História Opa! Ela é homem?! - ChanSoo ou KriSoo? KaiSoo

Capítulo Bônus - KriSoo ou ChanSoo? KaiSoo

Suspirei cansada. Novamente, Luhana iria sair com Sehun. Ultimamente é só Sehun pra cá e pra lá... Ok! Talvez eu esteja exagerando. Ela fica sim bastante tempo comigo, contudo, ainda é minha melhor amiga e quando me troca pelo "Hunnie" (apelido meloso do namorado inexpressivo) fico sentida e o drama se torna inevitável.

Outro suspiro.

-Poxa Kyunggie, para de suspirar e me ensina logo essa desgraça de matéria! - Chanyeol pediu, impaciente.

Ah é. Acho que entrei em algum transe depressivo. Vamos recapitular o que ocorreu: Chanyeol ficou me infernizando pra eu o ajudar com Química. Obviamente neguei, porque tinha combinado de ir no parque com a BFF. Aí a Luhana apareceu falando que " Ah, o Sehun vai ir no shopping com uns amigos e umas AMIGAS. Nem fudendo que vou deixar meu macho sozinho no meio dessas piranhas. Sinto muito Kyunggie, mas você me entende, né? ". Fiquei bolada e aceitei na hora ajudar o Chan.

-Foi mal... - pedi, fazendo bico. Ele riu, dando de ombros. Me aproximei e comecei a explicação.

Se passaram duas horas quando Chanyeol começou a REALMENTE entender a matéria. Não que eu seja má professora, mas junte o fato de que eu estou na "bad" ao fato de que Chanyeol é lerdo e não tem foco. 

Lógico que ia demorar.

Depois de mais ou menos 1 hora, o grandão aprendeu tudo.

-Ótimo, agora vamos comer! - comemorou, se espreguiçando.

-O que? - indaguei.

-BURGUER KING! - gritou. Arregalei os olhos.

-Ah não! Teríamos que ir no shopping e...

-Para Kyunggie! Você tá ótima pra ir no shopping e eu to com muita vontade de comer um hambúrguer. - fez bico.

-M-mas tá frio e eu terei que passar em casa pra pegar algum agasalho e dinheiro. E se eu passar em casa pra fazer isso, vou ter que explicar pros meus pais, que muito provavelmente não vão deixar eu ir. - resmunguei dengosa, mexendo nos meus fios de cabelo negros.

Negros porque eu não consegui me acostumar com aquela cabeleira vermelha. Não pinto o cabelo nunca mais.

-Eu te dou um agasalho meu e pago seu lanche. - propôs. Abri e fechei a boca várias vezes, sem saber que desculpa inventar pra não precisar ir. Sem esperar resposta, Chanyeol levantou-se pegando um agasalho e jogando em minha direção. -VAMOS! - gritou animado, correndo para fora. Ri de leve.

-YA! Pega a carteira! - lembrei, antes de sairmos de casa.

(...)

-KYUNGGIEEEEEE OLHA AQUELA CORUJA, PARECE VOCÊ! - o Park gritava, apontando para uma pelúcia na vitrine de uma loja. Tampei o rosto com as mãos, envergonhada pelo escandaloso ao meu lado.

-Vamos embora, já comemos e você não sabe se comportar. - reclamei.

-Só segundo, espere aqui. - sorriu travesso e correu para a loja. Não evitei um gritinho frustrado.

Bufei, batendo o pé e olhando em volta. Foquei em Chanyeol, dentro da loja, conversando com a atendente. Olhei em volta de novo e quando fui procurar Chan com o olhar, não achei.

Entrei na loja, procurando-o, mas nada.

O desespero bateu com força. Nunca tinha ficado sozinha em lugares assim antes. Pais super protetores como os meus não deixam tal coisa ocorrer. 

Tentei permanecer calma, saindo da loja. Decidi rodar o local, a procura do grandão. Subi andares e andei tanto, a ponto de doer os pés. Com toda minha dignidade, respirei fundo e caminhei até um segurança.

-C-com li-licença, o senhor viu um cara grandão, de orelhas avantajadas e cabelo de cor não identificada andando por aí? - indaguei corada.

-Hm... Pode parecer estranho, mas um cara desses não passa despercebido, não é mesmo? - falou, rindo - Vi ele indo para aquela loja ali. - apontou.

-Obrigada. - agradeci, me curvando. Corri até o estabelecimento indicado. Mas nada de ChanYeol. 

Inevitavelmente, meus olhos se encheram de lágrimas. Sem dinheiro, sem celular e sem Channie. Me sinto meio desprotegida. Poxa, cadê esse maldito orelhudo?!

Voltei a andar como uma alma penada, me perguntando onde estaria meu amigo. De repente, avistei a cabeleira daquela cor que nem em mil anos eu saberia nomear.

-PARK CHANYEOL! - gritei. A essa altura, eu já estava insana. Dane-se a vergonha. 

O ser humano virou, revelando um semblante confuso. Era ele. Reuni o restinho de força que ainda tinha e corri ao seu encontro, abraçando-o fortemente.

Por ser muito alto, minha cara ficou enfiada em seu peito.

-Nunca mais faça isso. - resmunguei, mesmo que minha voz tenha saído abafada. Ele me abraçou de volta. 

-Fazer o que? - perguntou sem entender -E onde você tava? Te procurei que nem louco. 

-Mentiroso! Foi você quem sumiu primeiro! E por muito tempo! - abri um bico, emburrada, levantando a cabeça a fim de olhá-lo.

-Lógico que não! Eu entrei na loja pra ir mijar e quando voltei, você tinha sumido. - explicou - E eu to te procurando faz 7 minutos, não é tanto tempo assim.

-M-mas... Eu achei que você tinha ido comprar a coruja, do nada você sumiu e... E... 7 minutos? Meus pés estão até doendo de tanto que eu andei. Não foram só 7 minutos. - argumentei incrédula.

-Primeiro: Ah, sério? Desculpa ter te iludido. - riu, revirei os olhos - Segundo: Você é sedentária, lógico que não aguenta andar 7 minutos. - debochou. Fechei a cara.

-Desaforado... - resmunguei baixinho. Chanyeol começou a gargalhar. Não pensei duas vezes antes de chutar sua canela e sair correndo.

-KYUNGIIIEEEE! - ouvi um grito feminino. Parei a corrida abruptamente, o que resultou em um Chanyeol batendo nas minhas costas, por não conseguir parar a tempo. Segurou fortemente minha cintura, a fim de não cair.

Céus! Senti meu rosto aquecer.

-Eita Chanyeol, não sabia que você era desses que sarrava as novinhas. - ouvi a voz de Sehun, logo após uma gargalhada.

Se possível, corei mais ainda, me soltando rapidamente do grandão. Consegui ver o grupo formado por Sehun, Kai, Kris, Luhana, Krystal e duas meninas que não conheço.

-Ér... Oi. - caramba, que azar. Só porque eu estava conseguindo fugir do Kris (depois do beijo acidental que só de lembrar me faz contorcer de vergonha) ele aparece assim e o Kai... AÍ CARAMBA, O KAI!

Nem lembro a última vez que falei com ele. Acho que é porque ele sempre está perto do Kris ou do Sehun e eu fico toda acanhada de ir puxar assunto.

-Olá sumida. - JongIn sorriu de lado. Ai meu coração.

-Vocês podem cuidar dela? Tenho que ir fazer um negócio. - Chanyeol anunciou e sem ninguém dizer nada, saiu correndo.

Desgraçado.

-Kyunggie! O que tá fazendo aqui? E por que está usando o moletom do Chan? - Luhana indagou confusa.

-Ér... Viemos comer no BK porque ele tava com vontade. E sobre o moletom... Bom... Tá frio. - expliquei nervosa por constatar que Kris estava perigosamente perto (a 1 metro de distância, que é muito pouco visto que eu me acostumei a ficar a 5 metros longe dele).

-E você tava lá na casa dele né? Só vocês dois... - Luhana começou a mexer as sobrancelhas sugestivamente. Arregalei os olhos, corando.

-N-não! Quer di-dizer... Sim m-as... - me enrolei toda, ai que vergonha.

-E aí KyungSoo! - droga, é o Kris. Sorri sem graça.

-Oi Kris. - cumprimentei.

-Eu queria te perguntar se tá tudo bem entre nós dois, tipo, depois do acidente e tals. - coçou a nuca, envergonhado.

-Claro. - menti.

-Sério?! - indagou surpreso -Achei que você tava me evitando. 

-Eu?! Lógico que não, isso seria falta de educação. - ri nervosamente.

SOCORRO!

-Sério? - repetiu, sem acreditar. Céus, eu não consigo mentir, me sinto culpada. Se eu insistir nisso, à noite nem vou dormir, pensando na mentira (isso realmente acontece).

-Podemos conversar ali rapidinho? - apontei pra algum canto longe do grupo, que conversava animado sem perceber a discórdia que me ocorria. Kris assentiu e nos afastamos um pouco. Respirei fundo antes de falar. - Olha, é que você meio que... Bom... - abaixei a cabeça envergonhada - foi meu primeiro beijo. E sei lá, é estranho, porque eu nem te conheço direito e ainda foi um acidente. Não sabia como lidar e também estava com muita vergonha, portanto eu fugi de você. - expliquei, brincando com os dedos, sem olhar para o mais velho parado a minha frente. -Era isso, tchau! - antes que pudesse escapar, YiFan segurou meu pulso.

-Desculpe por ter "roubado" algo tão importante assim, de você. - então levantei os olhos e percebi o semblante de preocupação que o chinês ostentava.

-Não foi culpa sua... - sussurrei.

-Mesmo que não tenha sido, me sinto culpado. - suspirou - Me perdoa?

-Tá tudo bem, YiFan. - sorri docemente.

-Posso te pagar um sorvete? - ofereceu amigável. Ri.

-Não vou te extorquir só por causa de um beijo. Mesmo que a proposta seja tentadora, visto que Chanyeol é mão-de-vaca e não quis me comprar um sundae. - revirei os olhos ao lembrar do drama que o orelhudo fez quando pedi o sorvete. Kris riu.

-Certo, certo. Vamos? - chamou, se referindo à voltarmos ao grupo. Assenti.

-Gente, vocês não shippam KriSoo? -Luhana perguntou, assim que nos aproximamos. Corei.

-Fica quieta, Lu. - pedi.

-Eu shippo ChanSoo! - Krystal comentou, rindo. Onde eu me enfio pra me esconder dessa vergonha?!

-Nah! ChanSoo e KriSoo não tão com nada. Todo mundo sabe que KaiSoo reina. - Sehun revelou, gargalhando (na hora, a gargalhada me pareceu muito maligna, se vocês querem saber).

-Pessoal, parem com isso. A Corujinha vai explodir, ela tá muito vermelha. - Kai brincou, rindo.

Socorro duas vezes, eu vou chorar, é muita pressão. Abaixei o olhar, focando em meus pés e nas minhas mãos que não apareciam por conta do tamanho do moletom que eu usava. Poxa vida, qual é a graça em me fazer ficar com vergonha?!

Me sinto patética.

Eu sou patética.

Ah droga, que bela hora para ter uma crise existencial...

-KYUNGGIE! - ouvi a voz de Chanyeol, que soou como a voz do Batman no momento (mesmo que ninguém chegue aos pés do Batman) -Surpresa! - estendeu a corujinha de pelúcia que havíamos visto na loja.

Não pude evitar um sorriso. Ela era tão fofa! 

-Muito obrigada, Channie! - agradeci, abraçando-o fortemente.

-VIU SÓ?! CHANSOO! - Krystal gritou, empolgada, dando pulinhos.

-Que? - o grandão indagou confuso.

-Ignora. - pedi, o soltando e segurando a corujinha em meus braços.

-O que acham de irmos ao cinema?! - uma das meninas que eu não sabia o nome, propôs.

-Ah não, cinema é muito caro. Vamos lá em casa ver um filme no Netflix! - Sehun deu a ideia. Todos aceitaram e tudo que eu sabia fazer era agarrar a corujinha com força. Não me sentia confortável ali.

-Podem ir, acho que vou embora. - sorri sem graça.

-Ah qual é, não vai ser a mesma coisa sem você! - Luhana argumentou, formando um biquinho.

-É Kyunggie, sua presença faz com que eu me sinta mais tranquilo. - Kai disse, me surpreendendo -Sei lá, você emana uma calma...

-Verdade! - Sehun concordou.

-MARAVILHA! Agora vamos logo! - Krystal falou, animada.

(...)

Onde eu fui me meter?!

Caramba, que coisa chata!

Estamos todos jogados (confortavelmente) na frente da TV, assistindo a um filme "legal". Imagino que eles considerem assim, visto o quanto riem desta porcaria. Quer dizer, é uma porcaria pra mim pois não é o tipo de filme que costumo ver. "Tirando o Atraso" é o nome. Uma típica comédia besteirol, cheia de coisas super indecentes, palavrões e cenas que me fazem corar até o dedão do pé. 

Eu to muito bolada, Zac Efron tá aí e é quase como se o Troy de High School Musical estivesse fazendo todas essas coisas horríveis.

Minha infância está arruinada.

E o pior é que não posso sair daqui, tampar os olhos ou fazer qualquer coisa que me livre do fardo de ver esta desgraça. Afinal, já deve ser bem estranho o fato de eu estar encolhida, abraçando a corujinha com força, quietinha enquanto os outros ao meu redor morrem de rir.

Socorro, sinto minha pureza se esvaindo e...

Calma lá.

ACABOU DE APARECER UM PÊNIS NA TV?! 

-Com licença. - levantei desestabilizada, imaginando o quanto meus pais ficariam tristes se soubessem que eu assisti algo assim. Atravessei a sala, mas antes perguntei a Sehun onde ficava o banheiro. Me tranquei lá e comecei a chorar.

Sei lá, simplesmente foi muita coisa pra um só dia. E eu não paro de pensar que eu sou um lixo de filha por causa da droga do filme que fui obrigada a ver. Além de que não queria estar aqui, porque não me sinto à vontade. Chanyeol está interagindo com os outros e Luhana também. Só eu que sou a esquisitona, antissocial e bizarra, do grupo.

Suspirei.

Simplesmente sou sensível demais.

Lavei o rosto, respirei fundo e voltei pra sala. Me aconcheguei num canto e fiquei olhando a corujinha, decidida a não assistir mais aquele filme.

Hmm... Que nome vou botar na coruja?

-Soo, tá tudo bem? - dei um pulinho por conta do susto que levei ao constatar JongIn perto demais, indagando com um semblante preocupado.

-Acho que sim... - sorri forçado.

-Foi mal, esse filme é pesado pra você, né? - riu sem graça.

-Um pouco. - menti. Para mim, aquele filme era quase pornográfico. 

-Não precisa mentir. - se aproximou, sentando ao meu lado.

-Tá bom. É pesado. Bem pesado. - confessei envergonhada, focando na corujinha. Kai riu.

-Você é tão fofa! - sorriu, apertando de leve minha bochecha. Corei.

-O-obrigada... E que nome eu coloco na coruja? - mudei de assunto.

-Ah. A coruja do Chanyeol. - falou meio sem emoção. 

-Algum problema? - perguntei confusa.

-Vários, mas isso não vem ao caso agora. - riu de leve - Enfim, bote o nome dela de D.O.

-D.O.? 

-É. Porque seu sobrenome é Do e a coruja me lembra você. - deu de ombros.

-Ah! Channie também disse isso. - sorri.

-O que?

-Que eu pareço a coruja. - ri. -Chanyeol também diz que eu pareço um pinguim às vezes.

-Você gosta dele? - perguntou de repente.

-Sim, ele é meu melhor amigo. Por que não gostaria? - indaguei confusa. Na realidade, Chanyeol era meu único amigo homem, mas também conta, né?

-Não desse jeito. Um gostar de tipo... Querer beijar, namorar... Gostar dele como homem. - nunca vi JongIn tão sério em toda minha vida. Será que... Não, não pode ser.

-Não. É só meu amigo. - expliquei séria. -Por que quer saber?

-Bom, eu não queria falar assim e agora... Nem sei se deveria falar. - coçou a nuca, envergonhado.

AÍ MEU DEUS! É AGORA, ELE VAI SE DECLARAR PRA MIM?!

-Diga. - pedi suplicante, o coração batendo forte.

-É que... - suspirou -Acho que o Kris hyung gosta de você. - disse com toda a sinceridade, me olhando no fundo dos olhos.

-Como é que é?! - não pude evitar a indignação.

-O Kris é legal! Bonito e engraçado. Dá uma chance pra ele, Corujinha. - pediu, sorrindo meigo e segurando minhas mãos.

Mas nenhum sorriso curaria meu coração partido naquele momento.

-Não me chama de Corujinha. - falei secamente, separando nossas mãos. Kai uniu as sobrancelhas, em sinal de preocupação.

-O que foi? Por que está brava? - indagava, meio confuso e preocupado.

-Só fica quieto e vê o filme. - pedi seriamente.

-Kyunggie... Não fica irritada. O Kris realmente gosta de você e ele é um hyung tão bom comigo, faz esse favor pra mim? - continuava a insistir. Vendo que eu não ia ceder, suspirou -Ok. Qual é seu preço?

-Oi? - perguntei perplexa.

-Dinheiro? - fiquei estática - Hm... Acho que não. Fiquei sabendo que você gosta de mim, então se quiser, eu posso, sei lá, te beijar, abraçar... Só dá uma chance pra ele! - JongIn praticamente implorava e internamente eu pedia que ele calasse a boca de uma vez por todas. A cada maldita palavra, eu me sentia um lixo humano.

-Você sabe que eu gosto de você e me pede pra ficar com outro, como se fosse a coisa mais natural do mundo? Pra que?! - eu simplesmente não conseguia entender, estava assustada demais pra pensar.

-É que to a fim da Krystal. Mas ela tá a fim do Kris, que gosta de você. Me ajuda aí, prometo te recompensar. - sorriu de um jeito que... Céus! Me senti mais suja ainda!

Sem ao menos me dar conta, comecei a chorar.

-Kyunggie...

-CALA ESSA PORRA DE BOCA, KIM JONGIN, OU EU JURO QUE VOU TE BATER! - berrei nervosa, me levantando exasperada - QUAL A MERDA DO SEU PROBLEMA?! GOSTEI DE VOCÊ DURANTE 3 ANOS PRA VOCÊ ME TRATAR COMO UMA PROSTITUTA?! UM OBJETO PRA CONSEGUIR FICAR COM QUEM QUISER?! VOCÊ É INSENSÍVEL ASSIM?! - eu chorava, arfando. Todos me olhavam assustados e JongIn parecia aterrorizado. Não era por menos.

Aquela era a terceira vez na vida em que eu falara palavrão. Tudo por causa de um babaca que julguei ser um príncipe.

-Q-quer saber?! Pra mim chega. Seja feliz com quem você quiser, mas saiba que eu não vou te ajudar em nada. Cansei de ser trouxa. - dito isto, saí daquela casa agarrada com minha coruja de pelúcia.

Imediatamente lembrei que Chanyeol poderia me alcançar, ou Luhana. Ou na pior das hipóteses, Kris.

Então corri loucamente sem rumo. Depois de quase morrer atropelada 7 vezes, resolvi parar numa pracinha. Sentei num banco, agarrando a corujinha com mais força ainda.

-Vou ter que mudar seu nome...? - perguntei ao bicho de pelúcia. Suspirei, me encolhendo toda no assento meio gelado. 

-Hey moça, como vai? - uma menina (que deveria ter minha idade) brotou do além, indagando gentilmente. Era muito fofa, tinha umas presinhas, sorriso meio retangular e um delineado perfeito nos olhos. Realmente linda.

-Não. - fiz bico.

-Quer desabafar? Estranhos são ótimos pra isso. Não tem como saírem espalhando pra qualquer um, porque não te conhecem. - deu de ombros.

-Tudo bem... Mas qual é o seu nome? - perguntei. 

-Byun Baekhyun. - se curvou.

-Do KyungSoo. - sorri.

-Hm... Sabia que você é muito fofa? - sentou-se ao meu lado, sem tirar o sorriso do rosto.

-Muito obrigada. Você também é. - devolvi.

-Eu sei. - falou convencida, me fazendo rir. -Agora desembucha. - pediu, me olhando atentamente.

-O cara que eu gosto é um babaca. Gosto dele há anos e logo hoje me iludi que ele iria se declarar pra mim. - suspirei -Na verdade ele só queria pedir pra eu ficar com um amigo dele. Até ofereceu me dar algo em troca. - falei com nojo -Acontece que eu não sou esse tipo de pessoa, sabe? Sou reservada, discreta e dei meu primeiro beijo semanas atrás. E olha que ainda foi um acidente! - choraminguei -Caramba, eu fiquei muito ofendida! Nunca mais quero olhar pra cara daquele desgraçado. - finalizei, bufando.

-Eita! Que treta maligna! - Baekhyun exclamou, rindo.

-Não ria, meus sentimentos estão feridos! - fiz bico.

-Desculpa. - parou de rir -Quer tomar um sorvete pra esquecer? Comida tá aí pra isso.

-Hm... - olhei-a desconfiada -Você não vai me raptar e levar pra China pra virar prostituta, né?

-Que ideia! É claro que não, de onde tirou isso? - gargalhou.

-Papai sempre diz que se eu aceitar comidas de estranhos, isso vai acontecer. - expliquei.

-Você é tão fofa! - bagunçou meus cabelos.

(...)

-E é por isso que o Batman e o Robin são shippaveis. - Baekhun concluiu sua ideia doentia de que o Cavaleiro das Trevas e o menino prodígio tinham um caso (pelo que eu entendi, ela é fujoshi, então isso é meio que aceitável...).

-Não, por favor, não. - implorei -Batman é tipo o pai do Robin. Se for pra shippar o Robin com alguém, shippe com o Superboy. - resmunguei, arregalando os olhos em seguida e tapando a boca.

-EU SABIA QUE VOCÊ TINHA UM LADO FUJOSHI! - gargalhou maléfica -Agora, só preciso te fazer assistir Boku no Pico e VOI LÁ! Quando menos esperar vai estar shippando desconhecidos e se perguntando quem é seme e quem é uke.

-Para com isso, por favor. - pedi, socando uma colher enorme da banana split, na boca.

-KYUNGSOO! - dei um pulo no assento, ao olhar pra porta e ver um Chanyeol furioso/desesperado/preocupado. -ENLOUQUECEU?! 

-C-channie... - encarava-o, assustada.

-Quem é ele, Kyung? - Byun indagou, arqueando as sobrancelhas -Não gostei do jeito que ele falou com você.

-Estou te procurando há horas! CUSTA LIGAR, DAR SINAL DE VIDA, SEI LÁ?! MAS QUE PORRA, SABE COMO FICAMOS PREOCUPADOS!? - ele berrava, só que dessa vez mais próximo.

-Escuta aqui, se continuar a gritar com ela, eu vou arranhar sua cara todinha, palhaço. - Baek falou, num tom ameaçador.

-E quem seria você? - meu amigo se voltou para a baixinha (se comparada com a altura de Chanyeol, já que a Byun é alguns centímetros mais alta que eu), cruzando os braços desafiador.

-Comprei comida pra ela, então já somos quase casadas. - respondeu, empinando o nariz.

-Já chega. Do KyungSoo, quem é essa anã com delineador metida à Beyoncé?! - Chanyeol perguntou, irritado.

-TU ME CHAMOU DE QUE?! - Baekhyun levantou, furiosa.

Oh, céus! Achei alguém mais barraqueira que Luhana.

-ANÃ COM DELINEADOR METIDA À FODONA, PODEROSA! JÁ SE OLHOU NO ESPELHO?! VOCÊ NÃO TEM ALTURA PRA TER TODA ESSA MORAL NÃO! 

Em questão de segundos, o grandão estava todo sujo de sorvete e... Bom, ela disse que ia arranhar a cara dele e foi isso que fez. Fomos expulsos da sorveteria e eu só conseguia pensar na banana split pela metade, que deixei na mesa. 

MUNDO CRUEL!

Os dois ainda discutiam, o que me impressionou. Afinal, o orelhudo já estava todo sujo, com a cara vermelha, quase sangrando, mas não parava de provocar a Byun.

-Parem com isso, mas que droga! - exclamei. Tudo que eu menos precisava no momento, era de uma briga ridícula e sem sentido.

-Ele que começou! - Baekhyun se defendeu, apontando para o orelhudo.

-YAH! Ninguém mandou ser tão desaforado. - Park acusou.

-CHEGA! Qual a idade de vocês, afinal?! Parecem crianças... - resmunguei.

Os dois bufaram simultaneamente. Dei um pulo de gato ao sentir dois braços me agarrarem fortemente pela cintura. Felizmente, era só Luhana.

-O que foi que te deu?! Por que saiu correndo daquele jeito? - ela perguntava rapidamente, desesperada. Soltei um muxoxo.

-Pergunta pro Kim JongIn. - falei seriamente. -Mas antes, me leva pra casa? 

(...)

Já em casa, com meu pijama e deitada na cama, soltei um suspiro. Catei meu celular, botei os fones e ouvi músicas relaxantes até cair no sono.

(...)

-Testando... Testando... 

Deviam ser umas 20hrs, domingo, e eu simplesmente estava enlouquecendo. Ouvia barulhos estranhos vindos de algum lugar fora da minha casa, mas não tão longe. No vizinho, talvez. E eles NÃO PARAVAM! 

-Essa música é pra Do KyungSoo, a Corujinha que eu magoei. 

Como é que é...?!

Devagar, andei até a janela do quarto e a abri, arregalando os olhos ao ver a cena no meu jardim:

Kim JongIn segurando um microfone, Chanyeol com uma guitarra e outras 2 pessoas (que eu não conhecia) na bateria e no baixo.

De repente, minha mãe apareceu do meu lado, segurando meu braço.

-M-mãe... Eu juro que não sei o que é isso, mas por favor, não brigue com o JongIn, el...

-Brigar com ele por que? Esse menino é um anjo. Agora vamos lá fora. - ela dizia, sorrindo de orelha à orelha. Meu queixo caiu.

Simplesmente não estava entendendo nada.

Fui arrastada até o jardim, jogada numa cadeira e sem mais delongas, começaram a tocar.

"Counted all my mistakes
And there's only one
Standing up from the list
Of the things I've done

(Contei todos os meus erros
E há apenas um
Que se destaca da lista
Das coisas que eu fiz)

"All the rest of my crimes don't come close
To the look on your face when I let you go

(Todos os meus outros crimes não chegam perto
Da expressão em seu rosto quando eu te deixei partir)

"So I built you a house from a broken home
And I wrote you a song
With the words you spoke

(Então, eu te construí uma casa de um lar aos pedaços
E eu te escrevi uma canção
Com as palavras que você falou)

"Yeah, it took me some time
But I've figured it out
How to fix up a heart that I let down

(É, me levou um tempo
Mas eu descobri
Como consertar um coração que eu desapontei)

"Now I'm searching every lonely place
Every corner, callin' out your name
Tryin' to find you, but I just don't know
Where do broken hearts go?
Where do broken hearts go?

(Agora estou procurando em cada canto solitário 
Cada esquina, chamando seu nome
Tentando te achar, mas eu simplesmente não sei
Para onde vão os corações partidos?)

"Get the taste of your lips
On the tip of my tongue
It's at the top of the list
Of the things I want

(Sentir o gosto de seus lábios
Na ponta de minha língua
Está no topo da lista
Das coisas que quero)

"I was running in circles, you and me
Anyone in between is the enemy

(Estava correndo em círculos, você e eu
Qualquer um entre nós é o inimigo)

"Shadows come with the pain
That you're running from
Love was something you never heard enough
Yeah, it took me some time
But I've figured it out
How to fix up a heart that I let down

(Sombras veem com a dor
Da qual você está fugindo
O amor foi algo de que você não ouviu falar o bastante
É, me levou um tempo
Mas eu descobri
Como consertar um coração que desapontei)

"Now I'm searching every lonely place
Every corner, callin' out your name
Tryin' to find you, but I just don't know
Where do broken hearts go?

(Agora estou procurando em cada canto solitário 
Cada esquina, chamando seu nome
Tentando te achar, mas eu simplesmente não sei
Para onde vão os corações partidos?)

"Are you sleeping baby, by yourself?
Or are you giving it to someone else?
Tryin' to find you, but I just don't know
Where do broken hearts go?
Where do broken hearts go?

(Querida, você está dormindo sozinha?
Ou está com outro alguém?
Tentando te encontrar, mas eu realmente não sei
Para onde vão os corações partidos?
Para onde vão os corações partidos?)

"Tell me now, tell me now
Tell me where you're going
You feel afraid?

(Me diga agora, me diga agora
Me diga onde você está indo
Você está com medo?)

"Tell me now, tell me now
Tell me, will you ever love me again?
Love me again

(Me diga agora, me diga agora
Me diga, você algum dia vai me amar de novo?
Me amar de novo)

"Now I'm searching every lonely place
Every corner, callin' out your name
Tryin' to find you, but I just don't know
Where do broken hearts go?

(Agora estou procurando em cada canto solitário 
Cada esquina, chamando seu nome
Tentando te achar, mas eu simplesmente não sei
Para onde vão os corações partidos?)

"Are you sleeping baby, by yourself?
Or are you getting into someone else?
Tryin' to find you, but I just don't know
Where do broken hearts go?
Tell me where you're hidding now
Where do broken hearts go?
C'mon baby, 'cause I need you now

(Querida, você está dormindo sozinha?
Ou está ficando a fim de alguém?
Tentando te encontrar, mas eu realmente não sei
Para onde vão os corações partidos?
Me diga onde você está se escondendo, agora
Para onde vão os corações partidos?
Pois querida, eu preciso de você agora)

"Where do broken hearts go?
Tell me 'cause I'm ten feet down
Where do broken hearts go
C'mon baby, 'cause I need you know

(Para onde vão os corações partidos?
Me diga, pois estou aqui me humilhando
Para onde vão os corações partidos?
Vamos, linda, eu preciso de você agora)

"Where do broken hearts go?
Where do broken hearts go?
Where do broken hearts go?
Where do broken hearts go?"

(Para onde vão os corações partidos?)

A música havia acabado e dizer que eu estava chorando seria um eufemismo. Na realidade, eu jorrava as cataratas do Iguaçu pelos olhos. Céus, que mico...

-Então? - JongIn arfava. Como sempre, estava lindo mesmo suado e cansado. -Você... Você me perdoa, Corujinha? - indagou, sorrindo de um jeito fofo.

-Perdoo. - anunciei, abrindo um sorriso enorme. 

Então houve uma grande gritaria e comemoração por parte dos meus amigos que estavam estrategicamente escondidos pelo jardim, o que me fez gargalhar. 

(...)

No dia seguinte, a escola toda estava sabendo, porque algum ser vivente muito popular fez questão de filmar e postar no Twitter. 

Se acha que foi Oh SeHun, está mais do que certo. 

Contudo, não me deixei abalar; prossegui minhas atividades normalmente. Claro que certos olhares de ódio, inveja, admiração, indignação - e alguns outros mais ousados - não fazem parte da minha rotina. Mas consegui ignorar todos com sucesso.

Ah! E finalmente compreendi as personagens dos livros que leio - me refiro ao fato de que é só o galã do livro brotar, interessado nela, que brotam outros 2 de brinde -. Foi bem estranho, porque pessoas (sim, pessoas, já que tinham até mulheres nesse meio, mesmo sendo só 2) que eu jamais havia visto na vida, se declararam pra mim ou flertaram comigo.

E eu simplesmente não sei como lidar, já que o JongIn nem me namora ou coisa do tipo, então não tem como eu dizer "Tenho namorado, pode me deixar em paz?".

Suspirei, procurando algum livro para ler, entre as estantes gigantes da biblioteca. Foquei em "A Maldição do Tigre" que estava praticamente no topo. Bufei.

-Maldita mania de querer coisas inalcançáveis. - resmunguei baixinho. 

-Como? - alguém (que vocês já sabem quem é) sussurrou no meu ouvido. Levei um susto e me virei indignada.

-Não faz isso! - repreendi o moreno que me olhava divertido.

-Deixa que eu pego pra você, amor. - corei com força ao ouvir o novo apelido.

-Amor? - repeti, surpresa.

-É. Você é minha namorada, então o apelido é apropriado. - explicou, me entregando o livro. Torci o nariz. Isso explica porque ele ficou de gracinha comigo ontem (obviamente eu virei a personificação da vergonha).

-Não sou sua namorada. - disse séria. JongIn me olhou indignado -Acha que é assim? Que é só cantar uma música que já estamos namorando?

-Sim. - sorriu. Censurei-o com o olhar -Ah, qual é Kyung?! Eu gosto de você e você gosta de mim. Já está ótimo pra iniciar um namoro.

-Não está não. - eu falava, enquanto me dirigia até o balcão. Mostrei o livro pra bibliotecária e sai do local. Senti o moreno segurar meu pulso e me virar, com cara de quem quer uma explicação. Não haviam muitas pessoas ali, mas todas começaram a nos encarar, na expectativa. -Kai, eu gosto de você e todo mundo sabe. Só que... Eu percebi que mal te conheço. E não se pode namorar alguém que não se conhece. Além do mais, foi tudo tão de repente... - expliquei, mordendo o lábio inferior e rezando para que ele compreendesse.

-Ok. - suspirou -Mas quero que saiba que não vou desistir do meu sonho.

Que?

Ele foi se afastando, sem explicar o que queria dizer com aquilo. O sonho dele era dançar. Eu gosto de vê-lo dançar. Será que é isso?

De repente, ele se virou e gritou algo que eu nunca vou esquecer:

-DO KYUNGSOO, VOCÊ É MEU SONHO! - sorriu fofamente e correu pra longe.

Naquele momento, meu coração batia com tanta força que eu temia que fosse ter um treco. E no final, tudo que eu pude fazer foi sorrir bobamente.

 

Moral da história: Às vezes o senpai só precisa de um tapa na cara pra acordar. E a verdade é ótima pra isso.