(OUVIR MÚSICA CENA )
POV NAMJOON
Uma semana, sete dias, desde a última mensagem dela, ela não atende as ligações e nem mesmo aparece online, passei os últimos dias preso no estúdio, os meninos apareciam para me fazer comer ou me animar, mas parecia que estar faltando algo, e eu sabia que esse algo era alguém, era ela.
Todos os dias tinham sido incríveis, ela me via como eu era, e amava tudo isso em mim, sempre achei difícil encontrar alguém que me entendesse, que me levantasse quando nem eu mesmo confiasse em mim, e ali esteve ali, mãos dadas, sorriso largo. Ela havia prometido não soltar minha mão, e agora estava me deixando cair. Eu entendia o medo que dava, não nos preparamos para tudo isso, tínhamos opções, mas parece que ela escolheu por si, não me deu espaço nem para opinar no que eu queria ou poderia fazer, olho frequentemente nossas fotos, os dias correm para chegar a turnê, se não resolvermos isso logo, nunca mais iremos nos ver.
Levanto e vou para casa, quando chego lá todos me olham com aquele olhar de quem não sabe o que dizer, sorrio, tento começar alguma conversa, mas logo me retiro estou cansado demais para disfarçar. Escuto alguém bater na porta, Jin hyung entra e se senta ao meu lado.
- Toma, tenta ligar do meu. – Ele me entrega o celular. Levanto a sobrancelha, ele me encara. – Ela não conhece meu número, se for curiosa vai atender.
- Obrigado, hyung. – Como sempre o Jin hyung tinha razão, o telefone chama apenas duas vezes, logo sua voz diz alo do outro lado, meu coração acelera. – Joa?
- Namjoon? – Sua voz muda.
- Não desliga, me escuta, por favor. – Escuto o suspiro profundo, ela não discorda, fica muda, mas também não desliga. – Você não pode simplesmente me ignorar, temos que nos ver, saber como vamos passar por isso.
- Passar por isso? Namjoon, não tem o que passar.
- Lógico que tem, o pd-nim nos deu opções e... – Ela ri do outro lado da linha.
- Ele NOS deu opções? E eu sou alguma contratada para ele me dar opção de algo? – Sua voz parece irritada, não gosto do rumo que a conversa está tomando.
- Olha eu sei que parece difícil, mas... – Ela suspira mais irritada dessa vez.
- Olha Namjoon, talvez você esteja acostumado a alguém mandando e controlando seus passos, mas eu não estou, você acha que minha família está feliz de eu gastar todo meu dinheiro em uma viagem de seis meses por aqui? Não, mas eu fiz. E eu sou assim, estou cansada de ter que esperar uma ligação sua para nos encontrarmos escondidos, as vezes acabar ficando plantada no lugar, pois não deu para você aparecer. – Quero entrar no telefone, quero impedir ela de dizer o que eu sei que ela vai dizer, mas não consigo, não consigo nem me mexer. – Foi como um sonho lindo, mas agora acabou. Sou grata pelo que vivemos, mas não quero esse tipo de problema para mim agora.
Problema? Era isso que eu era? Todas as vezes que ela disse me admirar, me amar, onde estava isso agora? A realidade era tão ruim assim? Quero jogar todas essas perguntas na cara dela, mas o celular é desligado, Jin hyung tira o aparelho da minha mão, e de repente percebo que tenho lágrimas escorrendo pela minha face, meu coração está pequeno, e ao mesmo tempo parece enorme, vazio. Pela primeira vez na vida, não me odeio apenas, odeio tudo o que sou.
- Nam? – Jin hyung me encara preocupado, se levanta e vai buscar uma cerveja para mim, bebo como se fosse o que eu mais precisasse naquela hora. – Vai com calma, tem mais, não vai acabar.
- Acabou, hyung. Acabou. – Só consigo dizer isso, ele aperta meu ombro, abre uma lata, e sem nenhuma palavra, acabamos com toda cerveja que temos.
POV JOA
Estou em um canto, está escuro, e ainda estou com o celular na mão, choro, choro como se isso fosse me fazer sumir, pela primeira vez eu realmente queria acordar e que tudo isso fosse um sonho, eu morri, cada parte minha morreu ao ter que dizer aquelas palavras para ele, na verdade eu queria dizer que o amava além de tudo, que eu queria gritar ao mundo isso, queria dizer que cada segundo foi incrível e que eu estava disposta a tudo para ter mais, mas eu não poderia ser a que ficaria ao seu lado, pela primeira vez, eu odiava ter vindo para essa viagem.
- Joa, você precisa comer. – Alice abre a porta e não me vê. – Amiga. – Sua voz é triste quando me vê, ela senta ao meu lado e me abraça, deixa que eu molhe sua roupa com as minhas lágrimas.
- Eu o amo tanto, tanto. – Ela concorda com a cabeça.
- Você acha mesmo que esse é o único caminho?
- Sim, não posso deixar ele sentir que precisa me assumir, e se no fim das contas acabarmos quando eu for embora? Como vai ser?
- Eu sinto muito, de verdade. – Volto a abraça-la, depois ela me ajuda a levantar e me leva para o banheiro. – Você precisa se cuidar, já emagreceu bastante parece, não vai querer ficar doente, não é?
Queria dizer a ela que eu já estava doente, e que eu achava que não havia cura, cada vez que fecho os olhos, só penso nele, no toque, no sorriso, as lágrimas vem com tanta facilidade, que parece que nunca vão se esgotar.
Depois do banho tento comer algo, sem sucesso volto para o sofá, onde finjo assistir alguma coisa, mas meus olhos estão fixos no nada, não sei como começar a viver depois disso, parece que tudo ficou cinza, e eu odeio essa cor, gosto da cor dos olhos dele, que se iluminam quando olham para os meus, gosto da cor oliva de sua pele, que se acentua toda vez que estamos sentados ao sol, gosto do mel de seus cabelos, que parecem iluminar tudo quando o sol o toca e o vento o beija. Meu deus, amo principalmente a cor dos seus dentes, pois os vejo sempre que ele está sorrindo, e ele está sorrindo para mim. Meu coração sangra, como se alguém estivesse me destroçando por dentro, volto a chorar, meu corpo convulsiona com os soluços e lágrimas.
POV NAMJOON
Hoje temos uma aparição em programa de variedades, começo a ensaiar o que preciso dizer, a maquiadora reclama das minhas olheiras, eu digo que estou muito empenhado no comeback, os meninos como sempre estão super animados, por algumas vezes tento tomar a energia deles, mas parece que eu sempre acabo ficando isolado em um canto.
- Estão prontos? – Nosso staff aparece, nos levantamos e seguimos as ordens do programa.
As fãs como sempre são pura energia, gritam, cantam, ficam fazendo nosso fanchant sempre que tem tempo, estamos sorridentes e participativos, me sinto com uma máscara, mas por elas eu tenho que usa-la bem.
- Agora a pergunta é para o líder. – A apresentadora me olha e eu sorrio. – É verdade que pode haver uma menina misteriosa por aí, que está sendo dona de sua atenção?
Meu coração, meu coração se rasga e simplesmente não tenho palavras, começo a falar, mas gaguejo olho para meus amigos desesperado, parece que desaprendi as palavras, fico sem reação e Jin hyung toma a dianteira.
- Todas as nossas armys são nossas meninas misteriosas. – Ele joga um beijo voador para elas, que se derretem.
- Mas houve alguns boatos por aí. – Jin hyung não deixa ela terminar de falar e já responde.
- Há boatos o tempo todo, estamos acostumados com isso.
- Rap Monster, você não tem algo para dizer?
- Acho que o hyung já respondeu muito bem, estamos prontos para lidar com esses boatos, e todas as armys fazem parte da minha atenção. – Tento sorrir verdadeiramente e acho que consigo ser um bom ator.
O programa acaba e parece que eu corri uma maratona, vamos todos para casa em silêncio, eu até acabo cochilando na van, e é ela que aparece em meus sonhos.
POV JOA
Minha cabeça, só consigo sentir a dor infernal que está nela, abro os olhos e tudo roda, tento chamar alguma das meninas, mas minha voz falha, parece que até o som do vento faz tudo piorar, me levanto apoiando em tudo, ficar de pé parece impossível, procuro pela casa e nenhuma das duas parece estar, então me lembro que elas iam fazer compras hoje, merda. Sento no chão e tento respirar para ver se relaxo, mas parece que tem alguém me batendo com um martelo.
Alguém me chama, escuto de longe, está frio e meu corpo dói, tateio procurando meu celular, sinto o chão, eu estou no chão? Minha cabeça, ela ainda dói, procuro de onde chamam meu nome, é na porta, levanto lentamente e vou até ela, abro e quase caio, mas alguém me segura.
- Joa? Meu Deus. – Chung, reconheço a voz dele. Ele me leva para dentro, me coloca no sofá, me dá um remédio para dor de cabeça, e depois volta com agua e um pano. – Você está com febre.
- O que, o que está fazendo aqui? – Minha voz soa estranha.
- Encontrei Alice ontem, e ela me disse que você não estava saindo muito, disse para eu vir visita-la. – É claro que ela disse, dessa vez eu ia deixar passar, porque acho que ia morrer sozinha ali, se ele não aparecesse.
- Obrigada. – Caio no sono, acordo com ele sentado ao meu lado, e minha amigas sentadas no chão me olhando.
- Graças a Deus. – Ana corre para pegar alguma coisa na cozinha.
- Você nos assustou, parecia um fantasma de tão pálida.
- Eu me sinto melhor agora. – Com calma consigo sentar, a dor não está mais tão forte.
- Quer ajuda? – Chung senta ao meu lado no sofá, me apoio nele. – Quem é o cara? Vou quebrar a cara dele.
Por um segundo o encaro, ele sorri. Parece estar só brincando, mas pelo meu olhar ele entende que não é o caso.
- Eu sinto muito. – Sua voz está triste.
- Eu também.
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