História Operação Alfa - Ataque

Por Manuella Sophie

Não demorou muito, e com um pouco de charminho eu e a Tina convencemos o bobão do Peter a nos levar ao McDonald’s, mas não era qualquer McDonald’s era aquele que ficava perto de certo parque, onde certa pessoa corria toda a noite.
- Estão felizes agora? –mamãe perguntou apoiando o rosto em uma das mãos-
- Uhun. –respondemos juntas com um sorriso por fora, mas tremendo por dentro. Mamãe nos olhava com uma cada feia o tempo todo e depois da promessa que teríamos uma conversinha em casa dava até um pouco de medo do dia acabar. Nós podíamos só desistir e deixar a mamãe tão feliz que ia esquecer a conversa pequinininha, mas se o que seria do mundo se a Merida não tivesse lutado? Ou se a Príncipe não tivesse lutado contra a Malévola pra salvar a Aurora? Ou se a Bela não tentasse salvar a fera? Nós não podíamos desistir tendo todos esses exemplos de garra. Não mesmo.  Quando o medo era mais forte dávamos as mãos de baixo da mesa e tudo bem.
Depois de muito se afogar na piscina de bolinhas junto com a mamãe (ou você achou que iamos deixar ela sozinha com ele?") os nossos pedidos chegaram. Eu e Tina começamos a devorar o hambúrguer como duas mortas de fome, tanto que o meu rosto acabou ficando sujo. O tal de Peter se ofereceu pra limpar, mas eu recusei quem aquele bobão achava que era? Eu sabia me limpar sozinha. Mamãe não gostou muito, ficou me olhando com aquela cara, mas eu não liguei. Olhei pra Sophie e aguardamos quietinhas até nosso plano poder ser colocado em ação.
O problema é que aquele tal de Peter não parava por nenhum segundinho. Toda hora tentava colocar a mão em cima da mão da mamãe, ou ficava sorrindo pra ela com aquele jeito de bobão.
- Você está realmente linda hoje Isabella. –Peter falou-
- Papai diz que mamãe não é linda um dia só, que todo dia ela fica mais linda. –Valentina se intrometeu e eu dei uma risadinha-
- Você é muito esperta mocinha.
- Igualzinho ao meu pai. –minha irmã abriu um sorrisão-
O nosso jantar foi todo assim. O tal de Peter tentando tocar a mamãe, Tina comparando tudo ao papai, eu atraindo a atenção da mamãe toda pra mim enquanto errava o nome de Peter. Aquele jantar estava sendo um sucesso, mas ainda tínhamos que entrar com a fase dois do plano. O problema é que mamãe não sair dali tão cedo. Tudo bem que ela estava se contorcendo pra não fazer xixi nas calças, mas acho que ela ia fazer nas pernas para não deixar Tina e eu sozinhas com o Peter.
Valentina percebeu então me olhou com uma cara estranha e apontou pro refrigerante da mamãe com o queixo. Eu sorri entendendo direitinho então fingi que ia pegar a sal do outro lado e... Boom! O refrigerante virou todo sobre o vestido da mamãe. Ela tentou limpar com o guardanapo, mas já tinha muito refrigerante.
- Você não tem uma muda de roupa no carro pra esses acidentes mamãe? –Valentina falou- Melhor você ir se trocar.
- Verdade pequena. Obrigada. Eu já volto.
Mamãe saiu tentando se limpar e passando por um grupo de meninos que jogavam bolas de plástico um no outro. Assim que ela sumiu e eu Tina sentamos pertinho do nosso alvo.
- Então Pedro. –Tina começou e eu segurei a risada. Ela errou o nome dele-
- Peter. –ele corrigiu-
- Eu sei Pietro. –ela sorriu bem malvada- Então... você gosta de répteis?
- Re-re-repteis?
- É. Tipo, jacaré, lagarto, cobra...
- Sapo. –eu completei tirando o Dagoberto da bolsa-
Peter arregalou os olhos e começou a respirar rápido como se tivesse corrido uma maratona. Valentina segurou a risada e quando eu ia jogar o sapo em cima dele ouvi um grito vindo de longe. O-ou!
- Manuella Sophie Santoni Vitti, que é a primeira, mas pode ser a última já já. Dá pra me explicar o que está acontecendo aqui?
Eu só fechei os olhos e encolhi os olhos. Quando mamãe fala o meu primeiro nome coisa boa nunca é. Meu coração estava disparado. Eu olhei pra Valentina, ela me olhou desesperada. Nós tínhamos falhado feio. Não tinha nem plano B. Minha opção era esperar a mamãe chegar perto.
- Eu não acredito! –mamãe gritou- O que é isso?
- Dagoberto mamãe. –respondi e mamãe ficou vermelha-
- De onde as duas tiraram essa coisa?
- E-e-eu... –não conseguia falar. Já tinha feito o papel da Tina muitas vezes aquele dia. Ela era a falante que tirava a gente dos problemas. Eu só tinha as ideias. Estava com medo-
- O Dagoberto é do Peter. Ele que estava mostrando. –Valentina falou e eu respirei aliviada-
- Do Peter? –mamãe perguntou confusa e surpresa-
- É. Não é Peter? –Tina perguntou e Peter concordou- Viu só?
- Então toma o seu sapo e não dê isso para as minhas filhas outra vez. Elas podem matar alguém com isso.
Mamãe pegou o sapo da minha mão e jogou em cima do Peter que parecia que ia morrer. Ela virou pra ir no banheiro trocar o vestido e eu a Valentina caiamos na gargalhada quando ela sumiu.
- Dê um beijinho no Dagoberto. –Tina falou-
- Pra ele virar príncipe. –e nós duas caímos na gargalhada de novo-
Mamãe voltou rapidinho com uma garrafa de coca na mão, então nós fomos embora. O Peter já tinha a primeira prova do que era mexer com a mamãe. É, pequena já que aquilo era só o começo.