História Only Do What I Say - • Capítulo 17 •

                   |A r i a n a|

 As coisas estão mudando agora, quase não me reconheço ao olhar-me no espelho, parece que sou uma pessoa completamente diferente e isso em tão pouco tempo. Essa "transformação" inteira começou quando Justin bateu aquela merda de carro. 

Flashback: On 

 Nós estávamos indo para a minha casa, tinhamos acabado de sair do galpão onde treinamos junto com a gangue. Justin estava sério, parecia que algo havia acontecido quando foi falar com seu pai, mas decidi ficar quieta olhando para a janela do carro. 

 O carro começa a ir em alta velocidade, meu olhar é direcionado ao de Justin, que ainda mantinha seus olhos na pista. 

 — Justin, vai mais devagar! — disse, mas ele pareceu não me dar atenção.

 O quê ele quer, nos matar?

 — Não me diga o quê tenho que fazer Ariana, sou eu quem dito as regras aqui e você sabe muito bem disso — ele me respondeu num tom autoritário, me fazendo revirar os olhos. 

 — Mas só estou pedindo para ir devagar! Quer bater o carro? — digo, aumentando meu tom de voz.

 — Você para de gritar! — ele grita, me olhando. 

 — Eu não estou gritando! 

 Ele não responde, apenas vira o volante com uma enorme brutalidade, e... 

 Flashback: Off 

 Depois disso, não me lembro mais de nada, só sei que batemos em algum poste na rua. Senti que aquilo foi de propósito no começo, mas o jeito que ele me tratou quando eu estava cheia de machucados no hospital me fez pensar ao contrário.

 Meus pais surtaram ao saber sobre o acidente, e sobre o Justin, mas com aquele seu joguinho, o loiro conseguiu convencer meus pais de quê ele era uma "boa companhia" para mim. Na frente deles, Justin nem parece ser quem eu conheço de verdade. 

Ele também está diferente, principalmente comigo, não está mais divertido, muito menos carinhoso feito antes. Agora estou no galpão, treinando minha mira, já que havia acabado de aprender a me defender sozinha com as minhas próprias mãos. Ninguém nunca que iria me imaginar dando socos em um estranho que de uma maneira bem estranha se tornou meu amigo. 

— Afaste mais as pernas, assim se acostuma melhor com o impacto do tiro — Chris, o 'cara estranho' criticava meu jeito de atirar. 

 — Eu sei muito bem como fazer isso, okay? — digo abaixando minha arma, o olhando.

 — Não sei como vai atirar em seus inimigos dessa maneira — ele ainda estava falando merda para mim. 

 — Tá, eu estou aprendendo e acho que todo mundo que está aqui sabe disso — digo o olhando, cruzando meus braços.

 — E eu estou te ensinando — ele diz cruzando os seus braços me imitando, arqueando uma de suas sombrancelhas. 

— Talvez essa cicatriz na testa impede que a informação entre em sua cabeça. 

Desde que essa cicatriz apareceu em minha testa ele fica me fazendo piadinhas sem graça. Nem está tão má assim, parece que eu me machuquei brincando de pega-pega com alguém. Chris é um idiota, que só sabe me irritar. 

 Bem na hora que iria lhe responder, Justin aparece na sala de treinamento, com aquela expressão séria que agora estava começando a me irritar. Respiro fundo assim que o mesmo se senta em um dos bancos, ainda sem dizer nada e desvio meu olhar dele, para um dos alvos alí. 

 — Você já pode começar Ariana — Justin diz num tom debochado.

 — Eu começo quando eu quiser — digo abaixando meu olhar, olhando para a minha arma em uma de minhas mãos.

 Aquela ideia de que ele tinha batido o carro para me machucar, ou até mesmo me matar naquele dia. Não sei o quê ele está tramando, mas vou descobrir, com certeza. 

Ele disse algo, o quê não dei muita atenção. Apertei o revólver em minha mão, logo mirando no alvo, acertando perfeitamente o mesmo. Um sorriso apareceu em meus lábios, acho que essa era a primeira vez que conseguia acertar de uma maneira tão certeira um daqueles alvos. 

 — Finalmente aprendeu à fazer algo, não é? — ouvi a voz de Justin perto de meu ouvido, fazendo um arrepio enorme percorrer pelo meu corpo. — Talvez você já esteja pronta.

 — Não, não estou. 

 — Está sim, será uma das melhores atiradoras que temos aqui — ele diz, me fazendo revirar os olhos. 

 — E se eu não quiser? — cruzo meus braços, o encarando. 

 — Quem disse que você tem que  querer algo aqui? 

 Respiro fundo quando senti que iria explodir naquele exato momento, eu não sabia o quê estava dando nele que do nada ficou assim comigo. Ele é louco, só pode!

 — O quê deu em você em? — pergunto, largando a arma em cima da mesinha. — Está todo ignorante, falando comigo só quando quer alguma coisa, o quê há com você?

 — Eu estou normal Ariana, só você que pensa que estou te tratando diferente — ele diz encarando meus olhos. 

 O olhei sorrindo, como se estivesse tudo bem, e neguei com a cabeça, me segurando para não enterrar uma bala em sua cabeça. Sai andando dalí, em passos rápidos. Ele quer que seja assim, será assim. Há umas semanas atrás, eu era sua "namorada", eu era a pessoa que ele mais dava atenção. 

Ah, não estou acreditando que estou deixando de ir as aulas para vir treinar porque ele exige isso de mim, no começo tudo parecia que seria fácil. "Ele não iria me pedir para fazer coisa absurdas", era o que eu pensava antes dessas coisas acontecerem. Agora que botei na cabeça que tenho de qualquer jeito ficar nessa gangue fica mais difícil tentar de alguma maneira se distanciar. Esse mundo é perigoso, mas algo me atraia para cá, é inevitável!