História Oneshot BTS- Who are you? - Capítulo Único

Com uma caneta preta, o jovem Park Jimin escrevia em seu caderno da mesma cor com listras brancas. Uma estampa nada chamativa, do jeito que gostava. Neste tão discreto caderno, ele escondia suas mais gritantes verdades e segredos. Seu passado estava completo naquele caderno, e ele não via a hora de jogar todas essas folhas numa estrada e acender seu isqueiro vermelho, queimando todas aquelas denúncias, como se elas não existissem, e como cinzas, elas se perderiam no ar.

Quarta-feira, 21 de Outubro de 2016.

Talvez, esse seria o último dia em que o garoto se calaria com suas palavras que não saíam do papel.

Neste dia, ele provaria a todos o contrário do que todos queriam provar à ele: de que ele era qualquer um. De que ele não tinha uma essência, não tinha uma especialidade. Apenas outro garoto que futuramente iria à mais um dos inúmeros escritórios no seu país, onde haviam mentes pequenas e opacas, que provavelmente, acreditaram nessas palavras:
                           " Você fará qual faculdade? Quero que seja um arrumado trabalhador de escritório ou médico, como os amigos do seu pai"
                              "Tocar guitarra em uma banda? Quer fugir do seu futuro, garoto? Você vai ser um grande doutor e me trará orgulho!"
                        "Não se atreva a me decepcionar, você não será esses desocupados musicais que morrerão pobres!"

Essas palavras temiam o Jimin. Essas palavras tão fortes ecoavam na sua cabeça, enquanto guerreavam com os pensamentos próprios do jovem. Ele pensava em toda sua história enquanto caminhava pela estrada com uma maleta de couro preta e uma guitarra encapada em suas costas, e claro, seu caderno discreto em sua mão.

Jimin

Quando eu era pequeno, eu tinha um grande sonho de ser como os garotos da televisão, que eu via escondido, já que meus pais achavam que a mídia iria me influenciar. Provavelmente, para eles, a TV me convenceria a não seguir as profissões que aqueles ridículos sempre quiseram que eu cursasse, me privando das minhas escolhas.

Meu pai? Ah, um alcoólatra, mas minha mãe o admira. Por que? Porque ele é um grande empresário, que sempre força um sorriso para entrar naquela merda de empresa, com pessoas tão cegas com o ego padrão da sociedade, cegas de ilusão, de que teriam uma vida triunfal. Fazendo o que não querem? Como querem ser felizes? Sob pressão? Eu não vou viver essa "felicidade" nem sob tortura!

Minha mãe? Uma professora de química. Realmente boa, uma mulher genial. Sempre estava concreta de seus cálculos. O que mais me soa como sarcasmo, é de que na escola, ela odiava química. Mas minha avó dizia que ela era uma adolescente tola que queria cantar, e que não chegaria à qualquer lugar que não fosse o inferno por decepcioná-la. Resumindo, eles borram nossos sonhos. Não somos jovens, não surpreendemos, claro que não. Somos máquinas prontinhas para entrar no caminho da depressão.
             Mas..eu não vou entrar nessa rodinha. Não. Mesmo.
                   Desde meus 8, eu junto dinheiro para comprar uma guitarra para mim, já que minha mãe nunca compraria pra mim, muito menos o escroto do meu pai. Com 15, eu comprei a minha própria. Eu a escondia para que a " mãe dos sonhos " não desse um fim nela, e o empresário "super feliz", ele nem ligava.

Agora aos 17, eu resolvi me pronunciar. Após chegar na escola agora de manhã, eu chamei a atenção de todos e contei que não éramos máquinas, que devíamos seguir o que queremos, não o que mandam nós querermos. Os professores me lançavam olhares de ódio. Eu tenho certeza de que, se não me chamasse Park Jimin, eu seria chamado de TV pela minha família, interpretem como quiser.

Passei por toda Seul com minha maleta e minha guitarra, com minhas roupas vermelhas e pretas, sem a farda do colégio. Por que aquele garoto não está estudando? Alguém o detenha e o mande à escola! Todas aqueles rostos surpresos me provocavam risadas, enquanto eu andava despreocupado. Ah, liberdade! O que me faltava. Agora estou numa calçada peculiar em uma parte de Seul, enquanto rasgo meu tão amado caderno e preparo meu isqueiro para queimar todas aquelas lembranças.

Eu avisei que eu não seria mais um, qualquer um. Te surpreendi, futuro planejado? Espero que não esteja se doendo, porque daqui pra frente, o que eu fizer, será de minha única decisão.