1. Spirit Fanfics >
  2. Only fools - CellBit >
  3. Primavera II

História Only fools - CellBit - Primavera II


Escrita por: Iflyue

Notas do Autor


ATENÇÃO ATENÇÃO
Preparem os fones de ouvido
A partir de um dado momento eu recomendo ler ouvindo Fools do Troye Sivan ou qualquer outra música romântica que vocês gostem (terá um aviso na parte e tals)

BOA LEITURA PADAWANS

Capítulo 8 - Primavera II


Uma semana depois...

Olhei ao redor e não vi conhecidos fora de sala, então lentamente caminhei até uma arvore no centro do gramado e me sentei sob ela, tirando um cigarro e meu isqueiro do bolso. O acendi e então peguei o celular, haviam passado das oito horas da manhã e provavelmente Rafael ainda estaria dormindo. Mandei uma mensagem que dizia "Bom dia só pra quem tá com saudade" e voltei a apreciar meu cigarro. Rafael acabou se tornando uma das pessoas com quem mais falo nesse meio tempo e mesmo de longe eu conseguia notar sua preocupação comigo. Cada uma das horas de conversas na madrugada valeu a pena, desde as vezes que falamos sobre coisas corriqueiras até quando tentamos pagar de intelectuais com nossos papos. Ele me faz sorrir sem qualquer esforço. Ele me faz ser a melhor parte de mim. Olhei o céu antes de tragar novamente, a tonalidade que ele assumia esta manhã me fazia recordar aos olhos do loiro e eu sorri ao lembrar do sorriso dele.
— Alguém já te disse para fumar menos?
A voz pouco rouca me fez abrir os olhos e retornar para a realidade.
— Já. — dei os ombros, apagando o cigarro na árvore atrás de mim enquanto me desculpava mentalmente por fazer isso com a mesma — Você, Yuri, vive dizendo isso.
— Se fosse o Edu ou a Gabbie a te ver com isso você iria pro hospital de novo, por nada.
— Obrigada por me livrar de passar a noite tomando soro, querido. — sorri irônica, lembrando do acontecido há sete dias.
— Vim te avisar que seus exames chegaram ontem pro meu pai, e sua consulta será hoje de tarde. Ele disse pra você não beber mais, nem fumar.
— Que delícia. — sorri da maneira mais forçara que consegui e então foquei meus olhos em meus tênis — Está tudo bem, não é Yuri? Quer dizer, comigo, com a minha saúde.
— Ele não disse nada pra mim, Lê. Eu não sei, mas prometo que tudo ficará bem. — Yuri me olhou com ternura e depositou um beijo em minha testa — Desde que você não dê pt em festa de novo.
O olhei incrédula e estapeei seu braço, até ele estender a mão para que eu me levantasse e voltasse a desferir tapas em seu corpo, arrancando gargalhadas do mesmo.
— E tem mais uma coisa. — já estávamos caminhando de volta para a sala, em breve o professor chegaria e o humor daquele cara nunca estava bom.
— O quê?
— Você será atendida por um amigo do meu pai, ele achou melhor te encaminhar diretamente pra ele, já que meu pai é apenas clínico geral.
Por alguma razão, senti a um arrepio escalar minha coluna e resolvi nem perguntar qual era a especialização desse tal médico, apenas concordei e pedi o endereço de onde eu seria atendida.

* * *

Rafael: Bom dia mas só pra quem acordou de tarde

Rafael: Como você está, grandona?

Helena: Eu tô bem bae

Helena: Você dormiu bem?

Rafael: Sim, anjo

Rafael: Posso ver teu rosto?

Helena: Não tô em casa

Helena: Dia de saber o resultado dos exames

Helena: Me deseje sorte

Helena: Ou apenas deseje que eu não morra

Rafael: Você não vai morrer

Rafael: Não fala besteira

Rafael: É pra me contar tudinho depois

Helena: Sim senhora, miga fofoqueira

Rafael: É aquele ditado

Bloqueei o celular e voltei a olhar aquela grande sala repleta de cadeiras vazias. Havia apenas eu e um casal sentado do outro lado da sala aguardando para o atendimento mas o cheiro de hospital estava ali para testar minha paciência. A moça de rabo de cavalo e saia que estava na recepção se aproximou com um sorriso suave no rosto para me conduzir até a sala que ficava no fim do corredor.
A sala em si já quebrara minha expectativa de clima monótono de médico: uma parede inteira havia sido substituída por uma grande janela de vidro que exibia algumas árvores por entre as cortinas brancas, havia uma decoração leve em tons de branco e vermelho e aquilo por alguma razão me fora bastante acolhedor. O homem no jaleco aparentava ainda estar se aproximando da casa dos quarenta anos e exibia um sorriso com dentes alinhados e brancos que junto ao seu olhar verde iluminado mostravam sua simpatia de imediato.
— Helena Aquimi, certo? — ele estendeu a mão para mim assim que sentei na poltrona vermelha e eu assenti e apertei sua mão — Sou Guilherme Medeiros, e o doutor Dantas resolveu direcionar você para mim.
— Sim, é um prazer.
— Bem, senhorita, posso te chamar como?
— De Lê. — respondi, já um pouco nervosa com a situação. Tentativa de aproximação de um médico demonstra que teremos uma longa convivência e eu já não gosto disso.
— Lê, eu sou oncologista e faço estudos clínicos sobre leucemia mielogênica aguda há quase dez anos. Esse tipo de leucemia é considerada rara e não afeta tantas pessoas na sua faixa etária.
Engoli seco assim que ele começou o discurso. Leucemia? Como assim? Não, claro que não. Há algo de errado e eu sei disso, não tem a menor possibilidade de eu estar doente e menor ainda é a possibilidade de eu ter um câncer. Eu sou escorpica, não da pra ser escorpica e cancerix ao mesmo tempo. Ele deve estar apenas falando coisas aleatórias. Deve ser aquele tipo de pessoa que conta histórias nada haver no rolê. Minhas bochechas e olhos ardiam e meu impulso de baixar o olhar foi mais forte no momento.
— Esse tipo de doença afeta o desenvolvimento de células mieloides na medula óssea, o que forma células que não cumprem suas funções no organismo e, consequentemente, baixam sua imunidade.
— E-eu tenho leucemia, doutor? — perguntei ainda sem o encarar pois já sentia a umidade escorrer nos cantos de meus olhos.
— Pode me chamar de Gui. — ele respondeu — Você tem leucemia, Lê. Mas o Pedro e eu cuidaremos de você e logo você não terá mais. Agora, preciso que você me traga mais esses exames e bem rápido, avisarei o laboratório que os quero com urgência para começar seu tratamento o mais rápido possível.
Olhei o papel que ele estendeu a minha frente e o peguei, limpando meus olhos discretamente e voltando a o encarar.
— Esse é o meu número pessoal e também o número da clínica, ligue se sentir qualquer coisa ou avise ao seu tio Pedro.
Sorri ao ouvir ele dizer seu tio, Pedro era pai de Yuri e eu chamo ele de tio desde sempre e depois de algum tempo ele passou a me chamar de sobrinha. Peguei o cartão que o homem havia me dado e guardei na bolsa junto do requerimento, agradeci pelo bom atendimento e fui quase correndo para o estacionamento pegar meu carro.

[Recomendo a música a partir de agora]

Leucemia mielogênica aguda. Essas três palavras estavam martelando na minha cabeça desde que as ouvi na clínica, agora em casa, eram como gritos ensurdecedores adentrando minha mente cada vez mais fundo. Já se fazia noite e eu continuava no mesmo canto desde que cheguei, sentada no chão da sala com a cabeça entre os joelhos chorando, e eu saí da clínica as quatro da tarde. Meu celular já havia tocado diversas vezes mas eu não sentia a menor vontade de levantar para o pegar. A porta da varanda estava aberta e o vento frio da noite deixava a sala do meu apartamento escuro ainda mais depressiva e solitária. Uma nova chamada e o celular voltou a tocar. Leucemia mielogênica aguda. Era apenas o que eu conseguia pensar, leucemia mielogênica aguda e no meu jeans favorito molhado pelas minhas lágrimas incessantes.
Leucemia mielogênica aguda e eu posso morrer por não ter glóbulos brancos funcionais suficientes no meu sangue, eu posso morrer sem dar a volta ao mundo e viajar sempre foi o meu maior sonho. O que pensar de uma doença que esta me consumindo e até cinco horas atrás eu não imaginava sequer tê-la? Aquele bilhete no hotel pode ter sido um pressagio. Claro, Helena, claro, uma pessoa louca iria conseguir alterar o DNA na sua medula óssea para te causar uma doença.
Mais um toque e eu abraçei minhas pernas ainda mais, não preciso fazer as pessoas sentirem dor por minha culpa. Elas se importariam no começo, mas logo vão desistir de mim e de tudo mais. Eu vou ficar sozinha, então, pelo menos ficarei sozinha por decisão e não por abandono. Eu não suportaria a dor do abandono outra vez.
E pela quintilhionésima vez naquelas cinco horas meu celular estava tocando. Vencida pela insistência, levantei e fui até o sofá. O brilho da telinha de vidro causou irritação aos meus olhos e algumas várias piscadas me fizeram acostumar com toda aquela luminosidade.
32 Chamadas Perdidas de Rafael
14 Chamadas Perdidas de Lubisco
3 Chamas Perdidas de Gabbie
732 mensagens em 38 conversas
A tela mudou e então vi a ligação de Rafael esperar para ser atendida. Respirei fundo e tentei controlar o choro, então atendi.
— Helena? Está tudo bem? Onde você está? Você sumiu por quê? Estou preocupado, o que aconteceu?
As perguntas foram despejadas sobre de mim como um deslizamento de terra sobre um barraco. (Que comparação horrível)
— Estou bem. — fiz minha melhor voz de séria no momento — Você não precisa se preocupar comigo nem me ligar tantas vezes.
— O que aconteceu Lena? Como foi com o médico novo?
— Não tenho nada. Boa noite, Cellbit.
— Espera — sua voz foi mais rápida que o movimento que eu faria para encerrar a chamada — Cellbit? O que aconteceu, Helena Aquimi? Não ouse mentir pra mim.
Seu tom de voz havia mudado de preocupado para preocupado e decepcionado.
— Nada, garoto. — tentei ser ríspida mas lágrimas encheram meu rosto.
— Sério que você vai me fazer ir até aí pra saber o que esta acontecendo?
— Sem gracinhas. Eu estou bem.
— Você acha mesmo que esta me enganando?
— E você ainda não percebeu que eu não quero conversar com você?
— Para com isso Helena, cadê a garota carinhosa com quem conversei da última vez?
— Eu vou desligar, vê se não me liga mais trinta e duas vezes.
— Trinta e três com essa. — ele fez questão de me corrigir.
— Vai se foder.
Encerrei a chamada chorando mais ainda que quando eu estava no chão.


Notas Finais


Ou a galero foi abduzida ou eu tô escrevendo muito mal porquê os comentários da fic caíram ishdhshsha troste isso pra mim :/

Enfim, o que acharam do cap? O que acontecerá a seguir? Eita.
Beijos de cafeína (ou achocolatado, pra quem quiser)
FUI! <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...