História Open wounds, closed heart - Dia 16

19/08/2017

Hoje, eu estava mais cansado que nunca. As noites mal dormidas aparentemente começaram a me alcançar e tudo que eu desejava era dormir até não aguentar mais. Porém, esse desejo não passava de um sonho distante. Com o livro ainda atrasado, não tive sequer tempo (ou energia) para me comunicar com meus amigos esta última semana, e o único motivo de eu não ter me ausentado no GAPAD é porque se eu tivesse ficado em casa eu teria que trabalhar. Ou seja, meio que fugi de minhas responsabilidades…

Assim que cheguei ao salão vi-me sendo emboscado por Victor e Leo, que vieram imediatamente em minha direção assim que me viram, ambos perguntando sobre meu sumiço. Não demorou, porém, que um clima desconfortável surgisse. Leo encarava Victor com desprezo e Victor mostrava-se desconfortável, pensamentos como “talvez eu devesse me afastar” bem provavelmente em sua mente.

Antes que algo se sucedesse, e antes de responder a pergunta que me fizeram, vi-me sendo tomado por sentimentos amargurados misturados ao meu cansaço e, antes que eu desse conta do que eu fazia, as palavras fugiram de meus lábios. “Apenas… Parem! Não aguento mais.”

Eu então saí andando, deixando-os para trás, e fui falar com Minako. Assim que eu a encontrei fui direto ao ponto e perguntei se eu poderia ser poupado da atividade porque eu não estava bem. Ela perguntou se eu desejava ir para casa ou conversar e respondi que não, que só desejava me acalmar e descansar. Senão, eu sentia que não ia conseguir conter o choro que sempre vinha depois dos meus momentos de irritação. E, assim, passei a atividade inteira ao lado da doutora, observando os demais se enrolarem em cordas.

Durante o intervalo eu já me sentia um pouco melhor; ou eu deveria dizer, eu me sentia melhor desde que não pensasse na pilha de serviço que me aguardava em casa.

Enquanto eu lamentava ter pensado acidentalmente sobre como meu editor me ligaria mais tarde, Guang se aproximou, arrastando Leo e Victor para que eles se desculpassem comigo. Tudo que eu falei foi que eu honestamente desejava que eles se dessem bem. Leo então disse que poderia tentar, mas que confiança não se dava de graça, ao que Victor respondeu que então lutaria por ela, palavras que surpreenderam a todos nós. Leo então disse “Acho que podemos tentar”, um sorriso provocativo nos seus lábios. Os olhos de Victor tornaram-se determinados.

Na roda tudo correu bem e não acho que tenha algo muito específico que precise ser destacado. Victor continuava nervoso, Guang continuava com problemas para se integrar na faculdade, Leo continuava incerto sobre o futuro… Quanto a mim, comentei que às vezes odiava ser um escritor, e que nas últimas semanas meu editor virou meu pior inimigo.

Durante a saída eu fui mais uma vez interrogado sobre meu sumiço e, vendo que eu havia mesmo os preocupado, prometi não desaparecer novamente, mas esclareci que eu talvez demorasse um pouco para responder as mensagens por andar muito ocupado. Sem mais o que falar, despedi-me. Entretanto, antes que eu pudesse me afastar, Victor recomendou-me algumas horas de sono, pois eu parecia muito cansado. Respondi que eu não tinha tempo, pois tinha um livro para escrever, lamentavelmente. Ele então me alertou que meu rendimento cairia e que no fim seria pior; um conselho válido, mas que eu duvidava ser capaz de seguir por mais tentadora que a ideia de passar uma noite inteira dormindo tranquilamente soasse. As coisas simplesmente não eram como desejávamos que fossem.