendo soltar um riso abafado, normalmente, sem as turmas extras na sala, eu chamava o professor de Jin e o Namjoon, seu marido, vinha até aqui e alegrava a aula.

Confirmo com a cabeça e olho para a turma, tentando achar Tao no meio de toda aquela gente.

Alguns minutos se passaram quando finalmente senti alguém passar os braços em meu ombro, com a respiração fanha e com o corpo pesado em cima de mim.

—Graças a Deus eu consegui sair dali, achei que nunca conseguiria! — Tao diz respirando fundo, sua pele estava pálida e seus dedos tremiam perto do meu pescoço. Ele deitou o queixo em meu ombro e começamos a andar.

—O professor Jin disse que se você não estiver muito bem, podemos ir na enfermaria que o Namjoon sabe o que fazer. — Digo passando as mãos pelas mãos de Tao e começando a sair da sala.

— O professor Jin é um homem tão honesto, o Namjoon também... — Ele diz com o queixo apoiado no topo da minha cabeça.–Quero ser igual à eles quando crescer.

Solto um riso baixo com a aspiração de Tao, ele já era uma pessoa muito boa, se virasse algo melhor, viraria algo inexplicável.

— Você já é um homem bom oppa. – Digo e ouço-o rir baixinho, perdendo o fôlego rapidamente. — Mesmo você ainda não tendo a idade de um homem completo. Continua um homem muito bom.

Tao se tornaria um homem completo aos vinte e um anos, pelo que todos dizem. Já a mulher é mulher aos dezesseis... eu juro que tento entender essas coisas mas não consigo.

— Você é uma mulher muito boa S/N. — Ele diz e sinto ele me dar um beijo no topo da cabeça e bagunçar meus longos cabelos que agora estavam soltos.

— Obrigada oppa. — Murmuro e dou um sorriso tímido.

Alguns minutos tinham se passado e já estávamos perto do bebedouro quando sinto Tao estremecer sobre mim. Viro-me um pouco atordoada, ele não é uma pessoa que fica doente muitas vezes, mas quando acontece, um turbilhão de coisas caem sobre si.

Ele estava tão branco quanto a camisa social da nossa farda e a boca beirava à um verde.

— Tao! — Coloco minhas mãos em suas bochechas e o sinto queimar em minhas mãos. — Você está fervendo de febre, e soando muito frio.

Minhas pernas começam a tremer ao ver sua boca começar a tremer e o mesmo começar a bater o queixo com força.

Abraço Tao pela lateral, e antes que ele possa me contradizer, começo o caminho inverso ao bebedouro, nos levando para o corredor da enfermaria.

Quando chego no mesmo, Tao começa a ficar mais pesado, é quando eu percebo que ele havia desmaiado em meu abraço.

— Sr. Kim! — Gritei, perto o suficiente da enfermaria para que ele me ouvisse. — Namjoon! O Tao não ta bem. — Começo a chorar, em meio à isso tudo, meu coração martelava forte e lentamente em meu peito e minhas mãos soavam frio.

— Namjoon!!!! — Eu soltei um grito tão alto, que acho que todo o pavilhão havia me ouvido.

Ouço a porta da enfermaria se abrir e de lá saem duas pessoas vestidas de branco. Sendo Namjoon uma delas.

— S/A? — Ele pergunta ao me ver, e  começa a andar decidido até nós, vendo o estado de Tao. — O que foi que aconteceu?

Meu coração começa a bater normalmente ao vê-lo, Tao ficará bem.

— Tao tem claustrofobia, ele começou com falta de ar lá na sala, depois ele começou a bater queixo e agora, ele t-ta... e-ele...

Volto a chorar antes mesmo de continuar. Já estávamos perto da entrada da enfermaria e o ser não identificado ajudava Namjoon a colocar Tao em uma maca.

Meu choro era verdadeiro e puro. Fico muito mal quando acontece algo com Tao.

— Calma S/N. — Namjoon diz vindo até mim e me dando um abraço rápido. — Eu falei para o diretor que colocar aquele tanto de aluno em uma sala só não daria certo... — Ele resmunga para si mesmo.

Respiro fundo me sentando na maca a frente de Tao e vejo ele respirar pesadamente. O outro enfermeiro estava cuidando dele, com um certo cuidado um tanto exagerado.

— Esse é o Wonwoo, ele esta fazendo estágio. — Namjoon diz vindo até mim e colocando a mão em minha testa. — Você está um pouco quente S/A. Acho que a pressão de ter o Tao passando mal te fez passar mal. — Ele sorri pra mim e se vira. – Wonwoo, poderia cuidar da S/N? Vou colocar o Tao em um leito reservado e arrumar a ficha dele.

—Sim senhor. —Wonwoo diz e vem até mim.

Não presto muita atenção no homem à minha frente, pois estou assistindo Namjoon levar meu melhor amigo para longe.

—Fique calma, ele ficará bem. — Wonwoo diz olhando pra mim. E pela primeira vez olho em seus olhos. Ele me transmitiu tranquilidade, e assim senti meus ombros relaxarem. — Muito bem. — Ele sorri. — Vou colocar o termômetro abaixo do seu joelho,e quando ele tocar você mesma pode tirar e me dizer com quantos graus você está okay?

Confirmo com a cabeça e vejo ele se sentar em um banco estofado a frente de mim, e assim que seus dedos frios encostam na pele nua de meu joelho, sinto os poucos pêlos do meu corpo se arrepiarem, me deixando um pouco desconfortável. Por favor que ele não tenha percebido minha eu interior pedia de pé junto.

Assim foi feito, ele não percebeu e continuou, esticando minha perna de leve e colocando o termômetro.

— Vai demorar uns quarenta segundos para ele tocar, vou ajudar o Sr. Kim e já volto.

Vejo ele sair, com um sorrisinho no rosto, de quem havia feito merda.

MERDA. Ele percebeu.

 Wonwoo me parece ser um homem bom (digo homem pois ele já deve ter seus vinte e um anos) mas tem uma cara de garoto sapeca. É sério! Seu sorriso parece de alguém que quando tinha lá seus doze anos, jogava papel higiênico na casa do professor de química no dia das bruxas.

Sorrio com a minha comparação. Tao e eu fazíamos isso quando novos, até que o Sr. Hoongi quase nos matou, pois por três anos seguidos nós jogamos quilos de papel higiênico – nunca sozinhos, claro–  e em um desses anos sua gata comeu papel e faleceu. Até hoje me sinto mal por isso.

Tomo um susto com o toque dos dedos frios novamente.

— O termômetro está tocando... — Ele diz e olha pra mim, segurando o riso.

— D-desculpe... — sussurro abaixando o rosto.

—Tudo bem... você está com... — ele olha rapidamente para o termômetro e volta a me olhar. – 310,9° F, início de febre. ­— Ele diz mais pra si mesmo que para mim. – Vou pegar os comprimidos e já volto.

Quando ele se vira, consigo ver algo piscando em meu eu interior.

Nem o Namjoon fica tão bonito de jaleco... Por céus! Estou comparando ele com o marido do meu professor!

Reviro os olhos, o que está acontecendo comigo? Não sou uma pessoa promiscua!

—Ei... — Ouço Namjoon me chamar. — Melhorou?

—  O Won...woo? – Pergunto, se é assim o nome dele e recebo um sorriso em confirmação do Namjoon. — Ele foi pegar algo pra tomar, estou com inicio de febre...

— Ah, então tá, e o Jin, como ele ta? — Solto um riso fraco, pela dor de cabeça formada e confirmo com a cabeça que ele está bem.

— Um pouco sobrecarregado, mas bem... ele quase te chamou de Nams na frente de sessenta alunos desconhecidos.

Ele pareceu um pouco surpreso, mas logo ficou envergonhado, ficando com as maçãs do rosto avermelhadas.

— Tinha que ser o Jin... — ele diz pra si mesmo. — Bom, vou lá dizer que vocês dois estão aqui... se comporta, Wonwoo ainda não é formado... só é estagiário. –Ele diz fazendo um cafuné rápido na minha cabeça e quando recebeu um gemido de dor, ele logo se afastou. — Desculpa...

Sigo Namjoon com os olhos e logo Wonwoo apareceu.

— Aqui está... ele é pra febre, dor de cabeça e dores musculares... —Wonwoo diz se sentando novamente no banco estofado a minha frente e olhando  pra mim. Ele me entrega dois comprimidos e uma garrafinha de água. – Onde está o Sr. Kim?

— Foi na minha sala, avisar sobre o Tao... — Murmurei e olhei para os meus pés.

—Hmm... — Ele parecia estar disposto a conversar, e isso me fez sorrir por dentro. — Então... já sabe o que quer fazer na faculdade?

Essa pergunta me pegou desprevenida...

— Bom, estou um pouco... indecisa... — Digo e olho pro seu rosto, ele parecia pronto pra ouvir uma história enorme. — Quero fazer Biologia, pois eu amo Biologia, mas também quero fazer Enfermagem porque a minha mãe é enfermeira e eu amo a profissão.

Ele sorriu tão largo quando eu disse isso, que sem nem perceber, eu me espelhei nele e estava sorrindo abertamente.

— Não sei biologia, pois no colégio eu era lento na genética e horrível com plantas... — Ele diz, me fazendo soltar um riso tímido. — Mas sobre Enfermagem... é muito bom, quando você faz porque gosta, tudo fica bom. Estou no ultimo semestre do curso, e não me arrependo nem um pouco da minha escolha.

Ele sorria sonhadoramente e eu não conseguia parar de sorrir também.

— Se um dia eu ficar na duvida do que fazer, lembrarei da sua fala. — Falei sorrindo e vi ele aumentar seu sorriso.

*

Ficamos conversando por cerca de uma hora, só Wonwoo e eu. Ele é uma pessoa boa para conversar. Ele é inquieto e isso me fazia rir as vezes, quando ele rodava a caixinha do termômetro nas mãos, ou olhava pro broche em meu peito por tempo indeterminado.

Estávamos conversando sobre os doramas que assistíamos, até que ouço alguém me chamar.

—S/A? — Ouço uma voz rouca me chamar, e na hora pulei da maca, correndo até o leito onde Tao estava, ele tomava soro, e seu rosto já tinha a cor naturalmente rosada.

— Graças a Deus Tao! — Suspirei aliviada, quase me jogando sobre ele. –Não me mate do coração! Quase adoeci aqui seu moleque!

Meus olhos se inundaram de lagrimas rapidamente e quando vi já estava abraçando Tao pelo ombro e fungando em sua farda.

—Calma S/A... eu acho que eu to bem. —Ele disse, me abraçando confortavelmente enquanto eu me acalmava.

— Nunca mais desmaie desse jeito, meu Deus, o que será de mim quando você for pro exercito? —Funguei, me levantando e olhando em seus olhos, fazendo ele rir roucamente, mas quando viu que eu estava séria, ele também o fez, passando o dorso da mão em meu rosto.

— Fica calma, eu não vou morrer quando for alistado, te mandarei cartas comprovando isso. — Ele disse, dando aquela piscadinha esperta.

—Morre que eu vou seja no céu ou no inferno, e te mato de novo. —Murmurei, e recebi um riso como resposta.

— Okay sua mandona. — Ele disse começando a se levantar.

— Não senhor. — Ouço Wonwoo dizer às minhas costas fazendo com que tanto Tao quanto eu virássemos para olha-lo. — Ainda não está na hora de ir embora. Tenho que fazer a ficha da S/N e o senhor — Ele apontou para Tao —tem mais um litro inteirinho de soro pra tomar.

Soltei um riso olhando para ele, e olhei para Tao, sabia muito bem que ele tem agonia à agulhas, e agora que ele percebeu que estava com duas fincadas em seu pulso, seu rosto transbordava um sentimento de ânsia.

— Acho melhor trazer um balde. — Digo olhando de Tao para Wonwoo, e ele entendeu instantaneamente, indo atrás de um.

— Quem é? — Tao perguntou, quando ficamos a sós.

— Wonwoo. É estagiário, está no ultimo ano de enfermagem, tem vinte e um anos... – Estava falando de um jeito tanto quanto sonhadora quando fui interrompida.

— Espera aí, como é que você sabe tanto sobre ele? — Tao me olhava com um sorriso de malicia exposto nos lábios. —Você gostou dele!

— Não gostei! —Rebati rapidamente, me sentindo envergonhada, e sentindo o sangue subir à cabeça, sentindo minhas orelhas e bochechas esquentarem. — Tem uma hora que estamos aqui esperando você acordar... nós conversamos um pouco...

—Você gostou dele sim S/N! Eu te conheço! — Ele disse olhando nos meus olhos e rindo um pouco. — É até bom você estar gostando de alguém, estava começando a achar que você era uma sem coração que queria morrer biata...

—Tao! — Dei-lhe um tapa no ombro, fingindo estar inconformada. — Sou sem coração, mas nem tanto, se não você não seria meu amigo.

Ele fingiu estar pensando e depois fez que sim, sorrindo comigo.

— Isso é verdade... enfim, ele parece que gostou de você... — Ele dizia enquanto olhava suas unhas ruídas a procura de uma cutícula.

–C-como assim?? – Perguntei me sentando ao seu lado na maca e deitando em seu ombro.

— Eu sabia que você tinha gostado dele... —Ele soltou um riso fofo.

*

Depois de praticamente um turno completo de aulas na enfermaria, fomos liberados, indo para a sala, e em cinco minutos, já nos encontrávamos no ginásio, onde iríamos fazer natação na piscina à céu fechado, porém Tao e eu fomos dispensados. Jin havia explicado à professora Tiffany que estávamos um pouco abalados depois do desmaio de Tao, então fomos para as arquibancadas e ficamos até bater o sinal para irmos embora.

— Vejo você amanhã? — Tao pergunta para mim quando vê o carro do pai parado a nossa frente, já começando a andar. – Se você não for, é certeza absoluta de que o Vernon te mata, sério, ele ta esperando essa ida ao cinema a semanas.

Vernon é nosso melhor amigo, que havia se mudado à cerca de seis meses para uma escola praticamente do outro lado da cidade. O que me fazia querer matá-lo toda vez que o via. Mas seu sorrisinho sempre me fazia ficar boba.

— Eu vou, quem deveria matar alguém aqui sou eu, aquele ser nos deixou para estudar do outro lado da cidade! — Sibilei, fingindo estar brava e acenando para o pai de Tao que acenava para mim de dentro do carro.

— Tchau Tao, tchau tio! — Gritei, Tao sempre odiara que gritasse no meio da rua, e eu sempre o implicava por causa disso.

Um tempo se passou e vi que minha mãe demoraria a chegar, então logo decidi me sentar na mureta de frente a entrada do colégio.

Quando estou próxima o bastante de me sentar, vejo Wonwoo e o casal Kim vir conversando entre eles, alegres.

— Onde está a sua mãe S/SN? — Ouço Namjoon perguntar, logo parando à minha frente.

— Eu não tenho certeza, mas deve estar vindo... — Suspirei, e pairei meu olhar por Wonwoo que procurava algo em sua mochila, tendo o maior interesse nela já visto na história.

— Bom... podemos ficar aqui até ela chegar, né Nams? — Jin perguntou, abraçando o marido pela cintura e vendo o mais novo porém maior e penso eu, o ativo da relação fingir pensar no assunto.

— É claro. — Namjoon diz, sorrindo para mim. — Bom Wonwoo... se você quiser ir embora, nós vamos esperar a carona da S/N e depois vamos embora, te vejo amanhã. — Namjoon diz sorrindo para o mais novo.

Wonwoo parecia cogitar a ideia de ficar, porém seu celular começou a tocar antes que pudesse dizer algo.

Olhando o slide do aparelho, Wonwoo pareceu se preocupar com algo, e antes que pudéssemos ver, ele já estava do outro lado da rua, falando energicamente com a pessoa do outro lado da linha. Virando-se rapidamente, ele acenou para nós, como que se doesse ir embora sem se despedir.

Fiz um aceno pequeno e baixo com a minha mão direita, e suspirei, sentindo um pouco de frio. Já eram quase sete horas da noite, e o tempo havia se fechado consideravelmente rápido.

Olhei para o lado e vi o casal que se encontrava bem aconchegado nos braços um do outro.

— Vai começar a esfriar S/A, e acabei de lembrar... Jin, temos que ir à casa do Taehyung, ele vai te matar se não irmos naquele jantar... Jungkook está se empenhando e deve ter feito um monte de coisa pra gente. — Namjoon dizia, me deixando cada vez com mais medo de ter que ficar sozinha naquele local. — S/A, toma, ta fazendo frio e não quero te receber segunda feira na enfermaria com uma gripe horrenda. — Dizia, tirando o moletom cinza enorme – para mim – e me entregando, antes que eu pudesse negar, recebi um olhar repreensivo de ambos.

— O-obrigado... — Sussurrei pegando o moletom e vestindo rapidamente, realmente estava frio, e quando senti o tecido macio do moletom – e o perfume masculino que eu juro que farei meu futuro namorado usar- me deixou mais quente e feliz. — Podem ir, eu sei me virar...

— Sabemos disso — Seokjin disse sorrindo e vindo até mim, me dando um beijo no topo da cabeça e dando um passo para trás esperando o homem mais novo para que fossem para o Porshe prata que estava estacionado à alguns metros de nós.

— Qualquer coisa, chute os documentos de quem aparecer, e sai correndo. — Namjoon dizia sério, porém não consegui segurar o riso fraco quando ele me abraçou de lado e deu um beijo em minha testa. — Me dá seu celular.

O pedido dele era estranho, porém logo peguei meu aparelho e coloquei a senha, entregando-lhe o mesmo.

— Vou deixar nossos números salvos... — Ele disse, e dois minutos me entregou o aparelho para que guardasse. — Agora você pode ligar para Jin, eu, e para o nosso fixo, caso aconteça algo, nunca hesite em ligar... te vemos como a pequena pirralha que se tornou nossa amiga e preocupação. — Ele disse, dando uma piscadela de modo culto e eu sorri, assentindo, era bom ter amigos, principalmente quando eles são mais velhos como os Srs. Kim.

— Tchau S/A. — Jin disse quando começaram a andar para longe, me lançando um pequeno aceno com a mão que não estava entrelaçada à de Namjoon.

—Tchau S/A-ah. — Namjoon disse espelhando os movimentos do parceiro.

—Tchau Jin... tchau Nams. — Sorri, acenando baixo para eles.

Logo o ronco baixo do Porshe havia sido acionado, e na mesma rapidez, ele sumiu, levando consigo as pessoas que me protegiam.

— Droga... — Sibilei, morrendo de frio e olhando de um lado para o outro. Estava começando a ficar medonhamente escuro, e meus olhos cansados não estavam enxergando um palmo a frente.

Já tinha quase meia hora que minha mãe não chegava.Foi quando um grupo de homens apareceram à duas quadras,fazendo meu corpo retesar rigidamente.

Merda, merda, merda!

Antes que eu possa pensar em algo, vejo um carro preto parar à minha frente e abrir a porta do carona, dando-me a visão de seu condutor.

Wonwoo?

Corro até seu carro, vendo que alguns dos homens haviam aumentado o passo.

Não é porque moro em Seul que as pessoas são completamente certas okay? Tem muita gente errada nessa cidade.

— Quase que conseguem fazer um picadinho de S/N... — Ele disse, um pouco ofegante, como se tivesse medo por mim, mas logo vi uma mascara de indiferença se levantar. — Se sua mão não chegou até agora, ela não chega nunca... posso te levar pra casa. — Ele dizia prestando atenção nos garotos e homens que passavam pelo carro, uns batendo no vidro, para mostrarem que realmente queriam ter chegado antes. Outros passavam reto, como se fosse melhor não verem o carro esguio e seu condutor e carona.

— O-obrigada, m-mas não precisa... — Consegui dizer, um pouco tonta com aquela tensão toda pós “quase virei picadinho”.

— Não me faça te fuzilar com os olhos, são sete e quinze da noite! Você já deveria estar em casa. — Soprou enquanto ligava o carro.

— M-mas... — Antes que eu possa continuar ele já estava dirigindo.

— Onde você mora? — Havíamos parado em um sinal vermelho, que me fez pensar que já havia chegado em casa.

—Ah... — Passo meu endereço a ele rapidamente.

Meu coração batia tão forte dentro daquele carro, que tinha o medo de que ele ouvisse meu olodum  à tocar e fiquei sem ar quando percebi que ele me olhava hora ou outra, como se para confirmar que eu estava ali.

O perfume de Namjoon, já embrenhado ao meu, parecia se soltar cada vez mais de meu corpo, até que vi de relance Wonwoo retorcer o nariz, como quem reconhece algo que o persegue rapidamente.

Senti minha língua adormecer quando seu perfume se juntou à valsa, me deixando anestesiada, era um perfume bom, que parecia ser único, algo que fosse exclusivo dele.

Olhei rapidamente para ele e só então percebi que havia trocado de roupa, suas roupas brancas de enfermeiro haviam sido trocadas por uma camisa jeans clara, na qual não havia um amassado sequer, e por uma calça jeans escura, que deixava tudo harmonioso com o belo par de tênis incrivelmente brancos. Seus cabelos ainda se encontravam umidos, e me vi encarando seus brincos, eram reluzentes e me deixaram hipnotizada. Era de um prata que reluzia a luz do farol dos outros carros...

Ele mordia o lábio de um jeito quase imperceptível, se quem o tivesse assistindo não fosse eu. Wonwoo era o tipo de pessoa que se encaixaria em namorado perfeito, o que me abalava um pouco.

Me senti meio zonza então decidi, mesmo que contra a minha vontade, prestar atenção ao percurso.

Cinco minutos depois, eu estava na porta de casa, onde minha mãe se encontrava,correndo até a nossa BMW. Seus cabelos estavam desgrenhados e a roupa um tanto quanto desarrumada.

Papai esteve aqui hoje. Pensei assim que a vi.

— Obrigada! — Disse sorrindo para o motorista, que sorriu para a minha pessoa de volta. — Até... segunda?

—Até segunda S/SN. — Ele sorriu, e logo me vi saindo de seu carro gritando para minha mãe que não era necessário a sua saída.

*

Sábado, santo dia de ficar dormindo, sou acordada às oito horas e quarenta e três minutos pela anta do Vernon que batia a minha porta, acompanhado de Tao.

Pedi para minha mãe que os detivesse, porém quando vi, haviam duas cabeças masculinas me olhando enquanto sentavam na extensa cama de casal.

— Bom dia S/A! — Vernon sorria para mim de um jeito tão lindo, que até esqueci que estava de mal dele.

— Bom dia meu amor... — Suspirei me sentando e o abraçando. — Não pense que eu esqueci da sua castração Hansol Vernon Chwe. — Sussurrei rente à sua orelha, o fazendo ofegar de medo. — Você conseguiu ser um filho de uma boa mãe porém um puto que me deixou... nos deixou sozinhos naquele colégio como se fossemos meros colegas. — Funguei em seu ombro, fingindo estar chorando, e senti-o tremer, sabia que ele choraria se eu não parasse, Vernon não consegue agir sob pressão.

— Porra S/N, mal acordou e já ta com esse seu jeito maníaco? — Ele perguntou, voltando ao normal, me fazendo soltar um riso.

— Eu não sou maníaca! — Digo fazendo um bico inocente me afastando dele e tocando a ponta de seu nariz. Fazendo tanto Vernon quanto Tao começarem a rir. — Ei, o que diabos vocês vieram fazer aqui á essas horas? — Pergunto, voltando ao meu estado sonolento de zumbi.

— Contei os acontecimentos para minha mãe ontem à noite, e agora ela quer que nós dois arranjemos um jeito de ligar para o professor Jin, o Namjoon e para o Wonwoo... — Tao dizia se levantando e pegando a coberta que à um segundo me cobria e começava a dobrar. — Ela vai fazer um jantar de agradecimento para eles hoje e quer que avisemos, mano eu não sei como vamos fazer isso não.

Tao é do tipo que tem TOC, sério, sempre que ele dormia aqui em casa, eu acordava com o quarto limpo e arrumado, não sabendo se isso é bom ou ruim...

— Espera um pouco... — Eu disse coçando meus olhos. — Deixa eu ver se entendi, vocês vão jantar com eles?

— Nós S/N... nós vamos jantar com eles, já convidei sua mãe e ela disse que seu pai também vai, mesmo eu achando isso um erro porque sempre dá briga... —Ele dizia calmamente, por conhecer muito bem a minha mãe. — Enfim, não sei como, mas temos que arranjar um jeito de entrar em contato com eles e chama-los.

Suspirei, as vezes a família do Tao passa do limite de superproteção sério. Me levantei, pronta para tomar banho, quando me lembrei que Namjoon havia me passando os números deles.

— Esperem eu acordar de verdade que eu já sei o que fazer... — Digo, indo em direção à suíte de meu quarto.

*

Uma hora e dez minutos haviam se passado desde que acordei, e agora eu estava tomando café na mesa com minha mãe, que mais olhava pra porra do celular – acho que por causa do meu pai – com meu irmão mais velho, Mingyu que conversava alegremente com o cunhado – Tao-. E Vernon e eu estávamos fazendo uma mini guerra de pedacinhos de pão.

— Chega vocês dois, estão jogando pão no meu cabelo. — Oppa disse, nos tirando de nossa briguinha, mostrei a língua rapidamente e peguei o meu celular, me lembrando do que queria fazer.

— Ei! Nada de celular na mesa! — Mingyu disse ligando seu modo chato.

— Diz isso pra omma. — Digo olhando de relance para minha mãe que não prestava atenção nenhuma em nós.

— Hm? — Ela fez uma cara de tacho levantando o olhar para nós, e fora recebida com 4 pares de olhos rolando em suas orbitas.

— Nada omma, vai conversar com o appa. — Disse Mingyu revirando os olhos mais uma vez e foi isso que omma fez, me fazendo revirar os olhos seguidas vezes.

Começo a rodar pelos meus contatos e percebo.

Não tenho o número do Wonwoo.

Vou pedi-lo para o Namjoon... acho melhor chamar pelo Jin.

Quando acho o contato “ Prof Jin” sorrio, pois lembro que não fui eu que coloquei aquele nome e fico curiosa para saber o que Namjoon havia colocado em seu nome, então acho “Sr. Nams” que me faz soltar um riso abafado.

Volto ao contato de Jin e começo a digitar a mensagem.

Bom dia! Desculpe se estiver acordando o senhor...quer dizer você... enfim, Tao contou dos belos acontecimentos de ontem para a mãe dele,e ela insistiu em fazer um jantar, e por favor, diga que vocês iram.

Eu tinha chegado ao máximo de palavras que uma mensagem poderia ter, então rezava para que ele entendesse. Cliquei em Enviar e sorri quando, em menos de dois minutos, fui respondida.

Bom dia S/A, você não me acordou haha, acho que eu já conheço a mãe do Tao, é aquela que mandou uma cesta de café da manhã para o Nams quando ele ajudou o Tao com a crise alérgica à amendoim?

 Comecei a rir me lembrando do acontecimento, Jin achara que ela estava dando em cima do marido, ficou super sem graça quando ela fora na nossa turma em meio a uma aula tentar se desculpar.

Sim senhor kosakosa, acho que ela passa do nível de superproteção às vezes, se vocês não quiserem ou puderem ir tudo bem, nós damos um jeito.

Antes que eu pudesse bloquear a tela do aparelho, ele vibrou novamente com uma nova mensagem.

Nós vamos, passe o endereço quando der.

Sorri e levantei os olhos.

— Eles vão Tao. — Eu disse dando uma piscadinha para ele e o mesmo me olhou boquiaberto.

—Como que você...? — Ele perguntava, com um olhar desconfiado.

— Tenho meus contatos querido. — Digo esperta e vejo ele olhar para meu irmão, que segurava o riso. — É serio, eu tenho os contatos do Jin e do Nams — Mostrei meu celular para Tao, que revirou os olhos e depois sorriu.

— E o Wonwoo? — Disse com a boca cheia de pão.

— Eu ainda não tenho o contato dele. — Suspirei e voltei a digitar.

Avenida XX N° 134 de frente ao Hope’s às 19 horas. Hm... Jin, poderia ver com o Namjoon se ele tem o contato do Wonwoo?

 Peguei meu copo de suco e rezei para que tivesse. Meu celular vibrou duas vezes seguidas, mostrando que haviam chegado duas mensagens.

Vou ver no celular dele, espera um pouco...

Pronto. XXX XXXX-XXXX se eu fosse você mandaria mensagem depois do almoço, ele avisou pro Nams que chegaria tarde em casa ontem...

Wonwoo saiu ontem? Mas ele me levou para casa... por isso que ele estava todo arrumado? Ele namora S/N. Disse meu eu interior.

Engoli em seco e adicionei-o aos contatos.

*

Estávamos saindo do cinema quando me lembrei que deveria convidar o Wonwoo.

— Vamos tomar sorvete? — Vernon perguntou passando o braço pelos meus ombros e logo depois nos de Tao.

— Vamos! — Tao parecia tão alegre por estarmos saindo juntos quanto eu quando sai episódio novo do meu dorama favorito.

— Vamos. — Repeti, um tanto desanimada.

Quando chegamos na sorveteria, fui a primeira a sentar, pedindo para Tao que fosse pedir meu Milk shake de maracujá trufado.

— Você esta estranha S/A, vamos, me diga o que ta acontecendo... — Vernon falava enquanto puxava a pequena cadeira para perto de mim.

— Não é nada Vernon... — Antes que eu pudesse inventar alguma coisa pra falar ele já me fuzilava. — Na verdade, eu não sei.

Quando olhei nos seus olhos, vi compreensão e não pude deixar de sorrir, mesmo que tristonha.

— Tudo bem, quando você descobrir o que é, me diga. — Confirmo com a cabeça e olho para Tao, que se encontrava na longa fila da sorveteria.

— Tenho que mandar uma mensagem para o Wonwoo, ele também fora convidado. — Digo pegando meu celular.

— Tao me falou sobre esse tal de Wonwoo, enfermeiro né? — Perguntou me olhando de um jeito curioso. — Ele também disse que você gostou do enfermeiro.

— Porra Tao e aquela boca grande dele, que vontade de socar aquela carinha linda. — Rosnei, fuzilando o garoto que agora pedia algo à uma garota da sorveteria.

— Você não ia me contar?? — Vernon parecia triste em saber que seria excluído de algo.

— Claro que contaria, mas não agora, alias, descobri que ele namora Vernon. — Eu realmente tinha a hipótese de dar em cima dele? Meu Deus o que eu sou?

— Nossa, então finge que eu não sei. — Ele disse levantando a cabeça e olhando pro teto de vidro do shopping, sorri ao ve-lo olhar para mim e dar uma piscadinha e voltei minha atenção ao aparelho em minhas mãos.

Rapidamente achei o contato “Won...woo?” – desculpe, mas eu gosto de brincar com os meus contatos oka?- e já comecei a digitar.

Olá, desculpe se estiver incomodando, é S/N, e não vou enrolar muito, o Nams passou seu número e cá estou eu mandando uma mensagem. A mãe do Tao o convidou para um jantar e quer que você compareça.

Como eu odeio essa desgraça de máximo de palavras.

Tá que agora são duas mensagens. Se você realmente for o endereço é este> Avenida XX N° 134 de frente ao Hope’s e a hora é às 19 horas. Até, e tenha um bom resto de dia.

Desliguei rapidamente meu celular, me sentindo com as bochechas chegando ao rubro.

— O que foi que aconteceu? — Tao perguntava enquanto se sentava na nossa frente, formando um triangulo. — Porque a S/A está tão vermelha?

Antes que eu pudesse reclamar, lá estavam os dois, Tao e Vernon, criando teorias para a minha vermelhidão.

*

A tarde passou tão rápido, que quando me vi, estava dentro de meu quarto, ouvindo Winner no meu mp4 e olhava para o teto do cômodo.

Cinco horas e quarenta e nove minutos, o despertador que se encontrava ao lado do abajur no criado mudo piscava com seus números enormes. Me olho no espelho na parede e sorrio fraco. Hoje acontecerá um dos jantares mais estranho da história, meu professor de física, o marido dele vulgo meu amigo e enfermeiro do colégio, o Tao, Vernon, Sunnie – minha cunhada – Mingyu, omma e Appa, os pais de Tao... eu tenho certeza que não caberá todos na mesa de jantar da casa de Tao.

Sorrio novamente, porém dessa vez era para aliviar a tensão. Estava com medo de meus pais brigarem em publico. De novo.

Meu pai conheceu a peça rara que é a minha mãe no final do Ensino Médio. Ele já estava no terceiro período da faculdade de Direito e minha mãe no ultimo ano do Ensino Médio.

Eles se apaixonaram loucamente e o presente desse amor foram Mingyu e eu, duas crianças perfeitamente bem, saudáveis e inteligentes.

As reais brigas começaram quando Mingyu fez doze anos, omma parou de trabalhar como secretária do meu pai e decidiu fazer faculdade. Umas semanas se passaram e o Appa conseguiu uma secretária nova. Hyuna até hoje é a secretária do meu pai, enfim, omma sempre fora muito ciumenta e por causa disso, jurava que o oppa a traia com a secretária. Brigas vinham e brigas iam e meu oppa começou a desgostar de minha mãe.

Um ano se passou desde o inicio das brigas, e o ciúme estava corroendo o casamento de meus pais. Papai decidiu que pediria divórcio, e fora isso que ele fez, eles se separaram e minha mãe entristecera. Alguns meses depois, omma descobriu que meu pai nunca a traiu e isso fez com que ela desencadeasse uma depressão muito profunda.

Minha tia, irmã do meu pai, é alguns anos que eu, e por causa disso somos bem amigas, ela diz que, meu nunca amara tanto alguém do jeito amou e ainda ama minha mãe.

Hoje em dia, eles se encontram em um jogo de pingue-pongue, onde eles brigam, ficam alguns dias ou semanas sem conversarem, sendo nesses dias os dias de depressão profunda de minha mãe e logo depois vem o retorno de meu pai, que faz minha mãe virar uma desorientada que não lembra da vida e muito menos dos filhos. Tenho medo que ela ache que eu tento roubar meu pai dela.

Julgo a minha mãe uma mãe melhor quando está longe de meu pai, mesmo que ela fique daquele jeito depressivo. A mulher desnorteada que ela se torna quando perto do meu pai... não é a minha mãe. Não mesmo.

Levanto-me da cama, indo ao banheiro, e me lembro de pegar uma toalha, dando meia volta e indo ao meu criado mudo.

Quando entro no banheiro, começo a tirar as roupas pesadas de meu corpo e me coloco dentro do Box, de cabelos soltos e olhando para cima. Fecho os olhos gradativamente enquanto abro o registro do chuveiro e me sinto totalmente relaxada quando a água fria cai em meu rosto, me acordando de qualquer devaneio.

Alguns minutos se passam até que decidir sair do banheiro, olho no espelho, e tiro os fios de cabelo que caiam molhados e grudentos em minha testa.

Preciso cortar esse cabelo. Penso.

Saio do banheiro, e sinto o choque térmico, a sensação gostosa da água fria havia sido trocada pela sensação confortante do aquecedor.

*

Enquanto vestia, alguém abriu a porta do meu quarto, quase me matando de susto.

— Calma S/A, sou eu! — Sunnie dizia entrando no quarto, enquanto eu terminava de vestir a camisa velha para me maquiar, meu cabelo já estava seco, e ligeiramente modelado, fiz um coque frouxo porque ninguém é obrigado a morrer de calor, até desliguei o aquecedor porque né.

— Vai matar o Mingyu do coração! — Digo, pegando a base e vendo-a se sentar na minha cama.

— Ai credo! Não, e ainda quero filhos. — Ela disse e eu ri, Sunnie é uma garota muito boa e eu sempre a adorei. — Ei, sua mãe ta bem... pelo menos ela aparenta estar bem...

— Bem, ela está, meu pai voltou a conversar com ela. Você conhece a peça né? Porém dessa vez ela ficou muito estranha. — Falo e viro para a garota que me olha atentamente, com os cotovelos apoiados na cama e com seu queixo apoiado em suas mãos magras e esguias.

— Deu pra perceber o quão ela está estranha, quando cheguei, ela e nem olhou quem era na porta, só abriu, sem tirar os olhos do celular, me deu espaço pra entrar, fechou a porta e nem me cumprimentou! Ela sentou na cadeira de decoração do hall. — Ela diz, um pouco atordoada.

— Acho que a cada termino, minha mãe está ficando cada vez pior, sério, daqui a pouco ela ta me expulsando de casa! — Digo me virando para ela, já havia passado base.

— Vamos mudar de assunto? — Ela pergunta se levantando e pegando um pincel. — Deixa que eu te faça a maquiagem, senta ai.

*

O vestido que eu usava estava lindo, seu tom verde combinava com quase tudo, pena que não nasci pra usar vestido, me encontrava jogada no sofá de casa, e tinha como companhia a Sunnie, que assistia Game of Thrones comigo.

— Vamos lá! — Mingyu diz enquanto desce as escadas.

— Mas e a omma? — Pergunto, me levantando e desligando a TV.

— Ela vai com o appa. — Diz chegando à porta. — Vamos buscar o Vernon ou ele já está lá?

— Buscar. A mãe dele está chata depois da mudança, mal deixou ele ir ao jantar. — Suspiro o seguindo até a BMW.

Entrei pela porta traseira da direita e sorri quando vi o casal se sentar à minha frente.

Quando saímos só nós três, sempre era assim, eles na frente e eu no meio, conversávamos e brincávamos muito.

— Antes que comecem a flertar na minha frente, poderiam colocar alguma musica? — Digo e vejo meu irmão revirar os olhos.

*

Vernon e eu cantávamos à todos os pulmões BigBang

Quando começou a passar Fantastic Baby, até o casal à minha frente se manifestava.

Mingyu batucava os dedos no firme volante seguindo o toque da musica e até Sunnie,que normalmente não canta, estava cantarolando para si.

Só sendo BigBang pra fazer a proeza de estarmos cantando todos juntos.

Wow, Fantastic Baby! (N/C: Mari no que você me transformou??)

*

Quando chegamos na casa de Tao, estacionamos em frente à loja de CD’s Hope’s, que agora estava fechada. Quando descemos, percebi que além de nossa BMW, haviam também a van da família, o Porshe ainda não havia chegado, que dizia que os Srs. Kim não haviam chegado, porém quando estava mais perto da casa percebi um carro esguio bem perto.

Wonwoo?

 Paraliso quando dele sai um homem. Wonwoo estava muito bonito, parecia até um adolescente,porém parecia um homem, seus cabelos castanhos escuros (ou preto, na verdade não consigo distinguir por causa da falta de luz, meus olhos logo se prenderam em seus brincos, quando passou pelo poste de luz e os mesmos brilharam. Sua camisa xadrez vermelha perfeitamente alinhada combinada com as calças pretas levemente apertadas, haviam alguns rasgos em suas calças estrategicamente feitos nos joelhos, que davam a visão de seus joelhos, e por fim, há o mesmo par de Super Star da Adidas de ontem.

— Srta. S/SN. — Ele me cumprimenta, e só então percebo que estava sem respirar desde sua saída do carro.

Ele sorria me olhando quando pegou meu pulso e deu-me um beijo estatalado no mesmo.

Meu irmão estava se corroendo de curiosidade, certeza.

— O-olá Wonwoo. — Sinto toda a extensão do meu rosto ficar totalmente vermelha e vejo um pequeno sorriso aparecer e sumir rapidamente no rosto de Wonwoo. — Este é meu irmão Mingyu, e minha cunhada Sunnie.

Comecei à apresentá-los.

— Prazer. — Wonwoo diz apertando a mão de ambos. — Sou Wonwoo, trabalho na enfermaria do Colégio.

— Ah, meus parabéns! Conseguiu acalmar a S/A! Isto é uma proeza sabia? — Mingyu diz me deixando mais envergonhada que o normal.

— Ah, cobrigada maninho, quem vê pensa que sou louca. — Reviro os olhos e vejo Vernon me fuzilar com os olhos. — Ai meu Deus! Vernon este é o Wonwoo, Wonwoo este é o Vernon, ele e o Tao são os meus melhores amigos.

—Prazer Wonwoo. — Vernon o cumprimenta, e eu tenho certeza que quando chegássemos em casa, ele me encheria de perguntas.

Suspiro, e me sinto completamente agradecida quando a porta se abre e dela sai a mãe de Tao, totalmente alegre.

— S/A! — Ela me cumprimenta dando dois beijinhos estatalados em meu rosto enquanto me abraça rapidamente. — Mingyu! Oi minha filha. — Ela faz o mesmo com os dois e por fim cumprimenta Vernon. — Vernon! Quanto tempo!

Entramos na casa rapidamente, e coloquei meu casaco no habitual armário.

Me senti tão aliviada da tensão que havia lá fora, que quando senti o quentinho da casa, percebi que sorria sutilmente.

— Está sorridente demais hein? O que aconteceu com a S/N depressiva de mais cedo? — Tao perguntava enquanto me abraçava de lado e me levava para a tão familiar sala de estar, onde seu pai se encontrava, ajeitando o fogo da lareira e ao me ver me cumprimenta com uma piscadela.

— Oi gatinha! — Diz vindo até mim e me dando um beijo na testa, sorrio em resposta e vou até o sofá onde Tao está.

Logo estávamos Vernon, eu e Tao, sentados no sofá, nessa sequencia. Vernon e Tao riam de mim.

— Ai vocês dois! Vão lavar a casa do cachorro! — Digo mostrando a língua para eles. Eu havia ganhado de Vernon em um jogo do Xbox de um jeito bem bem escroto. — Eu ainda não acredito que era aquilo! Eu fiquei doze dias vindo para a casa do Tao com a desculpa de querer estudar francês, por causa disso???

Eu sabia que estava ficando vermelha, mas uma risada desconexa ao nosso grupo me chamou a atenção, me fazendo empalidecer. Wonwoo se encontrava no parapeito do arco que levava do hall de entrada à sala de estar, seu ombro escorava-se no parapeito, e a pose relaxada porém divertida dele me deixou desconcertada, seu riso ecoava na minha mente e acordava as borboletas do meu estomago.

À quanto tempo ele está ali? Penso, me sentindo desconfortável.

— Podem continuar, só estou assistindo. — Ele diz, passando por nós graciosamente e se sentando na namoradeira azul ao nosso lado.

— Quer jogar Wonwoo? A S/A ganha de todos. — Tao diz, fazendo com que Vernon caísse na gargalhada.

Eu me encontrava muito desconcertada para dar-lhe uma resposta à altura, então apenas mandei um par de dedos do meio para ele, que me respondeu com uma mordida em um deles.

— Aish capeta! — Arfo de dor, sentindo a dor percorrer praticamente todo o meu corpo.

— Na verdade, jogo na próxima rodada. — Wonwoo diz, segurando o riso baixo.

*

Já havíamos jogado três rodadas, Wonwoo contra mim, e até então perdi duas vezes.

Wonwoo 2 X 1 S/N

Como isso aconteceu? Eu sempre ganho!

 — Você tem certeza que nunca jogou este jogo? — Pergunto, me sentindo incrédula com a minha segunda perda seguida. — Não é possível!

— Nunquinha, meu Xbox só é usado quando meus irmãos me visitam... — Diz ele segurando o riso.

— Aish! Essa sorte de principiante. — Digo revirando os olhos e vendo Tao e Vernon quase morrerem de rir ao meu lado.

Quando estou prestes a bater neles, a campainha toca.

— Deixa que eu atendo! — Gritei, saindo do sofá e percebendo que Wonwoo me seguia com o olhar até o parapeito do arco, onde sumi em direção ao Hall.

Obrigada Deus por me tirar daquele campo de tensão. Não aguentaria nem mais um minuto com ele me olhando. Penso quando chego ao Hall, me sentindo mais leve.

Vou em direção a porta principal e antes de tudo, olho pela janela ao lado dela, assisto Jin arrumar a gola engomada social de Namjoon e logo sorrio.

Ao abrir a porta, ambos se viram com lindos e largos sorrisos para mim.

— Oi S/A! — Nams sorri vindo me abraçar.

— Oi Nams. — Sorrio, dando um beijinho estatalado em sua bochecha direita.

— Oi S/A! — Jin me cumprimentou logo depois me dando um abraço forte e um beijo na testa. — Você ficou linda neste vestido!

— Oi Jin! — Dou um beijo na sua bochecha direita. — Eu? Linda? Perto de vocês eu to me sentindo horrorosa, como pode tanta beleza em apenas duas pessoas?

— Pare com isso S/A. Você é muito linda. — Jin disse enquanto desamassava levemente a saia do meu vestido.

Sorrio, ficando bem envergonhada, e me lembro que ainda não havia dado espaço para que entrassem.

— Entrem. — Dou espaço para eles e estico as mãos. — Me deem os casacos vou colocar no armário.

Eles entraram, logo depois me entregando um casaco de cashmere e uma jaqueta de couro. Na hora deduzi que a jaqueta era do Namjoon, e o casaco do Jin.

— S/A! Quem é? — Ouvi Sunnie perguntar da cozinha e logo depois vi ela e sua mãe chegarem no hall, de avental e tudo.

— Jin e Namjoon. — Digo, apontando para os dois e logo eles estavam se cumprimentando.

Mesmo Jin sabendo a verdade sobre o acotecido do amendoim, ele parecia feliz, gentil, paciente.

— Ah, bem vindos! — Elas falam e vejo minha tia abaixar a cabeça. — Achei que fossem seus pais.

Para falar a verdade tia, estou rezando para eles não virem. Penso e para a minha infelicidade, a campainha tocou logo após, me fazendo virar para a porta branca.

Fingi não ter ouvido e sai andando, indo para a sala.

— S/N! Não vai abrir a porta?? — Minha tia pergunta e eu suspiro.

— Pode abrir tia. — Reviro os olhos, odeio quando meus pais saem juntos, só da briga.

*

Já tínhamos jantado, e por incrível que pareça, coube todos na mesa. Tao estava do meu lado esquerdo, e Vernon do lado direito, Mingyu e Sunnie estavam juntos ao lado de Vernon. Meus pais estavam um do lado do outro, de frente para Mingyu e Sunnie, meus tios estavam nas pontas da mesa, como bons anfitriões, Jin e Namjoon estavam a minha frente e a de Tao, e Wonwoo estava de frente para Vernon, hora ou outra, ele olhava pra mim e sorria, conversava tanto com os adultos quanto conosco.

Meus pais não brigaram até agora, todo mundo está alegre, isso está muito bom!

Nesse exato momento, estamos no quarto de Tao, quando ouço um grito de minha mãe.

— Porque você faz isso HiAnee? — Meu pai grita de volta, eu já me encontrava em meio às escadas, junto com Sunnie, Tao e Vernon, Mingyu estava perto de meu pai e Wonwoo no inicio das escadas. — Você não se parece com a mulher que eu já amei! Você parece ter esquecido que tem dois filhos!

Olho para meu pai, ele estava tão vermelho que eu me senti mal. Minha mãe estava com os olhos arregalados e tentava encostar em meu pai, porém ele andava para trás, e ela parecia estar ficando com medo de algo.

— Mingyu está na faculdade mas não pode fazer trabalhos por pontos extras porque ele tem medo de te deixar sozinha em casa com a S/A! S/N dorme mais na casa dos amigos ou da avó dela que na própria casa por medo de você fazer algo. HiAnee o que aconteceu contigo? Até eu estou com medo de você, você está doentia, precisa de ajuda médica.

Arregalo os olhos e abraço o braço direito de Vernon, sentindo Tao me abraçar de lado e Sunnie começar  a fazer carinho em meu cabelo. Mingyu segurou minha mãe bem na hora que ela deu um tapa no rosto de meu pai.

— Essa menina quer te tirar de mim Jung! Você não percebe? Ela saiu do meu ventre pra te roubar de mim! — Ela diz apontando para mim com os olhos raivosos. — Eu não quero vê-la perto de mim!

Sem nem perceber eu já chorava, meu coração apertava, não sabia que minha mãe estava assim, que me queria longe, e isso doía na alma.

— Então ela morará comigo. — Meu pai diz e olha pra mim, como se perguntasse se está tudo bem. — A única coisa ruim é que será em outra cidade, Busan é um local bom para você meu amor. — Ele diz subindo as escadas e pegando a minha mão. Mingyu também poderia ir se não estivesse na faculdade...

— Ele pode morar no quarto extra que temos. — Ouço meu tio intervir e todos nos olhamos, minha mãe parecia com tanta raiva que ficou boquiaberta.

— Ninguém vai sair da minha casa! — Ela diz entre dentes. — Mingyu continuará comigo e você. — Ela diz apontando seu dedo pra mim. — Saia da minha vida, sua sanguessuga!

Arregalo meus olhos e sinto lágrimas caírem mais e mais.

— O-omma? — Pergunto e vejo ela virar o rosto de mim e forçar o maxilar. — T-tudo bem então...

Desço as escadas e antes que possam falar algo, saio correndo até a cozinha e saio pela porta traseira, indo para a área de lazer, onde fica a piscina.

Desmorono-me em frente à piscina, tiro meus sapatos e enfio os pés na água fria, pensando.

Minha mãe não me quer?

O que eu fiz pra ela?

Meu pai? O que está acontecendo?

Já faziam uns vinte minutos que eu estava lá quando ouço um barulho de passos,

— S/N? — A voz que me chamava estava atrás de mim. Olho para ele e vejo que é o Wonwoo. — Posso? — Ele sugere, querendo se sentar ao meu lado.

Confirmo.

— Está tudo bem? —Ele pergunta, pouco tempo depois de se sentar ao meu lado. — Você ficou bem abalada né?

Confirmo novamente.

— Minha mãe pensa mesmo que eu teria coragem de fazer algo contra ela?? — Pergunto mais para mim mesma que para ele e ele me olha, como se tentasse achar uma justificativa.

Seu rosto estava iluminado pelas luzes externas e sua pele estava linda, ele havia tirado a camisa xadrez e agora usava apenas uma camiseta do Winner.

Ele gosta de Winner. Sorrio olhando para a camiseta.

— Algo contra a minha camiseta? — Ele pergunta, seguindo o meu olhar e eu apenas nego com a cabeça, ainda sorrindo.

— Nada, é que eu também gosto deles. — Ele arregala os olhos e sorri, gostando do que ouviu.

— Bom saber. Haverá um show deles mês que vem, você vai? — Ele pergunta, com um sorriso lateral no rosto. Ele está mudando de assunto pra tentar me alegrar?

Sorrio novamente e vejo ele aumentar o sorriso dele.

— Para falar a verdade, eu bem que queria, mas como você acabou de ver, vou me mudar o mais rápido possível. — Bufo e ele faz uma carinha triste.

— Ah, só porque eu sou amigo do Mino e tenho dois ingressos. — Ele diz olhando triste pro céu.

— OI? — Pergunto boquiaberta e vejo-o jogar a cabeça para trás e gargalhar.

— É sério. Se você vier para a cidade, me liga que podemos ir juntos, que tal? — Ele pergunta voltando à sua pose ereta para me olhar.

 Será?

— Tudo bem. — Digo e olho para o céu. Sem nem me preocupar com ele ao meu lado, me deito, para que a visão fique melhor.

— Eu sou bom em distrair as pessoas não sou? — Ele pergunta, se achando o maioral e se deitando com os braços cruzados abaixo da cabeça,

— Muito. O que aconteceu lá dentro enquanto eu tava no quarto? — Pergunto me deitando de lado e o olhando enquanto ele olhava para o céu.

— Ah, estávamos jogando um jogo de desenhos e adivinhações, seu pai pegou a palavra família, mas como ele não parecia muito bom com desenhos desenhou você e deu a dica. Sua mãe achou ruim ele não ter desenhado ela, e foi assim que tudo começou. — Ele suspirou ainda olhando para as estrelas.

— Ah. — Volto à olhar para o céu. — E o que aconteceu depois que eu sai? — Pergunto agora de olhos fechados esperando a resposta.

Ele está me olhando. Eu sei disso.

Ele suspira pesadamente antes de falar.

— Seu pai ficou furioso com o tapa que a sua mãe deu nele, disse que daqui em diante ela nunca mais vai te ver, sua mãe disse que isso era um... — Ele parou de falar e eu abri os olhos e já ia olha-lo quando continuou. —... Um alivio para ela. Mingyu vai se mudar e vai morar aqui, sua mãe deu um tapa na mãe do Tao, Jin ficou totalmente sem chão, ele é bem fraco com brigas. — Confirmo, eu o conheço. — Namjoon gritou com a sua mãe, os dois foram embora, eu disse que iria embora, mas na verdade vim parar aqui.

Sorrio com o final que ele dá a tudo isso.

— E eu vou pra Busan... — sussurro e viro para olha-lo, ele parecia não entender o meu sorriso.

— Você quer ir pra Busan? — Ele pergunta, sem tirar os olhos dos meus.

— Sendo sincera? — Ele confirma com a cabeça  e eu dou de ombros, colocando minha cabeça encostada na minha mão. — Sim, é o melhor a se fazer...

— Então que lá você consiga fazer amigos. — Ele diz, com um sorriso meio triste.

— Você quer que eu vá? — Pergunto, me arrependendo logo depois.

— Eu te conheci essa semana, mas parece que eu já te conheço a muito tempo sabia? — Ele diz e eu sorrio. Eu também me sinto assim com ele. — Eu estaria mentindo se dissesse que sim. Acabei de te conhecer, e queria poder saber mais sobre essa pessoa cheia de problemas que você é.

Ele dizia e eu estava quase o abraçando quando sorri.

— Podemos continuar à nos conhecer pelas mensagens. — Digo, mas depois suspiro. — Se bem que conversas assim não dão muito bem.

— Que nada, quero continuar conversando com você por mensagens! — Ele diz se levantando e me fazendo arregalar os olhos. — Vamos, você tem que entrar porque já está tarde e eu tenho que ir embora porque fui chamado para um plantão amanhã no hospital do município vizinho. — Ele diz me ajudando a levantar, confirmo, tirando um dos pés da água, mas eu não sei o que eu fiz que derrubei nós dois na piscina.

Depois do susto que a água gelada deu em nós dois, começamos a rir e ele me olhou fingindo estar bravo.

— Você planejou isso? Ah S/N agora você vai ver. — Comecei a negar mas ele pareceu não se importar, já que começou a nadar atrás de mim. Começou a chover um tempo depois, quando ele conseguiu me pegar e ambos olhamos para o céu. — Não parecia que ia chover.

Balanço a cabeça olhando o mesmo céu que antes era totalmente sem nuvens e estrelado.

 Porque destino? Está na hora de eu dormir é?

— Você tem tanta sorte de eu ter deixado as chaves do carro e o celular na espreguiçadeira. — Ele diz e eu arregalo os olhos, me lembrando do meu celular, mas me sinto aliviada quando me lembro que o mesmo está no criado mudo do Tao.

— Você mesmo tem tanta sorte de ter deixado eles na espreguiçadeira. Eu não planejei me jogar na água, está frio pra caramba. — Digo dando um tapa em seu ombro e percebo que ele ainda segura minha cintura. — Vamos entrar, vamos pegar um resfriado!

— Na verdade eu tenho que ir. — Ele diz saindo da piscina e me ajudando a sair, peguei meus sapatos totalmente encharcados e ele pegou as coisas dele que estavam na espreguiçadeira, protegidos da água pelo guarda sol.

— Espere um pouco então. — Falo puxando ele para a sacada traseira da casa e entro, volto alguns minutos depois com uma toalha na mão e uma na cabeça. — Toma.

Ele começa a secar os cabelos e ia me entregar a toalha quando eu nego.

— Pode levar, ela é minha depois você me entrega. — Digo enxugando meu cabelo.

Ele confirma, colocando a toalha nos ombros e já ia sair quando virou de volta para mim e me olhou.

— Se cuida viu. — Ele disse, pegando meu rosto com as duas mãos e quando eu achei que ele ia sei lá, me dar um beijo de cinema, ele levantou os lábios e beijou a minha testa.

O calor de sua boca fez todo meu corpo vibrar com o acontecimento, me deixando em estase.

Ele sai e eu assisto ele rodear a casa e ir para seu carro, tudo pela janela da casa. Os pais de Tao assistiam TV, um pouco abalados. Sunnie e Mingyu não estavam e Tao e Vernon me esperavam no quarto.

Quando estou prestes a subir as escadas, percebo que há uma camisa xadrez em uma das cadeiras da mesa de jantar, vou até ela e a pego, sorrio sem nem saber direito o porque e volto as escadas. Vou guardar você, até que um dia, talvez, eu te entregue ao seu dono.

**

Hoje faz exatamente trinta dias que me mudei para Busan, morar com o meu pai se tornou algo bom, ele me ajuda e eu o ajudo. Estou ajudando-o as vezes no escritório.

Minha mãe ligou cerca de mil vezes desde que fomos embora no domingo depois do jantar. Tao me liga todos os dias e me conta as novidades da escola. Jin e Namjoon me ligam direto, me chamando para sair quando fosse para Seul. E por incrível que pareça, Wonwoo e eu estamos bem amigos, conversamos todos os dias, e ele é muito bom de papo, descobri que na verdade ele não namora. Não mais. E que aquele dia que ele me salvou do possível estupro ele estava indo conversar com a ex, pois ela é bem paranoica.

Neste exato momento, estou em meio à aula de Língua Francesa.

Meu pai me colocara em uma escola particular, e eu já fiz alguns amigos.

Mark e Jackson são pessoas bem extrovertidas, ambos tem a minha idade e são uns bobões. Em boa parte das aulas, eu faço dupla com o Mark, apenas Artes e Filosofia que eu faço dupla com o Jackson.

Jackson se senta na nossa frente acompanhado de uma garota que eu nunca me lembro do nome.

— Ainda não consigo entender como que alguém em sã consciência consegue gostar de francês. — Jackson retrucava deitando a cabeça em minha mesa. — Você tem certeza que você é desse planeta S/A? Que você ta bem? — Ele perguntou, levando a mão quente até a minha testa, fazendo tanto eu quanto Mark rirmos. — É sério, como é que você consegue gostar disso? — Ele pergunta levantando os braços e mostrando a sala com as mãos.

A professora fazia a chamada, e quando fui responder as perguntas de Jackson, ela me chamou.

— S/SN? — Ela perguntou olhando para a sala e eu fiz uma pequena reverencia.

— Presente senhora. — Digo e ela continua a chamada. — E para você senhor Jackson. — Digo encostando o dedo em seu nariz. — Não sou deste planeta, sou de Júpiter. E sim, eu estou totalmente bem. E é fácil gostar de Francês. Eu aprendi com meu melhor amigo em Seul, ele morou a infância na França, então ele me ensinava facilmente. — Sorrio  e ele revira os olhos.

— Você bem que poderia me ensinar essa bostinha né? Eu preciso de fuckings doze pontos esse semestre pra passar com essa sapa. — Ele diz olhando pra professora que usava seu casaquinho verde musgo de sempre.

— Você bem que poderia parar de ser tão mau Jackson! — Mark o repreendeu e eu ri.

— Eu ajudo você com a matéria da sapa. Mas vai ser na sua casa, com lanchinho da tarde porque vou passar meu belo sábado na sua casa e você vai me buscar, gasolina por sua conta. — Digo séria, ditando as regras, e vejo ele arregalar os olhos e Mark cair na gargalhada.

— Vai mexer com quem ta quieto, isso que dá. — Mark diz rindo.

— Ai S/A, você não conseguiu meter medo dessa vez, te busco lá pelas duas da tarde, que tal? — Ele pergunta, sério.

— Claro. — Respondo e ele sorri.

Depois disso a aula começou então nem pudemos conversar mais.

As aulas passaram rápido, e hoje, por ser sexta, não havíamos aula depois do almoço, o que quer dizer que almoçaria na Subway mais próxima.

Estávamos saindo do colégio, quando vejo um carro preto e esguio parado em frente a escola. Todos paravam e olhavam para o mesmo, dava para ouvir a voz das meninas esganiçadas.

Meu Deus! Ele é tão lindo. Uma disse passando por mim (lê-se quase me levando junto).

Chego mais perto, e só então consigo ver o dono do carro.

Ele usava uma calça preta e uma camisa social branca com as mangas levantadas até o cotovelo. Seu cabelo estava de um jeito meio que “desarrumado propositalmente” e usava óculos de sol.

Wonwoo?? Arregalo os olhos e minha boca fica entreaberta.

Porra como esse ser é bonito.  Ando um pouco mais e vejo ele sorrir ao me ver, se desencostando de seu carro e guardando o celular.

Na mesma hora que ele olhou de cima abaixo para mim, me lembrei que eu estava usado sua camisa xadrez em cima da farda, combinando com a saia xadrez que usava.

— Ele está olhando pra cá S/A, você o conhece? —  Mark pergunta, e antes que eu possa responder, já estou andando em direção ao carro.

— Wonwoo?? —  Pergunto, segurando com muita força a beirada da camisa e mordendo de leve os lábios.

— S/A. —  Ele sorri vindo até mim e tirando uma mecha de cabelo que caia no meu rosto.

— O-o que v-você está fazendo aqui?? —  Pergunto ficando vermelha, todo mundo me olhava e aquilo estava me deixando muito envergonhada.

— Vim te ver ué. —  ele diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Wonwoo! Estamos em Busan! Você mora em Seul! —  Falo e ele da uma gargalhada gostosa.

— Minha família mora aqui S/A, vim visita-los e como você também mora aqui... dois coelhos com uma cajadada só. —  Ele diz, batendo o dedo indicador no meu nariz com leveza. — Podemos almoçar juntos?

Olho em volta e vejo Mark e Jackson me olhando.

— Claro, porém eu já havia prometido que almoçaria com meus amigos. — Digo e aceno para eles.

*

Fomos para a Subway mais perto, e por incrível que pareça, Wonwoo e eu pedimos o mesmo sanduíche e isso me fez ficar corada.

— Mas e ai, de onde vocês se conhecem? — Jackson pergunta para nós enquanto comia rapidamente seu sanduiche.

Jackson e Mark estavam sentados um de cada lado meu, e Wonwoo de frente pra mim, ele comia sempre olhando pra mim e isso estava me deixando um pouco desconfortável.

— Bom... — começo a dizer, mas sou interrompida.

— Eu sou enfermeiro na antiga escola da S/A. — Wonwoo diz dando de ombros. — Um amigo nosso passou mal, o meu superior e eu ajudamos e no final eu a ajudei.

— Você passou mal? — Pergunta Mark, de olhos arregalados olhando para mim.

— Na verdade não, foi o Tao que passou. — Dou de ombros também, sendo o mais indiferente possível.

— Ela também passou, ela se preocupa muito com os outros. — Wonwoo disse indiferente, porém atento em mim.

— Hm. — Mark começa a pensar e de repente o celular de um deles começa a tocar.

— Puta merda! Estamos atrasados Mark! Temos que estar no ginásio em dez minutos. — Jackson diz ao ver quem ligava e já deduzindo o que era.

— Merda! Vocês vão assistir ao jogo? — Mark pergunta e na hora olho pra Wonwoo que olhou pra mim pensativo.

— Eu to de férias, então eu posso demorar o quanto quiser em Busan. — Ele sorri.

— Ótimo, poderia dar uma carona? Estamos ferrados. — Jackson diz se levantando. — Em compensação eu pago tudo, vamos andem que eu já encontro vocês.

Saímos tão rápido que eu acho que consegui ultrapassar meu recorde pessoal.

*

Chegamos bem na hora do show de início de jogo, Jackson e Mark conseguiram dois lugares na primeira fileira de lugares no ginásio para nós e foram correndo para trocarem de roupa.

O local estava muito cheio, esses jogos nacionais sempre fazem o ginásio encher, até câmera do beijo eles colocaram!

— Pelo visto eles ainda gostam muito de esportes por aqui. — Wonwoo disse se sentando em sua poltrona.

— Você já veio aqui? — Pergunto, mas antes que ele possa me responder, vejo nosso técnico aparecer com a sua forma redonda (não sabemos como ele se tornou técnico oka?).

— Wonwoo! Quanto tempo meu filho! — Ele o cumprimentou, fazendo com que o pobre Wonwoo se levantasse para abraça-lo. — Ta crescido! O que está fazendo na cidade? Fiquei sabendo que se formou na faculdade de Seul! Sempre soube que você era um menino prodígio!

Sorrio vendo o carinho que o técnico tem por ele, o homem redondo sempre é seco e mal educado com todos.

— Olá técnico! Tem muito tempo mesmo. — Wonwoo estava sendo a pessoa mais educada, isso era bonitinho. — Sim senhor, eu me formei em Seul, estou aqui visitando a família e uma amiga minha. — Ele disse  se soltando do abraço e olhando para mim.

— S/SN! — O técnico me cumprimentou tão alegre que eu até achei estranho.

— Olá técnico Jung. — O cumprimentei.

— Bom, temos um jogo e tanto pela frente, então eu vou lá ficar de olho nos meninos, se cuidem. — Fizemos uma pequena reverencia para ele e nos sentando, olhei para o Wonwoo e vi ele sorrir de lado.

— O que foi? — Ele pergunta me olhando.

— Hm? — Pergunto e ele gargalha. — Nada não.

*

O jogo já estava no seu segundo tempo, e a câmera dos beijos trabalhava a riscas, tinha gente que eu nem sabia que namorava se pegando.

Wonwoo parecia uma criança, gritava pros jogadores, e teve uma hora que eu juro que ele soltou uma tática em códigos para o Jackson, pois logo depois teve gol, isso não é possível.

Eu estava prestando atenção no jogo quando vejo algumas pessoas me olharem.

— S/A? — Wonwoo me chamou.

— Hm? — Perguntei me virando para ele, e antes que eu possa olhar direito em seu rosto, ele tinha colado nossos lábios e sua mão direita estava na minha nuca.

O que deu em mim? O que deu nele?? Pergunto-me quando dou passagem e ele sorri no beijo.

Todos a nossa volta gritavam e eu sentia minhas bochechas ficarem quentes.

Antes que eu possa rebobinar o que aconteceu, ele terminou o beijo, e selou as nossas bocas pela ultima vez, voltando a gritar coisas sobre o jogo com um sorriso no rosto e um braço passado em meus ombros.

Eu acho que o rubor das minhas bochechas estava bem forte, já que ele pediu um refrigerante de soda para mim com muito gelo logo depois.

— O-obrigada. — Agradeço antes de levar o canudo para os lábios.

*

O jogo ainda não havia acabado, porém Wonwoo recebera uma ligação de sua mãe, dizendo que seu pai não passava bem, estávamos dentro do carro nesse exato momento, eu disse que iria com ele até a casa dos pais dele e que depois ele poderia me levar para casa - isso com muito custo, já que eu quase morria de falta de respiração quando lembrava o beijo-.

Ele estava estacionando quando sai dos meus devaneios e me vi em frente à um casarão marrom, arregalei os olhos, percebendo que eu conhecia aquela casa e olho para o outro lado da rua, vendo, à alguns metros, a casa onde meu pai e eu moramos.

— Alguma coisa errada? — Ele pergunta, virando para mim.

— Ah, é que eu moro naquela casinha ali. — Digo, mostrando o sobrado de tom azul e sorrindo.

— Oh, então acho que vou te deixar em casa, será melhor que te fazer conhecer meus irmãos. — Ele diz sorrindo.

— E sobre seus irmãos, eu já os conheço, vamos no mesmo clube aquático no fim de semana. — Digo dando de ombros e vejo Wonwoo arregalar os olhos. — Eles são uns amorzinhos de pessoas.

— Meus irmãos estão roubando meu cargo é? — Ele diz fingindo estar indignado e eu rio.

Enquanto eu ria, vi que ele ficou me olhando como se quisesse gravar aquele momento em sua mente.

Grunhi e vi ele se endireitar, sem nem falar nada, ele abriu a porta e rodeou o carro, abrindo a porta.

— Obrigada. — Digo, o reverenciando e saímos andando.

— O que está achando de morar aqui? — Ele perguntou, colocando as mãos nos bolsos da calça.

— Ah, é bom, as pessoas daqui são boas, há uma diferença visível entre Busan e Seul. — Digo pegando as pontas da camisa xadrez e apertando. Obrigada Deus por ele não ter percebido a camisa.

— Hm. E os meninos de Seul? — Ele começou a andar de costas, olhando para mim.

— Para de andar assim pelo amor de Deus! — Digo pegando seus cotovelos e o endireitando, vejo-o gargalhar logo depois. — E sobre os meninos, o Tao me liga na hora do café da manhã, e o Vernon na hora do jantar. Nunca vou perder esses meninos de vista. — Digo, tendo orgulho de nossa amizade.

— Queria eu ter conhecido alguém como você no colegial, acho que teria sido melhor. — Ele diz sorrindo, olho para ele e vejo ele aumentar o sorriso e quando chegamos na porta de casa ele a olhou de cima a baixo. — Bom, acho que é isso. Vamos nos ver por ai, certeza.

Ele disse e quando eu o olhei, ele me olhava com um meio sorriso lateral, e lá estava ele pegando meu rosto entre as mãos. Porém dessa vez, recebi dois beijos, um na testa e outro no nariz, antes que ele voltasse a fazer o caminho até a casa de seus pais, com as mãos no bolso da calça.

— Ah, ela ficou bem melhor em você. — Ele diz parando à alguns metros, ainda de costas para mim e me olha de lado, com um sorriso sem vergonha. — Desde o dia que Tao disse que te viu guardando ela em suas coisas, eu fiquei imaginando como ela ficaria em você. — Ele suspira e olha para o céu antes de continuar a andar. Por pouco quase não ouço sua fala final. — Só não pensei que ficaria tão bem.

*

Oito dias se passaram desde que Wonwoo me visitou, e desde então ele vem criando o belo hábito de me ligar no horário do almoço, independente de eu estar no colégio ou não. Ele e Jackson viraram amigos, tanto que as vezes sou excluída das conversas por facecam ,mesmo eu sabendo que Wonwoo faz isso pra me implicar, isso me da uma agonia muito grande. Mark deixou estampado em sua face que não gosta dele, e descobri que foi porque ele nos viu na câmera dos beijos.

Meu pai está namorando, então nem fica em casa. Não tenho noticias da minha mãe, e Mingyu pediu Sunnie em noivado, já que eles se formam no final do ano.

Estou super feliz, pois hoje é a ultima quarta feira do ano letivo, e sexta a noite estarei à caminho de Seul junto ao meu pai e sua namorada, JungHee.

Sexta passarei a noite com Tao e Vernon, e sábado irei no show do Winner com o Wonwoo – ele só não sabe disso ainda –.

Desço as escadas, e sinto o tédio se afundar em minhas entranhas.

Cadê meu pai que não chega logo??

Pulo no sofá e ligo a TV, só para não me sentir tão só, coloco no canal de culinária, sem nem prestar atenção no que eles dizem.

Pego meu celular e o desbloqueio. Não há mensagens. De ninguém.

Levo meu dedo até o ícone do aplicativo de mensagens e vou no primeiro grupo.

S/A                                                                               21:03

Há alguém vivo nesse planeta Terra?

Alguns minutos sou respondida.

Chwe sem sal                                                                 21:10

Me desculpe S/A, mas não posso conversar agora, estou de recuperação em Química, estou tentando estudar para a prova sexta, isso mesmo, só tentando.

Tao Pequeno                                                                  21:13

Eu também não posso conversar, meus pais decidiram que temos que visitar minha avó na França, partiremos sexta à noite, estou arrumando minhas malas, nunca pensei que houvesse tanta tralha em meu closet.

Sorrio, e imagino Vernon sentado na cama, com o caderno de Química de Tao – possivelmente – e um livro embaixo, enquanto faz anotações em um bloco de notas amarelo. Ao mesmo tempo, imagino Tao tirando de tudo de dentro do seu closet, e jogando em qualquer lugar, para depois enfiar em uma mala, e quando tentar fecha-la, não conseguir.

Vou para o outro grupo, mas logo fico deprimida, quando lembro que Sunnie e Mingyu estavam no Japão passando as férias.

Pulo este grupo e o ultimo grupo é o que Jackson criara.

S/A                                                                               21:20

Pelo amor de tudo que é sagrado, me digam que não sou apenas eu que estou no tédio.

Sou respondida dez minutos depois.

8° maravilha do mundo (nome colocado pelo Jackson)        21:30

Não é apenas você baby, porém não posso fazer nada, já que estou de recuperação naquela bosta de Francês.

Markzão                                                                        21:31

Ainda não acredito nisso, como é que isso aconteceu Jackson? A S/A te deu aula sobre a matéria, e ainda sim você fica de recuperação?

Solto uma risada abafada, acho melhor não responder, vai que eles brigam e eu to no meio.

Minha ultima salvação, não é um grupo, mas sim uma pessoa.

S/A                                                                               22:00

Wonwoonie...

Durmo antes de receber a resposta, no sofá mesmo.

*

As luzes de Seul já estavam começando a ser acesas. São cinco horas da tarde e a cidade está no horário de pico.

Olho para frente e vejo as mãos do casal à minha frente, eles realmente se gostam.

Enquanto penso, uma ideia me vem à cabeça.

— Appa? — O chamo e vejo ele olhar pelo retrovisor.

— Hm? — Ele pergunta voltando a prestar atenção no caminho.

— Poderia me deixar no colégio, quero fazer uma surpresa. — Digo, com um sorriso no rosto.

— Claro, quando terminar é só ligar que te buscamos. — Jung diz e eu confirmo com a cabeça.

O colégio ainda estava em aula, fechei os botões da camisa xadrez, que batia alguns dedos à cima do meu joelho, e entro, digo que quero pegar alguns trabalhos e provas com o professor Kim e cá estou eu, indo em direção à enfermaria.

Quando chego na mesma, sou recebida pelo Namjoon.

— S/A! — Ele me cumprimenta com um abraço. — O que você está fazendo aqui garota?

— Oi Nams. — Respondo colocando as mãos na ponta da camisa. — Vim ver o Wonwoo.

— Ah, estou sabendo que vocês viraram amigos. — Ele me respondeu olhando-me com os olhos semi cerrados de quem estava de olho. — Ele está na sala de suprimentos. — Ele aponta para o local. — Vou ver o Jin, até mais.

— Até, manda um beijo para ele, mas não diz muito alto, eu ainda não vi o Tao. — Digo piscando os olhos e ele sorri.

— Pode deixar. — Ele disse batendo continência e saindo do local.

Começo a caminhar até a sala de suprimentos, passando por um enorme corredor cheio de macas, e começo a ouvir um assobio.

A porta estava aberta, então decido fazer uma real surpresa.

Ando calmamente até lá e quando entro, vejo uma sala vazia.

— S/N? — Uma pessoa pergunta às minhas costas, perto o bastante para fazer que seu hálito bata em minha nuca desnuda.

Arregalo os olhos e me viro, vendo Wonwoo encostado em um banco de metal  com as pernas levemente arqueadas.

— Vai assustar a sua tia! — Dou-lhe um tapinha em seu ombro e vejo ele sorrir, um pouco encantado comigo.

— Da próxima, vou tentar assustar ela e não você. — Ele responde, dando de ombros e voltando a guardar os suprimentos. — O que você faz aqui?

— Conhece a palavra surpresa? — Pergunto, me sentando no banco alto de metal e fingindo estar brava, fazendo um biquinho com a boca. — Então, era pra isso acontecer, mas você estragou tudo.

— Opa, não é culpa minha, seus tênis que fazem muito barulho. — Ele diz, apontando um cateter para mim, me fazendo rir.

— Ainda vamos no show do Winner? — Pergunto e vejo ele levantar uma sobrancelha e me olhar. — O que? Você disse que se eu estivesse em Seul, nós dois iríamos. — Digo mexendo a cabeça e vi ele sorrir.

— Vamos, começa...

— Wonwonieee! — Ouço uma voz fina entrar na sala e ele me olha com os olhos arregalados, olho para a porta, e vejo Rosé aparecer na minha visão.

— Se ela te ver aqui, vai até a diretoria. — Ele disse fechando a porta e me levantando do banco, vai para aquela salinha ali, ele me guiou pela cintura até a sala onde ficavam os estoques de gazes.

A porta se abriu.

— Ah, aqui está você. — Ela disse, se sentando onde, até alguns segundos atrás, eu estava sentada. — Eu estou com febre, e com dor de cabeça, minha barriga está rodando.

— Você sempre passa mal Rosé, precisa ir ao médico. — Ele a responde, olhando para mim atrás do banco que ela sentava, Rosé seguiu seu olhar, mas a única coisa que viu foi a porta de alumínio da salinha.

— Você é meu médico Wonwoonie. — Sinto um nojo crescer em minha garganta e vejo o mesmo acontecer com o Wonwoo.

— Não Rosé, eu sou enfermeiro, há uma grande diferença entre mim, e um médico. — Ele diz ríspido.

— Mas você é melhor que qualquer médico meu bem. — Ela diz se levantando e indo abraça-lo.

— Não estou te vendo passar mal. — Ele diz à afastando de si.

— Como não? Olhe como estou quente! — Ela disse pegando a mão de Wonwoo e levando-a ao colo desnudo.

Wonwoo puxou seu braço rapidamente, e vi um olhar furioso aparecer em sua face. Esse olhar eu não quero ver nunca.

— Por favor Rosé, vá para a sala, chega dessa idiotice, você é uma adolescente boa, vá atrás de alguém que goste de você. — Ele diz, voltando a trabalhar.

— O senhor gosta de alguém? — Ela pergunta, e me vejo chegar mais perto da porta para vê-lo, ele não olhava nem para ela, nem para o meu lado, colocou as mãos nos bolsos de seu jaleco, olhou para o teto do local e suspirou.

— Sim Rosé, eu gosto muito de alguém. — Meu coração começou a pular de emoção, minha pele, aqueceu-se até o rubro, minhas borboletas começaram a dançar uma valsa enlouquecedora em meu estomago.

— E como ela é? Posso ser melhor, não? — Rosé pergunta, chegando perto dele, o bastante para sentir o halito de menta de Wonwoo.

— Não Rosé, acho que você nunca conseguirá ser como ela, você é desnuda e sem vergonha. — Ele a olha nos olhos e a garota fica pasma. — Ela é alegre, engraçada, tem uns panes as vezes, acho que é vergonha, ela é simples, porém complexa, ela é fofa, e ao mesmo tempo, me da medo. — Ele começa a olhar para mim. — Quando ela chora, e sim, eu já vi ela chorar, infelizmente, da vontade de socar o rosto de todos que a fez chorar. Quando ela sorri, eu fico bobo e só quero à ver sorrir, quando ela ri, a vontade de pedir para ela repetir a dose de sua risada, só para me fazer ir as nuvens, é grande. Ela faz de tudo para não xingar, mas quando xinga, meu Deus, corram para as colinas. Estou dizendo isso tudo, mas você acreditaria que eu à conheço à apenas quarenta dias?

Rosé ficou tão pasma, que não disse nada, apenas deu-lhe um tapa estalado no rosto, que não o fez tirar os olhos de mim, e saiu.

Quando finalmente ficamos só, abri a porta retrátil da salinha, e sai indo até ele, sua face direita estava vermelha, e quando toquei, ela pulsou em resposta, dessa vez, fui eu que peguei seu rosto entre as mãos. Dei-lhe um beijo na lateral da testa, em sua bochecha direita, que pulsou quente ao meu toque, e por fim seu maxilar que tanto me chama a atenção.

Em compensação, ganhei um beijo na testa, um beijo no nariz, e por fim, um selar de lábios que fez duas lagrimas caírem, de felicidade, em ambas as minhas faces.

E foi assim, que de quarenta dias, passamos à quatro anos, fomos ao show do Winner, além de eu persuadir e fazê-lo me levar ao show do Bigbang. Hoje somos noivos, ele terminou o doutorado, e eu, ah, acabei de começar o meu mestrado, um dia estaremos ambos dando aulas na faculdade de Seul, e lutaremos para roubar os alunos um do outro.

Ganhei uma sobrinha chamada Konae, por parte de Mingyu e Sunnie, virei madrinha de um garotinho chamado Jimin, filho de Namjoon e Jin. Tao fez medicina, e hoje trabalha como neurocirurgião. Vernon se casou e me deu um afilhado, Joshua. Jackson está jogando no time oficial da Korea! Quem diria! Nunca mais vi Mark, ele se mudou para Londres, diz Jackson que ele se casou com uma europeia e que está para ter filhos, só quero que ele seja feliz.

Meu pai se casou, e me deu um casal de irmãos mais novos. E minha mãe, bom, eu não sei direito, acho que ela foi internada, isso não me importa muito.

A camisa xadrez está pendurada no nosso closet, e a toalha faz parte da decoração do quarto onde agora, dormimos Wonwoo, eu, e sei lá, se for menina se chamará SunHee, e se for menino... ai o Wonwoo que escolhe.


Notas Finais


Espero que tenham gostado, até a próxima, beijoos mores!


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